Smile escrita por Léo Cancellier


Capítulo 7
Capítulo 7 – Perdas e Danos


Notas iniciais do capítulo

Narrado por Cebola.
.
Música:
Glee - Smile: http://www.youtube.com/watch?v=t8BfH1Xgbgk



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Passei a noite na casa de Mônica. De manhã, pensei em fazer uma surpresa, então preparei o café da manhã e levei na cama para ela. Seus olhos brilharam de emoção.

- Ah, Cê. Foi perfeito. Tirando alguns detalhes, foi do jeito que eu imaginei. Com você.

Concordei com ela. Se eu soubesse o que iria rolar, teria me preparado. De repente, um barulho de freio de carro veio da garagem da casa de Mônica. Rapidamente, ela tomou o resto do café da manhã e disse para eu colocar na pia de qualquer jeito e sair pela porta da cozinha.

Desci as escadas e consegui sair bem a tempo dos pais de Mônica chegarem. Corri para a casa. Precisava contar as novidades para o meu brother, o Cas, que, dez minutos depois, já estava lá.

Passamos a tarde inteira jogando vídeo-game e conversando sobre sexo. Cascão disse que a Cascuda estava forçando a barra, mas que ele queria fazer uma surpresa no aniversário dela. Já tinha tudo planejado.

Lá pelas seis da tarde, a minha mãe pediu para o Cas e eu irmos até a padaria comprar pão para o lanche. Pausamos o jogo e saímos de casa.

Ainda bem que a padaria do Quim era perto. No meio do caminho, encontramos a Mônica, que estava junto com Magali. Elas também estavam indo para a padaria.
Nós chegamos à padaria do Quim. Lotada como sempre. Será que a minha mãe não sabia que seis da tarde não é um bom horário para comprar pão? Bom, pelo visto, Mônica, Cascão e Magali pensavam a mesma coisa. Foi uma coincidência termos nos encontrado no caminho. Pelo menos dava para ficar conversando enquanto esperávamos os pães assarem. E foi o que fizemos. O Quim, que acabara de terminar o expediente, veio dar um alô para nós e deu um beijo em Magali. Pedimos, de zoeira, para ele passar a gente na frente, mas o Quim disse que não poderia. Todos rimos.

Um barulho de sirene encheu o ar. Vimos um carro da polícia passar com uma velocidade assombrosa. 

- Nossa! – exclamou Mônica. – Devem estar perseguindo alguém.

O carro deu duas voltas no quarteirão. Eu fiquei pensando se o perseguido não estaria escondido.

De repente, um barulho de tiro assustou todos. A lâmpada da rua se apagou. A gritaria foi geral. Vimos o bandido entrar na padaria correndo. Os gritos só aumentaram. Ele deu outro tiro. Todos se abaixaram. Corrigindo: quase todos se abaixaram. Alguém não fora rápido o suficiente. Eu não tive tempo de ver quem tinha sido acertado. Logo, o corpo caiu sobre mim. Quando eu me virei para tirá-lo de cima do meu corpo, encarei a face da pessoa. Os dentes frontais ligeiramente avantajados estavam emoldurados por um sorriso. O olhar, já sem luz, me encarava.

Magali deu um grito e abraçou Quim. Cascão tentou me segurar. Senti uma raiva enorme. Quando vi que o bandido estava saindo correndo da padaria, me livrei das mãos do Cascão e corri atrás dele.

Ele se surpreendeu por estar sendo perseguido por mim. Tentou dar uns tiros, mas errou todos. Quando viu que estava sem balas, apertou o passo.

DESGLAÇADO!!! - berrei. Nunca havia sentido tanta raiva e queria vingança. – FILHO DA PUTA!!!! EU VOU TE MATAR!!

O bandido correu e pulou um grande barranco... Barranco? Eu não tinha visto. Tropecei em uma pedra e rolei por ele. Era muito alto. Senti as pedras pontudas batendo nas minhas costas e na minha cabeça. Rolei, rolei, rolei... E desmaiei.

