Ordinary Girl escrita por MissLerman


Capítulo 21
Capítulo 21 Passado


Notas iniciais do capítulo

Heeey sweeties, parece que todas ficaram curiosas para saber para o Frank está levando a Nina. E calma, terão algumas revelações esta noite, da parte de ambos. Espero que gostem (:



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Frank estava estranho, ele mal havia falado desde que saímos da premiere. Ainda estávamos dentro do carro, mas sua cabeça parecia estar longe dali. Me perguntei sobre o que ele poderia estar pensando. Fiquei atenta à cada movimento que ele fazia. Prestava atenção em suas reações. Mas nada parecia evidenciar seus pensamentos. Frank parecia apreensivo. Era como se ele estivesse, mentalmente, ensaiando um discurso muito importante. E este discurso, provavelmente seria para mim. Devo admitir que fiquei com medo de saber sobre o que seria.

Alfred dirigia calmamente, sem pressa. Mas eu não estava mais me aguentando. Queria saber, e o mais rápido possível, o que tanto deixara Frank daquele jeito. Seria algo que ele escutara na premiere? Ou talvez, algo que eu fizera de errado? Repassei todos os meus movimentos dentro daquele lugar. Não acontecera nada de relevante. Nada além de confundir o talher de peixe com o talher de carne. E trocar as taças de vinhos. Nada além disso.

Queria lhe dizer algo, mas não sabia ao certo o que. Pensei em fazer uma piada sem graça, ou então relembrar algum momento bom que passamos juntos. Mas nenhuma daquelas ideias me parecia boa o bastante. Decidi então ficar quieta e apreciar mais um pouco a viagem.

Para minha sorte, logo senti o carro parar. Pelo que consegui enxergar através da janela, era um lugar escuro, parecia não haver muita iluminação. Assim que Alfred abriu a porta, Frank saiu e logo atrás dele, eu fui. Assim que saí, avistei uma pequena casa de madeira em meio à muitas árvores. Esta, me lembrou ligeiramente a casa da Vovózinha da Chapeuzinho Vermelho. Era uma graça. Apesar de estar precisando de uma reforma, ela me encantou.

- Onde estamos? - perguntei ainda observando a casa.

- Em minha antiga casa. - Frank disse se pondo ao meu lado.

Ele não parecia estar feliz, seus olhos estavam tristes, como se algo estivesse faltando. Talvez aquela casa não lhe trouxesse boas lembranças.

Frank estendeu sua mão, em sinal para que eu a segurasse, e assim o fiz. Sua mão, ao contrário de normalmente, estava fria e um tanto escorregadia. Senti que ele estava nervoso por estármos ali. Pelo canto do olho, notei que Alfred havia partido com o carro. "Não acho que vá sair daqui tão cedo" pensei entrando na velha casa. Isso fez com que meu coração desse um pulo, não estava muito a vontade com aquela situação.

- Faz cinco anos que não venho até aqui. - Frank disse acendendo a luz.

Entramos em uma sala pequena. Um sofá de couro velho e uma pequena mesinha davam um charme à parte. Na estante, logo à frente, havia uma velha televisão. Deduzi isso pelo tamanho da mesma. Ao lado, pareciam haver várias fotos. Tirei meus sapatos e andei até ela. Em uma delas, vi um homem de, aproximadamente 35 anos, com cabelos escuros e olhos azuis, assim como os de Frank. Ao lado dele estava uma mulher de cabelos castanhos com mais ou mesmo a mesma idade, carregando um garotinho idêntico ao pai, este ainda bebê. E, no meio deles, um menino de mais ou menos 5 anos, este era a cara da mãe.

Peguei o porta-retrato e o examinei mais de perto. Frank tinha uma família linda. Me perguntei porque eles não viviam mais ali. E mais, me perguntei porque eu estava ali.

- Frank, por que me trouxe para cá? - pergunto deixando o porta-retrato no mesmo lugar em que eu o peguei e me virando para encará-lo.

Seu olhar parecia estar perdido novamente.

- Morei aqui até os 14 anos, Nina. Não sabe a quantidade de lembranças que este lugar me traz. - ele disse pegando minha mão e se sentando no sofá - Tem uma coisa... Uma coisa que não te contei sobre mim. Na verdade, ninguém sabe disso, nunca tive coragem de dizer o que aconteceu de verdade com a minha família. Mas sinto que posso me abrir com você, Nina. Você é uma das únicas pessoas que me passou esta confiança. Acho... Acho que já está na hora de encarar meu passado. E deste, não me orgulho nem um pouco.

Fiquei um tanto assustada com as palavras de Frank. Milhões de coisas passaram por minha cabeça naquele momento. E estas, não foram nada boas.

- Pode confiar em mim, Frank. - digo segurando sua mão.

Frank suspirou. Parecia estar tomando coragem para falar.

