Ultimos Jogos escrita por JoanaMellark


Capítulo 7
Esperança


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Então aqui está um novo capitulo. Um pouco de esperança para os meus queridos leitores :D
Espero que gostem



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- Katniss! Katniss, acorda.



A voz de Haymitch fez-se ouvir. Aliás, era a única coisa que se conseguia ouvir. Não queria abrir os olhos mas o sítio onde estava era estranhamente silencioso.



- Katniss.



Ouvi passos ainda antes de ouvir a sua voz. Eram pesados e inconfundíveis mas as suas palavras deram-me a confirmação que precisava. Era apenas um murmúrio, mas era tão audível naquele silêncio que me pareceu um grito. Senti a sua mão na minha e uma sensação quente percorreu-me a pele.



Tentei falar mas as palavras ficaram presas na garganta e o que saiu foi uma espécie de grunhido.



- Não tentes falar.



Abri os olhos. A minha visão estava turva e tive de piscar algumas vezes para conseguir decifrar as faces de Haymitch e Peeta.



Levei a mão ao pescoço. Senti marcas quando os meus dedos deslizaram pela pele. Doía-me e não conseguia falar. Depois lembrei-me do que tinha acontecido e a minha visão voltou a ficar toldada, mas desta vez pelas lágrimas. Tinha acontecido de novo. O Peeta tinha-me tentado matar. Com um murro na garganta.



- Peeta, se calhar é melhor saíres, - disse Haymitch ao ver o brilho nos meus olhos.



- Não. Eu fico aqui com ela.



- Está bem.



Era tão estranho Haymitch concordar com algo tão facilmente. Mas depois percebi. Ele não queria que o Peeta volta-se a ficar irritado. E dei por mim com medo que o meu namorado, a pessoa que mais amo e que mais confio neste mundo, me matasse.



Olhei em volta. Estava na enfermaria do Centro de Treino. Era uma divisão coberta por azulejos brancos e monótonos.



Um homem com uma bata branca comprida entrou no quarto e entregou-me um copo, cheio com um líquido translúcido e um cheiro nauseabundo. Olhei paraHaymitch, ele incitou-me a bebe-lo e eu engoli-o rapidamente. Tinha um sabor horrível mas, conforme me descia pela garganta, eliminava um pouco da dor que sentia.



Voltei a entregar o copo ao homem com a bata branca e, quando ele saiu, pigarreei.



- Peeta. – Acabei por dizer, apenas para testar se tinha voltado a ter a capacidade de formar pequenas palavras. O nome dele acabou por sair mais como um sussurro.



- Haymitch, podes nos deixar a sós, por favor, - ele pediu, sem nos olhar nos olhos e mantendo-os fixos no chão. 



- Não sei se é uma boa ideia. – O nosso mentor parecia realmente preocupado.



Peeta fechou os olhos com força. Percebi que ia chorar e isso partiu-me o coração. Eu sabia que ele não tinha culpa do que tinha acontecido mas ele achava que sim.



- Haymitch, podes ir. – A minha voz continuava rouca mas pelo menos a minha garganta já não ardia.



Ele saiu, deixando-nos a sós. Estava nervosa por estar ali com ele. Calma, aquilo não eram nervos. Era outro sentimento que eu conhecia demasiado bem. Medo.



- Katniss, por favor perdoa-me.



Foi a única coisa que ele conseguiu dizer e eu notei-o pela maneira como ele começou a olhar para a parede. Ele tinha aquele hábito fantástico de me olhar sempre nos olhos e agora não o conseguia fazer.



- A culpa não é tua, Peeta.



Sentei-me na cama e peguei-lhe na mão, mas, ele, em vez de a agarrar, abraçou-me, encostando a sua cabeça ao meu ombro. Conseguia ouvi-lo soluçar e afaguei-lhe o cabelo. As suas lágrimas molhavam a bata do hospital que me cobria o corpo.



- Na Arena, tu foges com a Annie. Eu vou tentar matar os outros. Não te mereço, Katniss. Vais ser feliz sem mim, eu prometo-te. – Ele deu-me um beijo na testa. Tinha os olhos inchados do choro e a face molhada.



Como é que ele podia dizer aquilo? Eu é que o tinha feito sofrer. Ele tinha sido torturado por minha culpa. Eu não merecia o seu amor. Nunca o iria merecer, mas já me tinha dado conta disso há muito tempo.



- Eu amo-te. És o meu rapaz com o pão. És a única pessoa que me dá forças para continuar. Eu não vou fazer isso.



- Vais. Tens de o fazer.



Fiz-lhe uma festa na cara, limpando as lágrimas que ainda lhe escorriam pelo rosto.



Um confortável silêncio instalou-se no quarto. Ele sabia que eu nunca o ia deixar. Ele sabia que eu o amava demais para o entregar à morte, por isso, espantei-me quando ele perguntou:



- Tens medo de mim, Katniss?



E de repente, palavras não pareciam suficientes para descrever os meus sentimentos. Eu sabia que sentia medo do que pudesse acontecer. Tinha medo das circunstâncias, não dele. Tomei os seus lábios como se me pertencessem e beijei-o ferozmente. Era tudo o que queria fazer naquele momento. Tê-lo perto de mim, mas, mesmo assim, parecia não ser suficiente.



Ele quebrou o beijo e subiu para a cama, deitando-se a meu lado. Encostei a cabeça ao seu peito e dei por mim a relaxar ao ouvir o seu coração a bater ritmado.



- Não respondeste a minha pergunta, - disse ele.



