O Melhor e o Pior dia da minha vida escrita por Lia


Capítulo 1
O melhor e o pior dia da minha vida. Vida?




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Minha escola estava diferente, na verdade, nem sei se era mesmo minha escola, talvez aquele lugar só me lembrasse um pouco daquela escola pública. Bom, definitivamente não era a minha escola. Mas de uma coisa eu tinha certeza, minha formatura do 3º ano tinha chegado.

Eu via meus colegas para lá e para cá, arrumando o tal lugar. Uns com a decoração, outros com os quitutes, alguns até de bobeira, mas todos estavam lá.

Parei por um instante no topo da escada que dava para o corredor central, para um lado não tinha nada de mais, mas para o outro, o corredor me levaria para o salão, onde provavelmente seria a formatura. O clima estava de correria, era muita gente andando por ali. Eu estava conversando com alguns colegas, quando olhei novamente para aquela porta. A porta do salão. Eu o vi ali, sorrindo para mim, mas era como se ninguém estivesse o vendo também. Talvez pela correria e coisas a fazer, mas não importa, eu o vi. Não, não pude ficar parada, então corri em direção a Carlos. Como eu sabia o nome dele? Não sei, apenas sabia. Desviando das pessoas, aquele corredor parecia infinito, mas eu cheguei, pulando em seus braços e ele me segurou.

Eu estava chorando, sem motivos, mas eu chorava. Ele acariciou minha bochecha e sorriu. Ninguém estava olhando para nós, o que me deu uma certa curiosidade, olhei para os lados mas nada. Mas também ele tinha sumido da minha frente. Primeiramente fiquei confusa, logo após eu fiquei triste e chateada, seria só uma alucinação? Olhei para trás, e todos já tinham parado as atividades, mirei as janelas, e já tinha anoitecido, talvez eu tivesse me perdido no tempo, ou quem sabe, eu tinha surtado e ficado de repente um tanto retardada, pois eu não tinha visto, mas eu já estava vestida para a minha formatura. Apenas pisquei algumas vezes e sorri, todos já estavam no salão.

Entrei no lugar, mas eu tinha me enganado, ainda não tinha começado, estava quase! Ainda estavam arrumando coisas de última hora. Bolinhos de alunos aqui, bolinhos de professores lá... então, Carlos apareceu na minha frente de novo, e meu coração disparou. Eu não sei porque eu estava assim, eu nunca tinha visto ele, e eu amava Harry, como nunca amei alguém antes, mas eu sabia quem ele era, ou talvez não?

– Você voltou? – sorri nervosa com o choro trancado, foi o que eu consegui falar.

– Eu sempre voltarei aqui por você. – Carlos falou sério, um tanto preocupado, mas sorriu depois. Eu tive certeza que sentia algo, mas eu não sabia o quê. Eu o abracei, quis beijá-lo, mas em poucos segundos o salão já estava com as luzes de festa, e Carlos sumiu novamente. Tentei procurá-lo, mas logo desisti, pois estava escuro e a pessoa que mais me chamava atenção naquele lugar acabara de entrar no salão. Sim, Harry, vestido socialmente, entrou no salão e meu coração disparou novamente quando aqueles olhos claros encontraram os meus. Eu podia ter caído quando ele sorriu tímido para mim, mas eu me segurei, minhas pernas eram fortes. Apenas sorri em troca.

Eu nunca tinha falado a Harry o que eu sentia por ele, já quis, mas logo desisti. Uma coisa que eu não conseguia, era ficar calma o suficiente para falar com ele.

Uma música emocionante começou a tocar, eu sentia que não veria aqueles colegas, amigos, companheiros, quase irmãos que passaram o ano inteiro ao meu lado. Eu tinha que me despedir de um em um. Mas o clima de despedida já estava em nós, desde que o dia amanheceu, dava para ver em nossas caras, a comoção. Eu tinha tomado a decisão, eu iria falar com Harry.

Caminhei até perto dele, onde estavam fazendo uma coreografia de despedida. Eu não sabia a tal coreografia, e comecei a fazer do meu jeito. Ele riu, e começou a fazer igual. Nós dois, um do lado do outro, estragando aquela apresentação.

– Que horror! – eu ri.

– Mas está mais legal que a deles. – Harry piscou para mim e eu parei. Chegara o momento.

– Harry? – eu disse nervosa, sorrindo. Talvez meu sorriso estivesse uma bosta pelo nervosismo, mas eu acho que sorri. Ele parou de dançar, e olhou sereno para mim.

– Sim? – ele sorriu de canto.

– Eu sei que nós não fomos colegas por muito tempo, mas eu já te considero um monte. – okay, me expressei mal, eu o amava, mas eu não podia soltar logo de cara, não é? – Queria um abraço de despedida. – sorri encabulada, e ele me abraçou.

– Eu te amo! – ele disse, e eu fiquei pasma. O que? Como? Onde? Mas não estava para humor, eu estava nervosa, olhei para os lados, e nós estávamos no centro do salão, todos a nossa volta, nos olhando ansiosos, com lágrimas nos olhos. Eu não estava entendendo, pois Harry também estava com lágrimas nos olhos. Ele me beijou, eu pude ouvir palmas, assobios, choramingos, gritos de alegria, mas em instantes não ouvi mais nada. Harry estava me beijando, e era só isso que importava agora. Nosso beijo tinha desejo, e um certo tom de despedida, como se fosse o último. Mas era nosso primeiro beijo.

