Era hora de ir pra casa, os portões da escola já tinham sido abertos, Larissa não abrira a boca desde que eu deixei de almoçar com ela para almoçar com Tyler- Bom pessoal, espero que façam o resumo sobre os experimentos – Dizia o professor de química. – Vocês estão liberados. – Era só falarem isso, que parecia que tinham aberto um canil inteiro, ouvia-se as carteiras sendo arrastadas.
– Você não vai mesmo me contar né? – Dizia Larissa, com uma cara de cachorro pidão que tava me dando pena.
– Amanhã, prometo. – Eu disse paciente, ela era minha melhor amiga e uma vez eu descobri que segredos mantinham pessoas unidas, então que assim seja. Ela sorria como uma criança quando ganha uma caixa de balas.
– Quer ir pra casa não? – Disse Tyler na porta, tinha me esquecido que agora ele estudava na minha escola.
– Ótimo, agora eu tenho uma babá? – Eu ria sempre que tentava dar um fora nele – Eu vou sozinha! - Eu precisava pensar em tudo que estava acontecendo, era muita informação para um único dia.
– Tudo bem – Ele se aproximou e eu virei a bochecha pra ele beijar, isso causaria uma confusão na sua cabeça, eu sabia. Virei ás costas, dei tchau para Larissa e coloquei os fones no ouvido. Esbarrei com umas carinhas conhecidas, sorri e acenei. Costumava fazer isso quando não queria papo. Era umas 17h30, o céu já estava escurecendo, eu estava procurando em minha playlista uma música antiga, até que algo me chamou a atenção, a lua estava acima de minha cabeça e o seu reflexo parecia me iluminar, desvie os olhos para o céu e por um longo momento parecia que só existia eu ali.
– Está linda não é? – Falou alguém quase atrás de mim – Estava andando e quando percebi parei pra admirar. – Baixei os olhos pra o garoto e meus olhos se arregalaram.
– Vo..vo..cê? – Gaguejei ao ver que era o garoto da chuva, folhas, celular, lama, grosseria. Minha boca estava quase aberta, eu não tinha esquecido o jeito que ele tinha sumido aquele dia e a nada gentileza que ele tinha jogado em mim como um balde de água fria.
– Ah não, a garota que estragou todos os meus desenhos? Eu perdi bastante tempo e dinheiro por sua causa.
– Minha causa? – Cruzei os braços. – A culpa de não prestar atenção por onde anda, não foi minha. E por sinal, você é sempre esse acumulo de simpatia?
– Me desculpe por aquele dia – Seu tom tinha ficado sério – Meu pai vem me cobrando bastante, e eu tinha que entregar aqueles desenhos de umas peças que valiam muita grana. – Ele riu sozinho – E eu levei uma grande bronca por atrasar o dia da entrega, eu não podia levar uma coisa cheia de lama, certo?
– Ridículo. – Eu ri com ele – Sou Katie Meade por sinal.

– Me chamo Liam Blake, o prazer é todo seu.