– Obrigada mesmo, Daejung-sshi. Não conseguiria carregá-lo até aqui sem sua ajuda, mal consegui colocá-lo no carro.

– Sem problemas – acenou com as mãos se despedindo. Eu estava prestes a fechar a porta do meu apartamento, quando ele virou-se novamente. - Ah, e é melhor tomar cuidado com esse cara, você mal o conhece. Qualquer coisa é só me chamar, okay?

– Tudo bem, irei me lembrar disso. Boa noite – me despedi antes de fechar a porta.

Daejung é um dos seguranças aqui do prédio. Ele fizera a gentileza de me ajudar a trazer o tal sujeito, que eu havia encontrado na estrada, até o 6º andar, onde meu apartamento ficava. E o colocou deitado no meu sofá, assim como eu pedira.

Assim que o segurança partiu, decidi que não poderia deixar o meu novo hóspede todo ensopado, se não ele ficaria doente e de pessoas doentes, já me bastava Lay. Com suas partes baixas ainda cobertas pela minha jaqueta, enxuguei seus cabelos lisos e sedosos, os braços e o tórax definidos, com uma toalha que acabara de pegar no armário.

– Espero não estar abusando demais – disse comigo mesma enquanto passava as pontas dos dedos em suas bochechas macias, o fazendo sorrir levemente enquanto ainda dormia. – Você é tão lindo... Não consigo não cuidar de você.

Notei que agora o homem tremia, obviamente deveria estar com frio. Corri até meu quarto, revirando o guarda-roupa e pegando o cobertor e o travesseiro extra que Lay usava quando vinha dormir aqui, enquanto me xingava por ser tão idiota e esquecer que ele deveria estar morrendo de frio, já que estava nu e o tempo nada bom.

–Mianhae~ – disse enquanto o cobria e colocava o travesseiro atrás de sua cabeça, certa de que ele mal me ouvira.

Suspirei aliviada quando vi que ele parara de tremer. Tranquila, fui tomar meu banho e trocar de roupa. Após isso, voltei para sala e joguei-me no outro sofá que ficava de frente para o que ele estava.

– Eu deveria pegar alguma coisa para me proteger de você, não deveria? Alguma coisa mais ameaçadora que uma escova de cabelo, com certeza.

O encarei com a cabeça inclinada.

“Você não me parece nada ameaçador por fora, sabe. Mas vai saber se você é algum cara perigoso... Porque normal, você não é. Afinal, eu encontrei você completamente nu no meio da estrada e não é como se pessoas normais fizessem isso todo dia. Imagine só elas dizendo umas para as outras: ‘Sabe, eu acho que vou ali me despir e me jogar no meio da rua, pra ver se aparece alguma mulher doida para me ameaçar com uma escova de cabelo’. Certo, vou pegar alguma coisa.”

Então, depois de debater com o cara desacordado, me levantei do sofá e fui até meu quarto novamente para pegar o meu taco de beisebol que eu ganhara de natal do meu appa quando pequena.

Ele e eu costumávamos jogar todo domingo no parque próximo a nossa casa naquela época. Umma sempre brigava com ele dizendo que beisebol não era coisa para garotas, mas eu particularmente gostava mais de ficar rebatendo bolas, do que ficar cercada de bonecas, fingindo beber chá, enquanto engolia vento, em uma caneca de plástico.

Peguei o meu taco e voltei para a sala, sentando-me novamente no sofá.

– Qual será seu nome? Hm... Talvez Jonghyun. Não, não combina com você – disse agora me deitando no sofá, bocejando logo em seguida. – Jinho... Minho... Uhn, talvez não... – senti meus olhos começarem a se fechar aos poucos – Bom, amanhã eu descubro.

Depois disso, minhas pálpebras se fecharam e eu adormeci.

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Despertei com a luz do sol cutucando meus olhos. O que diabos eu estou fazendo na sala? Sentei-me no sofá e esfreguei os olhos. Tentando ainda acostumar meus olhos com a luz, olhei para o lado e encontrei um homem desconhecido e tremendamente bonito no meu sofá.

– AAAAHH! – gritei caindo do sofá em que estava.

Em pânico procurei meu taco de beisebol no chão, só pra depois de algum tempo perceber que apenas eu havia caído do sofá, o taco ainda estava lá.

