Holding Skies escrita por DiraSantos


Capítulo 6
Quando Nada Mais Pode Dar Errado, dá TUDO Errado, né Luke?


Notas iniciais do capítulo

Bilhões de anos depois eis que eu retorno
Boa leitura gente, se ainda estiverem por aí '-'



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Capitulo Cinco: Quando Nada Mais Pode Dar Errado,

dá TUDO Errado, né Luke?

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.Narradora.

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—Não sei, não Gray... Eu realmente acho que você devia ir à enfermaria — Resmungou Melissa do seu lado. Seth bufou e lançou mais um punhal errando por muitos metros o alvo. Mas agora ele estava mais relaxado. Mell estalou a língua e correu aos saltitos para pegar o punhal, voltou logo depois com os cabelos cacheados lhe cobrindo o rosto bronzeado.

—Sua mira é pior do que seu dedo pra garota Gray — Seth franziu os lábios e as sobrancelhas para a menina, ela tinha dezesseis anos. Quem era ela pra falar alguma coisa? A verdade é que Gray tentava se lembrar direito quando exatamente havia dado liberdade o bastante para aquela pirralha dar pitacos na sua vida amorosa.

E o pior era que ele não lembrava.

—Há quanto tempo mesmo eu falo com você? — a garota levantou os olhos enormes e castanhos dando de ombros, pegou velocidade e lançou o punhal bem no alvo. Melissa deu de ombros.

—Sei lá há umas duas semanas.

—Hum e quando mesmo que eu pedi sua opinião sobre a minha vida pessoal? — Melissa era uma garota legal, bem mais simples do que a maioria das garotas e com certeza bem mais simples que Sury, mas o problema dela era que a garota era indiferente aos outros e que tinha a mania de falar coisas que ninguém queria ouvir. Mell deu de ombros e limpou o All Star encardido na calça rasgada e larga.

—Ham... Quando a Danna começou a ficar grudenta e você me pediu para dar um jeito nisso, só por que eu sou a melhor amiga dela. Na boa, não sei o que ela vê em você — Seth encarou a menina enxerida. — Não, é sério! Não me leve a mal, mas o que você tem de especial? Eu sou de L.A, conheço meia dúzia de surfistas mais bonitos que você.

—E quem perguntou isso? — por que ela não cala a boca? Pensou o moreno, mas a verdade era que ele até gostava da companhia dela. Mell, diferente da maioria das garotas, como as amigas de Sury, parecia ser “imune” a ele, na verdade Seth quase suspeitava que Melissa tivesse nascido no corpo errado, só pela maneira que se vestia e que parecia ter alergia a compromissos... Bem ela só podia ser um cara; um cara em um corpo de garota.

A garota deu de ombros mais uma vez e bocejou.

—Ninguém, até por que você que me chamou aqui, lembra? Aliás o que você quer? Ally e eu vamos jogar Call of Duty com a Joan — Seth suspirou e foi se encostar-se ao murinho de pedra da Arena, Melissa em vez de agir como uma garota normal e se sentar do seu lado e oferecer seu ombro como qualquer menina faria, ela se jogou no chão a sua frente, no chão, na grama, sem se importar.

Se bem que ela anda com uma camisa do Mestre Yoda manchada, por que ligar para a grama? Gray suspirou e encarou a menina na sua frente.

—Você tem certeza que não é um cara?

—As pessoas me perguntam bastante isso, sabe?

—Imagino que sim... — o moreno suspirou — Na boa, por que eu chamei você?

—Ah, já até vi, tem alguma coisa haver com a caçadora não é? O que foi dessa vez? — Era por isso. Melissa parecia adivinhar as coisas então isso poupava tempo. Gray contou um pouco da historia, sem saber direito o porquê Hades estava conversando sobre aquilo com essa garota. Mas ai ele se lembrou de que só tinha amigo idiota, uma irmã casada e uma mãe tatuadora.

Mell ouviu tudo com muita atenção e por fim coçou os cabelos desorganizados que, o que achava ser culpa da menina ser filha de Apolo, ficavam bem nela.

