Estigmas Das Trevas escrita por AngelSPN


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

"Quem de manhã compreendeu os ensinamentos da sabedoria, à noite pode morrer contente."
Confúcio.



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                Horas antes...

                John olhou para o visor do celular brilhando, não esperava que seus filhos voltassem a ligar depois de quase um ano sem contato. Era verdade que havia trocado o número, não queria falar com eles. Sentia vergonha, sentia medo do que poderiam dizer. Fora um mau exemplo de pai, quase tirou a vida do próprio filho. Aquele que o olhava e o respeitava como um herói, seguia cegamente suas instruções. E John pisara na bola. O telefone entrou na caixa de mensagem e ouvir a voz de Dean o fez estremecer.

                “Oi, pai...sou eu Dean...hã...temos assuntos importantes a respeito do Sam, precisamos nos encontrar e...bom..liga para nós, ok?”

                Por um momento o caçador sentiu vontade de atender, mas logo mudou de idéia. Colocou o telefone no bolso e disfarçou a angústia quando seu amigo Daniel Elkins aproximou-se reclamando da dura cama da noite anterior.

                - John, não sou mais um garoto. Tenho que ter um pouco mais de conforto. Minha lordose está em apuros! – Elkins cuspiu o excesso de saliva.

                - Você está velho mesmo homem, a cada duas voltas você reclama. – John sorriu, mas não conseguiu enganar o velho homem.

                - Desembucha garoto, qual o mal que te aflige? – disse Daniel Elkins empurrando a coluna para frente emitindo um grunido.

                - Meus filhos. – John olhou para o chão pensativo.

                - Deixa de ser cabeça dura, porque não atendeu o telefone? Está com medo de lidar com a situação? Você é como meu pupilo, não acredito que está com medo dos próprios filhos! – Elkins e John continuavam andando.

                - E quem disse que era eles no telefone? – John não conseguia sustentar o olhar penetrante do caçador.

                - Posso ser velho, mas não sou nem surdo e nem burro, sou de Manning, Colorado considerado o melhor caçador daquela região! Você parecia ter visto seu primeiro fantasma. – o caçador mais velho limpou a garganta.

                - Velho rabugento, como eu poderia encarar os olhos de Dean?Ou de Sam? Me sinto sujo e incapaz de qualquer aproximação. – John colocou a mão no bolso e continuou a caminhar em direção ao velho carro de Elkins.

                O caçador mais velho apenas balançou a cabeça, John era tão cabeça dura quanto ele próprio.

                - Quer dizer que a colt não parou aquele infeliz do olho amarelo? Ah se eu tivesse topado com ele antes desse tal anjo que você falou. Ainda não consigo acreditar nessa história insana. Sério isso John? Inferno? Anjos? Tem certeza que não estava sob efeito de algum alucinógeno? – Elkins disse abrindo a porta do carro e parando antes de entrar.

                - Infelizmente tudo isso aconteceu. E estou preocupado com o Sam. Os desgraçados irão cercá-lo até...- John interrompeu o que iria dizer, não conseguia acreditar que seu filho caçula pudesse se voltar para o lado obscuro das trevas. Dean havia lhe comentado sobre as premonições de Sam e baseado nesta informação começou a investigar e não gostou de nada que encontrou. Pior de tudo foi o demônio do olho amarelo ter lhe confirmado suas suspeitas. Teria que fazer alguma coisa para salvar o filho da perdição satânica ou teria que agir como um caçador. Mas isto estava fora de questão, já falhara com eles uma vez, não iria cometer o erro pela segunda vez.

                Elkins, percebeu o sofrimento do amigo. Resolveu ficar quieto e sentar no banco. Ouviu a partida do carro, pegou mapa do porta luva e mudou de assunto.

                - Os sangue sugas estavam nesta região, atacaram um bar repleto de pessoas indefesas. Eu os caço há muito tempo, John. E te garanto que isso está me cheirando à cilada para caçadores.

