CAp. 50

Pdv Lexi

– Eu não sou aquilo que todos pensam, Agnes. - sussurrei com meu rosto próximo de seu ouvido - Posso ser seu pior pesadelo, basta pedir.

Ela gritou mais alto quando empurrei com mais força ainda.

– Adeus, Agnes. - murmurei.

AGORA

Eu estava quase chegando em seu coração, quando de repente escuto a voz de Will gritar-me.

– Alexia! Não!

Olhei indignada para Willian que veio imediatamente até a mim.

– Não se rebaixe a ela, Lexi. - ele disse sério - Você não é assim.

Olhei furiosa para Agnes e respirei fundo. Agnes estava irritada plenamente. Puxei aquela madeira com força, fazendo-a arfar. Antes de me levantar, aproximei a madeira ensagrentada sobre seu peito...

– Espero que não tenha próxima vez, caso o contrário será aqui. - murmurei friamente.

Levantei-me jogando aquele pedaço da cadeira no chão e Will ficou ao meu lado, olhando-me dos pés a cabeça.

– Você se machucou? - ele me perguntou preocupado.

Neguei com a cabeça e olhei para minha blusa que ficou suja de sangue.

– Preciso ir embora. - sussurrei virando-me para sair.

– Eu te levo, venha. - ele segurou minha mão.

Saimos da pensão sem olhar nenhuma vez para Agnes. Eu estava pouco me lixando para aquela vadia dos infernos. Por mim ela morreria. Mas como Will disse: Não posso me rebaixar tanto... Eu sou melhor do que ela. Se ela quer jogar. Ótimo! Sei jogar também. Mas minha forma pode ser pior.

Willian dirigia em meu carro rapidamente. Ninguém trocara nenhuma palavra durante o percurso. Mas ele logo resolveu quebrar o silencio.

– O que deu em você? - olhou-me confuso rapidamente. Suspirei sem lhe responder nada - Alexia, você iria matá-la!

– E você ficou preocupado com ela!? - indignei-me olhando-o irritada. Ele parou o carro a frente de minha casa - Tudo bem, Willian, desculpe-me! Eu não deveria ter machucado sua querida Agnes!

– Não, Alexia! - negou irritado - Eu já conheço Agnes tempo o suficiente para saber o tanto que ela é perigosa! Se você lhe fizesse algo, ela faria pior com você! E se você não sabe, eu me preocupo com você! - falou revirando os olhos - Me prometa que não fará nada disso novamente? Prometa que ficará longe de Agnes. Eu posso cuidar disso. - murmurou.

Eu não podia prometer nada. Não posso e não vou. Se um dia encontro com Agnes em qualquer lugar, não sei o que sou capaz de fazer. Então, simplesmente desci do carro batendo a porta com força. Subi as escadas para minha casa e entrei batendo a porta novamente. Eu podia ouvir minha mãe lá em cima com os bebês. Pouco dei atenção e corri para meu quarto, trancando-me no mesmo e fechando as janelas.Tirei minhas roupas e fui direto para o banho.

Pdv Will

Não que eu não quisesse que Agnes morresse, por mim ela poderia ser assassinada a qualquer momento. Menos por Lexi. Conheço Alexia. E sei que se ela matasse Agnes, primeiramente ficaria feliz e tal... Mas depois a culpa a pegaria e ela se sentiria a pior pessoa por toda sua vida. E eu não quero que ela sinta-se assim nunca.

Assim que cheguei na pensão, vi Agnes deitada no sofá com uma bolsa de sangue em mãos. Ela anda assaltando hospitais? Imagino que sim, claro.

– Sua namoradinha é forte, hein! - ela falou revirando os olhos - Nunca imaginei que ela poderia fazer isso. - riu em deboche.

Ignorei-a e voltei a andar em direção as escadas.

– Por que você fez isso, Willian? - perguntou séria agora. Virei-me para ela confuso - Por que não a deixou me matar? Não é isso que você quer? Minha morte?

– Realmente, quero muito isso. Mas não quero que Alexia sofra depois por isso. - falei sem me importar. Ela olhou-me séria e bufou.

– Está na cara que não foi por isso, Willian! - levantou-se nervosa - Você ainda sente algo por mim.

– Alexia bateu fortemente em sua cabeça. Só pode. - murmurei rolando os olhos.

Virei-me para subir as escadas, então Agnes estava a minha frente. Ela olhou-me séria e suspirou.

– Obrigada. - sussurrou.

– Não precisa se fazer de coitada, eu já disse fiz isso por Alexia, não por você. - falei impaciente e passei por ela.

