Um Novo Recomeço escrita por Camila_Peet


Capítulo 1
Capítulo único - Um Novo Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Bom, a história se passa logo após o trio sair do escritório do diretor em Relíquias da Morte. Sempre tive a curiosidade de saber o que realmente aconteceu, então eu mesma criei o meu "final", como imagino que muitos de vocês também devem ter feito, rs.
Espero que tenham notado que a fic está listada como drama, porque... Bem... Ela é cheia de drama, rs. Se você não gosta desse tipo de fic, pelo menos já está avisado.
E também peço que considerem que eu escrevi essa fic há um bom tempo atrás. Algumas coisas são meio bobinhas, mas, no geral, eu tenho muito orgulho dela :33
Hope you all enjoy it!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/237912/chapter/1

Após saírem do escritório do diretor, os três andavam pelos corredores, meio que se arrastando, pois o cansaço estava falando mais alto.

-Escutem vocês dois – disse Harry, parando e olhando para os dois – Eu não sei quanto a vocês, mas eu não estou mais me aguentando em pé. Vou dar uma passada no Salão Comunal e vou dormir um pouco. Desculpem, mas é sério, se eu estivesse sentindo que poderia aguentar eu desceria com vocês até lá embaixo de novo, mas acho que sou capaz de cair de sono a qualquer hora... - ele olhava fixamente pra Ron, era como se estivesse pedindo desculpas.

- Ok cara, não se preocupe. Você merece um descanso... Tudo o que você passou hoje... Mas eu vou descer, vou ficar com... Minha família. - Ron desviou o olhar para o chão, visivelmente escondendo as lágrimas que saltaram de seus olhos. - Quer subir pra descansar também, Hermione? - disse ele, sem encará-la.

- Não, vou descer também, vou ficar contigo – ela, ao contrário, olhava fixamente para o ruivo. Ele, ao ouvir suas palavras, levantou a cabeça e fixou-a avidamente.

- Bom... Eu v-vou sub-bindo – disse Harry, no meio de um bocejo, aparentemente sem perceber a troca de olhares. - Por favor, subam e me acordem na hora em que formos embora. – e entrou em um outro corredor, à direita, desaparecendo de vista.

Foi um momento tenso. Era a primeira vez em que os dois ficavam inteiramente sozinhos depois do que acontecera, e era visível que aquele momento estava repassando na mente dos dois.

- Bom... vamos então? - quem disse foi Hermione, apontando debilmente para o corredor além.

- Ah claro... Sim, vamos.

Os dois andaram lado a lado pelo corredor destroçado, olhando para toda aquela destruição. Não conversaram, mas depois de um tempo Ron segurou sutilmente na mão de Hermione, sussurrando: “Obrigado...”.

Chegando ao Salão Principal, avistaram ainda muitos celebrando a queda d'Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, exceto aqueles que tinham perdido alguém na batalha. As famílias dos mortos se encontravam todas em torno de seus familiares e em torno dos corpos das vítimas fatais, inclusive toda a família Weasley. Os dois foram se aproximando, até chegarem perto o suficiente para poder ver os corpos deitados. Ron começou a chorar profusamente, e foi dar um abraço em Gui. Tonks e Lupin jaziam deitados ao lado de Fred, vários corpos de desconhecidos ao lado deles. Jorge ainda estava ajoelhado do lado do irmão, a Sra. Weasley também, e o Sr. Weasley estava sentado em uma cadeira, com o rosto nas mãos. Carlinhos e Percy estavam ao seu lado, de pé, lágrimas escorrendo pelo rosto. Fleur e Gina se abraçavam. Hermione também foi tomada por uma onda de tristeza e desespero, e o choro foi inevitável.

Ficaram ali, por um tempo, apenas chorando e se abraçando, inconformados com o destino, até a Sra. Weasley se levantar e olhar ao redor. Seus olhos eram apenas fendas avermelhadas.

- Onde está o Harry? - indagou, olhando para Ron e Hermione.

