Prazer, Meu Nome É Robert. escrita por Bianca Moretão


Capítulo 4
Vigiada.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem (:



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Robert voltou com uma compressa de gelo e entregou a Anne, que imediatamente pôs na cabeça. Doía demais, mais do que quando estava no hospital, a dor aumentava cada vez mais e só quando colocou a compressa de gelo é que sentiu algum alívio.

- Obrigada. – agradeceu.

- Já está escurecendo. O dia passou rápido hoje não? – ele fez uma pausa para que Anne respondesse, mas como essa resposta não veio, ele continuou. – Vou fazer o jantar. – e seguiu para a cozinha.

 Anne foi até a sala e se sentou na poltrona. Era bastante velha e gasta, ao sentar a poltrona rangeu como um piso de madeira antigo. Porém nada lhe incomodava tanto na casa como um cheiro constante de mofo. Não era tão forte, porém o bastante para incomodar o nariz de Anne.

O controle estava no braço da poltrona. Pegou e ligou a televisão.

 A imagem era ruim, tinha muitos chuviscos. Colocou em um jornal. Não que lhe interessasse, afinal não sabia nem lembrava de nada, mais quem sabe ajudasse.

‘’Forte chuva atinge litoral da Califórnia‘’

 E as noticias continuavam.

‘’Aumenta a frequência de alunos nas escolas graças a um projeto do governo’’

‘’Menina desaparecida é encontrada sem vida’’

 Anne desliga a televisão, não há nada de bom passando, e não a interessa ver desgraça.

- Ei. – Robert aparece na porta.

Ele olha para a televisão. – jurava ter ouvido o barulho da televisão. – ele faz uma pausa e volta a falar. – bom, de qualquer jeito, a comida está pronta.

- Já vou. – respondeu analisando as próprias unhas.

 Vendo que ele havia saído se levantou devagar da poltrona e foi até a cozinha. Sentou-se em uma das cadeiras e encarou o prato de comida sem fome nenhuma.

- Come. – ele disse. – pelo menos um pouco.

Ela o olhou rapidamente e voltou a encarar o prato. A comida não lhe parecia nem um pouco apetitosa. Parecia uma pasta, uma mistura de um arroz mal feito e ‘’empapado’’, um feijão seco e queimado, e duas salsichas.

- Sei que não sou um bom cozinheiro. – ele riu. – a cozinheira está de folga. Mais deve voltar amanhã. – ele continuou comendo.

 Ela sorriu sem entusiasmo pensando ‘’Se essa cozinheira for tão estranha como você e o restante dessa casa então, sinceramente eu quero me mudar’’, mas rapidamente tentou tirar aquele pensamento de sua cabeça, já que havia dito para si mesma que iria dar uma chance ao seu ‘’pai’’.

 Sem querer fazer desfeita ao prato de comida, pegou o garfo e tentou começar a comer. Era horrível. Não parecia ter sal, muito menos um gosto bom. Tentava disfarçar a cara de desgosto a cada mordida. A comida descia raspando em sua garganta, engolia com dificuldade a comida.

- Eu não... – ela pensou em dizer ‘’quero’’. – estou com fome. – disse ao invés.

- Ah. – ele disse olhando o prato quase cheio de Anne. – ok.

 Anne levantou-se, mais antes de sair perguntou.

- Aonde tem uma escova de dente?

Ele olhou-a e respondeu: - A sua está no banheiro.

- Desculpe falar, mais eu acho que bem... Eu preferia uma nova. – falou.

- Desculpe. – ele pediu. – mais não tenho mais nenhuma.

 Ele esticou a cabeça para olhar a janela. – Não está mais chovendo, se quiser pode ir até o mercado comprar uma. Te dou o dinheiro.

- Onde é? – perguntou.

- Não é longe. – ele enfiou a mão em um dos bolsos e retirou uma nota de 10 dólares.

