Memórias escrita por Não sou eu


Capítulo 12
Luce




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Quando acordou percebeu que tudo não havia sido um sonho, ainda estava no mesmo lugar do qual adormeceu, mas não havia nem sinal de Matt. Se levantou e olhou em volta, havia uma cesta ao seu lado. Lá dentro havia água e pão, que não era a comida favorita de Luce, mas que não recusou, pois estava com muita fome. Nunca havia gostado de vestido, mas agora que usava um percebeu que ele era um tanto confortável, pelo tamanho que era.

Queria dar uma explorada no local, não sabia por quanto tempo iria ficar ali e nem como iria embora, então não valia a pena ficar esperando por nada. A floresta era um lugar muito bonito, vários pássaros cantando e arvores que não se via em muitos lugares. Então Luce ouviu uma voz de mulher, ela começou a andar na direção da voz, que lhe parecia muito familiar. A uma distancia boa, se escondeu atrás de uma arvore para poder ver.

A garota vestia um lindo vestido azul com renda branca, era um vestido típico da época, mas ao mesmo tempo único. Seus cabelos estavam presos em um coque, o que não valorizava tanto o seu rosto, cabelos da cor do fogo. Luce sentiu suas pernas tremerem ao ver o rosto da menina, era como se ver em um espelho, eram idênticas, a não ser alguns traços diferentes, como o modelo de seu queixo não ser tão pontudo quanto o da garota.

— Não posso escolher entre vocês dois, mas você tem que entender Matt, Daniel é diferente, eu amo de um jeito que não conseguirei amar mais ninguém.

— Você quer dizer que não conseguirá me amar do jeito que você o ama.

— Eu lhe amo sim, mas de um jeito diferente, não posso fazer isso.

— Então, dê-me um beijo de adeus e juro para ti que nunca mais a incomodarei.

— Matt, não acho que isso...

— Por favor Lucen, é o meu ultimo pedido a ti.

Ele agora se aproximava dela de um jeito carinhoso, ela não desviou seu olhar do dele. No minuto seguinte ele a beijava de um jeito apaixonado, que causava em Luce uma certa inveja por nunca ter tido esse momento com ninguém. O beijo era delicado e ardente ao mesmo tempo, ela se sentia um pouco envergonhada por os observá-los. Quando finalmente se afastaram, Matt não olhou em olhos, abriu suas asas e voou para qualquer lugar. Lucen parecia triste, mas como Luce deduziu, já sabia da existência dos anjos.  

Algo queimava o pescoço de Luce, que percebia agora que estava com o colar de pássaro que o diretor lhe dera, uma luz branca agora ofuscava seus olhos, e quando abriu os olhos estava de volta à sala do diretor.

— Luce, ele não é um brinquedo, então preste atenção no que estou te dizendo, esse colar não é igual aos outros.

— O que? Espere um pouco, como eu cheguei aqui?

— Como assim Luce? Você veio até meu escritório, o que está acontecendo?

— Não é nada, acho que fiquei estou um pouco cansada, o que o senhor estava falando?

— Sobre o colar, mas já que você está tão cansada, talvez seja melhor conversamos outro dia.

— Pode ser, me desculpe.

Luce saiu apressada do escritório, sua cabeça estava tão confusa que não conseguia nem ao menos se lembrar o que a havia feito ir até o diretor. A única coisa que sabia era que aquilo não havia sido um sonho, ela realmente estava lá e sentira tudo ao seu redor. Não havia sido igual quando estava em sua memória, na segunda guerra mundial, era muito real o que havia passado agora. Precisava encontrar Matt.

Não conseguia esquecer-se de Matt naquela outra época, aquele que beijara aquela menina tão parecida com sigo mesmo, o amor que sentia por ela era impossível de não se notar. Era a segunda vez que via uma menina igual a ela, e isso estava começando a preocupá-la, nomes parecidos, aparência idêntica e o fato de que ou Daniel ou Matt as amava.

— Luce, onde você estava? Você perdeu todas as aulas do período da tarde.

— Oh Marcus... — Ela caiu nos braços de Marcus, ele lhe passava certa segurança que ainda não entendia, era um amor diferente, talvez esse seja o motivo que nunca conseguira se atrair por ele. Ele parecia confuso, mas não recusou o braço, apertando-a mais junto de si. Não havia percebido ainda que estivesse chorando e sentiu raiva de si mesmo, por estar sendo tão fraca. Sempre enfrentava os problemas de cabeça erguida e agora tudo parecia demais para se agüentar. Estava tão confusa com tudo isso, queria se jogar em um buraco e esquecer tudo, mas não podia e cada dia mais isso fazia parte de quem ela era e precisava se encontrar.

