Harry POV

Eu não sei o que me deu mas eu disse àquela rapariga, a Bea, que ela estava linda... Beatriz... O seu nome não era nada comum em Inglaterra e então eu perguntei:

- VOCÊS SÃO INGLESAS?

- NÃO, PORTUGUESAS. - Disse a Bea com um sorriso envergonhado.

Pode parecer estranho mas nunca falei muito com Portuguesas. sim, estivemos em Portugal para dar um concerto mas com aquela confusão das miúdas a meterem-se à porrada mesmo ali na sala de autógrafos estragou tudo e foi-nos impossível falar com as fãs. Tudo o que falámos antes disso foi "Oh, como te chamas?" e "estás boa?" e o básico. Tudo em inglês, claro, já que Português não era o forte de ninguém. Acho que o Niall e o Zayn queriam aprender aquela língua só pela piada mas eu não. Já me chegava o francês. 

- HEY, A ELEANOR E EU VAMOS DAR UM PASSEIO LÁ FORA DURANTE UM BOCADO, OKAY? DIVIRTAM-SE, NÓS JÁ VOLTAMOS! - Disse o Louis, agarrando a Eleanor pela cintura.

- NÃO ME TROQUES, BOOBEAR! - Brinquei.

- NUNCA! - Foi tudo o que ele disse a rir e depois foi embora com a sua menina. Eu gostava mesmo de os ver juntos. Louis era como um irmão de sangue para mim, era o meu melhor amigo, e a Eleanor era uma miúda cinco estrelas que o fazia mais feliz que sei lá o quê. Meu deus, eles eram o casal mais fofo de sempre, que gay né? Mas eles eram...

Olhei para as miúdas e elas estavam a rir que nem umas perdidas.

- QUAL É A PIADA? - Perguntou o Zayn. Ele ainda não tinha parado de olhar para a morena mas notava-se que estava um pouco desconfortável...

- NÓS SEMPRE SONHÁMOS ESTAR COM VOCÊS E VER O LARRY STYLSON EM AÇÃO. - Respondeu a Drika a rir.

Nós também rimos, afinal, a minha relação com o Louis era mesmo engraçada e gay. Passados uns minutos, as meninas foram para o centro da sala, que já não tinha mobília nenhuma uma vez que nós a tiramos toda para a festa, e começaram a dançar. Bem, aquela Bea era realmente uma gata! Claro, era mais nova e eu gostava era de mulheres mais velhas - bem mais velhas, tipo a Caroline! - mas tenho de admitir que a Bea era linda e mexia comigo... talvez a convidasse para sair depois disso. Mesmo que não tivessemos nada, podíamos ser amigos, né?

Danika POV

Eu estava a ignorar o Zayn ao máximo. Talvez não fosse correto mas eu tinha uma vontade de o beijar ali no meio daquela festa que nem sabia como me estava a controlar... e ele tinha a Perrie, eu sabia disso e eu não era nenhuma vadia para andar aí a beijar o namorado das outras, especialmente depois de saber o que era ser traída, por isso decidi ignorá-lo. E podia ser mais fácil se ele parasse de olhar para mim! Raios me partam, foi má ideia vir a esta festa...

As meninas foram dançar para o meio da sala, no meio das outras pessoas que lá estavam a dançar ao som da Elephant - Alexandra Burke. Ao início eu juntei-me a elas mas acabei por me afastar, pegar num copo de vodka e ficar encostada à parede a vê-las dançar que nem loucas. Elas estavam felizes ali... Porque é que eu não podia estar também? Porque é que eu era a otária que ficava presa ao passado e que não conseguia esquecer? As palavras do Rafa ainda estavam na minha mente. Eu não conseguia entender como é que uma relação assim tinha acabado como acabou, não entendia como é que o Rafael - que sempre me pareceu aquele menino inocente, querido, leal, honesto... - tinha conseguido dizer aquelas palavras tão frias e, ainda por cima, levantar-me a mão. Eu sei que lhe bati primeiro mas ele nunca fora miúdo de bater em raparigas... aquilo só ajudou a deixar-me ainda mais deprimida do que eu já estava. Nunca pensei que o Rafa pudesse ser assim e... minha deusa, eu odeio isto. Não quero voltar à minha depressão da qual saíra há pouco tempo mas cada vez me parecia mais que ia voltar a estar enfiada em casa o tempo todo, saíndo apenas para as aulas - que só iam começar daqui dois meses, em Setembro - ou para trabalhar... Podem achar que sou piegas mas experimentem perder o rapaz de mais amaram e a vossa melhor amiga no mesmo dia, juntar as dificuldades financeiras dos vossos pais, que podiam não ser graves mas mesmo assim, e ainda o facto de terem de ter ótimas notas e passarem o tempo todo a estudar e os testes não correrem bem... stress e coração partido é uma péssima combinação que leva a uma depressão que não desejo a ninguém.

