Contra O Destino escrita por Saggita


Capítulo 1
Prólogo - O passado não muda




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O chão em que sou jogada é frio e não muito convidativo... É assim que Voldemort recebe as suas vítimas? Eu não consigo ver nada, pois colocaram uma venda sobre os meus olhos. A minha varinha está perdida, e as minhas mãos, amarradas.  Meu coração bate fortemente contra as minhas costelas, lutando para sobreviver. Mesmo que ele saiba, tanto quanto eu sei que vou morrer. Se vai ser indolor, e daqui a uns poucos momentos, ou se vai demorar horas e vai ser doloroso, é incerto.
Que eu vou morrer no lugar em que eu estou, no entanto, está acima de qualquer dúvida.
“Quem me trazem?” A voz sibilante e fria como o gelo de Voldemort diz. Não posso vê-lo, mas posso estimar que estou jogada aos seus pés... Também posso adivinhar que logo atrás de mim estão dois Comensais – é possível sentir a movimentação do ar, eles estão bem próximos de mim. Levanto-me, ainda que os meus joelhos tremam.
“É uma Potter.” Um dos Comensais atrás de mim diz. “Estava sozinha no meio do vilarejo que nós atacamos.”
A única coisa que posso pensar naquele momento, é que fui burra, que não prestei atenção. Mas como eu poderia vigiar as minhas próprias costas se o meu irmão e os amigos dele não tinham a mínima idéia do que faziam? Até parece que eu é que tenho vinte e um anos, não eles. Sem falar que a única pessoa que poderia incutir um pouco de juízo na cabeça de Tiago era Lilían – e ela estava ocupada cuidando de Harry, no esconderijo em que ela mora, junto com o meu irmão, e comigo.
“Interessante...” Voldemort murmurou.
No entanto, eu tenho sérias dúvidas se eu fui seqüestrada porque eu podia vir a ter informações valiosas – ou por mera implicância. A Ordem da Fênix vinha se dissolvendo pouco a pouco, e nem tínhamos mais reuniões. Voldemort estava ganhando o jogo, ele sabe disso. Precisa de mim só para confirmar? Duvido. As vozes dos dois Comensais que me pegaram são estranhamente familiares, e eles sabem que eu sou uma Potter. Se Voldemort precisasse de mim para alguma coisa, não era nisso que os dois mascarados pensavam.
O silêncio caiu. Só escuto o som do meu próprio coração, martelando de nervoso. Eu tento me acalmar. Talvez ainda possa sair dali. De alguma forma...
“Tirem a venda.” ele ordena, então. A venda é puxada dos meus olhos, e eu pisco, me ajustando à luz.
Estou em uma sala que me lembra uma sala do trono: estou na frente de uma cadeira magnífica, de veludo verde e madeira escura, na qual Voldemort está sentado. Não sei como eu esperava que ele se parecesse... Ele deve ser alto, e magro, a pele branquíssima, e olhos vermelhos, íris fendadas como de uma cobra. Mas é inconfundível que ele é humano: os seus cabelos pretos estavam rajados de cinza e rugas surgiam do canto dos seus olhos.
Eu olho ao redor. Atrás de mim, estão de fato, dois Comensais, que me seguram por ambos os braços. E ainda mais atrás, formando um meio-círculo, está um grupo de encapuzados com máscaras. Mais Comensais. Ótimo. A minha morte teria bastante platéia. O teto é bastante alto... Eu devo estar em uma mansão.
Vou morrer em uma mansão, com platéia. Melhor do que eu pensei.
“Avery, Mulciber, soltem-na.” Voldemort diz. “Ela deve ser inteligente o suficiente para saber que não pode correr para lugar algum.”
Claro que sei. Não fui para a Corvinal apesar dos meus genes por nada. Não fico surpresa ao ouvir os nomes... Agora parece demasiado óbvio. Avery e Mulciber, quem mais...? Não fui do mesmo ano que eles – afinal, sou três anos mais nova – e nem da mesma casa, porém a fama deles dois era grande o suficiente para que eu ficasse sabendo. A minha fama, também, era demasiado grande. A irmã nerd do Tiago Potter, o garoto de ouro.
Voldemort se levanta e se aproxima de mim, agarrando o meu queixo e me forçando a olhar para os seus olhos. Sinto minha mente sendo vasculhada, e ele sorri, satisfeito. “O velho Dumbledore está desistindo, então...”
“Ela também pode saber onde os Potter se escondem, milorde.” A voz que agora reconheço ser de Avery sugere.
“Eles já fugiram.” Voldemort responde, soltando o meu queixo. “Nem eles podem ser tão tapados. Vamos prestar uma visita à casa, claro, mas ir hoje seria uma perda de tempo se temos esse problema para lidar. A garota Potter, é puro sangue.” Um dedo longo, fino e gelado percorre da minha têmpora ao meu queixo. Ele me dá náuseas, mas eu mantenho a expressão serena. “Seria um desperdício, não é mesmo, derramar sangue tão valioso?”
Agora, olho para os olhos dele por vontade própria, desafiando-o. Questionando-o. Vai mesmo me deixar viver?Isso seria um erro de cálculo. Mesmo que naquele dado momento, eu não pensasse em fugir, com certeza eu o farei na primeira oportunidade que tiver. Que ele não se esquecesse disso.
“Se me permite a intromissão, milorde...” Uma voz profunda e baixa que também me é familiar diz, e um Comensal dá vários passos à frente, se aproximando de mim e Voldemort. “Ela tem mais valor viva. Não tenho dúvida de que a Ordem, mesmo dissolvida, vai querer tê-la de volta. Temos uma valiosa moeda de troca em nossas mãos. Seria tolo matá-la.”