—Bem, parece que vocês se acertaram, não é? Quer dizer, desde a onda da praia, pelo o que você contou ela deu a mancada e você também, ai vocês tentaram conversar ai começaram a se estapear de novo e agora vocês finalmente conversaram e chegaram ao que todo mundo já sabia: Vocês. Não vão. Ficar. Juntos.

Tão delicada... E ela continuou sem a menor piedade:

—Pelos motivos óbvios: o pacto esquisito, você ser um garoto, ela vive fazendo merda... Enfim, só puseram um ponto final. Se bem que eu acho que isso não ia dar certo desde o começo.

—O quê?

—Olha Gray, tá escrito na sua cara que o maior compromisso na sua vida foi de cuidar da mascote da sua sala no jardim da infância, pode até ter namorado, mas aposto que não gosta de andar de mão dada, agarramento em publico te deixa irritado. Você não é romântico, Seth e por mais que essa Sury seja estranha também, duvido que ela não goste de mãos dadas essas coisas. Ela uma garota.

—E você é uma cara? — ele não podia evitar. Tinha que pegar no pé dela.

Melissa balançou as mãos no ar como se não ligasse.

—Eu sou um caso a parte. Tenho dois irmãos mais velhos e fui criada com três primos, fiquei imune a esse tipo de coisa. Mas o caso é quê foi à coisa mais certa que vocês já fizeram — se esticou um pouco e deu uma tapinha no joelho do moreno. — Você agiu como homem, pela primeira vez na vida.

Gray olhou bem para menina na sua frente. Por mais que detestasse, às vezes demais, o jeito que ela explicava as coisas ela estava sendo lógica as coisas tinham acabado quando eles haviam transado. Seth respirou fundo e deu de ombros. Não era um cara sentimental e com certeza não era romântico então simplesmente aceitou.

Sury não era para ele e seguiria em frente. Esticou a mão para Melissa que se içou e o convidou para jogar Call Of Duty, Gray aceitou, mas os planos mudaram no meio do caminho, estava sendo apresentado a Alice Millax, uma garota com “uma comissão de frente assustadora” como diria Púlox quando uma sombra magricela apareceu atrás dele.

Seth deu um salto quando sentiu a mão gelada no seu ombro. Xingou alto e se virou para soltar mais alguns palavrões, mas achou Velkan sério.

—Vem comigo — disse seco e se virou. Gray foi, afinal como todos ele tinha algum juízo na cabeça. Eles nunca foram de conversar muito, mas Velkan tinha tudo para ser um cara legal, ele não perturbava como Miguel, nem era intrometido como Púlox. Só era estranho demais.

—Aconteceu alguma coisa? — Arriscou uma pergunta. Velkan se virou para Seth, os olhos amarelos opacos.

—Você ainda liga para Sury? — Seth Demétrius Gray nunca gaguejara na vida, até aquele momento. Soltou coisas como “Ah, gã, hein?” até conseguir dizer alguma coisa de verdade, mas sua voz saiu esganiçada demais, como se estivesse engolido um gato.

—E o quê tens haver com isso?

—Sury está... mal. E pra variar está chorando — isso foi uma acusação? Pensou Gray — estou chamando a todo mundo que possa se interessar e dando porrada em quem não. É o que eu faço. Então Gray, você liga ou não liga?

Velkan encarou bem o moreno, o punho magro procurando a soqueira inglesa no bolso interno da jaqueta de couro sintético. Fazia algum tempo que Gray vinha lhe dando nos nervos. Velkan era da crença que ninguém machucava sua irmã, e o conceito de “irmã” havia curiosamente se estendido por um seleto grupo de garotas. E Sury estava incluído nele. Gray assentiu.

—Eu ligo, sim — se ele estava sendo sincero ou não, bem, Velkan não acreditou, apenas virou as costas e saiu andando com Gray nos seus calcanhares, relativamente assustado, tanto com a reação de Velkan que para todos os efeitos não gostava de ninguém, como por ter descoberto que, por mais que detestasse admitir, começava a entender o medo platônico que todos sentiam pelo cadavérico Velkan Stark

.

