Ordinary Girl escrita por MissLerman


Capítulo 11
Capítulo 11 Um dia com Charlie


Notas iniciais do capítulo

Voltei amores da minha vida, é com grande prazer e lhes apresento, nesta fria tarde de Julho, mais um capítulo escrito por mim (quem mais seria?). Enfim, espero que gostem, meus dedos estão congelando, mas eu estou digitando mesmo assim kkkkk Boa leitura (:



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Dentro da cozinha eu tinha dois pares de olhos curiosos e um par de olhos me encarando de forma assustadora. Claro, Peter era quem me encarava de forma assustadora. Claire e Charlie, mas principalmente Claire, queriam saber o porquê de eu voltar com um sorriso daquele jeito no rosto. Apenas me sentei e puxei um prato para mim. Não estava com fome, e nem sabia se conseguiria por conta de todo aquele reboliço no estômago. E eu ainda teria que sair com Charlie. Fiquei me perguntando como seria o dia, sendo que eu provavelmente ficaria relembrando daquele momento e suspirando para o nada.

- Parece que alguém viu o passarinho verde. - Claire brincou.

Apenas dei risada. 

- E eu não fui com a cara desse tal passarinho. - Peter disse colocando o prato cheio de macarrão me minha frente. Fiquei espantado por ele ter se dado ao trabalho de tirar a comida para mim.

- Sua delicadeza me comove, Peter. - digo pegando os talheres.

Peter apenas revirou os olhos e começou a lavar a louça. Ele provavelmente já havia almoçado, e tinha que ir trabalhar. Claire ficava o tempo todo perguntando o que Frank disse, o que Frank fez, o que eu disse, o que eu fiz, não estava nem conseguindo comer com tantas perguntas. Senti que meu prato já havia esfriado. Toda vez que eu ia colocar uma garfada de macarrão na boca, Claire me fazia outra pergunto. Só conseguia escutar certos murmuros vindos da pia. Peter não estava nem um pouco á vontade com aquela situação.

O único que não deu palpite nem falou nada sobre o assunto foi Charlie. Ele apenas comia o macarrão dele, dando algumas olhadas de vez em quando. Mas nada além disso. Me perguntei o que possivelmente se passava em seus pensamentos. 

Charlie então terminou de comer, levou o prato para a pia e saiu da cozinha sem dizer nada. Não sei ao certo porque, mas senti um aperto no coração. Talvez eu soubesse o que se passava, mas não quisesse acreditar. Charlie sempre fora muito próximo, não conseguia acreditar que ele talvez pudesse... Bom, talvez fosse só impressão. Voltei minha atenção para a comida, mas como já sabia, não consegui comer muito. Depois de alguns poucos bocados, levei o prato para a pia e corri para o meu quarto, afinal, ainda pretendia sair com Charlie.

Pensei em tomar um banho, mas não estava afim de demorar mais. Coloquei uma calça, meu tênis, uma camiseta de manga curta e uma blusa de moletom por cima. Deixei meus cabelos soltos, já que não estavam em um estado tão catastrófico. Passei um gloss apenas e saí para ver se Charlie já estava pronto. 

Assim que saí pela porta, avistei ele e Claire sentados no sofá. Caminhei em silêncio e tentei escutar alguma coisa. Claire estava muito próxima dele. Mas por que raios? Quer dizer, ontem ela estava na cama com meu irmão, e hoje praticamente abraçada com o melhor amigo dele? 

- ... eu só não queria sentir isso, entende Claire? É uma tortura, ainda mais agora que não estou trabalhando. Ficar aqui preso... - foi apenas o que consegui, antes de tropeçar em meu próprio pé e cair no chão. O barulho foi tanto que pensei ter quebrado boa parte do meu corpo.

Claire e Charlie se assustaram comigo. Ambos deram um pulo. Ao me ver no chão, Charlie correu até mim e ajudou a me levantar. Senti que meu joelho estava dolorido, provavelmente ficaria dolorido mais tarde. Passei a mão pela área que aparentava doer, e confirmei que sim, ficaria muito roxo mais tarde. 

- Tudo bem? - foram as primeiras palavras que Charlie dirigiu para mim naquele dia. Fiquei feliz por ele ter pelo menos se preocupado

- Sim, só tropecei, para variar. - digo rindo.

Charlie riu também, mas sua expressão ainda continuava um tanto dura. Ele não parecia estar muito à vontade. Olhei rapidamente para Claire e notei que ela também não parecia estar muito calma. Ela abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida pelo celular tocando.

- Meu chefe ligando. Bom, espero que o passeio de vocês seja bom. E depois conversamos mais, certo Charlie? - Claire disse e Charlie assentiu. Logo depois, minha amiga caminhou para nosso quarto, deixando-me sozinha com Charlie.

- Vamos? - ele disse apontando para a porta.

