P.O.V – Selena

Acordei de manhã com o choro de Molly no outro quarto. Justin me envolvia com os braços. Eu estava de costas para ele e a respiração dele batia no meu ombro, onde seu rosto estava encostado.

Levantei da cama e vesti o meu roupão branco que estava encima da cadeira. Caminhei até o quarto de Molly e a peguei no berço, tentando fazê-la se acalmar. Desci as escadas com ela e fui á cozinha. Brian e minha mãe estavam lá preparando o café da manhã.

– Bom dia. – eu murmurei ainda sonolenta

– Bom dia querida. – ela me deu um beijo na testa

– Eu apenas não sei mais o que fazer. Molly chorou a noite toda. – eu reclamei

– Essa é a vida de mãe, Selena. – minha mãe disse – Pensou que seria fácil?

– Não, não pensei.

– Ainda dá tempo de desistir dessa loucura. – minha mãe tentou mais uma vez

– Mãe, já tivemos essa conversa. Suas tentativas de me fazer mudar de ideia não vão funcionar. – eu revirei os olhos – Brian, segura pra mim?

Ele assentiu e pegou a Molly no colo. Fui preparar a mamadeira dela.

– Justin ainda está dormindo? – Brian estranhou

– Sim, por quê?

– Ele é sempre o primeiro a acordar com aquela energia toda. – ele riu

– É, mas acho que a energia se foi quando Molly o impediu de dormir a noite toda.

Brian e Mandy riram.

– Ele vai participar disso? – minha mãe apontou para Molly

– Ele me pediu desculpas e disse que vai me ajudar com a Molly. - respondi

– Ele vai adotar a Molly com você? – minha mãe ficou boquiaberta

– É, acho que sim. – eu sorri

– Oh meu Deus, esse garoto é melhor do que eu pensava. – ela concluiu

Eu ri.

– Quando vão falar com Scooter? – Brian questionou

– Não sei... Talvez hoje.

– Ele vai ficar louco. – minha mãe disse. Pior que eu sabia que era verdade

– É eu sei... Mas acho que a pior reação vai ser a da Pattie. – eu opinei

– Bom, quando ele acordar vocês vão saber.

Peguei a mamadeira de Molly e Brian me devolveu ela. Depois que tomou todo o leite e ficou quietinha, eu subi de volta ao quarto para acordar Justin.

Sentei ao lado dele na cama com Molly no colo.

– Justin, acorde... – eu sussurrei

Coloquei Molly deitada no peito dele. Justin abriu os olhos devagar.

– Hey Molly... – ele começou a brincar com as mãozinhas dela

Eu fiquei parada admirando uma das cenas mais lindas que eu já tinha visto. Deite-me ao lado deles e comecei a brincar com Molly também. Ela fazia barulhos estranhos e sorria para nós, fazendo com que eu e Justin ríssemos. Foi quando percebi... Parecíamos uma família. Sim, nós podíamos fazer isso, podíamos ser uma família para Molly.

– O que faremos hoje? – Justin perguntou

– Não sei, acho que você precisa falar com seus pais e Scooter. Quero dizer... Se você realmente vai adotar a Molly comigo... – disse insegura

– Fique tranquila, prometi que ia te ajudar e não mudei de ideia. E tem razão, preciso falar com eles. Vem comigo? Acho que já tá na hora de Molly sair de casa.

– Sim, nós vamos com você. Certo, Molly?

***

P.O.V – Justin

Eu, Selena e Molly chegamos na casa da minha mãe e eu notei que Scooter já tinha chegado, porque o carro dele estava parado na calçada. Nós três saímos do batmóvel e fomos á porta da mansão onde minha mãe e meu pai moravam. Eu estava nervoso, consequentemente, estava suando frio.

Nós entramos em casa e fomos para a sala de estar, onde estavam meus pais, Scooter, Carin e Kenny.