.Sury Carpe.

.

—Primeiro achei que era você, mas depois vi que não era você.

—Ela é mais bonita, a Blythe — cortei a ruiva, sentindo os olhos de Miguel e Velkan no meu rosto, esperando que fizesse alguma coisa. Era um desenho muito simples, uma aquarela pela metade. Havia uma mulher de vestido grego flutuando a cima de Luke que carregava a katana da minha irmã na mão direita. Era Blythe sim. Os cabelos negros supersedosos balançavam no vento. Era ela, como havia visto no meu sonho.

Só percebi que estava chorando quando Miguel me pegou pelos ombros e me abraçou, senti a mão e Velkan no meu braço enquanto ele se virava para Rachel muito sério, mais do que o normal, mesmo sendo ele.

—Já mostrou isso para Quíron? —Rachel assentiu.

—Aham, já o chamei assim, mas achei que tinha que chamar você, Sury... Ela é sua irmã não é?

—É sim — abri um sorriso — valeu Rach. —Ela assentiu para mim com um sorriso de desculpas. Ela estava com pena. Engoli a seco, para não falar nada e dei um puxão leve na camisa de Killian, dizendo em voz baixa que iria dar uma volta sozinha. Ele me olhou como seu fosse um alien, examinou meus olhos, testou minha temperatura para dizer:

—Você nem caiu de cabeça para achar que vai ficara sozinha agora, não é? Até parece, né fofa? — ele desmunhecou — Minha BFF nunca vai ficar forever alone, num momento desse, tá louca? Nããão mesmo. Para com a tua graça — e me apertou mais forte e começou a me arrastar para longe sem me largar. Velkan veio logo atrás.

O caminho inteiro até onde quer que ele estivesse me levando Killian veio fazendo piadinhas horríveis e algumas de muito mau-gosto e brincando com nosso colares. Eu já tinha parado de choramingar quando os outros chegaram e também estava decidida a parar de chorar.

Eu realmente tinha que parar, aquilo estava ficando ridículo.

Certo, já estava ridículo há muito tempo.

Bem, fosse o que fosse Velkan contou a todos o que havia acontecido evitando falar o nome de Blythe. Ao fim da coisa toda eu não tive tempo para responder as trezentas milhões de perguntas que lançaram pra mim por que Quíron e Thalia, acompanhados de Rachel, apareceram. Thalia olhou para Luke de forma ejetada e dura, mas não parecia... Hostil, de qualquer jeito Luke franziu a boca e ergueu os olhos para o centauro.

Não tem um jeito fácil de dizer como isso me irritou, mas irritou; e muito.

Me levantei da rede e cruzei meu braço com o de Luke. O loiro abaixou os olhos azuis um pouco surpreso. Pisquei pra ele e depois para Rany. Castellan respirou fundo e sustentou meu braço. Crowfford piscou uma vez e abriu um sorriso agradecido.

—Venham, os dois — chamou o centauro olhando de forma desconfiada para nós.

Franzi o cenho.

—Alguma nova exigência dos... vôs? — Questionou Miguel fazendo meio mundo revirar os olhos.

—Nada que lhe interesse — replicou Thalia. Miguel, como um rapaz maduro arremedou o que ela falou com uma voz ridícula o que melhorou meu humor e acho que o do Cicatriz também. Quíron olhou para Miguel, mas não estava sorrindo. Nenhum pouco.

—É melhor irmos — disse o loiro e se abaixou para dar um beijo doce em Rany. Desviei os olhos e vi Seth me encarando muito de leve. Apertei os lábios e dei um puxão em Luke para irmos de uma vez.

E assim que chegamos à casa grande fomos quase enterrados no sofá, mas Thalia me ergueu pela gola da camisa e me lançou contra a poltrona.

—Vocês estão do lado de Cronos, não estão?! — Berrou levantando um punho para me dar um soco. Arregalei os olhos mais ainda e lhe dei um chutão no estomago.

