Far Away escrita por JulianaRibeiro


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, esta é a primeira história que publico no Nyah com a intenção de realmente publicá-la até ao fim, sem ponderar desde o princípio apagá-la, mais à frente.
Contudo, apesar de muitas vezes falhar nesse campo, acredito que o feedback dos leitores é o maior contributo para a a conclusão do trabalho árduo, que é a escrita de uma FanFiction. Por isso, conto com o vosso para poder sentir que estou de facto a criar algo de interessante e proveitoso.
Desta maneira, conto com vocês!
Espero que gostem, Boa Leitura! :)



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Os ponteiros do relógio alfinetavam o temperamento do velho Jost, ao moverem-se numa urgência morosa. O nervosismo começava a formigar-lhe a pele e a agitar o seu corpo com uma onda de calafrios. Irritava-o saber que o tempo corria contra si, fazendo-o questionar em demasia, o proveito que aquela espera, realmente, lhe poderia trazer.

David nunca fora intuitivo. No entanto, um sexto sentido – até agora inexistente – incitava-o a abandonar o seu copo de uísque sobre a mesa, a alongar-se calmamente pela escadaria do edifício e só respirar fundo, quando batesse com a porta do seu carro e fosse capaz de sacudir a pressão que suportava nos seus ombros. E há medida que o tempo não passava, este pensamento tornava-se mais persistente. Na verdade, ninguém o poderia julgar como cobarde, mas só elogiá-lo por ser cauteloso.

Contudo, não se podia dar ao luxo de tal capricho. Apesar de nunca ter sido homem de fugir a nenhuma mulher – e não iria estrear-se quando já ultrapassara a linha dos quarenta, odiava ter de confessar que precisava mais da mulher que se fazia esperar, do que da segurança que lhe trazia mantê-la longe.

“Nicole Meier.” Esse era o nome fatídico. Não por ser uma ameaça para si, mas sim por ser uma ameaça ao que ele protegia. O maior erro que cometeu, em toda a sua carreira, foi oferecer-lhe o cargo de assessora de imprensa. Apesar das suas excelentes competências, deveria ter sido astuto ao ponto de saber que a simplicidade e inocência da rapariga conquistariam o mais rebelde dos corações. Poucos sabem, como foi difícil lidar com o rescaldo do furacão Meier.

O seu subconsciente murmurou-lhe que estava a ser injusto. Nick poderia lhe ter trazido uma nuvem carregada de problemas, que só os dedos das mãos e dos pés não chegavam para contar, mas a presença dela na vida de todos não poderia ser catalogada como dispensável. Meier conseguiu o que nunca ninguém tinha conseguido: mostrou-lhes o que era ser humano, e não o produto pop/rock que a sociedade exigia que fossem.  

David acalmou-se com as suas conclusões. Molhou os lábios, enquanto bebericava o seu copo de uísque, lambendo-os languidamente enquanto encarava a belíssima mulher que se aproximava. David quase que agradeceu aos Deuses por uma música Jazz emanar pelo bar. Nicole tinha crescido. “O seu corpo teve de ser esculpido.” Meier tornara-se, com certeza, a mulher mais bela com que, algum dia, teve o prazer de se cruzar.

Tudo em Meier era especial. O seu olhar era celestial, aliciava-o com perícia a mergulhar na sua íris azul e dourada, ao publicitarem a energia e felicidade. As curvas do seu corpo foram desenhadas por Miguel Ângelo, era impossível ser obra da mãe natureza. A sua boca era rosada e carnuda, como se de um morango suculento se tratasse, pronto a ser mordido… Jost amaldiçoou-se. Teria sido astuto, se tivesse escutado a sua intuição assertiva.

- Nicole Meier. – Jost conseguiu proferir num tom sério e suave, depois de respirar bem fundo, fazendo-se acompanhar por um sorriso rasgado e um abraço carinhoso.

- David, – Saudou-o, pausadamente, no seu timbre meigo, embargado num paladar quente e sedoso. – desculpa o atraso. - Lamentou, com um sorriso embaraçado enquanto se desfazia dos braços que a cercavam.

David devolveu-lhe um sorriso amigável informando-a que não tinha importância. Num gesto informal apontou-lhe a cadeira a seu lado, antes de se sentar na sua. A morena aceitou, afastando a cadeira, envolvendo as costas da mesma com o seu blazer rosa seco, pousando a sua pochete em cima da mesa ao lado do Gin Tónico, que se atrevera a pedir antes de se dirigir a David.

