Adriana POV

- Estás sempre a falar disso, caramba! Já chega, estou farta! - Gritei-lhe.

- Estás farta do quê? Que eu partilhe com a minha namorada aquilo que sinto?! Uau, Adriana, que ótimo. - Respondeu-me o Liam, magoado.

- Não é isso. Mas tu não páras de falar disso. Caramba, eu sei que te magoa que a Danielle te tenha deixado de falar mas, fogo, pára! Eu sou a tua namorada, não ela. Pára de te comportar como se ainda a amasses! - Respondi com lágrimas nos olhos.

- TALVEZ AINDA A AME! QUERES SABER? SIM, TALVEZ EU AINDA A AME. MAIS DO QUE TE AMO A TI TALVEZ! - Gritou ele, descontrolado.

Com isto, eu perdi a fala e as lágrimas caíram pela minha cara sem controlo. Assenti com a cabeça e virei-lhe as costas, indo para o meu quarto. O pessoal tinha todo saído, a Inês e a Danika tinham ido ao parque passear para desanuviar dos problemas que tinham com os rapazes - que eu ainda não lhes tinha perguntado quais eram - e a Bea estava enfiada no hospital com o Harry. Por falar nele, tinha de ligar à Bea para saber se ele já tinha acordado... era horrível ver o meu melhor amigo deitado naquela cama de hospital cheio de gesso e ligaduras pelo corpo sem saber quando ele iria acordar ou se iria acordar.

Fechei a porta do meu quarto atrás de mim e tranquei-a para o caso do Liam querer vir atrás de mim até cá acima. Deitei-me na cama e as lágrimas pareceram aumentar a velocidade com que saíam dos meus olhos, deixando-me a chorar convulsivamente. Só queria voltar atrás e evitar aquela discussão idiota. Porque é que eu estava assim, afinal? Tudo bem, o Liam estava mal por causa da Danielle que lhe tinha deixado de falar - coisa que, segundo ela, só aconteceu porque ele deu um murro no namorado dela, o Oliver, sem motivo nenhum... quase que aposto que ele ainda gostava dela e tinha agido assim por ciúmes. Mas eu não devia ter começado uma discussão assim... Eu devia compreender porque, afinal, a relação que eles tiveram foi realmente forte e um amor assim não devia desaparecer assim tão rápido. Mas... se ele ainda a amava, porque é que me tinha pedido em namoro? Porque é que ele ainda estava comigo? Agora compreendia porque é que ele raramente podia estar comigo... talvez fosse por não querer. As suas palavras voltaram à minha mente. Ele amava-a mais do que me amava a mim...

- Adriana... Abre a porta, por favor... eu não queria dizer aquilo... - Disse o Liam do outro lado da porta.

- Desaparece, Liam. - Disse eu, ainda a chorar.

- Drika, por favor... Tu sabes que eu só te amo a ti... - Podia ouvir a dor na sua voz.

Abri a porta, ainda a chorar, mas não o deixei entrar no meu quarto.

- Posso entrar?

- Não.

Ele pareceu magoado com a minha recusa. Não sabia o que fazer, só sabia que ele não me amava tanto quanto pensava, de certeza.

- Eu gosto de ti, não duvides disso, por favor... - Implorou ele.

- Liam. Acho melhor darmos um tempo nesta relação para tu perceberes bem de quem gostas porque, por mais que digas que me amas, as tuas palavras hoje deixaram bem claro que não me amas tanto como dizes. Podes pensar que sim mas não. Portanto, sai daqui. Não somos mais namorados até tu esclareceres o que vai nesse coração. - Disse e fechei a porta, trancando-a novamente. Ele não falou mais e, passados uns minutos, ouvi a porta lá debaixo bater, indicando que eu estava completamente sozinha em casa.

Como é que nós chegámos a este ponto? Como é que ele foi capaz de começar a namorar comigo quando não estava absolutamente certo dos seus sentimentos? Tinha sido apenas uma maneira de esquecer a Danielle mais depressa? Será que ele não se preocupara sequer com os meus sentimentos? 

O meu telemóvel tocou. Olhei para o ecrã que indicava o nome "Mrs Styles". A Bea estava a ligar-me.

#Chamada ON#

- Hey... - Disse eu, tentando soar normalmente.

- Olá Drika... O Harry acordou. Está com amnésia mas acordou... Achei que irias querer saber. - Disse ela e eu pude ouvir as suas lágrimas do outro lado do telemóvel. Algo estava errado.

- Ok, princesa. Estou aí em 10 minutos. - Disse eu.

#Chamada OFF#

Nem me preocupei em arranjar-me e saí de casa em direção ao hospital, em direção ao meu melhor amigo que, mesmo que estivesse com amnésia, era o único capaz de me alegrar o dia.

Louis POV

Quando cheguei ao hospital, fui recebido por uma Bea de olhos vermelhos. Ui, o acordar do Harry não devia ter sido nada agradável. Entrámos no quarto dele e ele olhou-me confuso.

- Harry! Já tinha saudades tuas, meu! Como foi passar quase uma semana inteira a dormir? Aposto que tiveste imensos sonhos tarados com a tua Bea. - Disse eu, com um sorriso.

- Desculpa, não sei do que estás a falar. Quem és? - Perguntou ele, e aí eu lembrei-me que ele estava com amnésia. 

Pensava que ele se iria lembrar de mim... Eramos amigos há anos, melhores amigos e praticamente irmãos... Como é que ele se esquecera de mim?

- Bem, eu sou o Louis, o teu melhor amigo. - Respondi, tentando não me deixar ir abaixo, por mais que doesse que o meu melhor amigo não se lembrasse de mim. 