Você ta ficando doida? — Berrei de volta — se eu estivesse do lado de Cronos não teria me dado o trabalho de aceitar esse trato de virgindade ridículo!

—Podia estar tentando passar por um de nós — atirou ela me encarando com os olhos azuis escuros de tanta maquiagem.

! Acredite querida, eu nunca me passaria por uma caçadora, pelo amor de Afrodite, por que diabos eu ficaria com vocês tendo o acampamento?!

Lady Artemis é uma das únicas deusas que ficam na terra seria mais fácil achar uma brecha e atacá-la e a partir daí fazer uma emboscada de...

EU NÃO ESTOU DO LADO DE NINGUÉM! — Gritei — sabe o que eu daria para NUNCA ter ajudado Percy e os outros o Central Park?! O que eu não faria para ter Blythe de volta?! Faria qualquer coisa, tudo bem?! Mas eu tenho uma coisa chamada caráter que eu não puxei pra esse lado bosta da família! Não tô de lado nenhum, só quero seguir em frente. Não posso mudar o passado e não posso trazer minha irmã de volta. Eu sei disso.

O silencio ficou mais pesado, Thalia ainda bufava, com os punhos magros trêmulos de tão apertados, mas quem fez a pergunta de um milhão de dracmas foi Luke:

—Não pode trazer ela de volta? — Olhei para ele. Eu via uma doçura e gentileza entranhadas naquela cicatriz que parecia que ninguém além de Rany via. Assenti e amarrei meu cabelo em um coque apertado.

—Não, não posso.

—Mas você me trouxe de volta — insistiu.

—É, mas você queria voltar, Blythe me mataria se eu tentasse trazê-la de volta — expliquei me lembrando do seu rosto e do que Ash havia dito sobre elas nunca perdoarem desvios do destino. Blythe queria estar morta por que achava que devia estar morta, que era seu destino. Parcas imbecis.

Meus olhos começaram a arder, mas me segurei. Desde que tinha chorado com Peg no último verão eu estava fora de controle. Quíron, que encarava a briga sentado em sua cadeira de rodas, finalmente se aproximou e tocou no ombro de Thalia, que ainda não parecia acreditar em mim.

Parecia pronta para me esganar e eu sabia muito bem que ela lutava melhor que eu.

—Está tudo bem, Thalia.

—Não, não está não Quíron. Você viu aquele desenho? Sabe o que aquilo significa?

—Sei muito bem, não ache que não estou preocupado — Thalia arregalou os olhos para o tom mais duro da voz do centauro. Quíron me encarou. Perguntei-me se ele pegava leve comigo por causa de Ash, eu sabia que eles eram os amigos mais velhos que poderia existir, me senti um pouco melhor com isso, com o olhar do centauro. Quíron gostava de mim.

—Está irritada com ela por minha causa, Thalia? —Luke perguntou baixo, erguendo a cabeça e assustando todo mundo. Grace pareceu ter levado um tapa e girou a cabeça para o loiro e apareceu prestes a vomitar. Pensei no pouco que Luke havia me contado sobre o tempo que eles viviam juntos na rua. Devia ser horrível olhar nos olhos dela agora.

Não se ache tanto, seu idiota! Você só trouxe problemas desde que eu salvei sua vida! Você não fez nada direito, Luke! — O filho de Hermes ficou branco — pra quê eu sacrifiquei então? Como você ousou ficar do lado de Cronos?! Como OUSOU ter machucado Annabeth?! Você jurou proteger ela, lembra? VOCÊ JUROU!

De repente me senti uma completa intrusa e vi que o centauro também. Aquilo não tinha mais nada haver com o que estava acontecendo. Era as mágoas que Grace vinha guardando há muito tempo e, acho que ao ver Luke se portando como vitima... Deuses, aquilo era complicado.

—Você não significa nada agora, entendeu?! Você não é nada pra mim mais! Nem para Annie, fique longe dela e de mim! Isso não tem nada haver comigo, isso tem haver com o fato de VOCÊ SER UM TRAÍRA DE MERDA!