- HEY, QUE FAZES AQUI SOZINHA? - Perguntou alguém ao meu lado, arrancando-me dos meus devaneios. Olhei para cima, sobressaltada, e era o Niall.

- ESTOU A DESCANSAR, ANJO IRLANDÊS. - Forcei um sorriso.

- OOPS, ALGUMA COISA NÃO ESTÁ BEM. ANDA LÁ FORA. - Ele puxou-me pela mão até lá fora e, depois de suplicar para que ele me deixasse ir buscar mais vodka e ele deixar, lá fui atrás dele lá para fora.

- Uau, os meus ouvidos estão a fazer zumbidos agora que já não estou lá dentro com a música a bombar. - Disse eu para mim mesma já que ainda não me conseguia ouvir bem a pensar. Ainda se ouvia a música alta mas pelo menos já não precisávamos de gritar para nos fazermos ouvir.

- Vá, que se passa? - Perguntou o Niall, sentando-se num dos bancos do jardim (enorme) da casa. A lua, que banhava o jardim com a sua luz prateada, dava ao local uma aparência digna de conto de fadas, se não fosse a música alta a vibrar no interior da casa.

- Nada, anjo irlandês. - Respondi, depressa demais.

- Olha, eu sei que nós não nos conhecemos bem mas... - Começou ele

- Eu conheço-te muito bem, loirinho. Tão bem que sinto que és um irmão. - Interrompi-o a rir e ele corou.

- Obrigado...

- EDe nada, estava a ser honesta.

- De qualquer maneira... EU não te conheço bem, - recomeçou ele, piscando-me o olho. - mas podes contar comigo, podes desabafar...

Eu levantei-me do banco e deitei-me na relva, sem me preocupar se sujava o meu vestido lindo ou não.

- Alguma vez foste traído, Niall? - Perguntei, observando as estrelas. Pergunto-me se a Deusa me observava daqueles pontinhos brilhantes lindos e misteriosos... Será que fora ela que as criara? Por mais poderosa que a Deusa pudesse ser, duvido que ela conseguisse criar tamanha beleza como aquela que eu via no céu noturno de hoje.

- Não... mas...? - Ele disse, sugerindo uma pergunta que eu sabia que ele não se ia atrever a fazer.

- Sim, eu já. Pelo meu ex-namorado e a minha melhor amiga. - Soltei uma risada triste. - Apanhei-os na cama. 

- Lamento...

- Eu não. - Disse eu, firmemente. - Sabes, prefiro estar solteira e sem amigos a ser comprometida e ter gente falsa à minha volta. Claro, eu tenho amigas não é, não penses que sou uma forever alone, porque não sou. Aquelas três miúdas que estão lá dentro, incluindo a tua Curly, são as minhas irmãs de outra mãe e eu confio-lhes a minha vida... mas torna-se difícil confiar nas pessoas e estar feliz depois daquilo.

- Pelo menos já não estás com ele, já é bom... - Ele tentou ajudar, olhando para mim sentado no banco enquanto eu me sentava outra vez na relva.

- Talvez... mas a dor continua aqui. - Respondi, dando um meio sorriso, ao olhar para os olhos azuis daquele que eu sonhei ser o meu melhor amigo.

Niall POV

A morena estava encostada à parede, alheada da festa, como se nada estivesse a acontecer à sua volta. Tinha um copo na mão, mordiscando a borda deste. Fui até ela, parecia triste e então levei-a lá para fora na tentativa de a levar a desabafar. Nunca pensei que ela tivesse sido traída e que ainda sofresse por isso... Melhor, nunca pensei sequer que ela fosse desabafar comigo! 

Levantei-me, puxei-a por um braço, obrigando-a a levantar-se e abracei-a. Passado um bocado, comecei a sentir água cair no ombro onde ela apoiava a cabeça. Ela estava a chorar? Afastei-a um pouco e ela escondeu a cara.

- Hey, não quero que chores, Grega. - Disse eu, brincando com a impressão que ela dava assim vestida.

- Grega? - Ela olhou para mim confusa, entre as lágrimas.

- Sim - Ri-me. - Quando eu e os rapazes te vimos ficámos todos com a impressão que eras uma Deusa Grega. - Expliquei e ela corou levemente.

- Não sei se hei-de rir ou ficar envergonhada.

- ri-te, é uma grande palhaçada - Disse eu com uma gargalhada e ela riu-se também. Ótimo, já não estava triste! Odeio ver pessoas tristes, nunca sei como as animar.