- Desculpa... Eu não me lembro de vocês... eu sei que vocês me devem achar horrível mas eu não consigo lembrar-me... - Disse ele, com lágrimas nos olhos.

- Harry, então... Não faz mal, não tens culpa... Já te disse que te vou ajudar a lembrar e sei que o Louis e os outros também vão. Temos apenas de ser pacientes. - Disse a Bea, sorrindo levemente para o Harry.

- Sim, não te preocupes... É só o choque de não te lembrares de nós mas eu sei que isso vai passar, não te preocupes. - Sorri ao meu melhor amigo que tinha a confusão e a preocupação espelhada no rosto.

- Eu devo ter-te amado imenso para tu continuares do meu lado mesmo depois de eu ter amnésia e não me lembrar de ti... Tenho a certeza que se eu não te amasse como mereces tu não estarias aqui. - Disse o Harry a olhar para a Bea.

- Sim, amaste-me muito. E eu sei que ainda me podes vir a amar outra vez. - Disse a Bea e uma lágrima caíu dos seus olhos. - Mas agora tens de descansar, não vamos pensar nisso. - Ela sorriu.

- E tu... Presumo que eu tenha sido um bom amigo para ti para estares aqui a apoiar-me e a aguentar o facto de eu não me lembrar do meu próprio melhor amigo... - Disse ele, agora a olhar para mim.

- Nã, eras um péssimo amigo mas como eu sou um excelente amigo vim apoiar-te à mesma. - Brinquei. Não conseguia estar sério quando o ambiente estava tão tenso. - Estava a brincar. Sim, eras um ótimo amigo. E um tarado. - Ri. - Mereces o melhor do mundo e eu nunca iria abandonar o meu irmão de outra mãe numa altura tão complicada como esta. 

- Obrigado. - Foi tudo o que ele disse, e sorriu.

Custava-me ver o meu melhor amigo assim. Não queria mesmo nada vê-lo naquele estado. Ele até se esquecera do amor que sentia pela Bea, coisa que eu achava impossível... Será que ele algum dia iria voltar a lembrar-se de nós?

Alex POV

Já há imenso tempo que não estava com as miúdas. Desde o aniversário da Inês, mais precisamente. Tinha conhecido os 1D nesse dia, foi incrível. Eu e o Luís estávamos melhor que nunca e eu já não me imaginava sem aquele rapaz com aspeto de badboy. 

- Amoooooooooor, acabaram as batatas fritas. - Gritou o Luís da cozinha, fazendo-me rir.

- Vais ficar gordo se continuas a comer assim. - Disse, entre gargalhadas, a entrar na cozinha. Fui até ao armário e tirei um pacote de batatas fritas. - Toma lá oh. Tens de procurar melhor.

- És a minha salvação, loirinho. - Disse-me ele, abraçando-me pela cintura.

- É, eu sei. Tu amas-me. - Disse eu, beijando-lhe os lábios.

- Então e as tuas amigas? - Perguntou ele, quando nos afastámos.

Suspirei. Tinha mesmo saudades de estar com as miúdas. Sabem, elas tinham-se tornado mesmo importantes para mim... Naquele dia no avião, quando nos conhecemos, elas foram cinco estrelas e nem se importaram com o facto de eu ser gay... e quando eu lhes apresentei o Luís, aceitaram-no sem problemas e desejaram-nos a maior felicidade. E quando conhecemos os 1D na festa de aniversário da Inês?! Meu deus, elas ameaçaram os meninos de acabar com eles se eles tivessem algo contra o facto de eu ser homossexual e de estar com o Luís. Claro que eles se riram e disseram que era na boa e que elas não precisavam de se preocupar com isso. Sei lá, elas sempre me apoiaram e defenderam desde o momento em que nos conhecêmos. Até a Danika, aquela que ia mais anti-social no avião e que eu pensava que nunca iria gostar de mim, se tinha tornado uma excelente amiga minha...

- Não sei... Nunca mais falámos... Só li nas revistas que elas e os meninos andam com problemas... - Suspirei.

- O Harry foi atropelado... - Disse-me ele, a medo.

- O QUÊ? - perguntei, afastando-me bruscamente dele, preocupado.

- É... Não sei mais que isso, mas ele está no hospital... - Disse ele, segurando-me a mão.

- Oh meu deus, as meninas devem estar de rastos. Temos de ir vê-las, Luís! - Exclamei.

- Claro, príncipe. Mas primeiro tens de te vestir porque eu não quero que mais ninguém te veja de boxers. Essa visão exclusiva é só pra mim. - Disse ele com um sorriso e beijou-me suavemente.

Ri-me baixinho, sentindo-me corar, e fui-me vestir. Como assim, o Harry tinha sido atropelado? Porque é que ninguém me tinha dito nada? Oh, que parvo, elas deviam estar tão stressadas que nem se lembraram de avisar ninguém. E eu poderia ter descoberto mais cedo se tivesse ido à net, de certeza. Só queria correr pra elas e abraçá-las a todas. Especialmente a Bea e a Adriana que deviam ser as que estavam a sofrer mais, sendo que a Bea era a namorada do rapaz de olhos verdes e a Adriana a sua melhor amiga... 

- LUÍÍÍÍÍÍSSSSSSS! VAMOS EMBORA! - Gritei quando cheguei à porta e percebi que ele ainda estava a comer.

Ele apareceu a correr, com o pacote de batatas fritas na mão, e eu revirei os olhos. Saímos e metemo-nos no carro em direção ao hospital. Em direção às nossas amigas que precisavam do máximo apoio que pudessem arranjar. E eu queria poder estar lá para lhes dar o máximo de apoio possível.