- Achei que o beijo tinha sido suficiente. – Ele abriu um sorriso.



- Eles adiaram o encontro dos tributos.



- Para quando?



- Para agora. Vá veste-te.



Ele levantou-se e ajudou-me a fazer o mesmo. Virei-me de costas e ele desapertou-me a bata do hospital, que caiu no chão. Agora a única coisa que me protegia dos seus olhares quentes era a roupa interior. Recebi um beijo no pescoço e virei-me.



- Peeta, é melhor parares. Não temos tempo para isto.



- Eu quero-me esquecer que te posso magoar. Só quero que sejas feliz.



- Não vamos ser muito felizes se chegarmos atrasados. A senhora Trinket é capaz de nos partir ao meio, - disse eu, num tom calmo e sarcástico.



Ele libertou-me dos seus braços e eu vesti-me.





Caminhamos devagar até a mesma sala da última vez. Peeta tinha-me dito que eu tinha estado naquela cama um dia inteiro. Sentia o corpo leve e a sua mão à volta da minha cintura transmitia-me segurança. Era estranho, eu sei, mas nunca ia sentir que ele era perigoso para mim. Quando me atacava, era o veneno que tomava conta do seu corpo. Tinha dito isso a mim mesma milhares de vezes, e não era agora que ia voltar atrás.



- Estávamos há vossa espera. Sentem-se por favor. – Paylor estava dentro do círculo que as mesas formavam e olhava directamente para nós. Sentamo-nos um ao lado do outro, nas últimas duas cadeiras disponíveis e ela continuou. – Nós não queríamos que isto acontecesse. Estes Jogos são uma exigência dos outros países. Vamos tentar que vocês fiquem bem.



Olhei para Haymitch e Effie, que estavam sentados ao lado de Angus. O que é que aquilo queria dizer?



- Presidente Paylor, isso quer dizer que nós não vamos morrer? – Perguntou a mulher do Distrito 10.



- Tentem manter-se vivos. Nós vamos ter de vos atacar para que ninguém desconfie, mas vocês podem simplesmente não se matar uns aos outros. Façam pequenas alianças e defendam-se dos mutantes juntos.



Olhei para Peeta e sorri. Podíamos fazer isso. Sem mortes, estaríamos fora da Arena em menos de um mês.



- Mas vão haver mortes na mesma. Os mutantes vão ser fortes. Por favor, protejam-se uns aos outros. – Paylor repetiu, esboçando um leve sorriso.



- Sim. Nós conseguimos, - disse Peeta num tom baixo, como se falasse só para si.



E acabamos por delinear um plano em conjunto.



Íamos fugir da Cornucópia. Todos nós. Depois, um de cada vez, os grupos iam buscar mantimentos e armas. Os carreiristas iam ser um grupo. Eu, o Peeta, a Annie e a rapariga do Distrito 6, que fiquei a saber, dava pelo nome de Lexie e tinha 23 anos, éramos outro e por aí fora.



Saímos da sala e, antes de entrar no elevador, decidi perguntar a Annie:



- O que é que te aconteceu?



A cara dela estava melhor do que no dia anterior, mas o seu olho ainda estava um pouco negro.



- Os tributos não deviam visitar os outros andares. E eu não devia ter trazido o meu filho.



E ela entrou no elevador. Fiquei assustada, mas a sensação de alívio era tão grande que decidi não me preocupar com isso. Havia uma chance de não haver mortes. Podíamos ser felizes outra vez.



- Anda, Katniss, - chamou Peeta, oferecendo-me a sua mão. Agarrei-a e entrei no elevador.



Chegamos e sentamo-nos no sofá. Eu, o Peeta, o Haymitch, a Effie e o Angus.



- O desfile é hoje e os tributos devem usar o mesmo que nos seus primeiros Jogos, - disse o nosso estilista.



Um Avox entrou na sala com uns fatos iguais aos dos nossos primeiros Jogos. O Peeta abraçou-me e deu-me um beijo na testa. Ele sabia que o Cinna me fazia falta.



- Mas acho que podem ir descansar um bocadinho. – Haymitch piscou-me o olho e eu sorri.



- Eu vou ver como é que está o Finn, - disse Effie, saindo com um grande sorriso na face coberta por maquilhagem



Dirigimo-nos ao quarto e sentamo-nos na cama.



- Sabes o que é que isto significa, Peeta? Podemos sobreviver. Todos nós.



- Eu sei. Só quero que saibas, se eu me descontrolar, faz o que for preciso.



- Não vamos falar disso agora. Estamos aqui. Os dois. E vamos ficar juntos para sempre. – Não sabia quando é que tinha ficado tão lamechas. Talvez fosse de passar tanto tempo com o Peeta. Provavelmente era isso.



- Eu amo-te, Katniss.



Dei por mim a sorrir com aquela declaração.



Ele deitou-me na cama e beijou-me. Não queria pensar nos Jogos, nas mortes, no meu namorado assassino. Queria o a ele. Os seus lábios, o seu corpo e, mais do que tudo, o seu amor.



Ele levantou-se e eu sentei-me, encostada há cabeceira da cama.



- Desta vez ninguém nos vais interromper. – Peeta trancou a porta e eu mordi o lábio inferior, em antecipação.



Ele aproximou-se e deitou-se em cima de mim, apoiando todo o seu peso nos antebraços.



- E agora, senhor Mellark? – Perguntei, em tom de gozo.



- Agora vamos nos divertir um bocadinho, senhorita Everdeen.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram?
O que é que acham que vai acontecer no próximo capitulo?
Por favor, deixem reviews, meus amores ♥