– Hey gente... – eu cumprimentei todos

Abracei minha mãe e beijei-a. Enquanto ela falava com Selena, eu fui falar com o resto do pessoal. Notei todos olharem apreensivos para Molly, como se já esperassem que eu fosse ter aquela conversa.

– Então... O quê houve? Por que nos reuniu aqui? – Scooter quebrou o silêncio

– Hum... Não sei como dizer isso. – eu pausei – Vocês já sabem que a Selena decidiu adotar a Molly e... Nós conversamos e eu quero ajudá-la nisso. Vou adotar a Molly junto com ela.

Por um momento, pareceu que todos na sala prenderam a respiração. Minha mãe, que estava em pé, se sentou no sofá com a expressão paralisada.

– Ok, vocês estão loucos ou o quê? – meu pai foi primeiro a se manifestar

– Não vou deixar você fazer essa idiotice. – Scooter balançou a cabeça

– Eu vou fazer 19 anos mês que vem... Posso decidir isso sozinho.

– Você tá tendo opção e tá escolhendo errado. Eu e seu pai não tivemos opção... – minha mãe argumentou

– Então quer dizer que se você tivesse opção, teria escolhido não me ter? – eu criei um clima tenso na sala

– Não é isso, Justin. Você certamente está pensando que é fácil criar uma criança, porque vocês são ricos, mas pense em quanta coisa você vai ter que abrir mão. – meu pai tentou ajudar minha mãe

– Entendo que você quer ajudar a Selena, mas isso está fora de cogitação.

Selena respirou fundo atrás de mim.

– Isso é uma ordem?

– Não podemos deixar você criar uma criança que não é nem sua. – Carin apoiou Scooter

– Esquece isso, Justin. – minha mãe concluiu

– Mãe, eu já decidi. A Selena vai ser minha mulher e nós vamos criar a Molly.

– Não, você não vai. Daqui a uns anos, você faz o que quiser, mas agora você tá novo demais pra isso. – Scooter estava decidido a me irritar

– Como eu disse, eu já decidi. – eu dei de ombros

– Justin, pensa direito! Você tá tomando uma decisão idiota! – meu pai se alterou

Os gritos de Jeremy deram lugar ao choro de Molly.

– Desculpem, ela não gosta de gritos... – Selena murmurou sem graça

Estendi os braços e Selena me entregou Molly. Balancei-a devagar, até que ela ficou calma.

– Eu não estou tomando uma decisão idiota...

Todos pareceram ficar comovidos com o choro de Molly.

– Justin, você tem certeza disso? – minha mãe colocou a mão na cabeça, preocupada

– Tenho.

– Então adote a criança. – ela concluiu

– O quê? – Scooter a encarou indignado

– Eles já agem como família, não tem como a gente impedir. – Pattie se explicou

Meu pai colocou as mãos no rosto bufando de impaciência.

– Deixe ele, Scooter. – meu pai pediu – Por mais que eu odeie admitir, Pattie está certa. Não podemos impedi-lo.

– Vocês estão brincando? Isso é loucura.

Notei Selena suspirar. Devia ser a milésima vez que ela ouvia “Isso é loucura”.

– Scooter, foda-se o que você pensa. Eu vou adotar a criança e ponto final. – me estressei

– Justin! – minha mãe repreendeu

– Justin é o caralho, eu não me meto na vida dele.

Percebi meu pai soltar um riso disfarçado.

– Eu sou seu empresário, minha função é essa. – Scooter ponderou

– Não, sua função é cuidar da minha carreira. Da minha vida pessoal, cuido eu.

– Então, é isso? Você vai adotar uma criança que não é sua e vai estragar o resto da vida que você tem pra curtir?

– É. – eu sorri

Scooter suspirou, derrotado.

– Vá em frente então. Tô sozinho nessa mesmo. – ele finalizou

– Eu iria em frente mesmo sem a sua permissão. – eu respondi

– Justin, chega. Acabou. – minha mãe avisou