Encararam-se por alguns minutos e a tensão era palpável. As palavras de David custavam a sair, a sua língua estava emaranhada no seu nervosismo. Começava a ponderar em excesso a proposta que tinha para lhe fazer, o seu sexto sentido continuava a fazê-lo retesar-se em relação ao regresso de Nicole.

- Continuas belíssima. – David desabafou sincero, ao deparar-se que encarava a mulher á largos minutos; ao qual ela lhe devolveu um sorriso agradecido. – Há quanto tempo que não nos víamos, han? Desde… - O agente tentou ganhar tempo e segurança. Mas Nicole interrompeu-o quando parou de bebericar a sua bebida.

- David, - Sussurrou-lhe com ternura tocando-lhe levemente na sua mão, interrompendo-o mal percebeu o seu embaraço em abordar o motivo daquele encontro. – desculpa interromper-te. Mas a verdade é que não tenho tempo para conversa de circunstância. Tenho um coquetel dentro de meia hora no Four Seasons e ainda tenho de encontrar Joshua a tempo, para não chegarmos atrasados. – Confessou de um fôlego, soltando um sorriso caloroso, antes de concluir: – Ainda para mais, conhecemo-nos á muito anos para poderes ir directo ao assunto. – Disse-lhe num tom de voz sereno e suave, encarando-o com objectividade. 

Jost ficou admirado com a frontalidade e astúcia de Nicole. Percebera agora que não só o exterior da mulher tinha amadurecido, mas também a sua personalidade fora limada com cuidado e sensatez. A velha Nick esperaria que a conversa enrolasse o que tinha para enrolar, nem que para isso tivesse que perder o compromisso. Faria de tudo para que David ficasse á vontade. Nunca abordaria o assunto com tamanha objectividade! Agora, percebia como Meier tinha alcançado tanto em tão pouco.

David abriu um grande sorriso, não se enganara em relação àquela mulher.   

- Sabes? – Atirou retoricamente. - Pensei que este encontro e o motivo que me trouxe aqui, seria um erro. Uma perda de tempo. – Introduziu com um sorriso, provocando uma ausência de expressão na sua companhia. – Mas como sempre, como tudo o que te envolve a ti, enganei-me. – Concluiu com um sorriso sincero. – O que me trouxe aqui, … - Recomeçou nervoso. Uma tosse seca fugiu-lhe da garganta antes de continuar, com medo que a voz falha-se. Encarou os olhos ardilosos de Nick instintivamente. Recebendo um incentivo inocente da parte da morena, mal ela sabia que pisaria terras inóspitas. – Quero propor-te que voltes a trabalhar connosco. – Disse de um fôlego.

Nicole retesou-se. Os seus olhos encararam Jost com dúvida e incredulidade. Esperou - largos segundos - que o Manager soltasse a sua madura gargalhada e lhe confessasse que era uma partida de mau gosto. Mas um silêncio soturno e inquisitivo foi tudo o que recebeu por parte de Jost. As palmas das suas mãos começaram a transpirar.  

- David, desculpa, mas acho que disseste que me querias contratar de novo. – Ela disse num murmúrio, com cautela e o nervosismo a aquecer as entrelinhas. Esperando que ele a tranquilizasse, corrigindo as suas palavras; no fundo, retirando a proposta. Mas David não a retiraria.

- Ouviste bem, Nick. – David respondeu-lhe, instantaneamente, sério e cortante.

A postura da morena escureceu quando digeriu a proposta. Meier nem pensou muito, a resposta era clara e segura: “Nem pensar!”. No entanto, encarou David com curiosidade, enquanto se alongava em direcção ao maço de tabaco e retirava um delgado Marlboro; com o intuito de fintar o nervosismo. Questionava-se se tinha autoridade para lhe perguntar se ele sabia. Não que estivesse a ponderar a sua resposta, mas tinha de saber.

- Ele sabe? – Sussurrou-lhe rispidamente a assessora, antes de acender o cigarro e o travar bruscamente; tentando aliviar o seu interesse na resposta.

