Senti mais um soco em meu rosto, mas não desisti de gritar por ajuda. Alguem tinha que me ouvir. Alguem tinha que me tirar de lá. Eu não sabia os planos daquela louca, aquela que sentia prazer em ouvir meus gritos, aquela que desejava o meu fim.

  - Cara, não para, não tenha dó. – Não sei quem disse isso, talvez o mais alto de cabelos escuros, ou o de olhos azuis, mas tenho quase certeza que foi o que me carregou até a cadeira. Eu não conseguia ver nada, não conseguia sentir direito minhas pernas que estavam amarradas uma na outra, as quais caiam pelo chão, ou então meus pulsos, cujos me prendiam, agora de pé, em duas correntes. Eu estava acorrentada, e concentrada em apenas duas coisas. Procurar ajuda e tentar acabar com a dor que queimava minhas costas.

 - Mano, eu não consigo, não consigo fazer isso. Essa mulher é louca e esse trampo que você arrumou pra gente, não foi feito pra mim. – O menino, que devia ter uns 18 anos também, que me cortava as costas disse. E um alivio me invadiu, pensei que aquela era uma trégua, a final eu não culpava eles pelo o que estavam fazendo, quero dizer, quem disse que eles não estão fazendo isso, apenas por que Tanya paga bem, ou sei lá, talvez eles não tivesse outro oportunidade, e como pude ver agora, eles não faziam isso por prazer. Pelo menos, esse não.

 - Obrigada… – O sussurro me escapou, e então percebi que minha voz agora, apenas falhava, por ter dado tantos berros.  Ouvi o barulho de algo caindo no chão. – Sei que é estranho, mas obrigada por pararem, eu…eu não aguento mais. – O choro invadiu meu peito, pela dor insuportável, pela saudade, pela vontade de voltar atrás, pelo medo.

 Medo. Era isso o que eu mais sentia. Medo de tudo agora. Medo de machucarem meu Edward. Medo de perder tudo, Medo de perder minha própria vida.

  - Cara, vamos parar, olha isso. – Pude ouvir o sussurro de um deles e rezei para que o outro concordasse, e como nada mais aconteceu, conclui que foi o que realmente aconteceu.

 Ninguém me desacorrentou, e ninguém me deu comida. Fiquei lá por horas imaginando o que aconteceria então. Vieram me carregar até a cadeira, mas ao sentir suas mãos em minhas costas, um berro saiu de mim.

 Eu não havia percebido quanto tempo passara, mas pelo sol que batia contra o saco que ficou em cima da minha cabeça, eu sabia que já amanhecera.

 Me amarraram novamente contra a cadeira, e dessa vez, eu estava apenas vestindo meu sutiã e  minhas calças. Ouvi barulhos de motos correndo e então percebi a rapidez como tais meninos agiram comigo. Espera, o que esta acontecendo?

 - Tanya? – Esperei por um resposta mas nada. – Edward? – Doce ilusão de que ele estaria lá. – Meninos? Alguém, por favor? – A porta se abriu novamente, ouvi risadas, ouvi uma voz conhecida, mas não sabia quem era. Procurei em minha mente qualquer voz que fosse. Nada - Olá?

 - Bella? – Uma voz surpresa resaltou. – Meu Deus, Bells, o que aconteceu?

 - Jake! – Encontrei! Não sei por que foi tão difícil de adivinhar. Talvez pelo seu tom de voz diferente, e…quem estava com ele?

 Jake tirou o saco preto de meu rosto e então tentou me soltar. Uma menina veio em minha direção e começou a ajudar. Ela era linda, ruiva, de olhos claros, e tira um corpo maravilhoso.

 - Quem é ela? – Perguntei com uma voz fraca.

 - Renesmee – Ela me respondeu. Nome estranho, mas enfim.

 - O que vocês estão fazendo aqui? – Haviam tantas perguntas em minha cabeça.

 - Eu pergunto o mesmo. – Jake tirou um dos nós, os que prendiam minhas pernas. Eu não sentia bem meus músculos pelo sangue preso pelas cordas.

 - Tanya me…me sequestrou.

 - ELA O QUE? – Ele arregalou os olhos e então estourou as cordas que prendiam minhas costas, e enquanto a tal Renesmee me ajudava a levantar, Jake pegou o celular, e, andando de um lado para o outro, discava números nem parar.

 - O que esta acontecendo? – Perguntei a menina que agora apalpava minhas costas.

 - Bella, se eu soubesse, tenha certeza de que te falaria. – Ela deu alguns passos comigo para ver se eu ainda conseguia andar um pouco, e graças a Deus, sim, eu podia andar. – Na verdade, sei poucas coisas sobre você e Jake, e um tal de Edward, eu acho. Sei muito dessa Tanya, pelas coisas que Jake me contou sobre ela. A final, foi por causa dela que eu finalmente o encontrei. – O encontrei?  Aaah, ela era namorada dele.