-Ah, ele... Ele foi dormir um pouco. Ele está realmente exausto. Disse pra chamarmos quando estivermos indo embora. - respondeu Hermione

- Ah, claro, claro... Vamos deixá-lo dormir, ele merece um pouco de descanso. Até porque duvido que ele consiga descansar muito nos próximos dias, todos os repórteres irão cair em cima dele como tronquilhos esfomeados em cima de ovos de fada mordente... - finalizou ela, dando mais uma olhada em Fred e caindo no choro novamente. O Sr. Weasley veio abraçá-la.

- Vamos... Vamos começar os preparativos para... Para o funeral, querida. - soluçou ele, e sua mulher gemeu de tristeza.

Gradativamente, os que comemoravam foram se retirando, passando primeiramente pelos que estavam de luto, e deixando seus pêsames. O relógio marcava onze horas quando eles resolveram se retirar.

- Vamos enterrá-los ao anoitecer, no cemitério de Ottery St. Catchpole. Já avisei Andrômeda, ela está a caminho. - Hermione ouviu o Sr. Weasley dizer à Hagrid.

- Vou dar uma passada por lá depois que achar Canino. - Hagrid soluçou – Ainda não o encontrei.

- Calma Hagrid, ele deve estar bem, escondido em algum lugar – Hermione dava tapinhas em seu ombro.

- Hermione querida, por favor, vá avisar o Harry que estamos indo, mas que se ele quiser ficar por aqui descansando, pode ficar. - disse a Sra. Weasley, tentando esboçar um meio sorriso.

- Tudo bem, Sra. Weasley.

Subindo as escadas, Hermione parou para pensar em tudo que tinha acontecido. Fred estava morto, assim como Lupin e Tonks e tantos outros desconhecidos... Por mais que o mundo celebrasse o fim de Voldemort, o seu pesar a impedia de ficar contente. A felicidade viria no tempo certo.

Foi andando, perdida em seus pensamentos, nem reparando direito por onde ia. De repente, se deu conta de que estava parada no corredor onde mais cedo tinha beijado Ron. Ainda tinha mais isto. Ela sabia que iria demorar um pouco para os dois se acertarem... Mas então veio a insegurança. E se Ron não quisesse se acertar com ela? E se ele não gostasse dela do mesmo jeito que ela gostava dele? Mas ele tinha retribuído o beijo. Mas será que ele retribuíra porque gostava dela ou pelo simples fato de ser homem e não conseguir se refrear? Os pensamentos giravam, e a vontade de chorar veio á tona novamente

Quando chegou em frente ao retrato da Mulher Gorda, se deparou com ele vazio. A Mulher Gorda, provavelmente, tinha ido festejar em algum outro quadro, de preferência um quadro com um barril de vinho. E agora? Como ela iria entrar?

Mal tinha pensado nisso, e o retrato se abriu, e Harry saía por ele, esfregando os olhos.

- Mione? O que você ta fazendo aqui?

- Vim te chamar. Nós já estamos indo embora.

- Hum... Que horas são?

- Umas onze e quinze...

Andaram silenciosamente por um tempo, Harry ainda parecia meio sonolento para conversar.

- Então... Você e o Ron, eh? - disse Harry, com um olhar maroto em direção à garota.

- Ah Harry... Pra falar a verdade, eu não sei... Não tenho certeza... Do que ele sente por mim. - Hermione ficou vermelha. Era a primeira vez que falava disso com o Harry. Na verdade, era a primeira vez que ela falava disso com alguém.

- Ah Hermione, pelo amor de Merlin, é só olhar pra cara dele quando ele te olha pra saber o que ele sente.

- Verdade? - Hermione esboçou um sorriso, ficando em um tom escarlate preocupante.

- Vai dizer que você nunca notou?

- Não... Ele já mencionou alguma coisa pra você? - acrescentou ela, rapidamente.

- Mencionar mesmo, nunca mencionou, mas eu venho aguentando as crises de ciúmes dele desde o quarto ano. - Os dois riram por um momento – Mas então? Vai se acertar com ele?

