Lorem escrita por The Klown


Capítulo 7
Capítulo 6 - Enjaulados




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Johnny despertou, os olhos castanhos brilhando. Sem pestanejar, sentou-se no chão frio de onde estava. Mas, afinal, onde estava? Olhou para os lados. Era uma sala pequena, com uma cama no canto esquerdo, uma privada no canto direito, e uma pequena mesa de carvalho a frente. Não tinha janelas, apenas uma porta simples, mal acabada e mofada, desgastada pelo tempo. A iluminação era feita por uma pequena lâmpada incandescente solta no teto. O cômodo não tinha pintura, apenas a feia camada de concreto. Por sorte ele não era claustrofóbico.

Sem demora, se dirigu a porta, onde tentou abrí-la, puxando a maçaneta com força, mas sem sucesso. Calculou as chances. Aquela porta tinha uma aparência de antiga e desgastada, coisa que seria fácil de arrombar com um bom chute. Afastando-se, correu com toda a força e velocidade em direção a porta. Sentiu o ombro estalando e quase deslocando-se, e um ruído metálico. Havia algo atrás daquela porta, ou dentro dela, provavelmente de metal. As aparências de fato enganam.

Andou por todo o cômodo, procurando algum método de escapar. Sem janelas, logo não havia por onde voar. Não arriscaria arrombar a porta, poderia quebrar algum membro. Por fim, sem escolhas, se entregou, deitando a cama e esperando o destino fazer o resto.

Um ruído foi ouvido por Johnny, que ficou alerta. Uma pequena abertura abriu-se na porta, e um prato de comida saiu de lá. A abertura fechou-se, selando o cômodo novamente. Ele foi até a comida. Estaria envenenada? Provavelmente não. Se fosse, aquele bobo da corte do deserto os teriam matado bem antes.

Lembrou-se do bobo da corte. Ele havia lhes dito algo... seu nome. "Klown". Possivelmente apenas um codinome. Voltou-se ao seu prato.

Notou que havia um bilhete em cima da comida. "Bom apetite". Simpático... ou não? Pos se a aproveitar a comida que, na realidade, era muito boa!


Klown esperava à porta de seu chefe. A sala de espera de Hank era do estilo 'alta-sociedade'. Feita aos modos clássicos, apresentava um quê de "Estou em uma mansão", ao invés de um aspecto corporativo. Quadros antigos enfeitavam as paredes, cobertos por refinadas molduras pintadas a ouro. O tapete vermelho dava um tom de majestade a sala, reforçado pelos sofás extremamente macios. E a porta enorme que dava na sala de Hank também era do estilo clássico, com sulcos penetrando na madeira, feitos à mão.

Klown notou tudo isso enquanto esperava permissão para entrar. Não que ele precisasse de permissão, mas era uma questão de cortesia. O sucesso em sua missão dependia do homem atrás da porta. Então era melhor fingir um pouco de respeito por Hank, ao menos no momento.

Com um clique, as maçanetas douradas se mexeram e a porta abriu, revelando um homem alto, musculoso, careca, de óculos escuros e terno do mesmo estilo. Clássico guarda-costas, embora achasse aquilo um pouco clichê. Adentrou a sala, onde havia tapetes e quadros moldados ao mesmo estilo da sala anterior. A diferença é que havia uma grande janela que dava a paisagem não tão agradável de Lorem, e uma grande escrivaninha logo a frente, seguida por uma grande e pomposa cadeira, virada em direção a janela.

Klown sentou-se a cadeira frente a mesa, observando a outra virada para a janela.

–Capturou nossos bons amigos? - uma voz fez se ouvir por trás da cadeira

–Pode crer que sim.

