Quando entramos no quarto Mel estava deitada gritando e chorando, pelo que parecia a bala se alojara muito fundo, o que necessitou que abríssemos mais o corte ate acha-la. Sem anestesia, o processo e muito desgastante.

–O ferimento está muito aberto! Mesmo assim não e o suficiente! –Disse Alice.

–Então abra mais! –falou com ironia Jinn.

–Eu tenho medo que possa haver uma hemorragia! –Replicou.

–Temos que arriscar! – Falei levantando o pano escarlate que cobria o ferimento.

Quando levantei o pano e vi a ruína de sangue que estava de baixo senti as pernas faltarem e a visão enegrecer. Dei por mim no chão com Liz me dando tapas na cara.

–Desculpe, isso não acontecia havia tempos! Minha mãe sempre riu disso. –Ri enquanto me retirava da sala. Naquele momento seria muito mais um estorvo do que uma ajuda. Então fui falar com Doug. Ele estava com os pés acima da mesa e limpando uma arma.

–E então Jack. –Riu ruidosamente. –Vai me contar o que aconteceu lá?

–Bom, tudo começou com um zumbi. –Quando ele ergueu uma sobrancelha de duvida tive de explicar. –Ele era diferente, mais magro, não tinha aquela pele desgastada, e tinha garras nas mãos. E era muito rápido. Então eu e Jinn ficamos para mata-lo. Então o Scott e a Lav sumiram. Ela estava com o walk talk, por isso conseguimos seguir o som até o outro. Mas quando chegamos lá haviam dezenas de infectados, e o aparelho estava com ele.

– Jinn me disse que você matou-os todos de uma vez. E que parecia um demônio enquanto fazia. –Me olhou curioso.

–Não e verdade. Bom, um pouco.

–E o papo de ser um dos vilões? –Continuou serio.

–Por favor, pare de me analisar. Sim. Eu matei dezenas de zumbis pondo fogo no hospital. Mas isso não importa, Lav e Scott estão mortos. E segundo a tradição Bolovaxiana você conhece o valor de uma pessoa pelo tamanho de sua pira funerária. E ao meu ver, um hospital inteiro, com milhares de zumbis e um bom tributo para os dois.

–Boxio.., o que?

–Bolovaxiana. –Disse pausadamente. –Kilowog? Lanternas verdes? Quer saber, esqueça! Eles morreram! Pelo menos levaram centenas de zumbis com eles.

Passei o resto do dia tentando falar com Mary, ela parecia querer me evitar. O por que eu não sei, se foi a Lav que tinha sido inútil a ponto de deixar ser pega!

–Mary escuta!

–NÃO! –Gritou fazendo birra como fazia com Lav.

–Mary, nos temos que ficar juntos! Principalmente agora!

Eu tentei segurar um braço dela, e com o outro ela tentou me surrar. Segurei o outro. Então ela começou a chorar e pulou no meu pescoço soluçando.

–Você disse que ia proteger ela! Você disse que éramos uma família! –E chorou, chorou e chorou.

Depois das lagrimas terem secado, Alice veio se juntar a nós.

–Ela esta bem, esta inconsciente, a dor foi muito para ela.

Doug foi para o meio da loja e começou a falar.

–Bom, hoje tivemos grandes perdas. Mas isso só prova que devemos sair logo dessa cidade, antes que o governo ache bom estourar a cidade com uma bomba.

–Mas o que garante que eles não vão vir aqui para nos resgatar? Temos que ficar! –Retrucou jinn.

–Não seja ridículo! Eles preferem nos explodir! –Gritou Alice um pouco sobressaltada.

Ficamos nessa discussão pelo que pareciam horas. Ate que alguém pediu minha opinião.

–Não sei. Eu acho que devemos sair. –Falei me pondo de pé. –Não há nada para nos aqui.

A discussão continuou até que dentro da sala Mel falou alguma coisa, e Alice correu para ajudar. Ela saiu pouco tempo depois me chamando, dizendo que devia entrar. Entrei, sentei num banco perto da maca e segurei sua mão.

–Obrigada! Você salvou minha vida. –Disse fraca. –Mas cadê o Scott? Achei que ele seria o primeiro a entrar.

Agora não sabia o que dizer. Podia dizer a ela ele estava bem, mas não queria entrar. E podia dizer a verdade. Mesmo que fizesse mal, a verdade era melhor.

–Mel. –Disse numa voz fragmentada. –Ele não vai entrar. Ele morreu tentando salvar a Lavinia.

Era mentira. Mas era melhor do que dizer que seu tão amado Scott havia morrido enquanto fugia covardemente de um infectado.

–Ele e a Lavinia se foram. Ele matou muitos zumbis antes de morrer. E mandou que eu trouxesse uma mensagem. Ele disse que te amava.

Ela ficou me olhando com olhos vazios, a felicidade parecia ter sido exaurida dela. Mas ficou calada, então se pôs a chorar descontroladamente, soluçando e arquejando de dor. Quando sai Alice disse que era melhor que não tivesse dito. Mas preferi não argumentar. Depois de outra discussão eu estava para enlouquecer, sentei na junção de duas paredes para pensar. Agora que parava para olhar, a loja era bem espaçosa, com porão e segundo andar. Pelo que tinham me dito o segundo andar era a casa de Doug e Jinn, que viviam ali havia anos. Parecia que o porão era um grande deposito, abastecido de munição armas e um pouco de comida. Mas nunca estivera lá. A sala principal também era bem espaçosa, não haviam muitas janelas, apenas a vitrine, que estava fechadas com tabuas por dentro, uma grade por fora alem do vidro ser daqueles quase inquebráveis. As gôndolas e prateleiras haviam sido empurradas para as paredes para proporcionar mais espaço, porem agora todas as armas estavam limpas e engatilhadas, prontas para qualquer coisa. Percebi que meu coração esta acelerado. Deus estou enlouquecendo. Ate parece que esta tocando musica!

–Acho que estou ficando maluco, ate musica estou escutando! E aquela: “Do You Wanna Touch Me (Oh Yeah)”. -Então levantei e olhei pela janela. E entendi. –A! Sua vaca maluca!