- Aahn... Não sei. Com todo esse clima, sabe? O Fred... - os dois abaixaram a cabeça.

- Já eu acho o contrário. Ele precisa de você agora, mais do que nunca. Eu, por exemplo, a primeira coisa que vou fazer agora é falar com a Gina.

- Ah Harry, mas com vocês dois é diferente, já namoraram, já tem uma história...

- Como eu já disse – Harry a cortou -, suspeito que ele goste de você há uns 3 anos e pouco. Vocês só não estão juntos há mais tempo porque não querem. - então Harry ficou pensativo - É mesmo Mione, porque vocês nunca ficaram juntos?

- Nem eu mesma sei.

- Orgulho besta, talvez?

- Talvez... Ou talvez insegurança, sabe? Medo de demonstrar o que um realmente sente pelo outro, com receio de estragar a amizade...

- É... Pode ser... E quanto a você?

- Quanto a mim o que? - Perguntou Hermione, franzindo o cenho.

- Há quanto tempo você gosta dele? - perguntou Harry, um sorriso maroto mais uma vez estampado na cara.

- Aah... – Ela suspirou, meio envergonhada, um sorrisinho de lado – Nem sei ao certo. Acho que fiquei muito tempo negando o que eu sentia pra mim mesma. Mas faz um bom tempo, lá pelo terceiro ou quarto ano de Hogwarts.

- Hum... - Hermione olhou impressionada para Harry, constatando como era fácil falar sobre isso com ele e perguntou a si mesma porque já não tinham tido essa conversa antes.

Chegaram ao Salão Principal, e se depararam com uma cena comovente. Os corpos das vítimas estavam sendo levados para fora, flutuando, pelos seus parentes, e sendo colocados em fileira, deitados na grama. O Sr. Weasley levava o de Fred, Gui o de Lupin e Percy o de Tonks. Andrômeda chorava desconsolada, andando apoiada pela Sra. Weasley. Ao vê-los, Harry saiu correndo para abraçar Gina, que veio em seu encontro. Ao ver Ron, o coração de Hermione pulou de um jeito no peito, e um frio percorreu seu estômago. Ele ainda estava todo chamuscado, mas a fuligem no rosto tinha sido lavada pelas lágrimas, que ainda escorriam lentamente. Ao vê-lo daquele jeito, Hermione apenas sentiu vontade de confortá-lo, de abraçá-lo, de nunca mais soltá-lo, de estar sempre ali, do lado dele, pra quando ele precisasse dela. Então ela correu, e abraçou-o, e os dois começaram a chorar.

Depois de todos os corpos serem deixados na grama, Shacklebolt se adiantou:

- O que esses heróis fizeram hoje jamais será esquecido. Seu sacrifício pelo bem de todos foi um ato de extrema coragem, bravura e lealdade. Que suas almas descansem em paz, sabendo que o mundo em que vivemos está novamente seguro devido ao seu sacrifício. Um memorial será construído e dedicado a esses bruxos que lutaram bravamente até o último batimento de seus corações.

Uma onda de aplausos encerrou seu discurso. Depois, chamas surgiram em torno dos corpos e os encerraram em caixões de mármore.

- Bom... Vamos então? - disse o Sr. Weasley, olhando fixamente para o caixão do filho. Jorge já não chorava, mas tinha uma expressão esquisita, como se tivesse sido beijado por um dementador. - Desaparatamos diretamente n'a Toca, tudo bem? Andrômeda, você vai receber uma chave-de-portal, parecida com a que você chegou aqui. Molly irá com você, tudo bem? - ela balançou afirmativamente a cabeça.

O Sr. Weasley pegou de um lado do caixão, Percy segurou do seu lado, Carlinhos e Gui seguraram do outro lado, e juntos aparataram. Harry segurou na mão de Gina e os dois também foram. Fleur iria com a chave-de-portal pois sua varinha tinha se partido. Ron não parecia seguro no que fazer, e olhava pelo canto do olho para Hermione, então ela se adiantou e segurou sua mão, e juntos rodopiaram.