- Bem, vamos lá para dentro que há uma festa a bombar e eu aqui a chorar. - Disse ela a rir. Depois num sussurro que eu presumi que não deveria ouvir disse: - Felizmente a maquilhagem é à prova de água se não eu já ia parecer um palhaço de filme de terror. - Não pude evitar e ri-me. - Não era suposto ouvires isso, anjo irlandês! - Ela riu.

- Ah, cala-te Nikky, vai lá para dentro. - Ri-me e entrámos. Juntei-me às miúdas enquanto a Danika foi buscar o seu terceiro copo de vodka. Aquela miúda ainda ia ficar bêbeda.

Inês POV

O Niall chegou com uma Danika de olhos vermelhos ao pé de nós. Ela desculpou-se, dizendo que ia só buscar uma bebida e pude ver o Niall olhar para ela preocupado enquanto ela ia em direção à mesa e enchia o copo de vodka.

- QUE SE PASSA, NIALL? - Gritei por cima da música.

- É O TERCEIRO QUE ELA BEBE. - Disse ele. 

- DESCANSA, ELA CONSEGUE BEBER UMA GARRAFA DE VODKA SEM SE EMBEBEDAR. - Disse eu a rir. Nesse momento a Danika voltou, começando a dançar comigo.

Eu queria lá saber das coisas más da minha vida! Esta noite estava um espetáculo, eu e as meninas tínhamos dançado a noite quase toda. Eu, que não gostava muito de festas, estava a divertir-me imenso. Meu deus, nós eramos as rainhas da festa, sem querer gabar-me ou assim, eramos mesmo! E eu sentia-me bonita. Não era só bonita, sabem... eu sentia-me deslumbrante pela primeira vez na vida. Sentia que prendia a atenção dos rapazes, que prendia a atenção do Niall... Acho que isso era o melhor, acho que isso era aquilo que me subia a auto-estima de uma forma que ninguém consegue sequer imaginar.

De repente, uma música calma começou a tocar e eu olhei para a aparelhagem. O Louis estava lá com a Eleanor e gritou:

- QUERO TODA A GENTE AOS PARES, VAMOS DANÇAR UM SLOW! - Com isto, uma única palavra veio à minha cabeça: FUDEU!

- Hum... Aceitas dançar comigo, Bea? - Ouvi o Harry perguntar. A Bea, completamente babada, só assentiu com a cabeça, completamente passada, e o Harry levou-a para dançar.

- Curly... - A voz do Niall captou a minha atenção. - Danças comigo? 

- Claro! - Disse eu com um sorriso.

Ele puxou-me para o centro da sala e meteu as mãos na minha cintura. Eu devo admitir que não sei dançar. E quando eu digo que não sei dançar é porque não sei dançar mesmo. Parecia que tinha dois pés esquerdos ou assim. Meti os braços à volta do seu pescoço e deixei a minha cabeça encostar-se no seu peito quando senti o cansaço da noite longa apoderar-se de mim. Só agora via o quão cansada eu estava de tanto dançar e rir com as meninas.

- Eu não sei dançar. - Disse eu ao Niall. Não precisava de falar alto porque a música calma estava baixa o suficiente para nos ouvirmos.

- Nem eu. - O Niall riu-se. 

Agora que penso bem na festa, acho que o Louis fez aquilo de propósito para me juntar a mim e às meninas aos rapazes porque lembro-me de olhar em volta e vê-los todos aos parzinhos e pensar "afinal a noite correu melhor do que pensávamos". 

A noite chegou ao fim, infelizmente, e desta vez todos os rapazes, juntamente com a Eleanor, foram levar-nos a casa. A Danika já estava com uns copinhos a mais, apesar de ainda conseguir andar direito e conseguir pensar. Bem, ela normalmente não pensava muito né, mas ela ainda estava no seu estado normal, apenas um pouco "alegre".

- Obrigada, meninos, divertimo-nos imenso! - Disse a Adriana. - Adeus, Liam. 

Adeus, Liam? Okay, a baixinha tinha MUUUUUUUUITO que explicar. Aquilo foi mais do que "oh, adeus meu idolo e grande paixão da minha vida", aquilo foi mais um "a nossa noite foi especial, espero repetir em breve" e que eu me lembre, não tinha visto nada de especial mas talvez eles tivessem conversado algo em especial. 

- É... adeus. - Disse eu, arrancando-me a mim própria dos meus pensamentos fofoqueiros.

- Esperem... os vossos números! - Disse a Eleanor.

Todas demos os nossos números à El e depois de nos despedirmos entrámos em casa. Mal cheguei ao meu quarto, nem tirei a roupa, joguei-me para cima da cama e adormeci na hora. Só me lembro de sonhar com o Niall a passear comigo num jardim sob o céu estrelado.