                - Pode ser Daniel. Pode ser. Mas aquela mulher sabia coisas sobre Sam e minha doce Mary, que jamais contei para alguém. E se há uma chance de salvar Sam sem envolvê-lo nesta sujeira toda, não posso perder essa oportunidade.  Devo isso a ele.

                - Qual era o nome dela mesmo? – Daniel tentava lembrar-se de onde ele já havia encontrado aquela jovem.

                - Ruby, apenas isso. E revelou o que eu mais temia sobre Sam. Confirmando o que eu havia descoberto. Levando Mary à morte quando meu garoto havia feito seis meses de vida.  Se eu encontrar a chave que abre o..., desculpa Elkins, mas não posso falar mais nada. Não quero te colocar em perigo. Por mais envolvido que já estejas.

                - Quer me proteger, John? Ou tem medo que eu dê com a língua nos dentes caso um dos sangue sugas me pegar? – o velho o observava enquanto John dirigia sem encará-lo.

                - Você é uma raposa velha mesmo, Elkins. – John retribuiu um meio sorriso.

                Por alguns quilômetros rodaram em absoluto silêncio, cada caçador com seus próprios pensamentos. Elkins disfarçava uma segurança que não tinha.  Sabia muito bem que seu amigo John estava metido em uma encrenca das grossas com os seres das trevas, em toda sua vida não havia ouvido falar em alguém que esteve no inferno e voltou de lá “ileso”, muito menos de intervenção divina. Jamais acreditaria em outro caçador. Mas ele conhecia John, presenciou seu sofrimento quando estava perdido com os garotos ainda pequenos após a morte trágica de Mary. John estava tão perdido, tão fanático e ávido por vingança que às vezes esquecia que era um pai e acabou arrastando consigo os pobres garotos que tiveram que amadurecer muito cedo. Daniel lembrou do garotinho loiro tímido e invocado e do outro menor agarrado nas pernas de Dean como um escudo protetor. Fora a primeira vez que Elkins gostaria de nunca ter sido um caçador e morrer tranquilamente com uma família de verdade. Queria ter podido tirar aquelas crianças dessa maldita sina de caçador.

                - Daniel Elkins, para o planeta terra! – John estalava os dedos próximo a face do amigo.

                - Hã...o que houve homem? – Elkins resmungou apertando as mãos uma na outra.

                - Estamos chegando, fique em alerta e pare de viajar. Não quero ter seu sangue nas minhas mãos. – John saiu do carro, observou um enorme silo. Exatamente como a loira havia lhe dito. Lá estava a toca dos monstros da noite.

                - Isso me lembra aquele veterano de guerra em meados de 1727, que foi mordido em combate por um turco.

                - Lembro que você me contou sobre isso, era Arnold Paul, mesmo comendo a terra da sepultura onde ele matou seu algoz, não conseguiu se livrar da maldição.

            - É. Talvez não haja cura mesmo. Então vamos manter nossos pescoços livres desses ataques vampirescos. E isso...- Elkins desembainhou um facão muito afiado – dará um jeito nessas pestes.

            - Vamos logo antes que anoiteça. Entre no carro.

            Os dois amigos entraram e saíram em alta velocidade ao seu destino, John e Daniel Elkins passaram por um túnel de árvores e não conseguiram nem ver o que os atingiram. Apenas sentiram seus corpos sendo lançados de um lado para o outro enquanto o carro dava inúmeras capotagem. Elkins antes de perder a consciência viu seu amigo sendo arrastado e a jovem “amiga” loira acendendo um isqueiro e atirando-o de encontro à gasolina do carro. Daniel Elkins sorriu deixando a mostra seus dentes ensangüentados.

- Te vejo no inferno, sua piranha!- e o velho caçador cerrou os olhos antes da enorme explosão.


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Notas finais do capítulo

Então pessoal, estão gostando? Espero seus encantados reviews para alegrar esse coração.
Nesse capítulo explorei Daniel Elkins, de uma forma diferente é claro, mas tentando manter sua essencia como mentor de John.
Beijos e até mais amigos!