O corpo de Jost ficou novamente em alerta. Como é que não se lembrara de Tom? Não lhe ocorrera aquele nome por uma única vez desde que Bill necessitara da sua atenção ao tomar uma decisão de cabeça quente, que iria levar ao alvoroço e quem sabe à loucura milhares de jovens. Como é que não pensara nele? Ou melhor, neles?

David remexeu-se desconfortável na cadeira. O homem começava a transpirar, quando Mieke lhe ocupou o pensamento. David pensou em rir, mas achou que seria de mau tom tamanha era a soturnidade e insegurança que ocupava os traços suaves do rosto da assessora. Tom não estava sozinho; mantinha uma relação saudável e estável com a recepcionista e não lhe parecia que a volta de uma ex-paixoneta lhe provocasse algum tipo de desconforto.

David preparava-se para sorrir e responder com confiança, quando estendeu o olhar sobre a figura feminina ao carregar um esguio cigarro até aos seus lábios. A forma como os lábios abraçaram o cigarro e o olhar dela o fitou, David apercebera-se que Nicole não era uma paixoneta qualquer.

- Tom está a par de tudo. – Mentiu sem pestanejar. – Neste momento a prioridade é salvaguardar a vida pessoal do irmão, nem pensou nele por um segundo. – Atirou de uma forma melódica e racional esperando que conseguisse fintar a astúcia da jovem, alegando a camaradagem que existia entre os irmãos Kaulitz.

Nicole sorriu de forma contida, enquanto tragava o cigarro lentamente, assim que ouviu as palavras de David. Calculava que aquilo que Jost alegara era uma pequena mentira. Apesar do amor incondicional pelo irmão, Tom era incapaz de perdoar. Por mais que ele estivesse com Mieke neste momento, sabia que não tinha sido uma qualquer na vida do guitarrista; e ter de conviver com alguém que o magoara no passado era totalmente inquestionável para o moreno. Contudo, um sorriso abasteceu-lhe nos lábios – fintando David, que respirou aliviado – ao constatar que a proposta de David não se baseava em questões emocionais.

- Bill? – Perguntou com um sorriso, depois de expelir o fumo que lhe sufocava os pulmões, assim que recordou a doçura e infantilidade do mais novo. – O que é ele tem a ver com a minha contratação? – Questionou com interesse, procurando desviar o assunto deles.

- Ele quer assumir, Nicole. – Sussurrou David com pesar, sem antes analisar as pessoas em seu redor.

- Oh… - Soltou Meier com os olhos esbugalhados. – Mas ele nunca se importou com isso, porquê agora? – Inquiriu com uma curiosidade a formigar-lhe a língua.

- Lembraste de Frank? – Perguntou o homem, debruçando-se sobre a mesa salvaguardando o assunto. Nicole lançou-lhe um gesto negativo, aproximando-se instintivamente de David, enquanto deliciava o nervoso cigarro. – Aquele alto, moreno com os olhos verdes? Não? – Perguntou retoricamente. – Aquele que dizia piadas das quais só o Bill se ria? Que estava sempre bem-disposto? – Tentou especificar. – Por amor de Deus Nicole! – Lamentou-se com uma cara de um pobre incompreendido; à qual a morena não resistiu rir-se. David acompanhou-a quando se deu conta da sua infantilidade. – Ele trabalhava no estúdio como técnico de som; acho que eles saíram algumas vezes com vocês, na altura… - Disse-lhe automaticamente sem pensar. A palavra "vocês" ecoou na cabeça da morena. Nicole engoliu em seco, essa palavra perdera o significado há muito tempo.

- Sim, sim, já sei quem é. – Mentiu, com medo que David se alongasse por recordações dilacerantes, desnecessariamente.  

- Pronto! – David soltou com mais um sorriso, contente por conseguir recordar a mulher. – Ele e Bill começaram a namorar, logo depois de… - Jost parou, tentando medir as palavras. - … de vires para Los Angeles. – Continuou com um sorriso.

- Não é uma relação qualquer, portanto… - Concluiu Meier.

- Sim, - O agente sentiu-se na obrigação de concordar. - mas agora Frank cansou-se de assistir aos namoros hetero e contratuais que eu arranjo para o Bill. – Revirou os olhos como se aquilo soa-se á maior estupidez de todos os tempos. – E fez um ultimato a Bill: ou ele o assume ou a relação deles acaba! – Disse-lhe completamente indignado, por o mais velho dos irmãos ceder a este tipo de situação. – E sabes como o Bill é quando está apaixonado… - Soltou em forma de crítica.       

