Você Conseguiu escrita por Baby Firefly


Capítulo 1
Cause you and I, we were born to die


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. ♥



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Admiração e amor são coisas totalmente distintas. E ela era a prova viva disto. O sonho de qualquer pessoa é enriquecer, sem dúvidas. Mas ela não estava em Londres apenas para lançar uma moda nova, ou presenciar desfiles. Ela escondia dentro do coração, o que ninguém jamais imaginaria existir. O amor à distância. O amor que fez dela uma tola por querer alguém que nunca havia visto pessoalmente na vida. Mas era amor, era sim.

Perdera a conta de quantas vezes se pegara vagando em devaneios no meio da aula na escola, e quantas vezes chorava no travesseiro para que ninguém a ouvisse. Não queria explicar o que estava acontecendo para ninguém, ninguém a entenderia, nem ela mesma.

Às vezes achava que aquilo um dia poderia passar. Mas ela ansiava por estar ao seu lado, pelo menos como amiga. Queria vê-lo, conversar com ele, queria amá-lo, mesmo que secretamente, enquanto os dois riam e se divertiam, apenas como amigos.

E era o que eles estavam fazendo agora. Agindo como amigos. No meio daquelas pessoas, caminhando e conversando. Rindo de besteiras e falando sobre a vida de cada um. É claro, a garota não podia falar exatamente tudo para ele. Ela apenas falava como fora a sua semana, se havia saído, ou algo do gênero. Mas nunca falara sobre os seus sentimentos.

O silêncio agora estava presente, e o assunto havia acabado. Monica permanecia com a cabeça baixa, observando seus pés. Sentiu uma das mãos dele roçar na sua, já que caminhavam lado a lado, e estavam próximos. Seu coração congelou. Ela o olhou, e ele estava distraído, olhando para as pessoas naquela rua. Ou apenas estava disfarçando? Ela riu de si mesma.

– O que foi? – Christopher perguntou, abrindo um sorriso.

– Nada.

– Sei... Como se eu não te conhecesse.

– Cala a boca, Kit. Não faz nem 1 ano.

– Mas eu te conheço igual.

Monica sacudiu a cabeça e acendeu um cigarro.

– Me dá um? – ele parou no meio da rua, com a mão aberta em sua direção.

– Não muda mesmo, né Sr. Kit. – Monica puxou um cigarro da carteira e entregou para ele.

– O fogo.

– Vai pro inferno.

– Qual é, não vai acender? – Kit aproximou-se dela, fazendo com que as pontas dos cigarros se encostassem. Puxou o ar até acender, e logo se afastou. – Além do mais, os meus acabaram, e você nunca vai me negar nada mesmo.

Monica corou por alguns instantes, e viu que ele já estava a alguns passos à frente.

– Idiota.

– O que?

– Te chamei de idiota, não posso?

– Não.

Os dois se encararam friamente, mas logo sorriram.

– Parecemos dois retardados sabia?

– Não. Eu gosto disso.

– Gosta do que?

– De ficar caminhando por aí com você, te enchendo o saco.

– Tá sendo irônico né?

– Estou sim, na verdade eu te detesto.

– Sei. – Monica riu, enquanto Christopher enlaçava o braço em seu pescoço.

– Você devia tá decorando algum roteiro, não é?

– Sim.

– E por que aceitou vir?

– Por que eu preciso descansar a cabeça.

– Hum... – Monica jogou o cigarro no chão e parou de caminhar.

– O que foi?

– Nada. Quer comer alguma coisa?

– Pode ser.

– Vamos em alguma cafeteria.

Monica começou a caminhar mais apressadamente, enquanto Christopher a seguia.

– Por que tá andando rápido?

– Não posso?

– Pode. Desculpa ter nascido.

De alguma forma, aquelas palavras doeram ao sair da boca de Christopher, assim como também doeram no peito de Monica.

– Não diz mais isso.

– Por quê?

– Porque eu te amo, idiota.

– Você me odeia.

– E você adora me irritar né, que bacana.

– Faço isso por que te amo.

– O que? – Monica ficou sem ar de repente, mas não deixou que ele percebesse isso.

– Eu estava sendo irônico, não se iluda.

– Claro.

Monica abriu a porta da cafeteria e rapidamente sentou em um banco no balcão. Christopher fez o mesmo.

– Eu não estou com fome. – Monica olhou para Christopher, que antes estava encarando algumas pessoas.

– Nem eu.

– Você disse que tava, idiota.

– Para de me chamar de idiota.

– Você é. – Monica riu.

– Você também.

– Ah, vá pra...

– Xiu.

– E agora?

– Agora o que?

– O que fazemos?

– Não sei.

Os dois se encararam, mas logo caíram na gargalhada.

– Maldita hora.

– Do que?

