Sua cabeça doía. Anne acordou de sobressalto com sua cabeça latejando de dor. Colocou na mesma hora a mão na cabeça resmungando de dor, não sabia o que era aquela dor, só sabia que era forte demais.

 Sentou-se na cama e espiou a janela por entre a cortina fechada. Ainda era noite, e a lua estava ainda mais brilhante, porém a neblina continuava a reinar lá fora. Ouvia-se apenas o som do vento e a respiração enrolada de Anne.

 Levantou-se ainda com muita dor e foi até a janela. Abriu as cortinas e ficou olhando em volta. Estava tudo calmo, tudo parado. Exceto... Anne não podia acreditar no que via. Era aquela mesma pessoa encapuzada. Apesar da neblina Anne tinha certeza de que era ela, a mesma pessoa que estava seguindo-a, que estava vigiando-a, agora ela tinha certeza de que não estava louca. Porém não parecia que estava olhando-a, parecia estar virado para o outro lado. Mas... Só via uma arvore daquele lado. Mais nada. Nem ninguém. Pensou em gritar, mais não queria acordar Robert, alias, ele não iria ajudar em nada, talvez só fosse piorar as coisas. Anne não gostava dele, de sua presença, nada nele ou naquele lugar a agradava, e ela não podia acreditar que aquela tinha sido sua vida por tempo nenhum.

 Distraída com seus pensamentos Anne nem ao menos reparou que agora o ‘’ser’’ a encarava. Quando reparou seu coração foi a mil. Então tinha certeza de que havia mesmo alguém a vigiando, alguém que queria alguma coisa.

 Porém apenas lhe olhou rapidamente e saiu, e novamente como antes, desapareceu na neblina.

 Anne não queria ver mais nada, tinha até se esquecido de sua cabeça que, aliás, havia parado de doer. Fechou as cortinas ao máximo que pode. Não queria que conseguissem olhar nada lá dentro, e voltou para a cama. Deitou-se e novamente, embalada pelo soprar dos ventos nas árvores, adormeceu.

 Já havia amanhecido. Anne levantou a cabeça ao sentir o sol bater em seu rosto. Espreguiçou-se o mais demoradamente que pode, e levantou-se. Lembrou-se do que aconteceu na madrugada, e estava decidida. Por mais medo que tivesse iria atrás daquela pessoa, pois mesmo sem ter certeza, algo a fazia achar que a pessoa poderia lhe ajudar.

 Foi até a cozinha onde esperava encontrar Robert. Porém não viu ninguém. Procurou no quarto e na sala, mais ele não estava lá. Foi só quando foi até o quintal que viu alguém, mais não era Robert.

 Era uma senhora de meia idade, baixa, de cabelos ruivos. A mulher olhou para Anne sorrindo e disse: - Você deve ser Anne. Meu nome é Clarisse. Sou a cozinheira/faxineira/faz tudo. – ela riu.

- Ah... – Anne sorriu. – Cadê o... Robert? – perguntou.

- Ele saiu agora pouco. Acho que volta daqui a pouco. – respondeu. – O seu café esta na cozinha, fiz agora pouco. – ela sorriu e voltou a limpar o chão.

 Anne sem responder entrou de volta na casa, mais não para ir á cozinha. Ela tinha interesse em outra coisa.

 Ela entrou no quarto de Robert. Queria encontrar fotos dela antigas, algo que pudesse lembra-la do passado. Ela foi até o criado mudo e puxou as gavetas. Estavam todas, trancadas. Assim como todas as gavetas do guarda roupa. Apenas uma porta onde ficavam as roupas estava aberta. Anne achou estranho, não tinha nenhum motivo para estarem fechadas. Ou teria?

 Ela procurou entre todas as blusas e calças. Olhou embaixo de cada uma, porém nada encontrou. Irritada por não achar nada socou as jaquetas penduradas nos cabides, quando algo caiu.

 Anne pegou. Era um papel. Não, era uma foto. Uma foto, mais não de Anne.