Tiago cumpriu sua detenção cheio de si mesmo, ele não iria deixar que ninguém tirasse sua alegria. E tirar sarro da cara dos colegas da Sonserina era muito prazeroso. O trabalho era pesado, pois não podiam usar magia para fazê-lo, mais levando em consideração que ele conseguiu a chance da sua vida e que humilhou seus inimigos na frente da escola, todo trabalho valeria a pena.

            Passado àquela semana de detenções Tiago pode voltar aos seus treinos de quadribol e as suas brincadeiras com seus melhores amigos, Aluado, Almofadinhas e Rabicho, onde tornaram a sujar tudo o que tinha limpado até então. Porem Tiago não tirava da mente que ainda tinha que arranjar um jeito de conquistar Evans. Embora a garota estivesse sempre presente em suas brincadeiras e morria de rir delas (agora demonstrava claramente isso a todos), ainda não tinha pensado em nada  para fazer ou como chamar a atenção dela.

            – E se eu ganhasse a taça de quadribol em homenagem a ela? – perguntou Tiago aos amigos quando estavam no dormitório certa noite. – O fim do campeonato esta perto e vai ser mole ganhar da sonserina.

            – Você é mais inteligente que isso Pontas, – disse Aluado que foliava um livro vagarosamente. – sabe que a taça não depende só de você, e isso é tipo de alguém que não consegue usar o cérebro, faça algo romântico.

            – Mais esse é o problema Aluado, eu não consigo pensar em nada extraordinário para fazer para ela. – o garoto olhava fixo na vidraça da janela.

            – Pra que pensarem tanto, você não vai pedi-la em namoro mesmo, – disse Sirius indiferente com a situação, – pelo menos não agora – corrigiu o garoto ao receber o olhar do amigo.

            – Porque você não escreve uma carta para ela Tiago, declarando todo seu amor por ela. – disse Rabicho que até então só ouvia a conversa.

            Sirius caiu na gargalhada nesse momento, pois não conseguia ver algo tão patético quanto aquilo. Tiago deu risadinhas constrangido, se lembrando da carta que tentara entregar a garota quando trombou com Snap e Lucio. No entanto Lupin parou numa expressão de quem acabara de ter uma idéia.

            –Talvez a idéia do nosso companheiro Rabicho não seja tão tola assim Tiago, – disse Aluado dando tapinhas nas costas de Rabicho, como presente por seu auxilio. Rabicho courou. – não escrever uma carta, mas você é muito inteligente Pontas, faça um versinho com rimas e mande para ela, ganhe ela com seu carisma e seu charme, afinal você sempre foi um galinha conquistador mesmo.

            Sirius rolava em sua cama de tanto rir, como ele poderia ouvir tanta asneira de uma vez só assim. Mais logo parou assim que viu a expressão do rosto de Tiago.

            – Ah! Qual é? Tiago sai dessa, você também é um bom preparador de poções, faça uma poção do amor e de a ela de presente. – disse ele dando risadinhas marotas.

            – Sirius você sabe que para mim Lílian não é apenas uma garota qualquer, sabe que ela é especial, você sabe mais que qualquer um aqui, e sua opinião conta muito para mim, você acha uma boa idéia?

            Sirius exitou por um momento, pensando o que aquilo significava para o amigo, pensando em todas as conversas que tiveram sobre o assunto.

            – Me mostra isso antes de entregar a ela então. – Sirius tentava quebrar o clima de tensão. – Mais se ficar ruim eu vou ser sincero ouviu.

            Ao terminar de conversarem, os garotos queriam fazer algo que ajudassem a alegra mais ainda a noite deles, desceram ate a sala comunal da Grifinória onde encontraram muitos alunos sentados e isolados em suas conversas. Era o momento perfeito para mandar todos para a cama.

Sirius tirou uma caixinha onde tinha 5 tipos de bombas e apanhou uma e entregou na mão de Lupin, logo depois pegou seu frisbee dentado e deu na mão de Tiago.

– Primeiro a bomba e depois o frisbee, entenderam? – Sirius tinha um olhar maldoso em seu rosto. – A bomba vai fazer muita fumaça e o frisbee vai sair às cegas.

– Espera ae Almofadinhas, essa bomba vai fazer sujeira? Porque eu estou como monitor.

– Ops! Desculpa Aluado era essa aqui a que só solta fumaça. – deu um sorriso. – quer que eu faça isso Remo?

