Minha Amiga, Meu Amor. escrita por Haskel


Capítulo 1
Capítulo Único.




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- Ai meu Deus Magali, eu não tenho roupa! – gritava a dentuçinha, desesperada.                        

- Monica! Pelo amor de Deus! Você já vestiu 316487 vestidos e todos ficaram lindos! – dizia a amiga sorrindo.

- Ai amiga, você não entende... – Mônica foi cortada.

- O Cebola vai estar na festa e você tem que estar perfeita! To sabendo, to sabendo... – disse Magali olhando suas unhas. – Amiga, porque você não conta pra ele?

- Ah amiga! É complicado! E se ele não sentir o mesmo que eu? Prefiro ter ele como meu melhor amigo, do que afastado... – disse a ex-gorducha suspirando.

- Como assim “não sentir o mesmo”? ‘Tá mais do que na cara que ele te ama menina, todo mundo percebe, o jeito que ele te olha, te abraça, só você não percebe... – disse Magali arregalando os olhos.

- Então porque ele nunca falou nada? Você conhece o Cebola, ele não é de esconder nada de mim, e se fosse algo do tipo ele falaria... – ela disse indo em direção ao espelho.

- Vai ver ele tem o mesmo medo que você! – disse Magali com cara de “obvio”.

- Não sei amiga, as vezes também acho isso, ele me fala umas coisas, faz umas brincadeiras, mas depois é tão indiferente a esse tipo de coisa... fico confusa. Prefiro deixar rolar, se for pra ser vai ser, se não... – disse a menina com o olho lacrimejado.

- Não Mô, não chora! Vamos se animar! Fica bem linda, porque acho que hoje esse bofe vai se tocar que você é o amor da vida dele! – disse Magali puxando a amiga para um abraço.

**

Em 40 minutos as duas estavam prontas e se dirigindo à casa vizinha. O som já estava alto e já tinha bastante gente. Elas entraram e foram encontrar com Marina, Carmem, Aninha e Denise, que também estavam lá.

- Hi girls! – disse Denise.

- Nossa Mô! você ta linda amiga! – disse Aninha abraçando a garota.

- Um arraso mesmo! – concordaram as outras meninas.

- Realmente migs, mas não supera a minha beleza! – disse Denise balançando os cabelos. Sua risada informou as meninas que era brincadeira.

- Oh desculpe se minha beleza é insignificante perto da sua. – soltou a menina, fazendo todas rirem.

- Ainda prefiro a minha dentuçinha! – disse alguém abraçando Mônica pela cintura.

Quando a menina se virou deu de cara com seu melhor amigo a fitando com um sorriso de canto.

- Ce! – disse a menina abraçando o amigo. – ‘Tava com saudade, não te vi ontem e nem hoje, me abandonou. – falou ela com um bico.

- Nunca! Eu ‘tava ajeitando as coisas pra festa pequena, não tive tempo nem pra respirar. Me perdoa? – disse ele com as mãos envoltas da cintura da menina, ainda sorrindo.

- Deixa eu pensar... – disse ela arqueando a sobrancelha.

As meninas que assistiam aquela cena resolveram sair.

- Mô, vamos lá buscar uma bebida ta? Beijo. – disse Magali piscando maliciosamente pra amiga.

- Ta bom Maga! – disse ela sorrindo bobamente, enquanto via as amigas saindo.

- E então, já pensou se me perdoa? – ele perguntou fazendo ela encará-lo.

Narração Cebola.

- Ah não sei! Você anda muito ocupado, acho que vou trocar de melhor amigo sabe... – ela me disse pensativa e se soltando dos meus braços.

- O que? – perguntei fingindo incredulidade. – Vai me trocar?

- Acho que vou, por quê? – ela fingiu estar distraída olhando as unhas.

- Você não vive sem mim garota! – eu disse abraçando ela e levantando do chão.

- Cê! Me coloca no chão seu loco! – ela gritava rindo.

- Então diz que não vive sem mim. – eu falava girando ela.

- Ta bom Ta bom, eu não vivo, nunca, você é tudo pra mim! – ela disse com os olhos fechados.

Meu coração acelerou. Eu sei que ela falava brincando, mas eu não podia me conter ouvindo aquelas palavras direcionadas a mim. Soltei-a do chão e a abracei, ela levantou a cabeça e eu encontrei seu olhar brincalhão.

- Eu nunca te trocaria, por ninguém. – ela disse me fitando.

Naquele momento ficamos nos encarando. Eu não conseguia desviar meus olhos do dela. Parecia que estávamos tendo uma conversa através do olhar. Eu via vários sentimentos passarem por ali: felicidade, alegria, carinho, confiança... e por último um brilho estranho, algo que eu gostaria de pensar que era amor.