– De ter te convidado pra dar uma volta por aí.

– Por que?

– Por que você é um velho chato.

– Não sou velho.

– Ah, tem quase 30 anos na cara e não é velho.

– Você que é pirralha.

Monica balançou a cabeça e voltou sua atenção para a TV, que estava passando um clipe de música.

– Vamos sair daqui.

– Ahn? Por quê? – Monica já estava sendo puxada por Christopher, que andava rapidamente para fora do recinto.

Os dois caminharam por um tempo quietos, até chegarem em uma praça que havia perto dali.

– O que foi?

– Nada.

– Por que saímos de lá?

– Tinha uns caras lá e...

– Ah... Não me diz que você tá com ciúmes.

– Não, mas eles não paravam de te olhar, e se fossem estupradores, assassinos?

– Para de ser paranoico.

– Não sou paranoico.

– Então está apaixonado. – ela brincou, mas Christopher ficou quieto, até demais.

Ele estava mais quieto do que o normal. O clima se tornara frio e parecia que os dois nem se conheciam. Os passos pesados anunciavam algum tipo de sentimento ruim. Christopher era mais alto, e estava mais à frente de Monica, então ela não podia ver seu rosto, mas ela sabia que a expressão dele era séria.

– Cause you and I, we were born to die… - A voz dela chamou sua atenção, mas ele preferiu não dar bola. – Você não gosta quando eu canto né? – ele permaneceu quieto.

Monica repreendeu-se e ficou quieta. Agora os dois não estavam mais andando tão juntos. A brisa daquele final de tarde já estava se tornando fria demais.

– O que vai fazer amanhã? – tentou quebrar aquele clima novamente.

– Não sei.

– Ah, finalmente me respondeu.

– Nem te ouvi antes, desculpa.

– Claro.

– Para com isso.

– Com o que? – Monica o olhou.

– Para de me tratar assim, como se eu não fosse nada pra você.

– Não estou te tratando assim.

– Claro que está. – Christopher para de andar, e encara Monica. – Não sei por que eu ainda estou aqui.

– Ah é mesmo, você é um ator cheio de coisas pra fazer.

– Mas sempre arrumo um tempo pra você. Isso não é o suficiente?

– Não.

– Me fala então. Você nunca me fala nada, só fala as coisas mais superficiais. Eu não sei como era a sua vida no Brasil, não sei de nada sobre você, mas eu quero saber.

– Quer mesmo saber? – Monica já não estava aguentando mais. As lágrimas já rolavam pelo seu rosto, e ela permanecia olhando para o chão.

– Por favor.

– Quando eu tinha 14 anos, eu prometi para todos, que eu viria à Londres, e encontraria você. Prometi que ao te ver, eu iria fazer uma declaração mega fofa, e que eu iria me casar com você. Mas parece que não é bem assim. – Monica o encarou. – Eu não vim aqui com o propósito de enriquecer. Eu vim aqui para poder ficar ao seu lado. Eu te amei desde a minha adolescência, é um milagre eu não ter voltado pro Brasil na primeira chance.

Christopher agora permanecia quieto. Não acreditava que estava ouvindo aquilo de sua amiga.

– Eu realmente achei que seria fácil apenas ser sua amiga, mas não tá dando mais pra aguentar.

Monica deixou Christopher para trás, e começou a andar rapidamente, para fora daquela praça. Aquela dor subia-lhe pelo peito e fazia um grande nó na garganta. As lágrimas rolavam com desespero por seu rosto, e suas mãos tremiam.

– Eu gosto quando você canta. – Monica quase pulou de susto ao ouvir a voz de Christopher tão perto. Ele estava ao seu lado.

– O que está fazendo aqui? Vai pra casa.

– Não. – ele tocou em sua mão, e logo em seguida entrelaçou seus dedos nos dela. – Eu vou ficar com você.

– Você não quer isso.

– Eu quero. – ele sorriu. – Por que acha que eu ainda estou aqui? Se eu realmente não te considerasse nada, eu nem teria vindo te encontrar.

– Mas...

– Xiu... – Christopher a abraçou. Seus braços apertavam o corpo dela contra o seu. – Você fala demais, sua chata. – Christopher a encarou. Estavam perto demais. Monica podia sentir a respiração dele em seu rosto. Ela não conseguia sair daquela situação.

– Eu ainda estou com raiva de você. – foi apenas o que ela havia conseguido dizer.

– E eu te amo.

Christopher segurou o rosto da garota com uma mão, e com a outra pressionava seu corpo contra o dele. Seu polegar passou lentamente sobre o lábio inferior dela. Aproximou-se mais um pouco, até sentir seus lábios completamente nos dela, iniciando um beijo carinhoso e romântico.

– Você conseguiu. – disse Christopher, entre o beijo.



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