– Não, já que eu vou ter que vir desfazer isso, me deixe pelo menos fazer o que limparei. – E ao terminar de falar lançou a bomba.

A bomba voou do pé da escada circular onde estavam e caiu no meio da sala perto de uns garotos do primeiro ano, e logo em seguida Tiago arremessou o Frisbee e os 4 saíram correndo para os dormitórios onde ficaram ouvindo os gritos dos alunos. Logo depois Lupin desceu e acabou com a algazarra morrendo de rir. E todos foram dormir.

                                               ***

– Não esta boa Tiago, até o Pedro consegue escrever melhor. – dizia Sirius a Tiago quando estavam sentados na sala comunal depois do jantar daquela noite.

– Eu não sei o que fazer Sirius, por mais que eu tente não sai nada da minha mente. – Tiago estava um tanto chateado já.

– Você sempre fala coisas tão boa e bonitas dela para mim, coloca tudo isso na poesia.

– É ai que esta a coisa Sirius, eu não consigo pensar em nada, me ajuda. – os olhos de Tiago brilhavam por socorro.

– Você quer mesmo que eu te ajude? – perguntou Sirius sorrindo alegremente.

– Mas é claro que quero.

– Esta bem, vou ajudá-lo. – e dizendo isso se levantou – Lílian o Tiago queria falar com você, poderia vir aqui, por favor?

– Claro que sim, só um minuto, estou terminando o dever e já vou.

– O que você esta fazendo? – perguntou Tiago que agora estava muito nervoso – Porque fez isso?

– Eu acabei de perceber que toda vez que você fala bem demais dela, era porque você tinha visto ela ou brigado com ela. Então resolvi chama-la, assim vocês batem um papo e você busca “inspiração”.

– Sério que eu faço isso? – Um leve sorriso apareceu no rosto de Tiago.

– É sim, e ai vem sua “inspiração”, depois me conta, até depois. – e dizendo isso Sirius se juntou com seus outros dois amigos, Pedro e Lupin.

– Queria falar comigo Tiago? – Lílian Evans estava em pé ali diante dos seus olhos.

As palavras não conseguiam sair da boca de Tiago, foi como se ele quisesse falar um monte de coisas belas ao mesmo tempo, mas nada saia.

– Posso? – perguntou a menina indicando o local vazio ao lado de Tiago, onde ate então Sirius se encontrara.

– Claro que sim. – Disse ele courando levemente, e sem tirar os olhos dela.

– Então, pode falar. – o sorriso sempre no rosto dela, e ela esperava que Tiago falasse, afinal ela queria saber o porquê dela estar ali.

– É... Hum... Sabe... É...

Tiago não conseguia entender, ele nunca tinha ficado assim com nenhuma outra garota, ele próprio se espantou com a capacidade da garota de fazê-lo ficar bobo com apenas um sorriso.

Era fabuloso estar na presença de Evans, ele gostava de ficar ali apenas contemplando seus lindos olhos verdes. Mas chegara a hora de fala, ele não podia ficar ali só olhando para a garota, então botou o cérebro para trabalhar.

– Bom, eu andei pensando, e você tinha me dado uma chance de te conquistar lembra...?

– lembro sim. – Disse ela quando Tiago perdeu a fala.

– Então, – começou Tiago agora menos tenso que antes – eu andei pensando e descobri que não sei nada de você, e queria que você me contasse algo que possa me ajudar.

– Bom...

– Espera ai, posso anotar? – disse Tiago a interrompendo.

E com o leve aceno de cabeça da menina Tiago pegou um pergaminho e uma pena, nas quais ele estava tentando escrever sua poesia.

– Eu tenho um pouco de vergonha então vamos fazer perguntas um para o outro pode ser?

– Pode sim, – disse Tiago que já começava a rabiscar no pergaminho. – você pergunta primeiro então.

– Ta bom, me fale da sua família. – disse ela pra começar o assunto.

– Meus avos maternos eu não tenho mais, tenho dois tios por parte de pai, e um por parte de mãe, mais nem um deles tem filhos. A família toda é auror, e acham que é muito arriscado ter um filho nessa função, mais eles são bem jovens sabe, então acho que não vou ser o único filho por muito tempo. – e abriu um largo sorriso. – e você, me fale da sua.