Ao chegarem, não abriram os olhos de imediato, mas deixaram seus outros sentidos reconhecerem o lugar. O aroma das plantas, a brisa batendo no rosto.

- Finalmente... - sussurrou Ron. Hermione abriu os olhos e o viu olhando fixamente para a casinha torta, logo a frente deles.

O Sr. Weasley e os outros já tinham colocado o caixão de Fred em cima de uma mesa, no jardim, e Harry levava cadeiras para fora. A Sra. Weasley e Fleur chegavam, amparando Andrômeda, que ainda chorava inconformada. Percy, Carlinhos, Gui e o Sr. Weasley voltaram para Hogwarts para buscar Lupin e Tonks. A Sra. Weasley entrou em casa para fazer alguns aperitivos, já que os membros da Ordem da Fênix estavam para chegar.

- Suponho que esteja com fome, Harry querido? Ron, Hermione, Gina? - perguntou a Sra. Weasley quando os quatro entravam pela porta.

- Ah, eu não Sra Weasley, obrigada, o Monstro me levou uns sanduíches antes de eu dormir.

- Eu to morrendo de fome, mamãe – Disse Ron, se sentando em uma cadeira.

- Como sempre... - completou Gina. - Não quero nada mamãe, obrigada.

- E você, Hermione?

- Pra falar a verdade, também estou morrendo de fome, Sra Weasley. A gente não come há um bom tempo.

A Sra. Weasley colocou na mesa um enorme bolo de caldeirão e um jarro de suco de abóbora gelado, enquanto o Sr Weasley entrava na cozinha.

- Eles vão chegar logo, Molly. Kingsley tem apenas que resolver alguns casos mais urgentes no Ministério, e Minerva tem que ficar mais um tempo em Hogwarts, mas acho que todos os outros estão a caminho.

- Tudo bem... - respondeu a Sra. Weasley, escondendo o rosto em um pano, e seu marido veio abraçá-la. - Isso tudo é tão injusto, Arthur... Ele era tão novo... - lágrimas escorriam pelos rostos dos dois. - E o Jorge... Como... Como ele vai superar isso...

- Eu sei, querida, eu sei... Mas nós temos que passar por isso...

Já eram quase duas horas da tarde, e quase todos os membros da Ordem estavam presentes. Muitos ainda choravam e consolavam-se. Andrômeda já tinha se acalmado um pouco, mas ainda chorava copiosamente. Harry sentou-se do lado dela.

- Olá Harry... - ela esboçou um meio sorriso em direção ao garoto – Suponho que gostaria de conhecer seu afilhado, não é?

- Na verdade... Gostaria sim. Onde está ele?

- Ah, deixei ele com uma vizinha... Ela é uma bruxa abortada, então era a única a quem eu poderia recorrer, ela não ficaria estranhando os cabelos mudando de cor o tempo todo – todos esboçaram sorrisos.

Ron e Hermione estavam sentados em cadeiras, encostados na grande árvore do jardim. Ron foi se inclinando bem lentamente para trás e deu para ouvir um ronco baixinho.

- Ron... Ron! - Hermione o sacudia – Acorda, Ron!

- Hã? O que? Você-sabe-quem, onde? Como? - Ele levantou assustado.

- Não... Calma Ron, você só caiu no sono. - Hermione achava graça. -  Nós merecemos um descanso...  - ele voltou a se sentar direito – Você não acha melhor você ir para a cama um pouco?

- Não, não... Prefiro ficar aqui... Se eu for ir dormir, depois vai ser pior pra acordar para... Sabe, o enterro... - Ron olhou para longe – Acho que ainda não me caiu a ficha, sabe? É tudo tão repentino... - Seus olhos estavam úmidos novamente. - Mas e você? Você também esta precisando descansar.