“Prefiro morrer a ser peão dos seus joguinhos...” eu digo, e com certa ousadia, continuo: “Voldemort.”
Voldemort ri. “E você acha...” ele pergunta, sorrindo para mim. “Que vou fazer o que você prefere?”
Eu engulo em seco. Opa... Não era para eu ter dito isso.
“Mas eu realmente pensava em matá-la agora mesmo.” Voldemort confessa. “Não quero ter mais problemas com você.” Uma pausa, ele se senta novamente, e cruza os dedos na frente da boca, os olhos fixos à frente, refletindo. “O autor da idéia irá se responsabilizar completamente por você, então... Nada mais justo. Se você escapar, ele irá sofrer as conseqüências. Creio eu que este arranjo será de proveito de todos.”
Talvez eu escape só para ver o que acontece a quem quer que seja o Comensal. Não vejo como eu poderia remotamente me importar com o destino dele... Moeda de troca. Nunca vou me esquecer disso.
“Pode levá-la.” Voldemort diz, por fim.
Uma mão pálida, de dedos tão longos e finos quanto de Voldemort, me agarra pelo braço, e o Comensal me guia para fora daquela sala por uma porta em uma das laterais. O corredor em que saímos é ricamente decorado... Estou mesmo em uma mansão, com pinturas magníficas – e bruxas, pois elas se movem para cochichar enquanto passamos.
Poucos momentos depois, então, me dou por conta em uma escadaria dupla. Ambas as escadas dão para um hall de entrada muito grande, de chão imaculadamente polido. Eu e o Comensal descemos por uma das escadas. Ele relaxa a sua mão. Em vez de agarrar, ele agora segura suavemente o meu braço. Não posso ver o seu rosto, mas eu diria que ele está aliviado... Por algum motivo.
Saímos pelas portas duplas brancas e de maçanetas douradas, para uma varanda aberta de pedra, e o ar fresco da noite toca o meu rosto, e eu aproveito a sensação enquanto posso, até que ultrapassamos dois portões de ferro negro e eu sinto como se passasse por uma mangueira de jardim – estamos aparatando.
Quando sinto os meus pés tocar de novo no chão, estou em frente à uma casa muito diferente da mansão em que eu estava. Era uma casa simples, de dois andares e tijolos vermelhos, numa rua de pedras, muito mal iluminada. É uma vizinhança trouxa, sem dúvidas...
O Comensal abre a porta e me empurra, gentilmente até, para dentro. A sala de estar é formada por um sofá velho, uma poltrona igualmente velha, e uma mesinha de centro... O cômodo parece até ser acolchoado, as paredes inteiramente cobertas por prateleiras, e estas, por sua vez, cheia de livros. Eu olho ao redor, franzindo o cenho. Não é exatamente o tipo de lugar que eu imaginava que um Comensal vivesse, para ser honesta comigo mesma.
Ele solta os meus pulsos, ainda presos às minhas costas por cordas. “Sente.” ele ordena, apontando para o sofá com a cabeça. Eu o obedeço. Ele me quer viva por razões incrivelmente doentias, mas duvido que se eu tentasse nocauteá-lo fisicamente, eu iria acabar morta ou muito machucada.
Talvez ele não fosse tão alto ou forte assim para um homem – ele era certamente um pouco mais baixo que Sirius,e o seu pulso era até fino – mas eu sou muito baixa para uma garota de dezessete anos, também. E nem um pouco mais forte que ele. Melhor obedecer... Por enquanto. A minha única chance seria se eu colocasse as mãos em uma varinha. Porém, a dele já está guardada em algum bolso interno das vestes muito negras.
O Comensal tira o capuz, revelando cabelos pretos e levemente ondulados que passam de seus ombros. Uma linha se forma entre as minhas sobrancelhas... De repente tudo o mais parece familiar... E ele finalmente tira a máscara, pousando-a na mesinha de centro, mas ainda assim, não vejo o seu rosto. Ele está de costas para mim.
E então, ele se vira. Mas eu não posso ver suas feições com perfeição... Não sem os meus óculos e com ele relativamente perto. Malditos problemas de visão... Ele estende a mão, e vejo, ainda que borrado, os meus óculos, de armação preta. Hesitantemente, eu estendo a minha própria mão, e eu coloco os óculos no rosto.
Vendo tudo claramente agora, meus olhos vão de encontram aos olhos negros do Comensal que, mesmo que não da forma que eu queria, salvara minha vida. Ele tinha um nariz longo, lábios finos apertados em uma expressão desgostosa, e um rosto macilento e pálido.
Levanto-me de súbito. “Snape?!”
“Potter.” diz ele em um sibilo arrastado. “Creio que estamos quites.”
“Não sei bem se isso é bem um resgate.”
“Não me interessa.” E de repente, estou sozinha naquela sala desconhecida.
Incrível como algumas coisas nunca mudam.


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Notas finais do capítulo

E é só um brevíssimo rascunho que eu fiz porque mais uma vez eu tive outra ideia para outra fanfic e eu queria deixar em algum canto. Não esperem updates regulares nessa daqui porque não é a minha prioridade no momento.
É só um rascunho mesmo. Mas digam se a ideia é legal e tals.



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