P.O.V – Selena

Saí do palco do programa da Ellen e várias pessoas vieram dizer o quanto eu tinha sido ótima. Atrás da minha mãe, vinha Ashley.

– Selena, a Priscilla não para de te ligar. – ela me entregou meu iPhone

Fui ao camarim e retornei as ligações de Priscilla. Tocou duas vezes e então Priscilla atendeu.

– Sel? – ela atendeu

– Oi Priscilla. A Ashley disse que você não para de ligar. O quê houve?

– Preciso da sua ajuda. – notei que Priscilla estava com uma voz embargada

– Ei, ei, o quê aconteceu? Você tá chorando?

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, para logo pronunciar uma frase que me fez ficar paralisada.

– Eu estou grávida.

– C-como assim grávida? Quem é o pai?

– Eu não sei.

– Não sabe? Como assim você não sabe?

– Eu não sei, eu tava bêbada. Não me lembro de muita coisa.

– Como você pôde ser tão irresponsável, Priscilla?

– Não fala comigo assim. Já escutei esse discurso do meu pai. Preciso de apoio.

– Apoio? Você merece umas tapas, é isso que você merece. – eu respirei fundo tentando me acalmar – O quê seu pai disse?

– Ele me expulsou de casa. – ela começou a chorar descontroladamente – Sel, eu preciso da sua ajuda. Não sei pra onde ir, eu tô tão confusa.

Pensei um pouco antes de responder. Eu era a única que poderia ajudá-la.

– Você tem dinheiro?

– Um pouco.

– Dá pra pagar uma passagem pra LA?

– Acho que sim.

– Então vem pra cá. Nós vamos dar um jeito.

– Obrigada.

– É pra isso que as irmãs servem.

***

No dia seguinte acordei cedo e fui buscar Priscilla no aeroporto. Queria saber como ia contar isso para minha mãe, mas precisava ajudar minha prima.

Fiquei esperando dentro do carro, até que ela bateu no vidro. Destranquei a porta e ela colocou uma única mala no banco de trás do carro. Priscilla e entrou no carona ao meu lado.

– Só uma mala? – estranhei

– Meu pai não me deixou pegar muita coisa. – ela sorriu sem graça

– Você foi ao médico? Fez os exames necessários?

– Não, não deu tempo de fazer nada disso.

– Então já sei pra onde temos que ir agora.

Levei-a para o hospital e consegui uma consulta com a mesma doutora que cuidou da gravidez da minha mãe. A médica passou alguns exames, marcou uma ultra e disse que a Priscilla precisava tomar cuidado, porque eram os primeiros meses da gravidez, consequentemente os mais perigosos. Minha mãe aprendeu isso na marra.

Fomos para casa e minha mãe veio falar conosco.

– Priscilla! Você tá bem? Selena não me contou que você viria. – ela a abraçou

– É, eu to bem...

– Onde é que vocês estavam? Liguei pro celular da Selena e só dava caixa postal.

Priscilla me encarou apreensiva. Resolvi falar a verdade de uma vez.

– Eu fui levar ela ao médico. – admiti – Especificamente, á obstetra.

Mandy ficou pálida.

– Você tá grávida? Quem é o pai? Seus pais sabem disso? – ela disparou uma série de perguntas

Automaticamente os olhos de Priscilla se encheram de lágrimas.

– Eu não sei quem é o pai e... Meus pais sabem, por isso estou aqui. Eles me expulsaram de casa.

Minha mãe se sentou com ela no sofá e a abraçou forte.

– Tudo vai ficar bem, se acalme. – ela disse olhando para mim

***

3 meses depois

Priscilla já estava com quatro meses de gestação e as coisas pareciam finalmente começar a dar certo.

Senti um beijo no pescoço. Meus pais estavam viajando e Justin estava dormindo na minha casa por uns dias. Ele subiu os beijos até morder o lóbulo da minha orelha, automaticamente me arrepiei.

Justin me beijou e deitou-se por cima de mim no sofá. O beijo ficou mais intenso e eu estava ofegante. Senti a mão dele adentrar pela minha blusa e fazer círculos em minha cintura. Separamos o beijo e Justin começou a mordiscar meu trapézio e senti sua mão apertar meu seio esquerdo, me fazendo soltar um gemido rouco.

– Selena, Selena? – escutei Priscilla chamar do segundo andar da casa

– Justin, espera. Priscilla está precisando de mim. – ele continuou mordiscando meu pescoço

– Não deve ser nada, ela deve ter quebrado uma unha.

– SELENA, ME AJUDE! – dessa vez ela estava gritando

Empurrei Justin pro lado e o ouvi murmurar um “puta que pariu”, mas ignorei. Levantei do sofá e subi as escadas correndo. Entrei no quarto e a vi sentada na beirada da cama com as mãos sobre a barriga e uma expressão de dor.

– O quê aconteceu? Tá sentindo alguma coisa? – eu me aproximei dela

– Eu escorreguei no tapete e caí de mau jeito na cama. Agora eu to sentindo muita dor.

