Lucy Ashley observava por uma janela a noite que caía na cidade de Louen. Alguns poderiam culpar tanta reflexão devido as revelações que ela tivera? Não é todo dia quem ficamos sabendo que existe dimensões paralelas, onde sósias com personalidades independentes vivam de uma forma semelhante.

Mas não, ela pensava em algo um pouco menor, e um tanto mais mesquinho. Ela achou que as pessoas de Earth Land tinham uma sorte muito desproporcional. Guildas legais, magia ilimitada... e Natsu.

Ela gostava do Natsu Dragion, ele era um idiota divertido de se maltratar, com sua personalidade obsequiosa e seu medo excessivo, mas ela não tinha a menor duvida que o Natsu deles era muito superior.

Ele conseguia dar ordens. Pessoas dominadoras intimamente desejavam encontrar alguém capaz de resistir às próprias ordens.

Ela foi desviada de seus pensamentos pelo som de farejar.

Natsu subitamente estava perto demais dela. Ela bateu com os pés no chão, fazendo a poltrona deslizar um pouco

– O-o que foi? - disse ela em um tom mal-humorada, uma pequena vermelhidão marcando o rosto.

–Você está com um cheiro diferente - explicou ele - Eu não sabia que um pouco de cabelo fazia tanta diferença.

Lucy franziu o cenho. Aquilo era um mau sinal, ela achou que ser parecida com a companheira de equipe poderia aproximá-los um pouco.

“Não seja tola, ele só quer encontrar os amigos e voltar para o próprio mundo” pensou ela se chutando mentalmente.

– Deve ser por que eu não pareço com a sua amiga, a outra Lucy, então você não vê mais semelhanças - disse ela dando os ombros - Porque estamos discutindo o meu cheiro?

– Eu não consigo dormir - disse ele dando os ombros e se sentando no sofá que rangeu perigosamente quando ele se sentou.

Ela observou surpresa o mago sorridente e bastante idiota. Ele nunca pareceu tão sombrio. O silêncio se prolongou por um longo tempo.

Ela resolveu falar a primeira coisa que lhe veio a mente, como uma forma de testar as reações da estranha personalidade daquele outro Natsu.

– Desculpe por ter tentando quebrar suas costas com a técnica de tortura 12 - disse ela com um meio sorriso, mas não conseguiu nenhuma reação útil para estudo do mago.

– Sem problemas, não é pior do que uma demonstração de afeto da Erza - ao ver ela inclinar a cabeça, ele riu - A Nossa Erza pode ser tão assustadora quanto a de vocês.

– Isso eu duvido - em Edolas, não era covardia demonstrar medo quando o assunto era a terrível Caçadora de Fadas.

Eles ficaram em silêncio por mais um longo tempo.

– A Lisanna de vocês... como ela é? - perguntou Natsu por fim.

Lucy piscou surpresa, lembrando que ele e aquele gato pareciam querer abraçar a albina quando ela entrou no caminho.

– Gentil, calma, reservada, não chama muita atenção... Por quê? - terminou ela, sentindo uma pontada de ilógica inveja - Você é amigo da Lisanna do seu mundo.

– Eramos, mas ela já morreu - disse ele parecendo perturbado - Uma vez eu prometi a ela que caso ela voltasse a sumir, eu encontraria, mas... Então eu pensei, que talvez então eu pudesse... Eu estou falando besteira, essa garota é uma outra pessoa. É chato ser confundido?

– Você não tem idéia - disse ela entre os dentes em um tom que indicava impaciência.

Natsu notou que aquele era um ponto sensível, então resolvei não insistir. Resolveu mudar a sua atenção então para alguns aperitivos que estavam sobre a mesa, esses que em questão de segundos sumiram garganta abaixo dele.

– Você tem um apetite bem aguçado, ein? - disse ela se perguntando como alguém poderia engolir tanto sem se engasgar.

– Oras, meus nakamas podem estar sentindo fome dentro daquele lacrima - disse ele enquanto mastigava alguns bolinhos doces - Me parece errado não comer enquanto tenho condição nisso.

Lucy sorriu, ele tinha a mesma habilidade em criar péssimas desculpas que o Natsu que ela conhecia.

– Isso se parece realmente uma coisa muito nobre de se fazer - disse ela com um meio sorriso - Não se preocupe, vamos encontrar seus amigos e os livrar do grande cristal privador de comida.

Ambos riram, e Lucy Ashley deve ter piscado, pois quando se deu conta, ele estava perto. Muito, muito...muito perto!

O sangue que devia ser distribuído por todo o seu corpo resolveu que migrar para rosto era uma boa idéia.

– Obrigado - disse ele dando um largo sorriso dracônico.

– N-não á-a de que... por que você está tão perto? - disse ela enquanto respirar se tornava longas golfadas irregulares.

Natsu se afastou rindo, fazendo o queixo dela cair.

– O Happy me falou que as vezes quando você fica muito perto de uma garota, ela fica vermelha - disse ele rindo - Você ficou muito engraçada, igual a alguém que começou fogo sem ter o talento correto.

Vapor começou a sair das orelhas de Lucy, mas agora era de raiva, por ter sido facilmente alvo de uma experiência infantil.

– Não me use para testar coisas idiotas! - disse ela dando-lhe um cascudo na lateral na cabeça - E não ria de mim!

Ele lhe lançou um olhar ferido enquanto esfregava a cabeça, semelhante demais ao do seu Natsu. Aquilo amoleceu um pouco o coração dela.

– Não faça essa cara - disse ela, movida por impulso estranho, e lhe deu um beijo na face - Vocês vão ter um grande trabalho amanhã, se querem passar por todo o exército Real.

E com isso ela deixou a sala, deixando um Natsu confuso, esfregando com uma mão a lateral da cabeça dolorida e com a outra tocando a bochecha, tentando entender o que acontecera ali.

– Mulheres são estranhas - decidiu ele dando os ombros e suspirando. Entender aquilo ultrapassava seu intelecto.

Naquela noite, ele sonhou com promessas não cumpridas, uma albina, um casamento e alguém tentando lhe quebrar as costas.Todos eles fatores muito assustadores para apenas uma noite.