Tom Riddle, o garoto solitário, o garoto abandonado, o garoto que fazia seu próprio destino. Todos ao seu redor e ninguém por ele. Tão inteligente, esperto, ágil. Sim ele poderia ser um homem perfeito, mas apenas um homem perfeito para ele não é o bastante. Ele queria tudo o que ninguém podia ter ou ser, ele queria poder infinito, imortalidade, gloria eterna. Sim ele queria algo grandioso para sua vida. Tantos planos, tantas coisas as quais pensar. Ao olhar pela janela de seu dormitório, ele vê um dia quente. Todos no jardim aproveitando o belo dia que fazia, enquanto ele estudava. Não se daria ao luxo de sair para se divertir, não quando os NIEMS estavam tão próximos. Seus olhos cansados passeiam pelas infinitas páginas de seus livros, seu cérebro tenta gravar o máximo de informação possível.

Ele passou tantas horas ali sentado, apenas estudando. Sua mente vagava longe, revisando tudo o que ele havia estudado, quando sentiu o vento gelado entrando pela janela. Ele fechou os olhos, e o frio agora congelou o seu rosto. À tarde de sol despedia-se tristonha, enquanto uma tempestade se aproximava. Uma grossa nuvem acinzentada anunciava com trovoadas que logo iria chover. Ele levantou-se e fechou a janela para que tudo ali dentro permanece-se intacto. Não resistiu e desceu para o jardim, todos corriam em direção oposta para esconder-se da chuva. Mas ele adorava aquele momento. Ele tinha um único prazer que não causasse crueldade a ninguém. Tomar banho de chuva. Nada melhor depois de uma longa tarde ensolarada trancado em seu dormitório estudando, do que aproveitar uma chuva de fim de tarde.

Aos poucos pequenas gotas de chuva atingiam seu rosto. O vento mais uma vez soprou veloz, as arvores dançavam ao seu redor. As folhas giravam, correndo para todos os lados. Estava escurecendo, ele sentia-se parte da tempestade. Era fria, cortante. Tom fechou os olhos ao toque das gotas de chuva, abriu os braços e por uma fração de segundos, era como se ele fosse carregado pela tempestade. Como era possível tamanha sensação, tamanho contentamento?

Seu rosto contorceu-se por um segundo, e ali agora tinha o esboço de um sorriso. Sua mente permitiu-se não pensar em nada, pelo menos por agora. A água escorria por suas vestes, estava todo encharcado. Seu cabelo sempre arrumado estava molhado e todo bagunçado. Deu alguns passos, ainda sem direção, dopado pela sensação de paz. Ouviu ao longe a voz de um senhor chamá-lo:

- TOM! VAI PEGAR UM RESFRIADO GAROTO! – Alvo Dumbledore, estava de pé à enorme porta de carvalho, chamando para que ele se recolhesse de volta ao castelo.

Ele virou-se, agora em direção ao castelo, ouvia o som das trovoadas que ecoavam pelas montanhas, ouvia também o som macio, de seus sapatos na grama molhada. Depois de alguns pequenos instantes estava próximo do professor.

- Tom o que fazia nessa chuva? – Ele olhou por cima de seus oclinhos meia lua com seu sorriso bondoso de sempre.

Tom hesitou um pouco em responder, a aquela pergunta tola do professor:

- Nada. – Ele deu de costa para o professor, e com longos passos, caminhou de volta para seu dormitório.