Abri os olhos lentamente. Uma luz branca me cegou? Eu morri? O local em que eu me encontrava era o céu? Não, eu não correria em direção à luz.

- Ele acordou! Acordou! – eu ouvi duas vozes familiares berrarem e serem repreendidas.

Virei a minha cabeça para o lado e vi Magali e Cascão voltarem para os seus lugares e darem um sorriso amarelo para mim. Para demonstrar que eu estava bem, tentei levantar para dar um abraço neles. Mas não consegui. Só deu para ficar sentado. Por que eu não estava conseguindo mexer as minhas pernas? Ah, droga! Ah, não! 

Lágrimas escorreram pelos meus olhos. Nesse momento, vi minha mãe chegar e me abraçar. Choramos juntos. Magali e Cascão também choraram. 

- Mãe... O que aconteceu comigo? – eu quis saber.

- Pelo que eu sei, após você perseguir o bandido, tropeçou em uma pedra e caiu na Grande Ladeira do Limoeiro. – respondeu a minha mãe, com soluços. – E agora você perdeu a movimentação das pernas. Precisará fazer sessões de fisioterapia para tentar trazê-los de volta.

Tentar? Não gostei dessa palavra... Mas eu havia acabado de reparar que faltava alguém ali.

- E a Mônica? Conseguiram ajudá-la? – perguntei. Silêncio... – Respondam!!

Magali continuou a chorar. Cascão saiu, alegando que iria chamar o Quim para controlar a amiga. A minha mãe me abraçou.

- Filho... – percebi que a minha mãe estava procurando uma resposta que não me chocasse tanto. – Filho... A Mônica... Não conseguiu aguentar. A bala acertou o seu coração e ela morreu.

Senti que um buraco havia sido aberto no meu peito e no chão daquele quarto de hospital.

- Não!! Mentira!! – a minha mãe se afastou. Comecei a berrar e me sacudir na cama, até que rolei pro lado e caí no chão. A sensação era horrível. Minhas pernas pareciam que estavam dormentes para sempre.

A enfermeira entrou no quarto e, com a ajuda da minha mãe, me colocou na cama novamente.

- Filho, calma! – disse a minha mãe. – Não fique desesperado. O velório será amanhã. Você pode ir com uma cadeira de rodas.

- Cadeira de rodas? Legal... – ironizei. - Um garoto que, antigamente, tinha cinco fios de cabelo, trocava, e ainda troca, as letras e, para coroar, aleijado. O que mais falta para a minha vida virar um inferno? O diabo aparecer?

- Cebolinha! Nunca mais repita isso! – a feição da minha mãe mudou de tristeza para censura.

Secando os olhos com um lenço, ela deu um beijo no meu rosto e saiu. Magali veio até o meu lado e segurou a minha mão.

- Não fica assim, Cê. Ficar chorando e gritando não vai resolver. E você terá os seus amigos para ajudá-lo até que recupere a movimentação das pernas. Você vai conseguir.

Aquelas palavras me deixaram mais tranqüilo. Magali me abraçou. Cascão entrou junto com o Quim e os dois também copiaram o ato de Magali. E começaram a cantar para mim.


Glee – Smile


[Magali, Cascão e Quim]

Sorria
Embora o seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando houver nuvens no céu- você vai se virar
Se você sorrir durante a dor e a tristeza
Sorria
E talvez amanhã
Você verá que o sol vem brilhando
Para você

Ilumine o seu rosto com alegria
Esconda todo rastro de tristeza
Embora uma lágrima
Possa nunca estar tão próxima
Este é o momento
Que você tem que continuar tentando
Sorria
Qual a utilidade do choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir

Este é o momento
Que você tem que continuar tentando
Sorria
Qual a utilidade do choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir

Sorria
Embora o seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando houver nuvens no céu- você vai se virar
Este é o momento
Que você tem que continuar tentando
Sorria
Qual a utilidade do choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir

Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir

Sorria


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Notas finais do capítulo

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@leocancellier



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