- O casalsinho... E tem a cara de pau de dizerem que são só amigos. – ouvi o Cascão dizer.

Foi aí que paramos com o contato visual, ela olhou para algo atrás de mim, pude ver que estava encabulada.

- Ah! Não enche Cascão! – eu disse empurrando ele.

- Cê é chato hein pia! – Mônica disse dando um pedala nele.

- Ta bom ta bom, também amo vocês, mas, depois vocês namoram, o Careca tem que lá assar a carne primeiro. – ele disse rindo.

- Eu não sou mais careca Cascão! – disse disfarçando minha vergonha.

Mônica riu olhando minha cara azeda.

- Vai lá ajudar ele cabeludo! Depois a gente se fala. – ela disse bagunçando meu cabelo.

- Depois vou te procurar ta bem? – eu disse a abraçando forte.

Era tão bom sentir a sensação do corpo dela ao meu. Eu queria tanto dizer a ela o quanto a amava, mas eu tinha tanto medo que o sentimento não fosse recíproco e ela se afastasse. Eu não agüentaria viver sem ela por perto.

***

A festa foi passando tranquilamente. As vezes eu ia procurar a Mô e a encontrava dançando com as meninas e na maioria das vezes só ficava olhando. Eu poderia ficar com a garota mais linda do mundo, mas eu estaria pensando nela, Mônica. No seu sorriso, no seu olhar, no seu jeito e em como eu a amo... amo seus defeitos, suas manias, como ela fica furiosa quando mechem com qualquer amigo seu, enfim, tudo.

A festa estava no final. Fui andando pela casa pra saber quem ainda estava por lá, quando entro na sala vejo Denise e Carmem conversando e Aninha com a expressão preocupada fitando alguém no sofá. Corro meus olhos até lá e vejo Monica quase desmaiando e tremendo. Meu coração da um pulo e uma angústia me invade.

- Mônica! – chamei, correndo até ela e a abraçando.

- Ai Ce, que bom que você apareceu! A Maga tinha ido te chamar! – disse Aninha preocupada.

- O que aconteceu com ela, porque ela ta assim? – eu disse, beirando ao desespero.

- Hei, fiquem calmos, é o efeito do álcool – disse Denise alternando entre mim e Aninha. Depois parou o olhar em mim. – Ela bebeu demais Cê, mas não é suficiente pra entrar em coma alcoólico. Ela só precisa de açúcar e descanso.

- Mas ela ta quase desmaiando Denise! – eu disse exasperado.

- Normal. – ela disse voltando a falar com Carmem.

- Ce? – Monica me chamou. – É você Ce?

- Sou eu sim. – eu disse fitando-a.

- Eu to com frio Ce. – eu disse me abraçando mais forte.

- Vamos lá pro meu quarto, vou colocar você debaixo de umas cobertas. – eu disse pegando ela no colo.

Quando levantei Magali apareceu afobada. Pedi pra ela a dar banho na Monica e colocar umas roupas minhas que eu havia separado. Enquanto Magali dava banho nela eu encerrava a festa e me despedia de todos. Voltei ao meu quarto e ela já se encontrava deitada debaixo das cobertas. Falei pra Magali ir embora que a partir dali eu cuidava dela. Pedi pra empregada trazer um chá e fiz ela tomar. Aos poucos ela ia parando de tremer.

- Ta melhor? – perguntei acariciando seu cabelo.

Ela acenou positivamente. O efeito do álcool ainda não tinha passado, mas ela estava razoavelmente consciente.

- Então agora dorme um pouco, descansa, qualquer coisa vou estar no outro quarto. É só me chamar. – eu disse dando um beijo na sua testa e saindo.

Entrei no quarto de hóspedes e coloquei uma calça de moletom e uma camiseta que eu tinha levado pra lá. Deitei com a intenção de dormir, mas algum tempo depois, ouvi a voz da Monica me chamando. Corri desesperado pensando que ela podia estar tendo uma convulsão ou algo parecido.

- Que foi? – disse chegando perto da cama.

- Ce! – ela chamava. – Ce!

- To aqui! Que foi? – eu disse passando a mão no rosto dela e vendo que ela estava febril.

- Para de fugir de mim. Eu preciso de você. – ela disse com lágrimas escorrendo.

Estava delirando.

- Hei Mo, acorda, eu to aqui com você! – eu disse chacoalhando ela de leve.

Aos poucos ela foi despertando, arregalou os olhos quando me viu e me abraçou chorando.

