Lorem escrita por The Klown


Capítulo 14
Capítulo 13 - Conflitos Internos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/23733/chapter/14

 

            Onde estava Jack? Claus estava atônito.

            Ele virou em direção onde um dia poderia haver uma janela. No momento, era apenas um grande buraco retangular no meio do concreto lascado. Um feixe de luz alaranjado, mas ainda um feixe de luz, invadia o cômodo no qual haviam se acomodado na noite anterior, quando foram atacados pelos lorenses. O dia já havia raiado, embora em suas primeiras horas. Provavelmente não ficara tanto tempo desacordado, ou então o sol demorava mais a raiar naquele planeta hostil.

            Claus não sabia o que fazer. Poderiam retornar ao acampamento de Rornac na esperança de encontrar seu amigo, mas poderia acabar sendo capturado e ficando em sua mesma situação. Outra opção era seguir em frente sem ele.

            Não poderia seguir sem Jack. Amigos já havia anos, ambos haviam uma forte relação de confiança um no outro. Jack esperava que Claus fosse buscá-lo, assim como este faria se estivesse na mesma situação. Ele iria voltar ao acampamento.

            Ouviu um leve ruído atrás dele, enquanto refletia à luz do sol. Era Pete, que estava recuperando-se de seu estado de estupor, e levantava-se vagarosamente, mirando o amigo ruivo.

            Enquanto erguia seu corpo, seu olhar passou pelo ambiente ao redor e percebeu o elemento que faltava.

            –Onde está Jack? – Pete perguntou automaticamente

            –Eu não sei, Pete... provavelmente foi levado. – o amigo respondeu com a voz rouca. Virou sua face para Pete, que o observava atônito – Eu vou procurá-lo. Vem comigo?

            –Você quer dizer... voltar até aquele acampamento?

            Pete estava em um dilema. Sua meta principal naquele momento era a básica: a sobrevivência. Invadir o acampamento cheio de criaturas hostis e imunes à fogo, que os derrotaram em um piscar de olho contrariava o bom senso. Por outro lado, era Jack, um de seus melhores amigos, e que os salvara de uma queda iminente.

            Hesitante, acenou a cabeça positivamente. Claus abriu um leve sorriso por poder contar com o amigo.

            –Ótimo. – disse ele – Agora precisamos de um plano.

 

 

            Pegando um maço de cigarros de seu bolso, retirou uma unidade, e a acendeu com o isqueiro. Logo a seguir, levou o cigarro até a boca. Deu uma tragada profunda e deixou a baforada de fumaça negra sair por sua boca. Repetiu o processo.

            Então... como resolveria a situação? Claus estava do lado de fora de uma casa aos pedaços, um barraco extremamente pobre. Era tarde da noite, e ambas as luas estavam cheias. Ele as admirou por alguns segundos, antes de mergulhar em pensamentos, procurando alguma resposta para o seu dilema.

            Dentro da casa, havia um homem. Seu nome era Matthew Walker, um dos maiores procurados da policia, por comandar uma quadrilha que se metia em assaltos, tráfico, homicídios. Desde pequenos furtos até crimes em escala mundial, a Quadrilha Walker cometia qualquer tipo de crime. Era quase uma pequena máfia, enrascada até o pescoço na polícia.

            Claus, por sua vez, era um dos integrantes menores da quadrilha. Era um daqueles bandidos menores, que ajudam na execução dos pequenos crimes. Sua habilidade elétrica ajudava. Ele poderia paralisar ou desacordar algum membro da polícia ou coisa do tipo, muito útil no ramo.

            Seu dilema era que ele pretendia deixar a quadrilha. Havia arranjado um bom emprego no ramo eletroeletrônico, e havia tempos queria deixar a vida de crimes para trás.  Onde estava era um dos esconderijos da quadrilha. Mas não se pode chegar na cara do líder pedindo demissão, precisava se pagar algo.

            Matt tinha um poder. Ele conseguia “sugar”, por assim dizer, energia alheia. Poderia absorver toda a sua energia até a sua morte. E isso costumava acontecer com traidores ou coisa do gênero.

            Bem... Claus não gostaria de fazer aquilo, mas era o necessário. Teria que apelar para a violência.

            Ele bateu na porta do esconderijo. Perguntaram pela senha, ele a disse como de praxe. Um grandalhão cabeludo abriu a porta, permitindo sua entrada.

            Ao entrar, analisou as suas chances. Havia tantas chances de sucesso quanto de fracasso. O lugar era pequeno, abafado devido ao odor de cigarro que impregnava o ambiente.  Umas sete pessoas, fora Claus, se encontravam na sala. Bandidos de baixo escalão e o líder, Matt.

            Suspirando, ele aproximou apontou ambas as mãos para aonde os bandidos se encontravam e, sem demora, lançou correntes elétricas para eles, deixando-os inconscientes quase que instantaneamente. O grandalhão que abriu a porta pulou para cima dele com uma adaga prateada mas Claus, ágil, desviou para o lado e eletrocutou o homem.

            Matthew, atrás de uma escrivaninha de mogno, levantou-se. Correu em direção a porta, mas Claus o paralizou. Só podendo mover seus olhos e boca, Matt desesperou-se.

            –Não quero lhe fazer mal, Sr. Walker.        

            Claus se aproximou de seu líder, e explicou a situação calma, porém rapidamente. Ao terminar, Matt disse:

            –Sabe que eu vou te caçar e te matar, mais cedo ou mais tarde, não sabe?

            Claus refletiu por alguns segundos.

            –Veremos.

            Saiu pela porta na qual tinha entrado. No caminho para sua casa, trombou com um bêbado que saía de um bar qualquer. Ambos caíram, mas Claus conseguiu ler “Stewart Kennedy” bordado no bolso da camisa do bêbado.

 

 

            Pete chegou primeiro ao local do acampamento, se esgueirando pelas construções e destroços. Pequenas construções feitas de pedra serviam para abrigar os lorenses, brasas de uma fogueira apagada jaziam perto do trono onde Rornac comumente sentava. Mas estava faltando algo. Os lorenses.

            O acampamento se encontrava vazio, com nenhuma criatura viva perambulando por lá e acolá. Claus foi investigar. Dentro das cabanas onde viviam, eles haviam deixado tudo, móveis precários, decoração, praticamente tudo. Era como se a vida houvesse evacuado do lugar, desaparecido logo após o ataque.

            –Eles devem ter se mudado. – Claus comentou – Vamos voltar, precisamos encontrar Jack.

            Pete, já hesitante, contestou.

            –Por que não ficamos aqui, eles abandonaram mesmo...

            –Não podemos fazer isso, Pete! – exclamou Claus em resposta – Temos que resgatar Jack!

            –Claus, ele provavelmente já foi devorado por aquelas criaturas. Eu vou ficar aqui, se você quiser, sinta-se a vontade. Ou pode acabar como Jack, devorado por aquelas criaturas.

            Ele não acreditava no que Pete estava dizendo. Ele sempre achou que o amigo fosse leal, e fosse apoiá-lo em suas tentativas em resgatar o amigo.

            –Ótimo. Eu vou sozinho.

            E quietamente, sem olhar para trás, Claus seguiu em seu caminho. Um caminho para o horizonte, onde nada podia se ver.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lorem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.