Rachel Berry Academy escrita por R_Che
Notas iniciais do capítulo
Não podia ter outro título... :)
– Quinn, posso? – perguntou Rachel enquanto batia à porta do quarto.
– Sim. – respondeu Quinn e a morena abriu a porta e perguntou de lá.
– Vou ao Starbucks e depois vou andar um bocadinho no Central Park. Queres vir? – Era uma proposta tentadora, ela estava farta de estar em casa, mas o medo de momentos incómodos estava a dar luta na decisão. – Se não quiseres eu percebo, só pensei que quisesses apanhar ar.
– Pois. – respondeu indecisa. Rachel não percebeu se era um sim ou um não e não soube como reagir, mas quando Quinn percebeu isso, respondeu concretamente. – Eu vou contigo, deixa-me só calçar-me. – a morena sorriu e saiu da entrada do quarto.
Rachel trancou a porta enquanto Quinn desceu os degraus em frente à porta. Quando Rachel desceu os mesmos degraus e ficou ao mesmo nível que Quinn a fotografa pegou automática e naturalmente na mão da morena, mas durou 1 segundo e meio a largá-la como se ela fosse fogo e a tivesse queimado. A cara assustada de Quinn a olhar para Rachel acabou por preocupá-la.
– Eu não vou. – disse enquanto olhava para o chão e se voltava para subir os degraus, mas Rachel agarrou-lhe pelos braços e fê-la olhar para ela nos olhos.
– Quando aconteceu a explosão e tu acordaste amnésica, a médica avisou-me que seria natural que tu tivesses gestos e atitudes habituais da tua rotina mas que isso não significava que te lembrasses de alguma coisa. O que aconteceu agora, foi um exemplo disso. – disse a morena com seriedade para não a assustar. – Tocar-me ou agarrar-me é a coisa mais natural em ti. Se não tivesses tido a reação que tiveste eu nem teria dado conta. – acrescentou mesmo não sendo verdade. As saudades e a vontade de tê-la perto tinham-na feito notar aquele toque, tal como fizeram. – Não te assustes com isso, não te preocupes e sobretudo, não fujas Quinn. Não deixes de fazer as coisas que vais fazer, só porque tens gestos automáticos. Eu não mordo, nem vou ferir o teu orgulho. – Não percebeu porquê, mas não conseguiu retirar os olhos dos olhos de Rachel enquanto ouvia o que ela estava a dizer. No final, assentiu e meteu as mãos nos bolsos do casaco e começou a caminhar com a esperança de que Rachel a seguisse. E assim foi.
Quando chegaram ao Starbucks e fizeram os pedidos, sentaram-se numa das mesas ao lado da janela. Quinn perdeu o olhar nas pessoas que passavam na rua e Rachel perdeu o olhar em Quinn. Estiveram em silencio alguns minutos até que o telefone de Rachel começa a tocar. Era Mia.
– Mia? – atendeu Rachel estranhando a chamada.
– Olá professora, desculpe ligar-lhe. – disse a rapariga com receio.
– Não faz mal, só estranhei. Está tudo bem Mia? Como estás? – respondeu Rachel simpática. Quinn olhou discretamente para a morena, que falava com Mia com um sorriso enquanto mexia o seu mocca, e voltou a perder a vista na rua mas a sua atenção estava inteiramente naquela conversa.
– É que eu soube, como todos aliás, o que tinha acontecido, mas na altura não quis incomodar. Agora estava a ligar-lhe para saber se está tudo bem consigo e disponibilizar-me para qualquer coisa, caso possa ajudar. – Rachel rasgou um sorriso carinhoso.
– Obrigada Mia. És um doce. Eu agradeço muito a tua preocupação, mas está tudo bem. Um dia de cada vez. E tu? Como vão os ensaios? Já dominas as técnicas?
– Vão bem. Sim, já estou mais à vontade. Mas a professora faz muita falta.
– Eu tenho saudades vossas. Tenho de lá passar um dia desta semana. Pelo menos para vos dar abraço a todos e assistir ao que já está quase pronto. – Quinn mexeu-se incómoda na cadeira, Rachel reparou e pensou que se calhar a loira queria ir embora do café, mas o que não percebeu, foi que Quinn não estava a conseguir conter os ciúmes. A fotografa não sabia quem era Mia, e não estava a gostar do tom carinhoso de Rachel. Mas o pior não era isso, era o facto de ter toda a noção de que aquilo que estava a sentir eram efetivamente ciúmes. Começou a irritar-se consigo mesma, e a desejar que aquele telefonema acabasse rapidamente. Para sua sorte, assim foi. Rachel despediu-se de Mia, com o mesmo tom carinhoso e Quinn tinha todo o mau humor em evidência.