 - Espera mas…o que vocês vieram fazer aqui?

 Jake desligou o telefone.

 - Aquela vadia não me responde. Fiquei com medo dela fazer alguma merda sem mim pra impedir e olha só, eu tinha total razão.

 - Jake, não se culpe. Estou feliz que encontrou alguém. – Olhei para Renesmee e eles trocaram olhares, até que um sorriso surgiu no rosto de meu ex.

 - Mesmo assim, Bella, me desculpa.

 - Não é sua culpa, mas se isso te faz sentir melhor, sim eu te perdoou. – Ele sorriu, e então ajudou Renesmee a colocar minha blusa de volta. – Enfim, o que vocês vieram fazer aqui mesmo? – Demorou um tempo mas Jake começou a responder.

 - Bem, eu quando cheguei aqui com Tanya, descobri esse lugar, e mostrei a ela, porque estava pensando em sequestrar Edward. Sei que era errado, mas me deixe terminar. Sabe que eu estava cegado pela raiva, e então comecei a bolar um plano, onde usaria ele para chegar em você, tipo, ficar do seu lado enquanto ele era sequestrado por mim mesmo, e ao Tanya salva-lo, você ficaria comigo e ele com ela. Mas era um plano estúpido, que nunca daria certo, e eu comecei a ver que essa vingança era ridícula, e eu não quero o seu mau. – Ele deu uma pausa mas então continuou. – Tanya gostou do plano, e pelo visto, ia usa-lo com você. – Isso nunca daria certo, mas é obvio que para a louca da Tanya, tudo fazia sentido. – É por isso que peso desculpas, Bella. É por isso que você tem que correr para acabar com o plano dela.

 - Você esta com moto ou carro?

 - Moto.

 - Posso usa-la?

 Ele encarou Renesmee que fez sinal de positivo para ele.

 - Espera, antes de eu ir. Como souberam que eu estava aqui?

 - Não sabíamos, vamos ficar escondidos aqui até que Sam…é, meu empresário, não nos encontre, e voltarmos a Forks. – Renesmee respondeu. Forks não era uma cidade grande eu não me lembro de vê-la mas não importa, os dois estavam felizes, e agora era minha vez que acabar com a Tanya.

 Dirigir a moto nos primeiros quilômetros foi torturante, mas possível, até que consegui encontrar algum lugar que conhecia na cidade, assim me direcionando ao hotel.

 Pensei em Edward, pensei em como ela estaria enganando ele, pensei em como ele estaria com ela, se resistiria, se a deixaria “ajuda-lo”. Mas então conclui que mesmo que se ela ainda estivesse convencido ele, não teria desculpas depois de eu chegar ao quarto e desmascara-la, a final, eu tenho provas concretas…e que precisavam ser tratadas o mais rápido possível.

 Estacionei a moto na frente do hotel e corri o quanto pude até o elevador. Para a minha sorte, o elevador já estava no térreo, porem ocupado, não me importei, gritei para que segurassem a porta e então entrei. Algumas pessoas saíram dali na hora, ao verem minhas costas ensanguentadas, não me importei, apenas apertei o botão do quarto andar.

 Correr pelos corredor me deixou com mais desespero por estar tão perto, mas o que mais me afetou, foi a dor dos cortes mesmo. Senti meus olhos lacrimejarem de mais dor mas mesmo assim arrombei a porta do quarto do Edward, Jasper e Emmett.

 Todos estavam lá. Reunidos e com cara de espanto. Antes que todos viessem em minha direção pude ver os olhos inchados e Edward, olhando para a janela, sendo envolvido pelos braços de Tanya. Foram os únicos que não me notaram até que alguém soltou meu nome no ar.

 - Bella… – Disse Emmett. Edward se virou na direção da porta quando só consegui encarar Tanya. Meus olhos queimavam de tanto ódio, e eu podia ver o seu olhar de volta pra mim. Edward estava surpreso, se aproximando, inicialmente devagar e com seus olhos claros vermelhos, assim como seu nariz. – Só eu estou vendo ela?

 Todos me encaravam como se eu fosse um fantasma.

 - Bells… – Ouvi o sussurro de Edward. Ele pegou minha mão e sorrio entre sua respiração ofegante, e então acariciou meu rosto e me abraçou. – Você esta viva.

 Senti suas mãos tocarem minhas costas.

 - AAI! – Não deixei de gritar, e quando Edward se afastou assustado, vi suas mãos cheias de sangue.

 - Meu Deus! O que houve, Bella? – Ele perguntou com seus olhos arregalados. Não respondi, apenas encarei Tanya, e ao perceber que todos agora faziam o mesmo, apenas disse:

 - Por que não perguntam pra ela?