- Oh, se sei… – Soltou. – Mas não estou a perceber. Onde é que eu entro nessa história toda? – Perguntou sem rodeios, pincelando a cigarro sobre o cinzeiro voltando a tragar.

- Bem, Caroline Strauss, - Começou. – A ex-acessora da banda. – Explicou. – Não tinha tacto para lidar com este tipo de situações porque não concordava com a opção… sexual – Disse meio que constrangido. – do Bill, e ele não queria que fosse aquela “lambisgóia loira e homofóbica” – David tentou imitar a voz aguda do moreno, arrancando uma gargalhada baixa de Nick, que a fez relaxar. - a lidar com a situação. E disse que queria que eu a despedisse, nem que tivesse de pagar o enorme valor da cláusula de rescisão, e que te contratasse a ti que sempre lhe disseste que o apoiarias no dia em que ele decidisse contar ao mundo. – Jost disse de um fôlego, atirando a jogada de mestre que sabia que tocaria o coração da morena.

Nicole sorriu ao imaginar o amigo a apontar o dedo e a colocá-lo entre a espada e a parede… Tinha saudades dele.

- Hum… - Soltou instantaneamente, ao expelir o fumo.

A racionalidade da alemã sempre pesou mais do que os seus sentimentos. Desta vez, não seria excepção. Aliás, a sua mente fazia questão de lhe oferecer motivos mais que plausíveis para recusar. Para mais, não se podia dar ao luxo de perder o foco na sua carreira. Mesmo sabendo que regressar às origens não fosse regredir (talvez, quem sabe, ascender?!), parecia-lhe incoerente deixar-se cair de pára-quedas no meio de um reboliço de emoções que talvez não estivessem tão bem guardadas, como gostaria. Por mais que um regresso fosse bastante tentador.

- Jost, eu não posso aceitar. – Confessou-lhe hesitante num tom calmo, encarando as mãos agitando o anel que sempre trazia no anelar.  

O agente encarou-a sem expressão. Sentia que Nicole estava indecisa. Conhecia-a bem de mais para saber que quando estava insegura ou nervosa a morena assumia aquela posição: mexia exaustivamente nas mãos e trincava o lábio inferior, o que lhe conferia um aspecto frágil.

- Nicole, não te precipites. Tens dois dias para ponderar com calma e sensatez. – Jost ofereceu-lhe tentando parecer calmo e confiante, enquanto o seu corpo borbulhava de insegurança. – Não te posso dar mais tempo porque se não aceitares terei de encontrar outra pessoa. - Explicou-lhe. – Mas lembra-te, és tu quem precisamos. E não te estou a procurar só porque sei que serás mais sensível a esta informação do que outro profissional qualquer! Mas também por confiar nas tuas capacidades para me ajudares a gerir os próximos passos da banda para ultrapassar este abanão… - Tentou chegar-lhe ao coração. – Ou melhor, calamidade! Porque estou mesmo a imaginar processos e mais processos a pedir indemnização por danos morais! – Tentou amenizar a situação, arrancando um meio sorriso da mulher. – E ambos sabemos, o Bill precisa de ti. – Disse-lhe preocupado.

Nicole levantou os olhos e encarou o homem á sua frente, tentando avaliar a veracidade das suas palavras. Conhecia David Jost á bastante tempo para saber que não era uma jogada de negócios. Meier sorriu. Tragando o cigarro exaustivamente.

- Tenho de ir. – Confessou, apanhando o homem de surpresa. Apagando cigarro bruscamente, no pequeno cinzeiro metálico. - Obrigado David, pela confiança. – Nicole agradeceu-lhe com sinceridade, antes de se levantar e vestir o casaco. – Terás a tua resposta dentro do prazo indicado e espero o resto das condições por email. – Rematou com um sorriso. Jost sorria-lhe, após assentir ao seu pedido, sabendo que aquele pequeno gesto demonstrava que ela iria considerar a proposta.

Meier preparava-se para iniciar a sua marcha até á saída, quando se dirigiu a Jost pela última vez: – Ah! David, - Virou-se para ele antes de abandonar o espaço. – Fala com o Tom. – Ordenou-lhe sem emoção. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. :)



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