- Não, ainda da pra aguentar, vou ficar aqui. - Os dois se olharam novamente. Hermione não pôde deixar de notar como o azul dos olhos de Ron tinha ficado muito mais marcante com o sol refletindo nas lágrimas presas. No momento em que Ron levantou a mão para afastar uma mecha de cabelo que estava no rosto da garota, no entanto, ouviu-se um estampido e Kingsley apareceu no portão da casa. Ele também parecia arrasado, e cansado.

- Só dei uma passada para saber que horas será o enterro, Arthur... Preciso voltar para o Ministério, muitas coisas a fazer...

- Ah sim, eu entendo... O enterro será ao anoitecer, lá pelas oito horas.

Ouviu-se outro estampido, e Hagrid apareceu, jogando sua chave-de-portal, um capacete de alguma armadura, para o lado.

- Eu sei que nós temos que nos locomover, principalmente os que não têm varinha, mas já estão abusando, sabem que chaves-de-portal precisam de permissão! – Os garotos ouviram Shacklebolt reclamar.

Canino, soube-se, estava escondido na escrivaninha do Professor Flitwick, em Hogwarts.

Após um tempo Shacklebolt foi embora, e Hagrid já tinha chorado em cima de todos e já tinha contado o que estava sendo feito em Hogwarts.

- O corpo de Você-sabe-quem, assim como os dos comensais mortos, serão cremados , mas ainda não sabemos o que faremos com as cinzas. Eu sugeri que os enterrem.

- Em algum lugar bem longe de Hogwarts, pelo amor de Merlin – acrescentou Harry.

A tarde foi passando, vários conhecidos passavam por lá, deixando seus pêsames. Ron não parava de cair no sono sentado, até que sua mãe obrigou-o a ir até seu quarto e descansar um pouco. Hermione foi um pouco depois, para o quarto de Gina.

Perto das oito horas, a Sra. Weasley subiu para acordá-los. Quando Hermione saiu do quarto, topou com Ron esfregando os olhos.

- Acha que conseguiu descansar? - perguntou Ron.

- Acho que sim, um pouco. De qualquer modo, acho que vou voltar pra cama depois.

Todos estavam presentes em volta dos caixões. Quando os dois chegaram, todos já se aprontaram. Harry estava um pouco ao lado, abraçado á Gina, que chorava baixinho. Ao vê-los, Hermione lembrou-se da conversa que tinha tido com o Harry mais cedo, e segurou na mão de Ron.

Era inevitável, no momento em que o Sr. Weasley elevou os caixões com sua varinha, sussurros de choro foram ouvidos por todos. Ele foi andando em direção ao morro mais além, os caixões mais na sua frente, e foi seguido por todos.

Hermione ia andando de mão dadas com Ron. Harry ia levando Gina pelos ombros. Não tinha um presente que não estivesse no mínimo com lágrimas nos olhos.

Chegaram aos portões do cemitério. Havia duas estátuas de anjos na entrada, segurando uma faixa de pedra, onde era possível ler a frase: “Deus os receberá e os acolherá”. Eles continuaram andando até chegar logo abaixo de um grande carvalho, onde tinham 3 covas abertas. Ao ver aquela cena, Andrômeda, que já estava um pouco mais calma, caiu em um choro desesperado novamente. A Sra. Weasley foi consolá-la, mesmo não estando em seu melhor estado para fazê-lo. Hermione sentiu que Ron começou a tremer, e viu que ele tentava segurar o choro.

- Não segura Ron... - Hermione o abraçou. - Põe pra fora... Não precisa ter vergonha. - Ele apenas abraçou-a com força, e começou a chorar profusamente.

O Sr. Weasley começou a baixar os caixões em suas respectivas covas. Harry abraçava Gina. Ele tinha perdido uma das últimas figuras paternas que ainda tinha. Andrômeda foi posta em uma cadeira. Mal tinha perdido o marido, e agora tinha que lidar com a perda da filha.

No momento em que os caixões bateram no fundo das covas, Shacklebolt puxou uma ovação. Todos começaram a aplaudir os heróis que agora jaziam frios dentro daqueles caixões de mármore. Alguns tentaram lançar patronos, mas apenas luzes fracas apareceram da ponta de suas varinhas.