Subi as escadas rapidamente, cansado de ouvir tanta falsidade.

Pdv Lexi

Passei não sei quanto tempo na banheira... Apenas pensando no que eu quase fiz... Assim que sai, coloquei um vestido preto curto e sapatilhas rosa. Sai do meu quarto ouvindo Pie discutindo com alguém...

Sai de meu quarto indo escutar a conversa. Mas logo ele parou de falar.

– O que está havendo? - perguntei entrando em seu quarto. Ele estava meio tenso.

– Ainda não te contaram o que Antonny fez? - ele perguntou sério. Neguei entrando melhor em seu quarto e sentei-me ao seu lado.

– O que ele fez dessa vez? - perguntei preocupada.

– Tonny não se controlou perto de Dayanne... Ele a atacou. - falou irritado. Assustei-me e dei um pulo da cama.

– Tonny nunca faria isso! - neguei desacreditada.

– Mas ele fez, e na frente de Carol! - ele falou nervoso.

– E como está Day? Ele conseguiu parar, não? Diz que sim! - implorei nervosa.

– Eu o fiz parar a tempo. - falou se acalmando.

– E como ele está? - fiquei preocupada.

– Não sabemos onde ele se meteu. Desde ontem que ele não volta para casa. - falou também preocupado.

– Ele deve estar muito mal. - murmurei triste por meu primo.

– Ele não queria fazer isso. Apenas se descontrolou.- murmurou irritado e respirei fundo.

– E Carol? Falou com ela? - perguntei.

– Ela não me atende. Disse que precisava de um tempo. - disse entristecido - E Dayanne não quer ver Antonny nunca mais... E ninguém mais de nossa família. - deu de ombros - Eu a entendo... É atacada pelo namorado e depois é quase atacada pelo irmão do namorado. - fiquei surpresa agora.

– Hunter? - indaguei sem entender e ele afirmou.

– Hunter nunca tinha visto tanto sangue assim, quase atacou Day. - murmurou negando.

– Vou atras de Tonny. - falei andando para fora do quarto.

– Espere. - ele disse - Vou atras de você. - ele disse vindo comigo - Você sabe onde ele está?

– Eu tenho uma sugestão. - dei de ombros e descemos as escadas.

Pdv Tonny

Eu corria em velocidade vampiresca. Já estava dia. Passei a noite inteira sozinho na floresta. Mas depois compreendi que dessa forma eu nunca poderia ter o perdão de Day... ou ao menos tentar ter o perdão dela.

Em alguns minutos cheguei nos fundos de uma enorme casa. Estava tudo fechado. As luzes estavam apagadas e não havia sinal de que havia alguém na casa. Olhei para o ultimo andar e vi a varanda de um dos quartos aberta. Rapidamente saltei até a mesma e entrei no quarto.

Escutei barulho do chuveiro sendo desligado e esperei alguns minutos. Até que Day saiu do banheiro enrolada numa toalha branca. Ela não tinha me notado.

– Dayanne. - sussurrei.

Ela virou-se imediatamente com uma expressão assustada. Ela virou-se para sair correndo, mas fui mais rápido e fiquei a frente da porta.

– Eu não vou te machucar. - sussurrei negando e ela deu um passo para tras negando - Eu não queria ter lhe feito aquilo.

– Você tentou me matar. - ela sussurrou tremendo e quase chorando de medo.

– Eu sei, eu não deveria ter feito aquilo... Fiquei fora de mim. - falei desesperado - Eu não bebo sangue humano!

Ela se afastou de mim mais um pouco, ainda tremendo e assustada.

– Por favor, confie em mim. - implorei e ela negou - Eu não vou lhe fazer mais nenhum mal. - aproximei-me dela - Eu te amo.

– Vá embora. - pediu tremula - Vá embora, por favor. Se não quer me fazer nenhum mal, apenas vá embora!

Eu vi em seus olhos o medo e a mágoa.

– Eu não queria isso. - murmurei negando.

– Eu não posso mais ficar perto de você sabendo o risco que está me trazendo... Sabendo que todos, a minha família, meus amigos, todos, podem correr o mesmo risco que corri esse tempo. - ela falou desesperada - Eu não posso... Vá embora. - repetiu.

Naquele momento eu sabia que ela tinha razão. Mas eu não queria ficar longe dela. Não podia... Eu a amo.

Mas eu não posso machucá-la novamente.

Num piscar de olhos eu sai do quarto dela saltando pela janela. Corri floresta a dentro novamente.