Luke nem estava respirando mais. Aquilo havia doído em mim e eu imaginei como estava sendo pra ele. O garoto levantou, algumas cabeças mais alto que Thalia com o rosto em um desamparo tão profundo que senti que todo o meu choro daqueles dias eram frescura.

—Me perdoa.

Eu o teria abraçado e chorado que estava tudo bem, mas Thalia não era bem assim. Ela arregalou os olhos e acertou um soco seu rosto. Bem onde estava a cicatriz. O lugar ficou vermelho e inchou quase que na hora. Perdi o ar com o barulho por um segundo e cobri a boca com a mão, no outro, por algum motivo, eu estava no meio deles dois, empurrei Thalia para longe e Luke para o sofá.

Ergui o dedo sentindo tanta raiva... Mais tanta raiva que estava tremendo.

—Se você encostar uma merda de um seu dedo nele de novo... Eu. Vou Quebrar. Seu. Braço — rugi. Ouvi Luke arfar nas minhas costas e me mandar ficar quieta e Thalia franzir o cenho e vir me peitar também.

—Não se mete, Carpe. Não tem nada haver com você.

—Você acha que ele te devia alguma coisa por salvar a vida dele? Ele salvou o Olímpio, pronto. Agora eu o salvei, eu o trouxe de volta. E você não vai apontar esse seu dedo pra ele — a probabilidade de eu estar falando merda era enorme. Gigantesca. Mas eu não pude evitar.

Quíron se meteu logo depois, mandando Thalia ir arejar a cabeça ou algo assim, mas ela não foi sem antes me acertar um soco. Me joguei ao lado de Luke expirando.

—Você não tinha que ter feito isso. Ela tava na razão dela e...

—E nada — cortei cruzando os braços. — Quem diabos ela pensa que é pra falar com você assim? Rum.— Luke abriu um sorrisinho de lado, mas abriu a boca enorme — olha, lembra o que eu te disse quando acordou? Sobre essa ser a sua segunda chance ou algo assim?

—Lembro.

—Então, a primeira vez já foi. Não fica se remoendo com o que aconteceu.

Você tá me falando isso? — Implicou erguendo uma sobrancelha. Lhe dei um soco no ombro.

—Eu te dei a luz. Sou praticamente a sua mãe. Então cala a boca — resmunguei quase irritada e estiquei a mão para a marca inchada no seu rosto, respirei fundo e senti meu estomago apertar, mas o inchaço diminuiu. Luke pareceu surpreso por um segundo e depois me abriu um sorriso agradecido.

Por que eu o tinha defendido? Bem, não sei. Só não acho que ela tenha direito de bater nele se nem eu, que o trouxe de volta, faço isso. Independente do passado deles. Bem, mas você não quer saber disso. Quíron finalmente começou a falar sobre o que tinha acontecido e o caso era quê: Luke era vital para a porcaria da missão.

O fundo da pintura era, na verdade, o Monte Otris o que queria dizer que ele tinha que ir à missão e o fato que Blythe ter aparecido era um jeito nada discreto dela me mandar para a forca, ou seja, faltava um. Ficamos muito tempo em silêncio e no fim o centauro achou melhor pensarmos nisso hoje à noite, na reunião dos conselheiros. O que era perfeito. Maravilhoso. Fodásticamente peeerfeito. Isso significava que eu já estava de partida. Saímos da Casa Grande abatidos, eu não queria ir embora.

Luke não ficava no chalé de Hermes por que não o queriam lá, e foi votado na reunião um pouco depois da minha ida com as caçadoras que Luke deveria ficar debaixo da vista do Sr. D e de Quíron por segurança. Luke me puxou pelo pulso na direção da praia. Se ele tinha afazeres não estava a fim de fazer, e eu era visita, não fazia nada.

Enquanto eu me sentava e abraçava os joelhos o loiro se jogou na areia de peito para cima.

—Bem, que dia alegre, não é? — Comentei sarcasticamente, Luke bufou, mas ficou calado. Um silêncio suspeito. Girei um pouco e vi Castellan olhando para o céu com um sorriso quase encantado no rosto, mas ainda tinha aquela tristeza entranhada nele.