– Vem, vamos ao hospital.

Fui ajudá-la a levantar da cama, quando notei o lençol embaixo dela sujo de sangue.

– Oh meu Deus.

– O que é isso escorrendo? Sangue? – Priscilla tentou olhar.

– É, é sangue... Mas calma, vamos pro hospital e tudo vai ficar bem. JUSTIN! JUSTIN!

Depois de uns dois minutos, ele apareceu na porta com a cara fechada.

– Que foi? Quebrou uma unha também?

– Leva a Priscilla pro carro. Ela tá sangrando, precisamos levá-la pro hospital. – preferi ignorar a piadinha. Não era hora para briga

Justin pegou Priscilla no colo e saiu do quarto com ela. Fui ao meu quarto, peguei minha bolsa e desci o mais rápido que pude. Entrei no banco de trás do carro ao lado da Priscilla e deitei a cabeça dela no meu colo. Justin começou a dirigir rumo ao hospital.

***

Fazia quase uma hora que Priscilla estava na consulta com a Dra. Bennett e ninguém me dava uma informação sequer. Eu só conseguia andar de um lado pro outro na sala de espera.

– Será que você pode sentar? – Justin disse, indignado – Ficar andando de um lado pro outro não vai fazê-la ficar melhor.

– Será que você pode calar a boca? Se não percebeu, tem sido um estúpido ultimamente. Deixei minha mãe perder Scarlett, não vou deixa Priscilla perder Molly. – Sim, ela estava grávida de uma menina

– Você age como se pudesse impedir essas coisas.

– Família da Srta. Deleon. – chamaram, me impedindo de responder Justin

– Sim?

O enfermeiro veio até mim.

– A Dra. Bennett deseja falar com a senhora.

– Ok, obrigado.

Justin automaticamente se levantou.

– Não, você fica aí. – eu disse

Segui o enfermeiro até a porta do consultório e bati, entrando logo depois.

– Srta. Gomez sente-se, por favor.

Caminhei até a cadeira e me sentei.

– O quê aconteceu? Ela está bem?

– Sua prima sofreu uma tentativa de aborto espontâneo. Conseguimos salvar o bebê, mas daqui pra frente, ela precisa tomar alguns cuidados. A gravidez dela é de risco porque ela é hipertensa... Isso acontece muito em pessoas com esse tipo de doença, por isso ela precisa de cuidado dobrado.

– Já sabia que Priscilla era hipertensa, mas por isso nunca ter influenciado na vida dela, pensei que não teria problema.

Burra.

– É, mas tem problema. Preciso que ela tome esse complemento de vitaminas para ajudar na alimentação. Nada de coisas muito salgadas, nem gordurosas. Sem estresse e seria bom que medisse a pressão dela todos os dias. Ah, e sem grandes esforços também, mas seria bom que ela caminhasse de manhã. Com sorte, tudo ficará bem.

– Ok doutora, farei tudo que for preciso. Ela já pode ir embora?

– Eu prefiro que essa noite ela fique em observação, mas amanhã de manhã ela pode ir.

– Ok. Posso vê-la?

– Claro. Vou levá-la ao quarto.

A médica se levantou da mesa e me levou ao quarto onde Priscilla estava.

– Tenho que atender outro paciente, fique á vontade.

Assenti e entrei no quarto. Priscilla me olhou atordoada.

– Sel, tá tudo bem com ela? – ela passou a mão na barriga.

– Sim, Molly está bem. A senhorita precisa tomar alguns cuidados, mas vai ficar bem também.

– Ok, posso ir embora agora?

– A médica disse que é melhor você ficar em observação essa noite. Vou em casa buscar uma muda de roupas pra você. Por que não tenta dormir?

– Vou tentar.

– Ok, boa noite. Volto logo.

Apaguei a luz e fui á sala de espera. Justin veio em minha direção assim que me viu.

– O quê ela teve?

– Tentativa de aborto espontâneo.

– Mas ela tá bem, né? E o bebê também... Né?

Se eu não estivesse brava, a cara que ele fez poderia até ser engraçada.

– Sim, elas estão bem. Preciso que me leve em casa para pegar uma muda de roupa. Priscilla vai ter que dormir aqui essa noite.

– Ok, vamos.

Eu e Justin saímos do hospital, fomos ao estacionamento e entramos no carro.

***

Quando chegamos em casa, eu subi as escadas e fui ao quarto de Priscilla. Peguei umas roupas pra ela e coloquei dentro da bolsa. Saí do quarto e desci as escadas. Peguei a chave do meu carro encima do sofá e abri a porta de casa para sair.

– Espera aí, to descendo. – Justin gritou do topo da escada.

– Aonde você vai?

– Pro hospital, ué.

– Não, pode ficar. É melhor do que ficar soltando piadinhas a noite toda.

Ele parou no meio da escada e ficou me encarando.

– Ok, então tá. – notei que ele não gostou nada.

– Tchau.

Eu saí e bati a porta. Entrei no meu carro e fiz o caminho de volta ao hospital.