Assenti e fomos para o Camaro de Peter. E este, provavelmente estava trancado no quarto. Fiquei pensando no que ele e Claire poderiam aprontar enquanto Charlie e eu estávamos fora. Entramos no carro e Charlie logo deu partida.

- Ainda não vai contar para onde nós vamos? - perguntei enquanto me conscentrava nas casas que passavam pela janela.

- Ainda não. Mas se acalme, a gente já chega. - Charlie disse com os olhos fixos na estrada.

- Então, sobre o que você e Claire estavam conversando? Senti que era importante. - digo sentindo meu rosto corar. Afinal, eu estava espionando a conversa dos dois. E se não fosse por minha delicadeza estupenda, eu provavelmente poderia saber sobre o que se tratava.

- Nada demais. Claire estava me ajudando com uma amiga dela, elas fazem teatro juntas. - ele respondeu.

Arqueei a sobrancelha e me perguntei o que Charlie queria com atrizes. Não que elas não fossem boas pessoas, mas acontece que ele sempre escolheu muito bem as mulheres com quem ele queria se relacionar. Já meu irmão, era um homem comum. Não podia ver um rabo de saia. Achei um tanto estranho.

Revirei os olhos discretamente e voltei à me conscentrar na paisagem. Apesar do pouco tempo que estava em Nova Iorque, notei que não estávamos indo em direção ao centro. Estranhei aquilo. E Charlie parecia estar ciente do que estava fazendo. Ele estava calmo, e apenas dirigia. Achei melhor esperar. De qualquer forma, ele não me levaria para um lugar afastado e abusaria de mim. Caso isso acontecesse, eu teria que aplicar um dos golpes que Peter me ensinara. Ele sempre me dizia que eu tinha que aprender à me defender de homens tarados. E então me ensinou vários golpes. Nunca cheguei à usá-los, mas eu me sentia mais segura assim.

Charlie dirigiu até um lugar que, assim que li o nome, fiquei maravilhada. Era um shopping, mas completamente voltado à esportes de inverno. Sorri maravilhada quando entendi o que ele pretendia. Eram pistar de esqui, snowboard, neve artificial, e até um ringue de patinação. Charlie parou o carro e se voltou para mim.

- Então, o que achou?

O sorriso ocupava meu rosto todo, eu mal conseguia falar.

- É... incrível! Charlie, como sabia que...

- Que você é doida por neve? Peter. Ele deve ter comentado uma vez. E como eu conhecia esse lugar, bem, pensei que pudesse te agradar. Já que estamos no verão, e ainda iria demorar para nevar de verdade. - ele disse sorrindo.

Não consegui me controlar. Apenas abri a porta do Camaro e saí. notei que Charlie fez o mesmo. Caminhamos até o ringue de patinação, algo que sempre fui facinada. Eu observava os casais de mãos dadas, as crianças se apoiando na barra de apoio, alguns jovens deslizando pelo gelo... Fiquei maravilhada. 

- O que estamos esperando? - Charlie disse por trás de mim.

Assim que me virei, vi que ele tinha dois pares de patins em suas mãos. Peguei o par menor e tirei meu tênis. Precisei de ajuda apenas para amarrá-los. O moço que estava tomando conta do lugar me ajudou. Não estava avistando Charlie, então entrei no ringue sozinha mesmo. "É fácil" pensei "É só deslizar os pés com cuidado". Mas assim que coloquei o pé direito, ele foi pra frente e eu quase caí. Só não caí pela barra de apoio. Tentei me endireitar, mas toda vez que tentava meus pés iam de um lado para outro. Então resolvi ficar agarrada na barra. Pelo visto, não iria à lugar nenhum antes que Charlie chegasse.

- Qual é Nina, não veio aqui para ficar segurada aí, certo? - escutei sua voz.

Levantei o rosto e vi Charlie parado, bem no meio do ringue. Seus pés parecia estar firmes, e ele não pareceu querer cair por nenhum minuto. Deslizou os patins até mim e me ajudou à ficar de pé. Com um pouco de ajuda, consegui me firmar. Era como estar aprendendo à andar novamente. Charlie me segurava pela cintura e eu me apoiava em seus ombros, mas sempre atenta aos meus pés. Ele deslizava comigo, e eu sempre com medo de cair. Estava divertido, e eu não conseguia parar de rir toda vez que esbarrava em alguém.

Enquanto Charlie andava pelo ringue junto à mim, notei que uma garotinha, provavelmente com 8 talvez 9 anos, passou por nós em uma velocidade incrível. Me perguntei se um dia poderia fazer algo assim. Ela, com toda a graça de um cisne, desliza com suavidade. Enquanto eu, sou mais desajeitada do que um pato fora d'água. Não consegui evitar de rir com aquele pensamento.

- Acho que vai demorar um pouco até você conseguir fazer aquilo. - Charlie disse se afastando um pouco. Entendi o que ele pretendia.

- Ah, não! - digo agarrando-me em seu braço novamente.