Semicerrei os olhos.

—O seu dia foi alegre, não foi? — Ela abriu mais o sorriso.

—Rany pediu para namorar comigo.

Ela pediu? — Chiei. Ele riu e girou a cabeça para me olhar assentindo.

—Estranho, hum? — Pensei por um segundo no assunto. Não fazia muito o estilo de Crowfford algo do tipo, mas era verdade que ela agia de formas estranhas, induzia a todos a acabarem ficando com alguém, parecia algum tipo de mágica. E sobre Luke, bem, ela sempre pareceu muito interessada nele. Preocupada quase.

—Na verdade, não — murmurei mais para mim. Ele se levantou e me encarou, esperando a reposta. — Ah, é bem a cara dela de algum jeito. Ela se preocupou com você desde o começo, sabe? Foi a única que não ficou me olhando torto por ter trazido você de volta.

Ele me encarava surpreso.

—Ela... sério?

—Bem sério — sorri de canto. Ele olhou para baixo e passou as mãos nos cabelos loiros. De novo me peguei com aquele sentimento de proteção. Eu queria que ele ficasse com Rany, queria sim, ela era boa pra ele e além do mais...

Espera. Boa pra ele? Eu tinha pensado nisso mesmo?

O quê eu sou? A mãe dele?!

Franzi o cenho e percebi que de um jeito esquisito eu me sentia meio mãe dele sim. Meio responsável por ele. Luke me tirou desses pensamentos quando estalou os dedos na frente do meu rosto, pisquei e abri um sorriso pequeno.

—O que você disse?

—Perguntei como Thalia está. Digo, desde... Uau, eu não faço ideia de quanto tempo eu estava...

—Morto? —Alfinetei irritada. Castellan se afastou um pouco.

—O que foi?

—Você ainda é afim dela, Luke? Da Grace?

Ele não respondeu. Respirei fundo e puxei sua gola, nossos narizes se encostaram.

—Olha aqui se você ainda gosta dela, ótimo, mas trate de avisar Rany sobre isso, tudo bem? Eu te trouxe de volta e posso muito bem te mandar para o Tártaro. Ouse machucar a cupidinha que eu juro que os Campos de Punição vão parecer brincadeira. Ouviu bem?

Seus olhos de surpresos ficaram desolados de novo. Culpados.

Do jeito que eu não queria que ele ficasse.

—Ouvi — disse coma voz rouca.

Engoli a seco e o soltei.

—Ó-ótimo — engoli a seco outra vez e não aguentei. — Não faz essa cara.

Luke piscou e girou um pouco a cabeça, como se não entendesse.

Essa cara — expliquei. — Essa coisa que você faz com os olhos. Deuses, você não tem que se sentir tão mal por qualquer coisa, já não basta por tudo o que passou? Ainda tens que ficar se odiando? Para com isso tá bom?

Ele estava surpreso.

—Como...?

—Eu não sei. Não sei como eu sei que você está se sentindo menos que a árvore-banheiro da Sra. O’Laery. Deve ser o laço esquisito que o papai falou. Não tenho ideia. Só tô dizendo que é horrível ver você assim tá bom? Sei que deve ser uma droga ser o Traidor do Olímpio e coisa e tal, mas eu não trouxe você pra ter uma vida assim.

—Sury, não tem por que se sentir culpada por minha causa.

E você acha que eu não sei?! —Consegui o fazer rir um pouco.

Mas... não é como se eu tivesse escolha. Talvez o laço estranho que Ash tinha falado tivesse algo haver com essa culpa, mas eu sabia que parte da culpa disse era minha mesmo. Luke queria voltar, mas... Era certo trazer ele de volta? Talvez esse mundo o estivesse matando por dentro, talvez... Talvez ele devesse ter ficado. Não. Eu não podia deixá-lo no Campo das Punições. Ele era o herói, se fosse pra ficar morte que fosse para os Elíseos. Suspirei e peguei sua mão.

