Loki abriu os olhos assim que o avião pousou. Seu corpo doía, ele nunca conseguia fazer uma viagem agradável sendo tão alto e sempre podendo pagar a classe econômica.

Engoliu um lanche na lanchonete do aeroporto e pegou o primeiro táxi que passou. Era uma noite fria e chuvosa, típica.

Quando chegou à República, seu colega de quarto Colin dormia na escrivaninha, mas logo acordou com a movimentação.

– Ei! Voltou...como vai? Como foi a viagem?

– Oi Colin...desculpe por acordá-lo. Foi tudo ok. E você, tudo bem?

– Na mesma, cara...uma semana e nada de significativo. Em compensação, semana que vem a correria volta.

– É mesmo...

– Bom, só para variar, eu vou dormir na cama. Bem vindo de volta...e boa noite.

– Obrigado, boa noite.

Loki ainda tomou um chá que havia comprado antes de ter ido aos EUA. Ao deitar em sua cama se sentia exausto, mas não tinha sono. A vida podia ser tão cruel, ele pensou. Exatamente a uma semana atrás tinha expectativas, sonhos, planos, falas ensaiadas. E agora isso, simplesmente nada.

Fechava os olhos e relembrava de tudo. Vividamente.

Aquilo tinha que passar e ele sabia que iria em algum momento, mas isso o deixava triste porque mesmo não sendo real, mesmo Thor tendo o rejeitado de maneira tão infantil, por um momento ele sabia que tinha real.

Mas do que adianta Thor sentir se não quer admitir?

A garganta de Loki doeu e então ele se virou para o lado, se cobrindo.

Neste momento o celular apitou e seu coração pulou, deixando-o quase sem ar. Era Frandal.

“Oie...espero que tenha dado tudo certo. Adorei te conhecer...se quiser me liga e pense no que eu te disse. Se cuida.”

Ele sorriu. Tentava ao máximo ser otimista e afinal de contas a viagem tinha seu lado positivo, que só não conseguia se lembrar agora qual era.

A maneira como Thor o beijou, o tocou e depois olhando em seus olhos disse que “não queria aquilo para ele” foi relembrada até finalmente conseguir dormir.

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Ao acordar se sentia um pouco melhor. Tentou encarar os últimos dias como se tivessem sido um pesadelo de péssimo gosto.

Pegou o seu celular e pensou em ligar para Frandal. Não o fez.

Resolveu então tentar esquecer: tomou banho, um café reforçado e saudável, conversou sobre a diferença climática entre os EUA e a Inglaterra com Colin e depois resolveu ir até a biblioteca da faculdade ver se os livros exigidos no próximo semestre já estavam disponíveis.

Pelo caminho, seu celular tocou. Era Frandal novamente. Loki suspirou e atendeu:

– Alô...

– Oi!Loki? Tá tudo bem?

– Oi Frandal, tudo sim e você?

– Tudo...recebeu a minha mensagem?

– Sim, sim. Obrigado, deu tudo certo. Eu já ia responder...

– Ah, sem problemas, é que eu sou um pouco ancioso.

– Nem tinha percebido. – brincou o moreno.

– E então? Podemos tentar?

Loki pensou antes de responder:

– Frandal, eu gosto de você. E eu não magoá-lo. Você soube o que aconteceu...eu não quero mentir.

– E não precisa. Você mora aí e eu moro aqui. Mas daremos um jeito. Você é bom demais para se abrir mão.

Loki sorriu, mas na verdade queria chorar. Se ele tivesse escutado tais palavras de Thor, seria neste instante o homem mais feliz do mundo.

– Vamos tentar...

Eles trocaram algumas palavras e então combinaram que se veriam no próximo final de semana, quando Frandal viria visita-lo.Antes de desligar, disse:

– Eu vou tentar ser o melhor. Eu prometo.

– Seja você mesmo, Loki. Vai dar certo.

A semana passou rapidamente e ele se readaptou a rotina rapidamente. No sábado de manhã, foi ao encontro de Frandal no aeroporto.

Se sentia nervoso. Ele estava ali, não era mais algo casual, não era Novo México e não era o Thor.

Quando avistou Frandal vindo pelo corredor onde os passageiros saíam, Loki sorriu e acenou.

Este sorriu de volta e assim que chegou, o beijou levemente deixando-o completamente sem reação.

– Ok, sua casa...suas regras. Onde podemos almoçar?

– Tem um bem bacana aqui perto. Como foi de viagem?

– Bem...ainda bem que são poucas horas, mas mesmo assim dá para cansar.

– Colin foi visitar seus pais antes das voltas às aulas. Estou sozinho até amanhã...se você quiser...

Frandal sorriu e disse em seu ouvido:

– É o que eu mais quero.

Chegando ao restaurante, eles se sentaram e almoçavam tranquilamente, quando Loki não resistiu e perguntou:

– Como estão todos?

– Tudo bem. Quero dizer, tenho trabalhado muito...acabei falando com o Hogun e a Darcy. Mas está tudo ok.

– Frandal...posso fazer uma pergunta?

– Você e suas perguntas...pode sim, o que foi?

– Você disse que não queria nada sério e agora quer tentar...o que fez mudar de ideia?

– Você, naturalmente. – respondeu o loiro segurando em sua mão. – Eu sei que talvez você precise de um tempo, espaço...liberdade talvez. Eu vou querer ter tudo isso. Mas ao mesmo tempo eu sei que a gente combina. Então, por quê não?

– Eu racionalizo demais, eu sei. Mas você está tranquilo demais para quem sabe que o seu namorado é apaixonado por outro.

– O tempo, Loki...o tempo. Ele conserta tudo.

“Ou estraga ainda mais”, pensou ele sem dizer. A verdade é que ele sabia que tudo aquilo tinha a ver resumidamente com precipitação e vingança, mas era mais forte do que ele. E Thor não merecia qualquer tipo de consideração de sua parte. Loki queria ser muito feliz e poder mostrar isso a ele de maneira que o fizesse sofrer.

Quando os dois terminaram a refeição, foram então para a república.

– É simples, mas é honesto....- disse Loki deixando Frandal entrar e sentar na sua cama.

– Eu gosto. Lembra da minha época de faculdade...

– Época? Você se formou o ano passado!

– Sim! No primeiro semestre...sou muito mais velho e experiente do que você. – disse ele puxando Loki pela cintura, fazendo-o deitar por cima dele.

Loki começou a beijá-lo, enquanto Frandal desabotoava sua camisa.

Tudo que se seguiu, ocorreu de maneira natural, sem pressão ou ressentimento.

Loki realmente gostava do jeito como Frandal o tratava.

Mas no fundo sabia que tudo estava errado e que só poderia ficar pior.