- Eu te amo. Não fica longe de mim. Eu não posso viver sem você. Eu sei que você é meu melhor amigo, mas eu não posso evitar te amar assim, e eu não consigo mais guardar esse sentimento só pra mim. Mesmo você não me amando, me promete que não vai se afastar? Não foge mais de mim. Fica comigo pra sempre! – ela dizia chorando.

Fiquei atônito com aquelas palavras. Ela estava delirando, eu sabia, mas parecia tão real... Demorei pra voltar a minha dura realidade.

- Eu prometo, eu prometo meu amor! – eu disse abraçando-a forte, ela se afastou e me deu um selinho. Sorri abobado e a deitei na cama.

Aos poucos ela foi se acalmando e acabou por dormir. Sua cabeça estava em meu ombro e eu tinha enlaçando a sua cintura. Fiquei um tempo mexendo em seus cabelos esperando o sono ficar mais pesado. Quando fui sair ela me abraçou mais forte me impedindo de sair. Acabei dormindo com ela.

***

Acordei antes dela e fiquei a olhando. Aposto que não se lembrava de nada. Eu também não contaria nada. Não a parte do seu delírio, essa não. Ela começou a se mexer, estava acordando.

- Bom dia sua bêbada. – eu disse sorrindo.

- CE? – ela levantou assustada. – O que eu...? P-por quê? Ai! – ela disse colocando a mão na cabeça.

- Que foi? – eu disse sentando e levantando a cabeça dela.

- Minha c-cabeça ta doendo demais. – ela dizia com os olhos lacrimejados.

- Hei, calma! Vou buscar um comprimido pra você. – eu disse dando um beijo na sua testa e pulando da cama.

Voltei pro quarto ela estava deitada olhando pro teto.

- Trouxe seu comprimido. – eu disse sentando do seu lado.

- Obrigado Ce. – ela disse sentando.

Esperei ela beber e peguei o copo, colocando na cômoda.

- Ce, o que aconteceu? – ela perguntou com a mão na cabeça.

- Você bebeu demais Dona Moça. – eu disse com a expressão séria.

- E porque estou na sua cama com as suas roupas? – ela perguntou com a sobrancelha arqueada.

- Você passou mal, estava tremendo, com frio, pedi pra Magali te dar um banho, e falei que cuidava de você depois. Fiz um chá e te coloquei pra dormir, você teve febre de noite, delirou um pouco e falou umas coisas, mas ficou bem depois. – eu disse dando de ombros.

- Ata! – ela disse com expressão de alívio.

- Pensou que eu tinha te dado banho? – perguntei rindo. Ela me olhou sorrindo. – Eu adoraria sabe, mas achei melhor não. – eu disse deitando e cruzando as mãos atrás da cabeça.

- Seu safado! – ela disse batendo na minha perna.

- Ah! Vem cá vem! – puxei seu braço e fiz ela deitar comigo.

Ficamos abraçados em minha cama. Era a melhor sensação do mundo estar abraçado com a pessoa que ama, mesmo essa pessoa sendo sua melhor amiga e não te amando do mesmo jeito. Eu era especial.

- Ce... – ela me chamou.

- Hm? – eu disse a fitando.

- No que ta pensando? – ela perguntou.

- Em você. – disse sem pensar. Ela arregalou levemente os olhos e suas bochechas ficaram rosas. Tratei de concertar o que tinha dito. – No trabalho que você me deu ontem. Monica e álcool não combinam. – eu disse rindo.

Ela olhou pra um ponto vago e sua expressão de alegria mudou pra triste.

- Que foi? – perguntei erguendo seu queixo.

- Hm, nada Ce. Obrigado por... tudo. – ela disse me olhando.

- Não precisa agradecer. Eu faria qualquer coisa por você. – eu disse a olhando.

Ficamos nos encarando um tempo. E notei que estávamos cada vez mais próximos, eu alternava entre sua boca e seu olhar. Ela fazia o mesmo. Mas na hora H eu direcionei o beijo a sua bochecha e esperei aquela vontade enorme de capturar aqueles lábios passarem. Ela fechou os olhos e me apertou mais.

- Me conta o que eu falei de noite. – ela disse de súbito.

Engoli em seco. Não sei se deveria contar pra ela. Ela estava delirando. E se isso a afastasse de mim?

- Ah, era bobeira, eu nem entendi direito. – eu disse hesitando.

- Então porque hesitou? Te conheço muito bem Cebola pra saber que você está mentindo. – ela disse se apoiando nos cotovelos e me encarando firme.

- Não disse nada Mô. É sério. – eu disse brincando com a ponta da coberta.

- Olha nos meus olhos. – ela mandou.

- Golpe baixo Monica! – eu disse olhando nos olhos dela.

Era meu ponto fraco. Quando eu olhava naqueles olhos eu me rendia. Eu não conseguia mentir pr’aquele olhar. Era impossível.