- Nunca fomos ricos, sabe, mas tínhamos uma boa vida. Meu pai trabalhava com madeira, fazia os melhores bancos e mesas que se poderia encontrar. Já minha mãe, bordava e pintava melhor do que qualquer pessoa que já vi. Meu irmão Tommy e eu vivíamos em paz. Mesmo com nossa diferença de idade, ele é 4 anos mais velho do que eu, era raro brigármos. Eu não me lembro bem, mas foi no dia de meu primeiro teste, que meu inferno particular começou. Eu tinha dez anos na época.

"Só me lembro de meu pai indo me buscar, Tommy estava com ele. Mesmo sendo pequeno, eu sentia que havia algo de errado. Meu pai estava calado, não disse uma palavra sequer durante o caminho até chegármos em casa."

Não sabia ao certo como aquela história iria terminar, mas já sentia meu peito apertar. Estava fazendo um esforço tremendo para não chorar e tentar dar mais força para Frank, mas estava difícil.

- Naquela noite - Frank continuou - estranhei mais uma coisa, não comemos a comida de minha mãe. Meu pai havia comprado pizza. E nós só comíamos pizza em finais de semana, era uma regra. Minha mãe não comeu conosco. Comecei a ficar preocupado, mas como era criança, provavelmente pensaram que eu não entenderia. Assim que fui dormir, meu pai me disse para que eu fosse dar um beijo de boa noite em minha mãe. E eu fui. Mas, ao chegar em seu quarto, avistei minha mãe deitada, ela não parecia estar bem, se debatia, mesmo parecendo dormir. Tinha espasmos que pareciam ser involuntários. Não consegui ir até ela, voltei para meu quarto e, durante toda noite, chorei e escutei meu irmão chorar.

"Essa cena se repetia constantemente, mas parecia ficar pior a cada semana, mais ou menos. MInha mãe já não conseguia comer, suas mãos não obedeciam, seus moovimentos eram violentos e sem precisão. Ela esqueceu meu nome uma vez, me chamou de Richard. Depois de quase um ano, sua voz praticamente não saía. Aquele fora o pior ano de toda minha vida. Com 12 anos, descobri que minha mãe tinha a Doença de Huntington."

Os olhos de Frank haviam se enchido de lágrimas. Ele unia os lábios fortemente, provavelmente para não chorar. Senti meu olhos se inundarem também. Nunca imaginei que algo assim pudesse ter acontecido com ele. Não conseguia imaginar a dor que ele havia sentido.

- Os anos seguintes - a voz de Frank já estava alterada por conta do choro - foram piores ainda. Eu não aguentava mais escutar minha mãe gritar toda noite. Meu pai bem que tentava arrumar aquela situação, mas estava claro que aquilo estava acabando com ele também. Com 14 anos, depois de escutar os gritos de minha mãe ainda mais altos, peguei algumas roupas e fugi de casa. Já não aguentava mais aquilo tudo. Eu fui fraco. Deixei meu pai e meu irmão quando eles mais precisavam da família unida. 

Frank se interrompeu porque havia começado a chorar. Ele aterrou o rosto em suas mãos e eu só conseguia escutar seu soluço.

- Não fique assim, Frank. Não chore. Você errou, sei disso. Mas, vendo o quanto está arrependido, só faz com que eu note o quanto você amava sua família. Sinto muito pelo que aconteceu, mas não há nada que possa fazer para mudar isso. - digo alisando suas costas, tentando acalmá-lo.

Frank respirou fundo algumas vezes e olhou para mim. Seus olhos azuis estava vermelhos de tanto chorar, mas mesmo assim, ainda eram os mesmo olhos perfeitos pelos quais me apaixonei.

- Minha mãe morreu um ano depois que fugi. Só fiquei sabendo disso porque Tommy me encontrou em um estúdio. Eu havia conseguido um bom papel naquele dia, mas aquela notícia acabou comigo. Não tive coragem de aparecer no funeral e não fui conversar com meu pai. Só trocamos algumas palavras ano passado, quando ele havia tido um infarto e fora parar no hospital. Disse a ele que sentia muito, e que estava completamente arrependido. Ele me disse apenas que eu estava me tornando um homem, e depois fechou nos olhos.

Senti uma pontada no peito quando terminei de escutar aquilo. Quem imaginaria, que Frank, esse cara que vive sorrindo, que vive me fazendo sorrir, passara por tudo isso? Ainda estava em estado de choque, mas sabia que uma coisa poderia fazer por ele: ficar ao seu lado.

Segurei seu rosto com as mãos e lhe dei um beijo leve.

- Fico feliz por ter compartilhado isso comigo, Frank, muito. - digo.