- Isso deve dar. – e entregou-a. – Segue sempre reto e você vai ver um pequeno mercado lá na frente.

- Ok. – respondeu saindo.

 Já estava bastante escuro. Devia ser um pouco mais que 19 horas, a lua estava brilhante, porém não havia quase estrelas. O tempo estava neblinado, então a visão estava bastante ruim, não enxergava muito bem o que via a frente. Foi apenas caminhando assim como Robert havia lhe explicado.

 Ao longe viu um local iluminado, e ao chegar mais perto notou que era o mercado, correu até ele e entrou. Tinha um senhor na porta, que a vendo entrar cumprimentou: Boa noite pequena garota. – ele disse.

- Boa. – respondeu adentrando no mercado.

 Caminhou por entre os pequenos corredores do mercado indo até a parte de higiene. Pegou uma escova de dente a venda e caminhou até o caixa.

- Pago com o senhor? – perguntou ao velho.

- Não. – ele deu um sorriso estranho. – com ele. – e apontou o dedo para alguém.

- Ele?! Mais ele... – ela se virou sem entender.

 Anne pulou de susto. Um homem vestido de vermelho estava parado exatamente atrás dela, e ela nem o havia notado.

- EU... ÃN... QUE SUSTO. – disse com o coração batendo rápido.

- Desculpe, não queria assusta-la. – desculpou-se com Anne.

 Anne pagou a escova de dente e tentou sair dali o mais rápido que conseguia. Sem nem se despedir do velho ela seguiu para fora do mercado.

‘’Mais que raio de lugar estranho é esse?’’ ela disse ainda com o coração batendo forte.

 Continuou caminhando de volta para a casa, então ela viu...

 Alguém. Apesar de estar longe ela tinha certeza que era uma pessoa. Uma pessoa encapuzada era só o que consegui identificar. Estava atrás de uma grande arvore, perto de sua... casa.

 A pessoa estava vendo-a, Anne sentia que estava sendo vigiada pela pessoa, e não acreditava que fazia pouco tempo. Quem quer que estivesse olhando-a simplesmente virou e lentamente foi caminhando. Anne correu.

- QUEM É VOCÊ? QUEM É VOCÊ? – ela gritava na rua deserta e sua voz ecoava.

 Ninguém a respondia, ninguém falava nada, e ela já não via ninguém. Suas mãos e pernas tremiam, seu corpo estava gelado e o medo a consumia.

 Alguém tocou em seu ombro. Anne congelou.

- Está tudo bem Anne? – era a voz de Robert. Anne virou para confirmar.

 A garota não conseguia falar. O medo ainda corria por seu sangue e as palavras eram perdidas antes de serem pronunciadas.

- Te ouvi gritando, achei que tinha acontecido alguma coisa. – ele disse com cara de preocupação.

- Eu... – ela finalmente conseguiu falar algo. – eu achei que tinha visto algo ou alguém, não sei.

- Foi só o seu medo. – ele disse dando leves apertadas em seu ombro. – Não tem ninguém aqui. – falou por fim.

- Eu... Eu sei. – mentira. Pelo contrário, ela sabia que tinha visto alguém, sabia que tinha alguém vigiando-a, mais sabia que até mesmo para ela parecia maluquice, imagine para os outros.

- Vamos, acho que você precisa dormir. – ele disse guiando-a pelos ombros até a casa.

 Anne entrou e foi direto para o banheiro, não se segurou, botou tudo o que tinha comido para fora, a comida estava dando-lhe repulsa. Lavou o rosto na agua fria e escovou os dentes.

 Foi direto para o quarto, não estava se importando com nada. Com o cheiro de mofo nem com os móveis um tanto velhos da casa. Só queria deitar e apagar, e não acordar ali, com Robert, preferia até nem acordar. Aquela não podia ser a sua vida.

 Deitou-se e fechou os olhos, embalada pelo som do vento lá fora e o silêncio absoluto na casa, a garota adormeceu...


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?



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