Quando A Chuva Cai escrita por MyAngel


Capítulo 4
Capítulo 4 - Noite Gelada... Lembraças Guardadas!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/238667/chapter/4

Assim como eu havia pensado a minha vida nunca mais foi à mesma. Mas nem por isso o sol deixou de brilhar no verão, as flores de caírem no outono, os animais de se protegerem do inverno e a vida de recomeçar na primavera. Assim como eu havia imaginado a vida continuou com o seu infinito ciclo e a minha? Continuou estagnada, parada. Nem na vida, nem na morte. Simplesmente uma morta - viva.

* Sarah *

Voltar à Inglaterra, certamente, não me trazia boas lembranças e com certeza a Lilith também não. Pois desde que recebemos a notícia, de que deveríamos comparecer para a próxima reunião do conselho, em Londres, Lili começou a ter pesadelos, ou pior, começou a lembrar de coisas que há muito havia esquecido. Tenho medo das lembranças de Lili, tenho medo de que ela lembre-se daquela noite chuvosa, noite em que Deus - ”Se é que Ele realmente existe”- chorou por seus anjos...

Engraçado, a chuva parece insistir em trazer aquelas lembranças de volta!

Um sentimento de nostalgia me fez acordar em meio as fortes pancadas de chuva, uma vontade forte de chorar apoderou-se de mim. Angústia, medo... Desespero! Mas não eram sentimentos meus, eram de Lilith, mais uma lembrança à chuva trouxe consigo, naquela noite tão gelada.

***

Lágrimas vermelhas escorriam pelo meu rosto da mesma forma que gotas de chuva escorriam pela vidraça da janela. Ainda conseguia ouvir a voz daquele homem... A voz de meu pai chamar-me:

– Lilith! Onde está você?- Uma garotinha com longos cabelos negros e olhos grandes e azuis veio correndo em sua direção lhe dando um grande abraço e o recebendo com um largo sorriso... “Aquela garota sou eu?”

– Papai você demorou desta vez!- Ela falava fazendo um biquinho com os lábios, tentando aparentar estar braba, mas logo o desfez quando ele retirou do bolso um pequeno presente embrulhado em um tecido colorido.

– É que desta vez eu tive que parar no meio do caminho pra lhe comprar uma pequena lembrança!- A garota pegou o presente e com delicadeza o abriu, no mesmo momento o sorriso se desfez.

– Papai uma boneca?!

– O que foi você não gostou? Por acaso achou-a feia?

– Não! Ela é linda, mas...

– Mas...?

– É que agora eu sou uma guerreira que luta contra as forças do mal e não tenho tempo para brincadeiras de criança! – Disse isso num tom imperativo e confiante mostrando-lhe novamente um largo sorriso.

– Com certeza um dia você será uma grande guerreira, uma guerreira muito forte e poderosa!

– Serei tão forte e poderosa quanto você pai? Poderei usar o poder do crucifixo? – Ele soltou uma gargalha alta e forte que ressoou pelas quatro paredes daquele recinto, ria como se alguém tivesse lhe dado o melhor presente do mundo e com um movimento delicado ele retirou uma corrente de seu pescoço...

– Está vendo este crucifixo de prata com uma pedra vermelha incrustada bem no meio? – Indagou-lhe.

– Aham... – Murmurou ela enquanto balançava a cabeça de forma afirmativa.

– É um crucifixo muito poderoso – continuou ele – Mas que só terá poder se você acreditar NEle! Nunca se esqueça disso! E por falar em guerreira como anda o treinamento com a Senhora Diana? – A garota baixou a cabeça e num murmúrio falou:

– Está indo bem...

– Aham... Vou fingir que acredito! – Falou isso com um leve sorriso nos lábios enquanto dirigia-se novamente a porta, mas antes de sair para aquela noite gélida onde a chuva branca caia com tanta intensidade, ele voltou-se para a pequena Lilith e com ternura falou:

– Tenho que ir agora... Minha pequena guerreira! – O baque da porta, o barulho do vento na janela e o trepidar do fogo na lareira revelavam, estávamos sozinhas naquele pequeno recinto mal iluminado pelo fogo! E naquele momento eu consegui sentir o que a pequena Lilith estava sentindo... Solidão! Eu nunca mais o veria!

As minhas lágrimas continuavam a molhar o meu rosto, a manchá-lo com grossas gotas de sangue, só que agora com mais intensidade fazendo cair também pingos sobre um crucifixo que estava em minhas mãos. Um crucifixo de prata, o qual continha uma linda pedra vermelha no meio. Um crucifixo que agora eu sabia do por que de eu sempre carregá-lo comigo... Era a única lembrança que eu tinha de meu pai.


– Outro pesadelo? – Indagou-me Sarah. Não a tinha visto chegar, estava tão absorta em minhas lembranças que não havia percebido que estava encostada na porta de meu quarto, me observando.

– Não... Não exatamente um pesadelo – Esbocei um pequeno sorriso e continuei a falar quando percebi que ela não havia entendido.

– Sonhei com meu pai, aliás, foi bem mais que um sonho Sarah! Foi uma lembrança, sinto que a minha memória está voltando. E de todas as lembranças que tive até agora essa foi à única que me fez lembrar... – Parei de falar e comecei a admirar o objeto que estava em minhas mãos, não conseguia parar de olhá-lo!

– Lembrar o que? – Reparei que havia deixado uma Sarah um tanto confusa com tudo aquilo.

– Lembrar... Que um dia eu fui humana! – Senti, novamente, grossas lágrimas escorrerem pelo meu rosto enquanto observava pela janela a chuva cair.

***

Lilith estava estranha, seja lá qual for à lembrança que ela tenha tido com seu pai, isso com certeza mexeu muito com ela. Mas uma coisa me incomodava aquele crucifixo, ela não o largava de jeito nenhum. Isso não era uma coisa muito boa, até onde eu sei vampiros são vulneráveis a crucifixos e a prata, fora as estacas se perfuradas no nosso coração semimorto, são nossos pontos fracos. Mas a ela? Parece não terem efeito nenhum sobre seu corpo, pelo menos a prata e o crucifixo não lhe causam danos como causam a nós. Com certeza se o conselho descobrir isso não será bem visto, afinal de contas esses são objetos que nós demônios repudiamos e de alguma forma ela os aceita!

– Lilith?

– Hum... – Prestou-se a dizer sem nem ao menos tirar os olhos da janela.

– Talvez fosse melhor você não ir amanhã à reunião do conselho – Falei enquanto observava uma Lilith distante, seu corpo estava ali sentado naquele sofá em frente aquela grandiosa janela, mas seus pensamentos estavam em um mundo onde somente ela podia entrar.

– Por quê? – Foi à única coisa que disse depois de algum tempo.

– Tenho um mau pressentimento quanto a essa reunião e preferia que você não fosse... Confie em mim!

– Justamente por você ter um mau pressen... – Ela parou de falar e começou a fitar ainda mais a janela como se procurasse por algo...

– O que foi? – Odeio quando ela faz isso, me deixa curiosa!

– Pensei ter visto alguma coisa entre as árvores lá em baixo, mas acho que não! Está escuro deve ter sido impressão minha! – Falou isso se virando para mim e esboçando um leve sorriso. De alguma forma ela me tranquilizou.

– Tudo bem então! – Continuou ela – Se você acha que será melhor eu não ir, então eu não irei!

– Obrigada Lili!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Faça uma aspirante a escritora feliz, deixe um review! ;D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando A Chuva Cai" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.