- Vamos Nina, tente pelo menos. Você vai ver, não é tão difícil assim. - ele disse e se soltou por completo de mim.

Apenas travei minhas pernas e fiquei parada. Não nenhum movimento, não queria pagar o mico de cair sentada em meio à tantas pessoas.

- Nina, vai, como eu tinha te ensinado. - Charlie disse um pouco distante.

Engoli seco e tentei fazer o que Charlie havia me dito. Deslize um pé, e depois o outro. Sempre abrindo-o para as extremidades. Dei o primeiro deslize e ele me pareceu bom. Mas assim que fui tentar o segundo, não consegui me controlar e senti o peso de meu corpo sendo jogado para frente. Só não atingi o gelo porque Charlie me segurou. Fiquei grata por ele estar ali naquele momento.

- Continue treinando, um dia você chega lá. - ele disse enquanto voltávamos para terra firme. 

Saí do ringue e tirei os patins. Estava começando a ficar com frio. Havia saído com uma blusa apenas. Coloquei meu tênis e vi que Charlie olhava para a pista de snowboard. Na verdade, era como uma rampa enorme cheia de gelo artificial. Ele parecia gostar daquilo.

- Podemos tentar? - perguntei.

Charlie pareceu levar um susto ao me ver ali. Mas assentiu.

E assim, continuei com meus tombos. Mas ali fora ainda pior, eu mal conseguia ficar de pé naquela prancha. Estava começando a ficar envergonhada. Já Charlie, raramente caía. E quando caía, ficava de pé imediatamente. Fiquei fascinada com aquela habilidade. Ele parecia ter completo controle sobre aquele pedaço de madeira. Eu já havia desistido, então fiquei apenas assistindo-o. Estava começando à ficar com fome, mas ao vê-lo se divertindo tanto, pensei que meu estômago poderia esperar mais um pouco. Não sei ao certo quanto tempo fiquei assistindo-o.

Charlie então saiu, depois de quase uma hora, pelos meus cálculos. Ele tinha um belo sorriso no rosto.

- Charlie, você foi... demais! Onde aprendeu tudo aquilo? Quer dizer, eu mal conseguia parar de pé e você fazia aquelas manobras e praticamente voava. Tem que me ensinar, você tem que ensinar isso! E isso porque nem foi em neve de verdade, nem imagino o que você faria se estivesse em um lugar com neve de verdade! - digo sem esconde o entusiasmo em minha voz. 

Charlie apenas corou e sorriu olhando para o chão. Ele sempre fazia isso quando se sentia envergonhado.

- Combinamos outros dia então, certo? Mas o que você acha de irmos comer agora? Meu estômago está começando a reclamar.

Assenti e fomos para a praça de alimentação. Como sempre, pedimos hambúguer com batatas-fritas. Rimos e comemos muito. E, como estava combinado, paguei ambos os lanches. Mas aquilo foi pouco, em comparação à tarde que passei. Charlie quis até tentar me arrastar para os esquis, mas, se para patinar eu passei apuro, não queria nem imaginar nos esquis. Fomos novamente para o ringue, e, desta vez, consegui deslizar um pouco sozinha. Mas, para variar, levei muitos quase tombos. Felizmente, Charlie estava por perto para me segurar em todos eles. 

Fomos embora lá pelas seis. Cheguei à pensar que nunca rira tanto em minha vida. Até no estacionamento, fomos procurar o bom e velho Camaro, e acabamos, sem querer, entrando em outro. Fiquei assustada assim que vi a imundisse que o carro estava. Mas Charlie logo notou que aquele carro não era o de Peter. Afinal, Peter não teria uma maleta cheia de maquiagem no porta-luvas. Saímos rindo mais do que bêbados. Encontramos o carro e voltamos para casa.

O caminho de volta foi muito agradável. Relembramos os momentos mais cômicos da tarde. Como a garotinha com metade da minha idade e que patinava como uma profissional. Ou então a garçonete que estava se jogando para cima de Charlie. Até mesmo de meus tombos e quase tombos. Já não estava mais ligando para meu joelho. Agora meu corpo todo doía. Mas eu havia me divertido muito, fora uma das melhores tardes de minha vida. Eu provavelmente voltaria para aquele shopping. E talvez até levasse Frank junto.

Frank. Só então me lembrei que iria me encontrar com ele amanhã. Estava torcendo para que não acordasse muito doída. Estava começando á sentir saudades dele. Isso porque eu havia visto ele e o beijado de manhã. 

Encostei a cabeça na janela e assisti as pequenas gotas de chuva começarem à cair. Gostava de quando chovia de repente. A chova me ajudava à dormir. E foi isso o que aconteceu. Não demorou muito, senti meus olhos pesarem e apaguei.


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Notas finais do capítulo

Charlie não é a coisa mais fofa do mundo? HUHEUHEUHEUEHU Essa Nina, mais sortudo impossível. Bom sweeties, é isso. Até mais NHAC ;3