– Park Chanyeol, já falei para você parar de sorrir desse jeito assustador em plena manhã. Sabe como o Sehun se assusta fácil! – dizia uma voz aveludada a minha frente. Opa! Acho que alguém acordou.

Assim que o homem notou minha presença, arregalou os olhos e levantou-se do sofá também.

– AAAAHH!!! – gritamos os dois nos entreolhando.

Olhei para a parte debaixo de seu corpo percebendo que ele estava nu.

– AAAAAHH!!! – gritei novamente fazendo-o acompanhar meu olhar. O rapaz se assustou e puxou uma almofada para se tampar, assim como eu também peguei uma almofada para tampar meus olhos.

– Kim! Dá pra parar com essa gritaria aí do lado? São 7h00 da manhã, tem gente querendo dormir, não me obrigue a chamar a sindica – gritava alguém esmurrando minha porta. Pela voz, eu tinha certeza que era o meu adorável vizinho cretino do 6A.

Seu nome era Lee Changryul. Ele era alto, careca e super musculoso, na verdade era tudo bomba, mas isso não vem ao caso agora. Ele tinha uma buldogue maldita que adorava deixar um “presentinho” no meu tapete de entrada todo santo dia. Nós nos odiávamos desde o dia em que eu comecei a morar aqui, quando eu achei que meu apartamento era o 6A, não o 6B, e acabei entrando em seu apartamento e o pegando assistindo filme pornô gay.

– Foi até bom que eu acordei você, se não você iria perder o seu pornô gay na TV, você sabe como fica quando você perde, certo? – provoquei fazendo careta e atacando a almofada na porta, triste porque não iria acertá-lo.

– Hyera, somente cale essa boca ou, voltando a repetir, eu irei chamar a sindica – Lee gritou e depois tudo ficou em um completo silencio. Graças a Deus esse infeliz foi embora.

– Er... Sem querer ser rude, mas será que agora você pode me dizer quem é você e o que eu estou fazendo aqui? – perguntou o cara nu.

Com essas palavras, flashbacks da noite passada vieram na minha cabeça, fazendo-me lembrar de tudo o que acontecera. Olhando para ele agora, ele parecia mais bonito do que ontem. Mesmo estando com os cabelos descabelados e os olhos cansados e mais minúsculos do que provavelmente eram. Pude perceber que ele tinha olhos avelãs. Nunca havia achado que olhos escuros fossem bonitos, mas eu acabara de mudar de opinião naquele exato momento.

Pisquei os olhos percebendo que havia entrado em transe novamente. Levantei-me sem jeito, logo encarando meus pés sem saber por onde começar.

– Hm... Eu... Bem, eu te encontrei jogado no meio da estrada noite passada e simplesmente não consegui te deixar lá, então eu te trouxe para cá – eu respondi, logo acrescentando rapidamente enquanto corava: - E para deixar bem claro, eu não fiz nada com você. Quando o encontrei, você já estava assim... nu.

– Jogado na estrada? E nu? – ele murmurou para si mesmo. – Oh, não.

Ele levantou uma de suas mãos e a encarou como se esperasse que alguma coisa acontecesse. Depois de algum tempo encarando sua mão, ele arregalou os olhos e tateou as costas. Agora olhando bem para o local, pude notar que havia um corte já cicatrizado em forma de V.

– Espera! Como eu não notei isso aí antes? – eu murmurei.

Caminhei até ele e passei os dedos de leve pela cicatriz, totalmente curiosa. Ele virou um pouco a cabeça para me olhar de canto e ver o que eu estava fazendo. Rapidamente abaixei minhas mãos e me afastei corando fortemente.

– Mianhae.

Ele não respondeu nada, apenas sentou-se no sofá e colocou a mão na cabeça, totalmente desolado, enquanto dizia:

– Eles descobriram... Eles não podiam ter descoberto...

– Olha, por que você não toma uma água e se acalma um pouco. Eu vou buscar algumas roupas para você na casa de uns amigos meus e já volto para você me contar toda essa história direito, okay?

O homem mal se mexeu, fiquei em duvida se ele tinha me ouvido ou não, mas resolvi não falar mais nada. Talvez ele só precisasse ficar um pouco sozinho para colocar a cabeça no lugar.