– Sua família toda é sangue puro? – perguntou ela com certo constrangimento. Pois se a família dele fosse todos sangue puro, ele não ia quere-la na família para sujar a linhagem. Evans conhecia muito da tradição bruxa para saber disso.

– É sim, mais não liga para isso não. – disse Tiago sorrindo e ainda olhando para ela. – Não me importo com essas coisas.

O coração de Lílian se alegrou pelo menos ele não ligava para essa tradição, que ao ver dela era puro preconceito.

– Meus pais não são bruxos, e eu tenho uma irmã que também é trouxa. Meu pai é advogado. Ele defende pessoas que foram acusadas de algum crime. – explicou ela ao ver a expressa no rosto de Tiago, ao ouvir a palavra “advogado” – E minha mãe é enfermeira, como madame Pomfrey.

– Que legal – disse Tiago e começou a escrever rapidamente, sem que Lílian vice o que ele escrevia. – e você tem algo que gosta muito? Tipo um objeto ou animal?

– Tenho sim, esse colar aqui, – e dizendo isso tirou um colar fino e dourado com um pingente que tinha uma fina abertura. – ganhei do meu pai, tem a foto da minha família aqui dentro – e abriu o pingente onde se encontrava uma fato pequena de 4 pessoas sorrindo, mas a foto era diferente das fotos que Tiago conhecia, elas ficavam paradas ali na mesma expressão, Tiago estava acostumado a ver as imagens se mexendo, entrando e saindo da foto. – Minha irmã tem um também. E você tem algo assim?

– Tenho isso. – E Tiago pos a mão no peito e mostrou a garota um anel pouco grosso com uma fenda e outro dentro, que por conta disso girava. – É uma promessa que eu fiz, é meio boba. – e começou a escrever novamente no pergaminho, agora com muita vergonha.

– Me conta o que é. – pediu a garota entregada.

– Não, serio é muito bobo. – Tiago sabia que ela não ia desistir ele sentia isso.

– Eu te contei sobre mim, vai, me fala, por favor. – E ao dizer isso Tiago olhou para ela. Ela estava com uma expressão meiga no rosto e seus olhos brilhavam, não tinha como resisti.

            – Tudo bem, – disse ele se dando por vencido. – você sabe que eu nunca fui de ter um relacionamento sério, então eu pus esse anel aqui e prometi da-lo pra mulher com quem eu fosse me casar. – disse Tiago voltando constrangido para seu pergaminho.

            – Que lindo! – disse Lílian ao ouvir isso.

            Então a conversa se desenrolou, os dois conversaram de tudo que fosse assunto, se conhecendo a cada minuto. Sirius se cansou de ver a alegria do amigo e foi se deitar, seguido por seus amigos.

            Pouco a pouco a sala comunal foi se esvaziando até que só restaram na sala Lílian e Tiago, que ainda estavam tão descontraídos na conversa que nem perceberam que ficaram a sós.

            – Acho que ficamos sozinhos. – Disse Lílian a Tiago que agora já dobrava seu pergaminho.

            – É! Acho que sim mesmo, mas também, veja só a hora. – Indagou Tiago sorridente.

            – Acho que já esta na hora de irmos dormi, você não acha? – Disse a garota soltando um bocejo e olhando a expressão de descontentamento de Tiago ao cair na realidade.

            – É sim, já é tarde. – Tiago estava triste por aquele momento acabar.

            – Posso fazer uma ultima pergunta? – Ela abria um sorriso agora ao dizer essas palavras.

            – Claro que pode. – Tiago não queria acabar com aquele momento.

            – O que você tanto escreveu nesse pergaminho a noite toda? – ela mirava o pergaminho intrigada. – Porque eu sei que não foram informações sobre mim.

            – Amanha tenho certeza que você descobrira. – E Tiago sorriu para ela.

            – Tudo bem, agora vou me deitar, até amanhã. – E depois de dar um beijo no rosto do garoto, subiu a escala circular para o dormitório das meninas.

            Tiago esperou ate não escutar mais barulhos e ter certeza que ninguém o incomodaria, então pegou um outro pedaço de pergaminho e começou a passar o rascunho que tinha feito enquanto conversava com Evans.

            Agora ali estava seu poema para Evans, na manha seguinte ele mesmo se encarregaria de entregar pessoalmente para ela, para que não ocorresse o mesmo que avia ocorrido da ultima vez.

