Sim, eu fiquei de castigo. Não, minha mãe nem perguntou onde fui apenas por que não avisei. Minha mãe não era daquelas que coloca de castigo por que sai tarde da noite, ela apenas quer saber pra onde estou indo, para não ficar preocupada. Não coloca limite de horário, só preciso avisar se estou bem e onde estou.

- Afinal, o que você foi fazer a essa hora na pista de skate? E ainda deixou Dave sozinho... – minha mãe estava de pé na porta do meu quarto, Dave rodava em minha cadeira e eu estava sentada em minha cama.

- Precisava resolver uma coisa. – respondi.

- À uma da manhã? – ela olhou para Dave que dava mais um rodopio na cadeira. – Dave, pare com isso, está me deixando tonta.

- Desculpe. – ele parou, e olhou-me.

- Que coisa você precisava resolver? – minha mãe me encarava e às vezes lançava um olhar a Dave, ele estava olhando seus pés, brincando com sua meia colorida.

- Está meio resolvida, mas não está na hora de contar.

- Por favor, não faça nada que eu vá me arrepender de ter deixado. – ela colocou as mãos na cintura e franziu o cenho. – E Dave – ele a olhou – avisou seus pais que está aqui?

- Ah, sim, tia, avisei. Minha mãe já sabe que minha segunda casa é aqui, nem se preocupa mais. – o que deixava de ser a verdade pelo simples detalhe: Dave falava que estava aqui em casa – na maioria das vezes -, e na verdade estava num motel com alguém. Eu era, como sempre, sua cumplice.

- Certo. Bom, já que está bem e não fez nenhuma besteira, fico mais aliviada. Mas por favor, me avise da próxima vez. Vou dormir, façam o mesmo. Boa noite crianças.

- Boa noite – respondemos em uníssono. Minha mãe fechou a porta e ficamos sozinhos. Dave levantou-se da cadeira e deitando-se ao meu lado na cama, puxou a coberta e me olhou.  Deitei-me ao seu lado e dei um sorriso.

- Então, meio resolvido? – perguntou ele, me dando um beliscão na perna. Dei-lhe um tapa na testa e me virei pra ele. Ele reclamou mas, nem liguei.

- Sim, meio resolvido. Ele apareceu lá.

- O Badboy?

- É, o Matheus. – sorri e Dave começou a fazer cocegas em mim. De tanto rir, dei-lhe um chute nos países baixos.

- Como eu queria ser mulher nesse momento... terminar logo esse serviço. – disse ele entre dentes enquanto se contorcia de dor. Pedi desculpa meio a risos.

- Você que pediu me fazendo cocegas, sabe que chuto e dou socos.

- Nunca pensei que você fosse boa na pontaria! – disse ele massageando seu amigo sem nenhuma cerimonia.

- Por favor, só não fique excitado! – falei, afastando um pouco dele. A última coisa que eu gostaria de ver seria Dave, O Gay, com seu amigo dando sinal de vida.

- Meu bem, ele só gosta de aparecer com showzinho antes! – ele parou de massagear o amigo e colocou as mãos embaixo da cabeça, olhou o teto analisando as estrelas artificiais que colei; gosto de dormir olhando para elas, me lembra do céu e isso me acalma. Ficamos em silencio por alguns minutos, até achei que Dave já estivesse dormindo. Olhei para janela e vi o apanhador de sonhos que eu pendurara nela, pedi que mandasse sonhos bons e rezei que me desse algum sinal, alguma coisa para que eu soubesse que caminho tomar.

Virei-me para Dave e ele me fitava. Sorriu e olhou para onde estava olhando.

- Pedindo sonhos bons?

- Sim. - respondi olhando do apanhador para ele. – E pedindo que me mostre o melhor caminho.

- Você já sabe qual o melhor caminho. – disse ele, virando-se para mim.

- Não vou transar com os dois. – olhei para ele e revirei os olhos.

- Tá, tudo bem! Mesmo achando isso fantástico, você transa se quiser... mas eu bem que dava pra eles – disse fazendo biquinho. – Mas não to falando disso... acho que você tem que sair com os dois... conhece-los melhor, por que aí sim você poderá chegar a uma conclusão mais concreta. – olhei-o embasbacada. Quem era aquela moça? O que aconteceu com Dave?

- Você tá falando sério?

- Sim, estou. Sei que é um afronto contra a natureza eu estar falando isso, mas, acho que será bom, sabe? Assim, você, pelo menos, saberá no que vai se meter.

- E se eles se apaixonarem por mim?

- Vamos fazer um acordo, certo? – ele sentou-se na cama virado para mim. Impulsionei meu corpo para sentar e recostei-me na cabeceira da cama. – Você sai com eles, apenas sai, não transa nem nada. Conheça eles, aprenda com eles, goste deles... quando os dois falarem que gostam de você, que estão apaixonados, transe com eles...

- O que? Você disse que não tinha sexo!

- Cacete Grace! Por que raios você não quer transar com eles? Eu sei que você não é virgem, pare de se comportar como uma! Apenas dê! – ele chegou perto de mim e agarrou minha cabeça e sacudiu. – Apenas dê!

E eu levei mesmo a serio o conselho de Dave.