Voltei à realidade quando ele parou de me beijar, ouvi novamente as palmas, choros e etc. Mas agora eu via Harry sorrindo e chorando também. Olhei para a porta, e Carlos estava lá. Eu queria me explicar, mas eu não podia, eu não sabia nem o que estava acontecendo! Olhei para Harry e ele não tinha desviado o olhar de mim. Seguia com aquele sorriso choroso de despedida e Carlos gritou. Não no sentido de ralhar, mas sim no sentido de me avisar. Mas mesmo com aquele grito, ninguém notou a presença dele ali.

– VÊM! – ele gritou, mas eu não me movi, apenas comecei a chorar junto com Harry. Aquilo parecia um déjà vu. – LÚCIA, VÊM! – ele gritou novamente, olhei para Harry, e ele assentiu com a cabeça, olhei por uma última vez para ele, e corri em direção ao Carlos. Não sabia o porquê, apenas conseguia sentir meu coração dizer para segui-lo.

Saímos do salão, olhei para trás, chorosa, Carlos pegou da minha mão e seguiu correndo comigo. Apenas me senti segura com ele. Chegamos na escada, mas tudo em volta estava diferente. É como eu tivesse levado uma paulada de realidade. Tudo estava em ruínas, largado, atirado ao tempo. Ainda sem entender, segui Carlos. Ao chegarmos no fim da escadaria, alguns degraus estavam cheios, mas cheios de larvas. No primeiro momento senti uma enorme reviravolta em meu estômago, mas depois algo me chamou atenção. Após os últimos degraus, tinha muita água suja e musgo. Era como se eu tivesse em outro lugar, totalmente diferente daquele arrumado para a festa de formatura. Mas eu não estava. Era o mesmo lugar. Olhei para aquela água, e reconheci algo nela, ou melhor alguém. Puxei aquele corpo sem vida, um pouco esverdiado, e gritei. Gritei como eu nunca tinha gritado antes. Cai de joelhos, e não parava de gritar. Harry estava ali, na minha frente, morto. Mas o corpo dele, mostrava que a decomposição foi tipo, interrompida. Como se o tempo não deixasse ele virar somente alguns ossos. Parecia que o tempo tinha congelado ali, pois podia se ver que aquelas ruínas não estavam ali a pouco tempo, e sim, muitos anos. Desesperada, olhei para o resto, e comecei a reconhecer um por um dos meus colegas, professores e convidados daquela noite. Todos mortos, e por algum motivo, os corpos ainda estavam ali, mas a pior sensação que eu tive, foi quando vi meu próprio corpo, ao lado de Harry. Eu surtei, tremia, gritava, chorava. Eu estava morta?

– Escuta! – senti os braços de Carlos em meus ombros, mas eu só chorava. – Olha para mim! – eu obedeci, mas tinha algo muito familiar no rosto de Carlos. – Você tem que esquecer isso tudo. Você tem que sair daqui! – ele disse sério.

– O que está havendo? – falei desesperada, olhando para Harry e eu, mortos aos meus pés, boiando naquela água gosmenta. – Eu morri?

– Olha – ele começou – Esse foi o melhor, e o pior dia da sua vida. – eu estremeci – É por isso que você sempre volta aqui, e vive tudo novamente. – ele falou, agora com um tom de sofrimento – E é por isso, que todas as vezes, eu voltarei aqui, para te tirar desse sofrimento. – e foi nesse momento, que eu estremeci novamente, pois não era mais Carlos que estava ali, e sim Harry.

Como um quebra-cabeça, tudo se encaixou. O porquê que ninguém via Carlos, o que eu sentia por ele, o déjà vu, Harry e as pessoas chorando, como se soubessem o que iria acontecer. Carlos era Harry. Carlos, era a alma de Harry. Eu apenas chorei mais. – Eu vim te buscar. – ele pegou de minha mão. – Por favor, me siga! – eu parei de chorar, pois eu sabia o que tinha que fazer. Eu tinha que seguir o meu amor, seja qual era a face dele, mas era ele. Harry sorriu para mim, e eu me despedi daquilo tudo. Peguei a mão dele, e os olhos claros se iluminaram, e nós partimos dali.

Eu não pude saber o porquê, o quê e como aconteceu aquilo, o porquê eu sempre voltava ali. Algumas coisas acontecem, sem poderem serem explicadas.

Só sei que agora estou em paz, com ele.



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Notas finais do capítulo

Gente, eu não sei se deu bem para compreender, mas foi mais ou menos isso. No sonho, era como se minha alma voltasse a época em que eu, ele, meus colegas, todos nós sofremos algo, um desastre, o que nos levou a morte. Não, não pude saber o que ocorreu. Bom, minha alma sofrida(ashajshjashjahs) voltava sempre para aquele dia, pois foi o melhor da vida dela, em relação a declaração de Harry, mas o pior pelo tal desastre. Carlos, na realidade, era o próprio Harry, mas com outro rosto, vinha me tirar daquele sofrimento sempre, e desta vez foi para valer. Enfim, se não entenderam algo, me falem ;) talvez eu consiga explicar (se vcs tiverem interesse é claro) eeee...... deixem reviews *u*



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