Pdv Lexi

Pie parou o carro a frente da grande casa cinza e branca. A casa estava toda fechada. Talvez não tivesse ninguém, mas não custa tentar. Descemos do carro e seguimos para a porta. Ele apertou a campainha. Ninguém respondeu de primeira, quando apertou novamente, um garoto viera nos atender. Ele era moreno, com a pele bem clara, olhos negros e deveria ter uns 14 ou 15 anos.

– Oi, a Dayanne está? - perguntei educada. Ele me avaliou rapidamente - Sou Alexia, amiga dela.

– Eu sou Diego, irmão dela. - ele disse dando de ombros. Ouvi passos descerem rápidos e Dayanne apareceu. Ela nos olhou assustada e rapidamente puxou seu irmão.

– Eu não tenho nada para falar com vocês! - falou já preste a bater a porta em nossa cara, mas Pie foi mais rápido e segurou a porta.

– Por favor, só queremos conversar com você. - Pie falou calmo.

– Diego... Suba para seu quarto e não desça até eu mandar. - ela disse rapidamente.

Seu irmão a olhou confuso e assentiu. Ele virou-se para as escadas e subiu correndo.

– O que vocês querem? - ela perguntou séria e assustada.

– Sabemos que está confusa com isso. - comecei a dizer calma e dei um passo para entrar em sua casa. Mas pareceu que algo me impediu. Parecia que tinha uma barreira aqui... Revirei os olhos bufando - Posso entrar?

– Não. - ela negou incrédula- Eu disse que não queria falar com nenhum de vocês.

– Sim, você disse. - Pie falou revirando os olhos impaciente - Minha mãe disse para eu não sair pegando qualquer garota, e olha só no que deu. - sorriu sarcastico e ela o olhou incrédula - Day, Antonny veio te procurar? - perguntou agora sério.

– Sim, ele veio, mas já o expulsei daqui. - deu de ombros.

– Ele não sabia o que estava fazendo! - expliquei séria e óbvia - Tonny nunca tinha tomado sangue humano. Tanto ele quanto Hunter. - suspirei - E ele é filho de um híbrido com uma nova espécie, ou seja, ele é muito mais sedento do que qualquer outro vampiro.

– Você também é, não? - perguntou-me assustada.

– Sim, eu sou, e exatamente por isso que não consigo entrar em sua casa. - ela me olhou confusa - Longa história.

– Não importa. - ela disse negando - Eu não quero correr risco e não quero deixar todos a minha volta em risco.

– Alguma vez Tonny machucou a sua familia e/ou amigos? - Pie perguntou sério e entrou logo na casa. Encostei-me no batente da porta e concordei com ele - Não digo isso por que ele é meu primo ou porque sou também um vampiro... Mas digo porque confio nele. Sei que o que ele fez, foi apenas um deslize.

– Um deslize que poderia ter me matado. - ela disse irritada e bufou.

– Ele te ama, nunca quis fazer isso com você. - Pie falou e concordei.

– Mas fez! - ela gritou nervosa.

– O que é isso? - olhei-a indignada - Cade aquela história de "A garota que ficar com esse garoto, é uma garota de sorte!"? - perguntei irritada - Qual é?Você não o ama mais por causa disso? - indignei-me - Ok, isso tudo pode ser perigoso... Mas você não confia nele? - ela me olhou sem saber o que responder - Quer saber? Eu não lhe direi mais nada! Fique ao seu critério a sua decisão, não posso tomá-la por você. E nem quero. Mas se realmente você um dia amou meu primo, tenha ao menos um pouco de sensibilidade com ele. - avisei rispida - Vamos, Pierre. - chamei-o.

Ele assentiu e saiu da casa.

Pdv Agnes

– Ele me defendeu! - entrei no quarto de Clarissa desacreditada. Ela estava fazendo suas unhas e assustou-me quando entrei.

– O que você quer? Do que você está falando? - perguntou impaciente.

– Willian. - murmurei fechando a porta - Uma hora dessa eu estaria morta, mas Will me salvou. - sussurrei desacreditada.

– Como assim? - ficou confusa.

– Alexia, a sem sal, veio até aqui para descontar a raivinha dela em mim... - me fiz de vítima e ela bufou revirando os olhos - Eu nunca imaginei o tão forte ela seria... E quando ela estava quase me matando, Willian chegou e a impediu. - suspirei e ela me olhou desconfiada.

– O quê? Você está pensando que ele ainda sente algo por você? - ela disse em deboche e riu - Fala sério, Agnes! Ele AMA Alexia! - falou alto e em bom tom.

