Lorem escrita por The Klown


Capítulo 10
Capítulo 9 - Por trás do olho esquerdo




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             Era um dia como qualquer outro, aquele. O senhor e a senhora Hillman haviam acabado de voltar do trabalho.

            O senhor Hillman trabalhava como gerente de finanças em um banco poderoso de Clare, talvez a maior instituição financeira daquela geração. Sua mente voltada para as áreas exatas lhe dava aptidão nesse assunto, e a sua vocação era aquela. E sua habilidade de fazer cálculos em uma velocidade incrível lhe proporcionava tal dom, embora tivesse lhe causado preconceito em seus tempos escolares. “O que você vai fazer, jogar números em mim?” debochavam dele. Mas eles se arrependeriam ao saber que o senhor Hillman havia se tornado muito poderoso em uma instituição das mais influentes.

            O senhor Hillman havia se casado com a senhora Hillman já havia seis anos. O emprego da senhora Hillman era corretora de imóveis, emprego comum e pacato, porém auto-sustentável. Ela passava o dia inteiro ajudando pessoas a encontrarem seu lar ideal, tarefa gratificante e realizadora.

            Os dois tinham um filho de cinco anos. Geneticamente estranho pois enquanto o pai tinha cabelos castanhos e a mãe cabelos pretos, o menino nascera com um cabelo castanho claro que foi adquirindo um tom laranja no quarto ano de sua vida, se tornando completamente ruivo já havia dois meses.

            Seu nome era Claus Hillman, e o garoto ainda não havia apresentado nenhuma habilidade. Aquilo era comum, os poderes geralmente se manifestavam lá pelo sexto anos de vida, quando a criança era submetida a emoções. Em momentos emocionais ela ainda não possui muito controle de sua habilidade, sendo que ela pode se manifestar a qualquer momento. Isso causava diversos acidentes familiares, pois a habilidade poderia ser algo fatal para seus familiares, por isso os pais deixavam as crianças em creches especializadas quando a idade se aproximava.

            Mas ainda faltava um ano pro pequeno Claus atingir a idade em que iria demonstrar seus poderes, segundo o senhor e a senhora Hillman.

            Quando eles chegaram em casa, ele estava como sempre assistindo televisão. Passava um daqueles desenhos animados com animais falantes que o garoto tanto gostava. Passava boa parte do dia grudado no sofá em frente ao televisor.

            –Oi, Claus! – a senhora Hillman pegou o menino e o abraçou, sentindo saudades.

            –Oi, mamãe – retribuiu o garoto

            O pai passou por ele sem cumprimentar. Ele já estava acostumado, normalmente o senhor Hillman voltava para casa ainda com a mente no trabalho, fazendo complexos cálculos financeiros e estatísticas, entre outras coisas que o garoto desconhecia.

            Claus desligou a televisão e correu para o seu quarto, para brincar com alguns de seus bonecos de ação.

            Seu quarto era relativamente grande. Chão de assoalho coberto por um carpete azul-marinho, cama simples com um cobertor da mesma cor do carpete forrando-a, um guarda-roupa de mogno e uma estante cheia de seus bonecos.

            Ele pegou um boneco de seu super herói favorito, o “Capitão Relâmpago”, personagem do desenho que ele assistira, e começou a brincar, fazendo ele “voar” de um lado para o outro.

            Brincando o boneco, jogou-o, vendo se ele planava no ar. Obviamente, isso não aconteceu, mas a imaginação de uma criança é fértil, e ele tinha fé de que conseguiria. Porém, o garoto Claus jogou o boneco em direção a porta no exato momento em que a sua mãe abria a porta e adentrava o quarto, planejando perguntar o que o garoto gostaria de jantar. O boneco bateu na testa da senhora Hillman.

            –Claus! Você não pode ficar jogando seus brinquedos assim! É perigoso, pode acabar batendo nos olhos de alguém!

            A senhora Hillman pegou o boneco que caíra no chão e o confiscou, levando-o consigo.

            Claus começou a chorar, adorava seu boneco. As lágrimas caíam sobre suas bochechas, escoando para seu queixo. Sentia raiva por sua mãe ter lhe confiscado o boneco ao mesmo tempo que triste, pois adorava brincar com ele.

            Emocional, limpou as lágrimas de seu olho esquerdo com suas mãos.

            Infelizmente, ao mesmo tempo que dolorosas faíscas elétricas brotavam das tais mãos, atingindo assim o seu olho esquerdo.

 

 

 

            Correndo, Claus não ousou olhar para trás. Jack havia conseguido libertar a Pete e a ele, graças a Deus. Ele não fazia idéia do que o tal de Rornac havia planejado fazer com ambos, porém não poderia ser nada agradável, pelo jeito que ele os encarava.

            Os três se encontravam em um complexo de prédios destruídos pelo tempo, com pedaços faltando e o restante lascado. Se assemelhava à ruínas de alguma civilização antiga, provavelmente extinta ou exterminada pelos lorenses.

            Sentiu o seu olho coçar. Era seu olho defeituoso, o qual tinha acidentado quando possuía cinco anos, história que não gostava de lembrar. Por causa desse único acidente, era debochado por ter um olho esquisito, pois a sua pupila ficou esbranquiçada, assim como a sua íris, fazendo com que seu olho parecesse inteiramente branco.

            Entraram em um dos prédios. Até saberem como proceder, precisavam se abrigar. O céu já estava escuro, revelando uma única lua, ao contrário das duas que iluminavam o céu de Clare.

            ­–Bem, está ficando escuro, precisamos armar acampamento – Jack deu a ideia. Vamos ficar neste prédio, pelo menos até o dia amanhecer e depois retornaremos até os destroços de nossa nave, ver se achamos algo para nos comunicar com Clare.

            –É, boa ideia. Não vamos ficar no térreo, para o caso de aqueles nativos vierem, mas também não vamos ficar na cobertura, pois aí seria um beco sem saída.

            Os três concordaram. Aquele prédio tinha um elevador, porém extremamente desgastado. Não agüentaria o peso, talvez de nenhum deles. Portanto, pegaram a escada mais próxima e puseram-se a caminhar até o sexto andar. Era exatamente a metade, já que o prédio encerrava-se no décimo segundo.

            Aquela construção tinha um cheiro não muito bom, porém suportável. Tinha madeira, vidro e metal em estado de decomposição avançada, o que causava parte do mau cheiro. Porém, o chão ainda não cedia, por isso poderiam acampar sossegadamente ali.

            Eles não tinham nada com o que se aquecer exceto as roupas do corpo e muito menos o que comer. Teriam que arranjar algo para sobreviver se não quisessem sucumbir à fome, ao frio e a sede, sendo que pelo aspecto do solo aquele seria um planeta seco.

            Claus fechou os olhos, um de cada vez, esperando o dia seguinte. Poderiam dormir tranquilamente.

            ...Ou não.

 


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