— O que está acontecendo Luce? Por que você ta chorando? — Ele tinha seu rosto em suas mãos, segurava firmemente, olhando em seus olhos Luce sabia que não devia contar nada a ele, pois era isso que a segurava, Marcus e Arya eram especiais por serem normais, e a única coisa que queria era protegê-los, e como poderia contar a ele o que sabia sem que a chamasse de louca?

— É só que, eu não gosto de estar nesse colégio, me sinto presa e odeio isso. — Agora percebia porque sua mãe nunca acreditou quando dizia que ia para o balé e fugia para a casa da Penny, era uma péssima mentirosa. Se Marcus percebeu que era uma mentira ele não disse nada, só sorriu.

— Tive uma idéia, o que acha da gente da uma fugidinha para a vila?

— E como vamos fazer isso?

— Vamos usar o mesmo atalho que usamos para ir a praia aquele dia, topa?

— Por que não?

Ele pegou em sua mão e sorriu para Luce, que começava a ficar vermelha. Eles começaram a andar um pouco rápido demais, mas sem chamar a atenção, se é que isso era possível. As pessoas ainda não pareciam acreditar que eles eram amigos. Ela sabia que não podia ser tão imprudente agora, tinha coisas a resolver, sua vida estava de cabeça pra baixo, cheio de enigmas que tinha que resolver, e precisava urgentemente conversa com Matt sobre o ocorrido, mas parecia que tudo teria que esperar, seria bom pra ela fazer algo diferente, ser normal de novo.

Eles já estavam na proximidade da vila quando Luce se viu rodeada de sombras. Marcus não conseguia vê-las, o que ajudava, mas ela não gostava de tê-las por perto.

— Não sabia que existiam pequenas vilas aqui nessa região.

— Ah, essa aqui faz muitos anos que está aqui, a maioria das pessoas que moram aqui teve um tataravô ou um parente ainda mais velho.

— E como você sabe de tudo isso Marcus?

— Minha mãe, ela morou aqui. Não me olhe assim, não sou de L.A e nem uma dessas cidades grandes, moro em Chapel Hill, minha mãe se mudou pra lá depois que seus pais morreram. Ela sempre me contava histórias que meu bisavô contava a ela.

— Que tipo de histórias?

— Ah você sabe, histórias de terror, demônios, anjos, criaturas da noite, coisas assim. Minha mãe se divertia contando-as pra mim, eu adorava.

— E com seu bisavô sabia sobre isso?

— Ele dizia que quando ele era criança ele conheceu um anjo, mas que ele não era como todo mundo pensava, o anjo era uma pessoa, não exatamente uma pessoa, só aparentava com uma. Ele sempre falava isso, mas minha mãe nunca acreditou nele, e como acreditar? — Marcus começou rir e Luce tentou forçar um sorriso, mas estava muito assustada com a história. Será que era Daniel? — Você está bem? É só uma história Luce.

— Estou sim, é só que adoro histórias assim. Ei, vamos ver um filme? Você sabe se aqui tem cinema?

— Não acho que aqui tenha um cinema, normalmente as pessoas quando querem ir ao cinema viajam até Wilmington, mas podemos ir à feira.

— Feira? Tiro aquela feira que nossas mães vão fazer compras?

— Não ri não, vamos vou te mostrar.

Luce começou a rir, mas logo parou quando viu do que se tratava a feira. Parecia que a cidade inteira havia vindo para a feira, todos usavam roupas normais e ao mesmo tempo chiques, Luce se sentiu mal por não ter se arrumado. A feira era um museu nas calçadas, uma avenida inteira dedicada à arte, Luce não conseguia ver onde terminava, as calçadas eram repletas de antiguidades, pinturas, estatuetas, etc.

— Então, o que achou?

— Sério? Acho que estou no paraíso. Como sabia que ia ter essa feira?

— Eu não sabia, até chegarmos aqui. A cidade estava muito calma para ser um dia normal, então deduzi que seria o dia da feira, todo ano acontece, minha costumava me trazer aqui.

— O que aconteceu?

Ele não disse, simplesmente pegou na sua mão e a levou para a multidão. Luce estava maravilhada com tudo que via, as pinturas eram divinas, sentiu muita saudade de suas pinturas.

No final da tarde, eles pararam pra descansar, o dia havia passado tão rápido que Luce não conseguia acreditar, havia sido um dos melhores dias da sua vida, sem preocupações, nada.

— Gosto?

— Ta brincando né, eu adorei, obrigado por me trazer aqui hoje.

A noite já chegara quando eles entraram nos terrenos da escola e para surpresa de Luce alguém já a estava esperando. 


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