O sol estava quase completamente posto, revelando uma paisagem extremamente bonita e triste. Os corpos foram encerrados com a terra, e pouco a pouco as pessoas se davam conta que tinha acabado, que não tinha mais nada para ver ali, e foram retirando-se aos poucos. Apenas as famílias agora encontravam-se no local, além de Hagrid, Harry e Hermione, que já eram da família.

- Bom, gente... É isso.  - Concluiu a Sra. Weasley, com a voz embargada, e com o braço em volta da cintura do marido. - Amanhã nós voltamos para... Para finalizar as lápides.

Foram todos andando lentamente de volta a Toca, sem trocar palavra. Ao chegarem na cozinha da casa, todos foram se sentando na mesa e Molly foi preparando algo para eles comerem e beberem.

- Mãe, me desculpa mas... - Ron parou para um bocejo. - Eu vou ter que ir pra cama. Vocês não fazem ideia do que a gente passou antes de chegar no castelo hoje.

- Foi ontem, Ron. - Hermione o corrigiu.

- Ontem? Nossa, é verdade. - Ele esfregou os olhos.

- Também acho que vou pra cama. - Harry resmungou.

- Eu vou tomar um banho e também vou, se vocês não se incomodarem. - Hermione acrescentou tímida.

- Mas vocês ainda nem nos deram detalhes da viagem de vocês! Vocês ficaram longe por meses, e do nada aparecem em Hogwarts causando uma batalha! Afinal, o que houve? Que estrago é aquele no Gringotes? - Hagrid quis saber.

- Amanhã a gente explica. Então vocês vão entender o porquê de estarmos tão precisados de umas boas 12 horas de sono. - Ron se levantou e foi em direção as escadas, seguido por Harry. Hermione foi logo após tomar um copo de suco de abóbora.

No outro dia, Ron acorda e vê que Harry já não estava mais em seu quarto. Se levantou, tomou o primeiro banho depois de dias, escovou os dentes e desceu. Era muito bom estar em casa novamente. Encontrou quase todos na cozinha, apenas Hermione e seus pais não se encontravam lá.

- Que horas são? - Ele perguntou para ninguém em particular. Gui o respondeu:

- Quase 1 hora da tarde. Você dormiu bem, eim? Bem mais que 12 horas.

- É, eu tava precisando. - Ele coçou a cabeça. - Vocês já almoçaram?

- Aham. Você não achou que a gente iria esperar a bela adormecida aí, não é? - Jorge apareceu na cozinha.

- Onde está a Hermione?

- No meu quarto, arrumando as coisas dela. - Gina respondeu.

- Arrumando as coisas dela...? - Ron não entendeu.

- É, ela decidiu ir buscar os pais dela hoje. - Harry respondeu.

- Como assim? Ela está indo pra Austrália hoje?

- Sim. - Ela mesma respondeu, aparecendo nas escadas.

Ao virar-se e encará-la, Ron sentiu seu estômago revirar.

- Mas... Mas... Por quê?

- Eu tenho que buscá-los Ron, agora que Voldemort se foi, já é seguro.

- Mas... Tem que ser hoje? - Ela riu tristemente.

- O quanto antes melhor. Na verdade, eu já estou indo. - Ela apontou para a porta e foi andando em direção a ela.

- Eu vou junto! - Ele a seguiu para fora.

- Não Ron, você tem que ficar aqui, com sua família agora.

- Mas eu quero ir...

- Fica aqui Ron, eu não me vou demorar por lá. Só o tempo de buscá-los, reverter a memória deles e pronto.

- E você ia embora sem se despedir de mim? - Ele acrescentou baixinho. Ela suspirou.

- Claro que não. Não vou mentir, pensei em fazer isso, talvez fosse mais fácil, mas eu não conseguiria. Só estava esperando você acordar pra ir. - Ela deu um sorriso. - Vamos, quero me despedir de todo mundo.

