A coisa mais difícil de Le dar quando se tem quatorze anos, é o fato de ser quem você é, e mostrar para os outros, o que você quer, de verdade. Sempre tentei ao máximo ser fria e manter distanciada das pessoas. Criei esse escudo logo depois dos meus sete anos, que como já citei, as pessoas eram alérgicas ao meu “eu”. Com isso comecei a me acostumar sozinha.  Agradeço por isso, já que por um lado, me torno quase que imune a sofrer decepções. As pessoas decepcionam.

Mais uma vez eu estava esperando uma aceitação. Cara, mas por que eu queria que todos me aceitassem se nem ao menos eu queria me socializar? Sou a pessoa mais indecisa que já existiu, e, por favor, não diga que isso é uma fase. 

- Mais olhem uma novata em nossa sala! Mais que meiga... – Frase dita por uma garota do tipo “puta”.

- Ah, muito obrigado... Você é linda! – Respondi educadamente. Sou ótima em ser falsa, mas, quando quero.

- Muito obrigado querida, mas acho que você não percebeu o toque irônico enquanto te cumprimentei. – Disse ela com uma risada macabra e vulgar.

- Ah... Entendi... Ok.

Eu sempre gaguejo quando sou encarada. Principalmente quando alguém me solta uma frase irônica, que por mais que eu reconheça a tal ironia, finja que não saquei.

Depois dessas “boas vindas” a única coisa que me restava era baixar a cabeça e fingir que estava pegando alguma coisa em minha bolsa. Claro, ela percebeu, mas por minha sorte ela saiu antes que eu tivesse um ataque de lágrimas. Eu sou sensível, porém, não admito. Espera... Eu acabei de admitir isso... Minha nossa! Antes de tudo desse mais errado no meu primeiro dia de aula, a professora de Álgebra tinha acabado de entrar na sala, mas não chegou a ver a cena.

- Bom dia crianças! Estavam com saudades da sua melhor professora? – Soltou as palavras com sentido superior.

- Oh... Claro Sra. Spears! Tirando a parte em que a senhora esqueceu os momentos do ano passado, em que, por pura vontade, reprovou quase a metade da nossa turma.

- Mais que equivoco meu garoto. Professores não reprovam alunos, eles que se reprovam. Porque na verdade não serei eu que terei que estudar para passar em um exame, estou aqui para aplicar, apenas.

- Não está aqui mais quem falou. – Disse o “belo” garoto do fundão sentando calmamente em sua carteira.

Uma das coisas que mais odeio é passar horas e horas em uma aula que não gosto. Ainda mais, dessa vez eu não gostava da Matéria e nem da professora. Mais que atrevida! Ainda bem que ela nem perguntou se eu era nova, caso contrário, teria ficado com muito medo de ser repreendida ao dizer meu nome, seria capaz dela até discordar com a minha cor preferida.

A minha cor preferida é o roxo, aliás.

Depois de duas horas de uma chata e longa aula, pelo menos para mim, não conseguiria erguer forças para ir até a cantina do colégio, afinal não estava nem interessada em descobrir as salas e os locais do prédio. Então, decidi ficar na sala fazendo o dever que Sra. Spears tinha passado no nosso primeiro dia de aula.

Estava tudo numa boa, e foi quando um garoto se aproximou da minha banca como quem não queria nada. Espera, você não leu errado, é um garoto mesmo. O nome dele é Joe, eu vi isso na corrente que ele carrega no pulso.

- É... Oi? – Por favor, me diga que ele não falou comigo.

- O-i – Mais quanta vergonha!

- Você é nova na turma, não é?

- Ah... Sim, claro!

- Hum, então, bem vinda. – Ele soltou um sorriso.

Como sempre, eu me apaixono por sorrisos. Joe era o tipo de cara que fazia o meu tipo. Ok Selena, todos os caras fazem seu tipo, desde que falem com você, claro! O fato é que ele falou, então assim tudo indicava que ele estava disponível.

Cheguei à minha casa atrasada, porque como sou uma pessoa extremamente cuidadosa e atenta, perdi o ônibus enquanto escutava músicas. Desse modo, tive que vir a pé, o que não me faz se sentir segura. Assim que cheguei fui recebida com algo do tipo, “tem uma pilha de pratos para você lavar, te amo meu bebe, de sua querida, mãe.” Qual o tipo de mãe que deixa um aviso para lavar a louça?

Ignorei o aviso e segui direto para o meu quarto. Estava cansada e então estava louca para tomar um banho e relaxar. Relaxar eu quero dizer: comer, assistir e diversas outras coisas que não me façam sair da cama.

Passei o dia nesse sistema que qualquer garota acima do peso passa o dia fazendo. Eu estava assistindo Nick & Jonas, e nisso acabei caindo no sono. Ok... Era para acabar morrendo de rir, mas eu realmente estava cansada e todo aquele episódio parecia entediante.  Não me dei conta que já era 08h00min e ainda não tinha lavado a louça. Minha mãe iria chegar a qualquer momento, e a qualquer momento eu estaria morta.

Tomei uma ação desesperada e corri para a pia da cozinha. Por incrível que pareça eu terminei de lavar as louças em quinze minutos. Assim que terminei e tomei um fôlego, ouvi destrancarem a porta, era minha mãe. Já era clichê ela lançar aquele olhar de quem vai investigar cada parte dos pratos, talheres para ver se não lavei direito, e como sempre, reclamar.

- Ora ora, pelo visto você tomou consciência e lavou os pratos.  Vou conferir cada um , mocinha..

- Ah, claro! Eu já sei disso meu bem...

Não queria e não gosto de passar mais de dois minutos falando com minha mãe, então voltei para o quarto.

Para minha surpresa, assim que cheguei no meu quarto, o meu celular informava com um toque mega alto, que eu tinha recebido uma nova e única mensagem. Claro a operadora, só pode ser... Surpresa! Era um número desconhecido.

“Algumas pessoas nos surpreende a primeira vista. Afim de um encontro? Vejo-te no salão 11 na nossa escola, beijos.”

Estava a mil. Ninguém nunca havia marcado um encontro comigo! Esperava o dia chegar, mas não tinha me tocado que não sabia ao menos, onde ficava o tal salão 11. E que estranho alguém marcar encontros dentre da escola... Mas isso não importava, eu ia ter meu primeiro encontro!