– Se quiseres vamos andando. – disse Rachel com cuidado.
– Quem é a Mia? – Rachel não entendeu o tom da pergunta, mas respondeu com simpatia.
– É uma aluna minha. – Quinn assentiu com a cabeça e voltou o olhar para a rua. Rachel percebeu o mau humor e continuou. – Eu dou aulas de canto e representação.
– Já ouvi dizer. – e permaneceu com o olhar na rua e a cara fechada, mas para mal dos seus pecados, Rachel desarmou-a. Com o olhar fixo nas pessoas, sentiu uma mão quente por cima da sua e pousou os seus olhos automaticamente nos olhos de Rachel. Foi um momento tão intenso que Rachel retirou a mão devagar.
– Desculpa. – e agora foi Rachel que retirou os olhos dos dela e baixou a vista para se concentrar naquele mocca que já estava mais do que mexido.
– E tu dás o teu número de telefone a todos os teus alunos?
– Neste caso dei. Só tenho uma turma, e como estávamos a preparar uma peça para apresentar no fim do ano letivo, podia ser preciso alguma coisa.
– E qual era a peça? – perguntou Quinn tentando suavizar o ambiente.
– Evita. – Rachel sorriu.
– Gosto dessa. – disse Quinn também com um sorriso.
– Eu sei. Foste tu que escolheste. – Quinn não percebeu e perguntou em silencio e só com uma expressão ao que Rachel se referia. – Foste tu que me deste a ideia de fazer uma peça com a minha turma, e foste tu que escolheste o Evita. – A loira nada disse e manteve-se em silencio mas com o olhar fixo em Rachel, que acabou por sorrir envergonhada antes de baixar a vista de novo. Quinn decidiu que estava na hora de sair do Starbucks e ambas foram caminhar para o Central Park.
Depois de 10 minutos de caminhada silenciosa, Quinn decidiu-se por fim a fazer a pergunta que não queria calar na cabeça dela.
– Como é que... – disse com dificuldade. Rachel prestou toda a atenção que pôde. – como é que aconteceu? – a morena precisou de alguns segundos para processar a pergunta e perceber acerca do que é que se referia Quinn.
– Uma explosão de gás. Aconteceu na cozinha, a tua mãe – e engoliu em seco mas disfarçou – estava lá com o fornecedor. O Massi tinha ido ao salão e tu estavas – agora respirou fundo e fez uma pausa – tu estavas, graças a deus, perto da entrada mas cá fora. O seguro diz que foi uma explosão de gás.
– Mas como? Porque é que uma explosão de gás acontece? – Quinn estava a perguntar naturalmente.
– Um fuga, por exemplo.
– Foi o caso?
– Sim. – respondeu Rachel enquanto se sentia culpada por mentir, mas tinha prometido a si própria que essa seria a versão oficial. Se havia certeza que Rachel tinha, era que Judy não tinha feito nada intencionalmente. Assim sendo, a memória dela iria ficar pela pessoa maravilhosa que ela tinha sido.
– Porque é que eu tinha um restaurante? – Embora parecesse uma pergunta estranha, era inocente. Quinn com 17 anos não cozinhava.
– Porque depois de saíres da escola descobriste que gostavas de cozinhar e que, melhor anda, tinhas talento. – respondeu Rachel com um sorriso rasgado.
– E agora não sei, não é? Perdi essa capacidade.
– Não acredito nisso. Acho que quando tentares vais fazer algumas coisas automaticamente. – Quinn sorriu, também com a fé de Rachel nela.
– Tenho de experimentar, um dia destes.
– Sim, até pode ser bom. – andaram mais uns metros e a conversa parecia ter acabado ali até que Quinn pergunta sem noção.
– Como é que se chamava? – Rachel fica nervosa e envergonhada. A fotografa nota e para o passo obrigando-a a parar com ela.
– “Love RB”. – Quinn abre os olhos espantada e Rachel desvia o olhar. Ambas começam a andar em silêncio.
– Diz-me que foste tu que escolheste o nome. – comentou Quinn com humor. Rachel olhou para ela durante alguns segundos e Quinn devolveu o olhar com um sorriso malandro. Depois disso, só ouviu uma enorme gargalhada de Rachel. Uma gargalhada daquelas que a fez tapar a cara para fingir desespero, ou para tapar as narinas que se abriram com a vontade de a agarrar.
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Parece-me a mim que vocês vão perdoar a Quinn em breve...
Então? Que tal?