A cadeira virou-se para a mesa, revelando um homem com um cabelo "lambido" para trás, rosto limpo, olhos verdes claríssimos e hipnóticos, rosto meio esquelético. Corpo magrelo, trajando um terno negro. Hank Lawrence Lane, ou só "Hank", CEO da H.A.N.K. Corp. Seu poder era desconhecido pela maioria da organização, salvo o Vice-Presidente e Klown, que não gostava de espalhar as habilidades de outros. Quem sabe, um dia ele tivesse aquela habilidade...? Seria deveras útil para seus propósitos, embora Hank não permitisse a cópia de suas habilidades, o que causava certo rancor por parte de Klown.

–Onde estão agora? - Hank continuou

–Localizados no Pavimento de Detenção, Setor C4.

–Bem... eu gostaria que o senhor fizesse uma visitinha aos nossos amigos, recolhesse as informações básicas, como da onde vieram, seus poderes, entre outras coisas. Use a imaginação, Klown. Por mais que ela seja perturbadora... use-a.

Klown riu com gosto. Hank achava a sua personalidade perturbadora, embora não conhecesse metade de sua natureza.

Ele iria ver.


---

Tarde da noite. Tudo silencioso. Aquela noite estava anormalmente quieta, como se fosse o típico silêncio pré-batalha, que antecede uma grande luta. Talvez, houvesse uma grande luta, eles só não estavam cientes disso. Estavam concentrados em seu objetivo, e apenas isso.

As luas estavam brilhantes naquela noite. Uma estava em seu estado cheio, e outra, mais a leste, em seu quarto minguante. Mas ambas resplandeciam como grandes espelhos do brilho solar, brilhantes, serenas, inocentes. Como antes, aquilo não importava para eles.

O banco já estava fechado há várias horas. Aquele não era um vinte e sete horas, afinal de contas. Aliás, os dias possuíam vinte e sete horas e quarenta e cinco minutos, naquela época.

Ele não estava certo do que ia fazer. Ainda havia dúvida em sua mente. Realmente deveria executar o que fora planejado há semanas por ele próprio e seus amigos? Realmente devia roubr um banco, se tornar um criminoso?

Aquelas perguntas enchiam seu cérebro enquanto ele mirava o grande letreiro e slogan do Banco Ortredir. Um nome não muito comum, nem muito convidativo. Na verdade, era um dos menores bancos de Clare, logo não possuía muita segurança. Bom lugar para quem quer iniciar a sua carreira como ladrão de bancos.

Matthew apareceu ao seu lado, seu rosto coberto pelas sombras.

–Vamos, irmão? – começou ele.

–Não estou certo disso, Matt... – Johnny estava nervoso, amedrontado pela possibilidade de cair em uma vida de crimes.

–Não vai amarelar agora, né? – Matt estava zangado

–Er...

–Você vai me ajudar a roubar este lugar quer queira ou não.

Matthew puxou o braço de Johnny, que se soltou, zangado.

–Cara, não vai deixar seu próprio irmão na mão, vai?! – Matthew estava zangado

–Sinto muito, mano.

Johnny voou para longe. O vento batia em seus cabelos enquanto ele voava para longe de seu irmão, e a vida marginalizada que caminhava ao seu lado.

---

Johnny acordou, em sua cela. Em seu sonho, lembrara-se de como abandonara seu irmão sob a possibilidade de assaltar um banco junto a ele. Odiava aquela lembrança. Sentia-se aliviado por não cometer o crime, mas culpado por abandonar seu irmão.

Um som metálico atrás da porta foi o que o despertara. Refeição? Não, ainda não estava na hora, provavelmente. Não, era uma visita. Alguém, para vê-lo.

Ele se encolheu na cama da cela. A lâmpada acima do teto balançava, apagando e acendendo conforme os barulhos de trincos metálicos iam soando, abrindo a porta para o seu misterioso visitante.

A primeira coisa que viu foi a escuridão do outro lado da porta. Quando a lâmpada se acendeu, viu aquela máscara branca, com olhos pretos e sorriso perturbador vermelho. Klown viera proporcioná-lo uma visita.


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