O Sr e a Sra. Weasley já estavam lá fora, e todos os outros foram chegando perto. Hermione primeiramente deu um abraço em Gui, Percy, Carlinhos, Jorge, e os dois patriarcas. Depois em Gina, o abraço foi mais forte. Com Harry, lágrimas encheram seus olhos. E, finalmente, tinha chegado a hora de Ron. Eles se olharam intensamente por alguns segundos, até que ela se adiantou e deu-lhe um dos abraços mais apertados que já tinha dado em alguém.

- Ah, qual é gente, não é como se nós nunca mais voltássemos a nos ver. Daqui uma semana, mais ou menos, já estou de volta. - Ela secava uma lágrima teimosa que caia.

- Tenha uma boa viagem, querida ! - Sra.Weasley exclamava, da porta da cozinha.

- Obrigada Sra. Weasley! Tchau gente! - Ela deu um beijo no rosto do Ron, e foi se dirigindo para o portão da casa, de onde iria aparatar para o banco mais próximo para pegar um pouco de dinheiro trouxa. Quando estava quase no portão, ouviu uma exclamação.

- Hermione, espera! - Ela se virou e viu Ron correndo em sua direção.

- Mas o qu... - Ela começou a perguntar, quando foi interrompida por Ron, que a puxou pela cintura e colou sua boca na dela, com uma certa urgência. Ela correspondeu á altura, enroscando sua mão em seus cabelos ruivos. Lentamente, os outros foram entrando na casa, deixando os dois sozinhos. Depois de algum tempo, os dois se separaram.

- Não quero que você vá. - Ron suplicou.

- Mas Ron, eu preciso ir...

- Espera um tempo, que eu vou com você.

- Olha Ron, acho que essa é uma viagem que eu tenho que fazer sozinha.

- Mas Mione, eu preciso de você aqui... Comigo... - Ele pegou a mão dela e a colocou em seu peito. - Espera mais uns dias...

- Não é certo, Ron. Não é certo eu deixá-los naquele estado sendo que agora não há mais necessidade. - Ela tirou uma mecha de cabelo que caia sobre seus olhos azuis.

- E é certo você me deixar aqui?

- Já disse, vou voltar o mais rápido que puder. Acredite, vou sentir muito a sua falta. - Os dois se olharam intensamente de novo. - Promete que não vai esquecer tudo isso?

- Eu? Esquecer você? É contigo que eu tenho que me preocupar, você que está indo pra outro país. Vai que acha algum australiano por lá mais interessante que eu e...

- Ron, pelo amor de Merlin, a última coisa que eu vou sequer cogitar em fazer na Austrália vai ser conhecer gente nova. - Os dois trocaram sorrisos. - É de você que eu gosto, Ron. - Acrescentou ela, mais séria. - E você?

- Eu o que?

- O que... O que você sente? - Ela ficou um pouco vermelha.

- Eu? - Orelhas começando a ficar vermelhas. - Eu também. Quero dizer, também gosto de você. - Ele soltou a sua cintura, meio desconfortável, coçando atrás da nuca. - Mione, eu... amo você.

Silêncio. Apenas as aves faziam algum estardalhaço em alguma árvore próxima. Os olhos dela brilharam e os dele também. Ela se adiantou, e o abraçou.

- Me espera? - O som de sua voz saiu abafado, no meio dos braços de Ron.

- Estarei aqui quando você voltar. - Ele beijou o topo de sua cabeça. - Se cuida!

Mas ela não foi imediatamente. Os dois ficaram ali, abraçados, adiando o momento da despedida. Até que, com um último beijo suave, ela se vira, sai pelo portão e some em um rodopio. Todo dia de manhã, Ron esperaria por ela, no mesmo lugar onde disse que estaria, onde ambos entenderam finalmente que tinham nascido predestinados a ficarem juntos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... O que acharam? Deu pra matar o tédio, pelo menos? haha
Espero do fundo do meu coração que tenham gostado *-*
Eu realmente tenho bastante orgulho dessa fanfic.
Por favor, agora, não seja um leitor fantasma e aqueça o coração dessa escritora com uma review, sim? :33