Frank sorriu minimamente e me beijou novamente. Seus lábios gentis se encaixavam perfeitamente aos meus. Não demorou muito para que ele aprofundasse aquele beijo. Sentia sua língua explorando minha boca. Era como veludo. Aos poucos, senti que estava sendo puxada. Frank me colocara sentada em seu colo, com uma perna de cada lado de seu corpo. Senti uma pequena pressão estranha em meu peito. Aliás, não só em meu peito, em meu corpo inteiro. O clima havia esquentado um pouco, assim como nossos beijos.

Me arrepiei assim que senti suas mãos tocarem minhas coxas. E este movimento, fez com que aquelas imagens traumatizantes retornassem à minha mente. Parei de beijá-lo de sopetão. Frank pareceu confuso.

- Desculpa, Frank. Mas acho que é a minha vez de te contar algo. - digo sentindo meu coração bater mais rápido. Aquela era a hora.

Frank assentiu.

- De uns tempos para cá, nossa relação tem esquentado, ambos percebemos isso. Mas sempre que sinto que estamos indo rápido demais, eu travo. E isso é um problema. - eu disse alisando seu cabelo.

Ele deu um pequeno sorriso e beijou de leve meu nariz.

- Não precisa se preocupar, Nina. Sei que a primeira vez de uma garota tem que ser especial, e prometo que vou tentar... 

- Este é o problema, Frank. Eu... não... sou virgem! - disse interrompendo-o e sentindo meus olhos se enxerem de lágrimas de novo - Eu não sou virgem, Frank. Eu tinha um namorado, em Centerville, e um dia antes de vir pra cá, eu dormi com ele. Mas acabou não saindo com eu queria.

Senti uma lágrima escorrer por meu rosto. Frank me olhava abismado.

- O que? Ele te machucou? E você nunca contou para ninguém? - ele me perguntou.

Apenas balancei a cabeça negativamente. Não queria deixar aquele choro escapar.

- Nina, não se pode passar a vida toda guardando uma coisa assim apenas para você. - Frank disse tocando meu rosto - E juro, se eu encontrar esse canalha, vou matá-lo.

Deixei um pequeno sorriso escapar de meus lábios. Estava feliz por Frank ter me entendido.

- Me desculpe, acho que me afobei um pouco. - ele disse rindo.

- Tudo bem, eu também tive culpa. - digo limpando as lágrimas que haviam escorrido. 

Já me sentia muito mais leve. Era como se um enorme peso de trezentos quilos tivessem sido tirados de minhas costas.

Frank acariciou meu rosto novamente. Desta vez, fechei meus olhos para sentir seu toque. Assim que pensei em abrí-los, fui surpreendida por seus lábios me tomando de repente. Retribui o beijo da mesma forma. Passei minhas mãos por seus cabelos e trouxe seu rosto para mais perto de mim. Sentia sua língua envolver a minha de um jeito único. Senti suas mãos passarem por minhas costas, me deixando completamente arrepiada. Sabia onde aquelas mãos queria chegar, no laço que sustentava meu vestido.

Meu coração acelerou ainda mais, sabia o que estava prestes à acontecer. Mas, antes que Frank pudesse desatar o laço, ele separou nossos lábios e, olhando em meus olhos, disse:

- Eu te amo, Nina.

Senti um enorme sorriso surgir em meu rosto.

- Eu também te amo, Frank.

Ele sorriu também e voltou a me beijar. Mas, desta vez, seu beijo estava cheio de luxúria. Senti Frank se levantar e me por deitada no sofá. Quando já não tinha mais fôlego para me beijar, começou a distribuir beijos quentes em meu pescoço. Fechei os olhos e apenas sentia sentia sua língua em contato com a minha pele. Meu coração estava batendo cada vez mais rápido, não sabia se ele poderia ou não sair de meu peito à qualquer momento.

Mas, enquanto estava de olhos fechados, lembrei-me de algo. Melhor dizendo, de alguém. Ele simplesmente apareceu em meus pensamentos. Seu sorriso lindo, seus olhos castanhos que sempre me passavam segurança, seu cabelo loiro que estava mais charmoso do que nunca... Por um momento, imaginei que era Charlie quem estava ali comigo. Isso fez com que eu abrisse os olhos rapidamente. Com o susto, já havia perdido completamente toda aquela excitação. Respirava pesadamente e pensava no que dizer para Frank.

E este ainda beijava meu pescoço.

Onde eu estava com a cabeça, afinal? Estava quase transando com Frank e tinha Charlie me meus pensamentos, o quanto isso soava errado? Me senti mal. Me senti um lixo. Senti que algo estava errado. E, definitivamente, eu precisava ir para casa.

- Frank... Frank, me desculpa. Eu não posso, simplesmente não consigo - digo fazendo-o parar de beijar meu pescoço.


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Notas finais do capítulo

É, não foi dessa vez que a Nina sai da seca. E acho, só acho, que tem alguém começando a descobrir que está começando à ter sentimentos por outro. É isso. Até mais sweeties NHAC ;3