“Londres, 27 de Agosto.

                Olá Diário,

                Acho que todos nós nos apaixonamos um dia, certo? E devo dizer que isso é uma droga. Porque coração não se importa com quem está se apaixonando, apenas se apaixona. O ruim mesmo é quando você percebe a besteira que o seu coração fez. Um descarado, esse coração. A verdade, é que eu nunca havia ouvido falar do amor em si, não desse. O único sentimento que se aproxima do que estou sentindo agora é o que sinto pela minha mãe. Um sentimento que me leva a fazer qualquer coisa pelo bem-estar da outra pessoa.

                Ontem, eu novamente saí, em busca de algo para comer. Desta vez, não fui para um bar, eu procurei algo mais caseiro, uma comida que me lembrasse de minha mãe. O lugar ficava bem mais próximo do parque. Aquele parque que antes mencionei. Devo admitir que, talvez, só por um talvez, eu quisesse encontrar a tal menina de cabelos castanhos novamente. E como disse antes, descobrir o nome de seu livro.

                Resumindo, depois que paguei minha comida, fui procurar um lugar para me sentar. Não esperava que a menina estivesse ali, ainda mais sozinha. A oportunidade perfeita, basicamente. Fui me sentar com ela, óbvio. Ela estava de cabeça baixa, como sempre. Penso que talvez ela tenha essa mania de abaixar a cabeça, para que as outras pessoas não vejam o seu lindo rosto. Anotação mental: Ela é Tímida. Então pedi, em um tom de voz baixo, para não assustá-la, se podia sentar-me ali. Ela levantou os olhos, e pude ver claramente quem era. Ela não disse nada, então me dei o direito de sentar. Descobri o nome do livro dela. O Morro dos Ventos Uivantes. Anotação mental: Ela gosta de clássicos. Reparei, pela primeira vez, que seus olhos têm uma cor mais próxima do mel do que do chocolate. Descobri que ela mora por aqui por perto, e que ultimamente tem passado muito tempo lendo no parque. Descobri que ela tinha um apartamento. Que, por coincidência da vida, era no prédio em frente ao meu. Descobri que seus pais estão viajando, e ela não sabe cozinhar. Marcamos de nos encontrarmos aqui no dia seguinte para almoçarmos juntos novamente. E descobri que agora tenho uma nova amiga.

                Seu nome? Hermione Granger. A nascida trouxa mais linda que eu vi.

                Hoje, eu vou sair novamente, para almoçar fora. O que não é novidade, já que não sei cozinhar. Mas, hoje, eu tenho um motivo mais importante. Um motivo mais lindo. Um motivo mais grifinório, basicamente. Se alguém me dissesse, algum dia, que eu ia estar encantado por uma menina grifinória nascida trouxa, eu iria dizer que essa pessoa estava louca, perdendo a cabeça. Mas você, diário, se tornou alguma espécie de amigo.

                Então, é isso. Estou apaixonado. Perdendo a cabeça.

Draco Malfoy.”