- Então me conta. – ela disse rindo.

- Você que pediu. – eu avisei.

- Ok. – ela assentiu sorrindo.

- Você disse: “Eu te amo. Não fica longe de mim. Eu não posso viver sem você. Eu sei que você é meu melhor amigo, mas eu não posso evitar te amar assim, e eu não consigo mais guardar esse sentimento só pra mim. Mesmo você não me amando, me promete que não vai se afastar? Não foge mais de mim. Fica comigo pra sempre!” – terminei de contar e vi que ela estava de cabeça baixa. Chamei e ela não me olhou. Me sentei, preocupado.

- E-eu disse isso? – ela perguntou num fio de voz.

- Disse. – respondi.

- Eu não acredito. – ela disse colocando as mãos no rosto.

- Hei Mô, calma! Você tava delirando, não se preocupa, eu sei que não é verdade, apesar de eu... – me calei e ela revelou seus olhos vermelhos e seus dentes mordendo seus lábios.

- Apesar de você? – ela disse me encarando.

- Você não entende. – eu disse me levantando.

- Porque não entendo?  – ela levantou e veio atrás de mim.

- É complicado. – eu disse. Ela arqueou a sobrancelha e eu suspirei. - Vamos dizer que agora não é uma hora apropriada pra isso. – eu disse por fim, na verdade eu queria dizer a verdade, que eu a amava.

- Eu quero saber. – ela disse fazendo bico e enlaçando meu pescoço. Estremeci ao sentir seu toque em mim. Era um momento decisivo.

- Mônica... – eu tentei resistir, mas o seu olhar intenso, me fez perder a linha de raciocínio. Acariciei seu rosto, ela sorriu e corou. Devagar fui aproximando nossos rostos. - Mônica eu... - eu não consegui terminar, tomei seus lábios num beijo calmo e saboroso. Senti ela corresponder ao beijo e uma emoção enorme invadiu meu peito. Enlacei sua cintura a puxando mais para mim. Seu corpo se moldou ao meu e quando me dei conta estava deitado sobre ela a beijando intensamente.

- Ce. – Mônica me chamou quando quebrei o beijo. Meu corpo aqueceu e tremeu sobre o dela. O poder que essa garota tinha sobre mim era incrível.

- Eu te amo Mô, sempre te amei, desde o dia que eu te vi. Me desculpe por não ser capaz de dizer isso, mas eu não falei nada porque tinha medo de você não sentir o mesmo e se afastar de mim. Não poderia viver sem você. Eu não agüentaria. Você é a minha força. – eu disse acariciando seu rosto.

Ela me olhava com os olhos arregalados em sinal de surpresa. De repente seus olhos se encheram e as lágrimas começaram a escorrer. Ela me abraçou.

- Desculpa, desculpa... eu não devia ter falado. Me diz que isso não vai estragar as coisas entre nós? Por favor. – eu disse abraçando-a fortemente.

Ela se separou de mim sorrindo.

- Seu bobo. – ela disse me dando um beijo.

Odeio o fato do meu organismo necessitar de ar. Ao parar o beijo, olhei pra ela confuso.

- Era tudo que eu mais queria ouvir. Eu te amo tanto, tanto Ce. Você não tem idéia. Chegava a doer a possibilidade de nunca ter você comigo. – ela disse, voltando a me abraçar.

Assim que a ficha caiu eu devolvi o abraço e distribui beijos por todo seu rosto.

- Eu não acredito! – eu dizia feliz.

- Eu que não acredito! Sonhei tanto com esse dia. – ela disse me fitando.

- E eu então? É tão bom saber que finalmente você é minha. – falei acariciando sua boca. – Você não sabe quantas vezes eu sonhei que beijava sua boca. – dei um beijo.

Nos beijamos de uma forma doce, calma e cheia de paixão. Deixando transparecer todo aquele sentimento que ambos guardavam por tanto tempo. Minhas mãos corriam pelas suas costas e as dela brincavam com o meu cabelo. Me sentia o garoto mais feliz do mundo.

- Eu te amo tanto. – ela disse me dando um selinho.

- Não tanto quanto eu, minha pequena. – eu disse devolvendo o selinho.

- Estou tão feliz. – ela disse.

- Eu também. Mas, eu não quero só ficar com você Mô. – eu disse.

- Então, isso quer dizer que nós... – ela começou.

- Sim, estamos namorando. – eu conclui.

Nos beijamos várias vezes aquela manhã. Com certeza era o melhor dia da minha vida. Finalmente eu tinha a garota que eu amava para mim. E dessa vez não era um sonho, minha amiga era o meu amor.


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