            Tiago acordou cedo na manha seguinte, porem sonolento, mas muito satisfeito o que ia fazer também. Decidira não mostrar aquilo para Sirius, pois sabia que o amigo nunca ia concordar com aquilo, sabia que Sirius era do tipo que não liga para nada.

            A sala comunal foi se enchendo, e Tiago viu todos eles descendo até que em fim ele a viu. Ela estava tão deslumbrante e muito bonita como sempre, mais hoje embora ela tenha feito às mesmas coisas e posto às mesmas vestes parecia que nada tinha mudado nela, mas para Tiago ela tinha se transformada, para ele agora ela era mais bonita que todas as garotas da terra. Tiago fez sinal para que ela se aproximasse.

            – Lembra-se do pergaminho em que eu estava escrevendo ontem? – Perguntou Tiago meio constrangido entregando o pergaminho na mão da garota. – Leia depois, e com carinho. E se retirou para o dormitório. Lílian também correu de volta para o dormitório, pois não podia esperar para ler aquilo.

            Quando chegou ao quarto a garota desenrolou rapidamente o pergaminho, que estava escrito numa letra inclinada e caprichada.

            Eu te amo Evans...

Teus lábios são doces e suaves,

Teus braços se encaixam perfeitamente nos meus,

Teu sorriso me faz sentir o homem mais feliz do mundo,

E como segurar esse desejo de gritar aos quatro ventos...

Eu te amo Evans...

Cada momento com você é mágico,

E cada momento sem você me faz perceber,

Que mesmo que eu esteja com alguém, se não for você,

Eu estarei só, pois...

Eu te amo Evans...

Confesso que tentei fingir,

Disfarça mentir, fugir dessa culpa.

Enganando-me a cada dia, fingindo que não te amava.

E cada vez que seus lábios tocavam outros que não fosse os meus,

Irava-me, explodia, mais mesmo assim sofria calado, pois...

Eu te amo Evans...

Sempre quis que você me notasse,

E cada ato que eu fazia para ganhar tua atenção,

Era retribuído como um simples carinho de amigo.

Por isso tentei me afastar, por isso tentei te esquecer,

Mais, mesmo que eu aparatasse

Para os mais profundos confins da Terra,

Algo não poderia levar comigo,

Pois meu coração sempre pertencerá a você...

Eu te amo Evans...

Havia ali um peque verso, uma simples poesia. Qualquer outro garoto da escola poderia escrever aquelas palavras, qualquer um poderia fazer aquilo. No entanto, não foi qualquer garoto que escreveu aqueles versos para ela, tinha sido o garoto arrogante, o adolescente mais criança que ela já vira em toda sua vida, até mesmo mais bobo que os trouxas, porém foi o adolescente que conseguiu a conquistar. De fato qualquer um poderia escrever aquilo para ela, mas em toda sua vida ninguém o tinha feito ainda, e aquilo não era o presente de qualquer um, era de Thiago Potter, que agora, depois daquela poesia em fim ele conseguiu fazer com que a garota sentisse o mesmo por ele.

Lílian não conseguiu resisti de tanta emoção, a respiração um tanto acelerada e um sorriso no rosto, não conseguiu segurar a alegria que cabia no peito, e então escorreu por seus olhos. Ela não podia ficar ali parada guardando para si toda aquela emoção. Evans saiu correndo do quarto e foi ao encontro de Tiago que estava saindo pelo buraco do retrato. Ela o puxou pelo braço e o envolveu num abraço apertado e caloroso.

Aquele momento tinha demorado em acontecer, Tiago estava ali, enfim, com Evans aos seus braços.

Lílian decidira encara-lo ela ergueu a cabeça e se deparou com os olhos de Tiago. Os dois ficaram assim por um tempo se olhando, Tiago não poderia ver algo tão lindo como aqueles olhos cintilantes. Evans não poderia apreciar uma expressão tão meia e sincera em uma pessoa. Então foi quando tudo aconteceu, Tiago queria ficar mais perto daqueles olhos que gritavam por ele e Lílian queria para si aquele rosto meigo e sincero, momentaneamente os dois fecharam os olhos cada vez avançando mais, vagarosamente, até que seus sábios se encostaram e desencostaram suavemente, e novamente se encostaram, até que saiu um simples selinho longo e demorado, então Evans o abraço forte mente e correu de volta ao seu dormitório.