– Se fosse assim ele teria deixado ela me matar, você não acha? Por tudo que estou fazendo com Alexia... - revirei os olhos.

– Agnella... Você matou os pais dele, fugiu... Acabou com a vida dele e o usou! - falou irritada.

– Eu nunca o usei, você sabe disso! - alterei-me e ela negou.

– Claro que você o usou! - afirmou - Queria ajuda para matar Derphin, achou que Willian seria forte o suficiente mas enganou-se... E deu no que deu. - falou simples e neguei.

– Eu o amava! - falei nervosa - E o amo! - completei.

– Você ama a si mesma, Agnes. - falou raivosa - Isso desde quando conheceu aquele híbrido desgraçado! - falou entre os dentes - Sabe de uma coisa? Mamãe nunca deveria ter trago-lhe de volta! Você deveria estar morta! Prefiro você morta do que essa mulher que se tornou!!! - gritou nervosa.

– Eu não me importo com sua opinião. - falei irritada - Nem sei porque vim falar com você. Para mim, você e aquela velha são inuteis pessoas! Que eu nunca precisarei!

– Diz isso até quando morrer e mamãe ter que lhe trazer de volta a vida! - falou revirando os olhos.

– Quando eu morrer, SE eu morrer, não quero que tragam-me novamente. Eu não quero nada de vocês! - falei nervosa e sai de seu quarto batendo a porta.

Pdv Will

Algumas coisas me deixavam confusos e intrigado. Muitas coisas agora fazem sentido. Mas preciso juntar peça por peça. Eu quero entender tudo o que aconteceu em meu passado com Agnes. Eu nunca entendi isso. Agora é a hora de eu entender tudo.

Dona Marcela entrou na pensão com um vazo de flor em mãos. Assim que me viu, ela sorriu daquele jeito dócil. Porém seu sorriso sumiu ao perceber minha expressão séria.

– O que houve, Willian? - perguntou-me curiosa.

– precisamos conversar. - falei sério - Sobre Agnes. - completei e seus olhos ficaram surpresos.

Pdv Tonny

Eu já tinha corrido por horas e horas. Não sabia onde estava. Talvez na divisa...? Sei lá. Qualquer lugar longe de Dayanne. O que ela quer é isso, não? Que eu fique longe... Bem loonge! Se eu estiver fugindo, idai?! Já nem ligo mais para que os outros dizerão!

Dei um passo em direção a Day e a mesma se encolheu tremendo de medo. Seus olhos transbordavam pavor e mágoa.

– Sai de perto de mim...! - ela sussurrou tremula.

Essa cena parecia que nunca mais sairia de minha mente. Como eu pude fazer isso com a garota que amo?! Eu sou um completo de um idiota mesmo!!

Enfurecido, voltei a correr pela mata. Ainda não estava escuro nem nada... Mas estava calmo o suficiente para mim. Parei de correr alguns minutos depois. Encostei-me numa arvore e respirei fundo. Que ódio!

Acho que uma hora dessa, devo estar parecendo um daqueles emos drogados! Sim, devo estar mesmo.

Começo a escutar passos se aproximarem calmamente. Ouço resmungos baixos e fico atento. Escuto atentamente os sons da batida do coração. Só podia ser um humano. Sinto o sangue correr por suas veias...

Uma mulher surgiu de repente e assustou-se comigo. Ela era morena, com os olhos claros. E usava roupas de acampamento.

– Ahn... Oi! - ela disse ofegante - Por favor, estou meio perdida aqui... Você sabe como posso voltar para estrada? -perguntou envergonhada - Sabe, eu acampava com uns amigos e me perdi no caminho... Poderia me informar para que lado é a estrada?

Mal prestei atenção no que ela dissera. Eu apenas ouvi a batida frenética de seu coração. Seu sangue pulsando rapidamente.... Eu podia até imaginar o gosto daquele sangue...

O que está acontecendo comigo?

Dei um passo para me distanciar da mulher e a mesma me olhou confusa. Fechei meus olhos tentando manter a calma...

Peguei a mão de Dayanne e no mesmo momento a mordi. Ela gritou novamente... Mas foi em vão. Eu sentia aquele maravilhoso gosto descendo em minha garganta. Deixando-me embreagado. Eu queria mais. Suguei o liquido com mais força...

Aquele gosto salivou em minha boca... Eu não conseguia mais me controlar... Abri meus olhos sentindo minhas presas saindo rapidamente e sentindo a mudança em meu rosto.

A mulher arfou quase gritando e me olhava apavorada. Meus instintos foram alando mais alto....