—Deve ser uma droga. Ter feito tudo aquilo e ainda ser o excluído — ele pôs a mão por cima da minha com um sorriso desolado de novo. Com tanta culpa que eu não pude evitar e o abracei. Castellan passou o braço no meu ombro.

—Fiz muita coisa errada. Não dá pra culpar ninguém. Já me dou por satisfeito que Miguel não me odeie, não os outros.

—Eles não podem odiar você. Eles nem te conhecem.

—Mas conhecem a história.

—Mas você não é o vilão.

Aquele sorriso horrível de novo.

—Sou sim.

—Não, não é. É tudo culpa de Cronos.

—Bem, posso não ser o vilão, mas foi quem quase o trouxe de volta. Ou quase — eu estava começando a odiar a facilidade com que ele estava colocando a culpa nele próprio. Eu sabia. Viver o que viveu e depois passar sabe-se lá quanto tempo sofrendo no Hades pode fazer qualquer um acreditar que a culpa é sua.

Luke estava tão debilitado psicologicamente que nem fazia ideia disso.

Apertei meu abraço.

—Se Percy diz que você é o herói, talvez deva acreditar.

—Isso é um bom ponto de vista — disse com um sorrisinho na voz, como que para encerrar a conversa. Ficamos ali um pouco. Bem pouco por que Thalia apareceu atrás de mim, cuspiu na areia quando viu Luke e me chamou para uma droga de treinamento de arco e flecha. Eu quis enterrá-la de ponta a cabeça, mas Luke me disse para ir, que ficaria bem e pensaria sobre o que eu disse sobre Rany.

Torci a boca para o lado, mas fui, mas lhe dei um beijo nos cabelos antes de ir, segurei seu queixo e o encarei como Blythe costumava fazer quando eu chegava da escola com o olho roxo ou com um ombro descolado por causa de brigas nas escolas.

—Você não é o errado — falei como ela. — Você não é o vilão da história.

Ele não respondeu e eu não fiquei lá para esperar, fui até Thalia e cruzei os braços e fiquei encarando. Me perguntei se as mães tinham esse sentimento, de querer dar um soco em todos que fazem mal para seus filhos. Ela ergueu uma sobrancelha.

—Vai na frente — ela ergueu a sobrancelha mais uma vez. — Não vou te deixar sozinha perto dele.

Ela pareceu irritada e começou a andar. Eu sabia bem o que era aquilo. Quem queria ser fraca na frente de alguém que é importante? Por mais que Grace não admitisse eu sabia que Castellan era importante. Eu conhecia a história. Ou parte dela, pelo menos.

—Pare de dar uma de mãe pra cima dele, você não é mãe dele— resmungou a passos largos.

—Eu sei que não sou mãe dele e como eu ajo não te interessa — disparei. Thalia parou com os olhos azuis soltando faíscas.

—Você sabe o que ele fez?

—Sei.

Ela apertou os lábios, como se segurando para não me estourar com um relâmpago naquele segundo.

—Ele traiu o Olímpio. Eu sei. Todo mundo me contou, milhares de vezes. Mas eu não ligo. E você, já ouviu o lado dele da história? Qualquer um de vocês? Pergunte a Annabeth tá bom? Ele foi pedir ajuda pra ela, pediu pra fugir com ele, mas ela negou. Ela tinha Percy, tinha o Acampamento. Mas ele tentou.

Annabeth?

—É. A preciosa menina Annie teve uma chance de salvar ele, mas não fez. É o outro lado da moeda, Grace.

—Ele procurou a Annie?

Aquilo era... Ciúmes?

—Espera. Você tá com ciúmes?

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Notas finais do capítulo

Então, a vida meio que me tirou daqui, mas eu juro que nunca esqueci a Sury e os outros e vocês. Então aqui está, o próximo ficara agendado para segunda por quê já está pronto.
Beijos meus amores e pra LINDA MARAVILHOSA E DIVOSA Lais Bueno que recomendou minha história
Brigada Linda.
Perdões
Dira Santos.



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