Prazer, Meu Nome É Robert. escrita por Bianca Moretão


Capítulo 19
Apaixonados.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Naquele estado, parado daquela forma contra a parede, parecia a criança do retrato, frágil e pequena.

 Um sorriso brotou em seu rosto ao imaginar aquela criança, a mesma que estava á sua frente. Era isso que via agora, uma criança, que necessitava urgentemente de carinho. Talvez todos precisassem, pensou. Mesmo aqueles que se julgam tão fortes, assim dizendo, necessitam de um abraço, alguém que cuide deles. No final, somos todos iguais, alguns com mais medo, medo de se machucar talvez, medo do que o amor causa. Medo de sair ferido.

 Anne aproximou-se de Luck envolvendo-o em um abraço de conforto.

 Luck tremeu em seus braços.

- Anne... eu... – parecia confuso. – eu não ouvi você... desligar o chuveiro, eu só...

- Calma. – Anne sorriu.

 Com o olhar ainda confuso de uma criança, Luck cedeu ao abraço envolvendo-a com seus braços de modo que se unissem.

- Você emancipou-se depois que seus pais... – Anne relutava em completar.

- Faleceram? – um olhar triste brotou no rosto de Luck. – sim.

- Por que? – perguntou.

- Eu não tinha família, apenas um tio que mora em outro país, mais ele não era de longe a pessoa certa para cuidar de mim. Tem problemas com o álcool e não passa mais que um ano na rua, sempre acaba preso por algum furto ou coisa do gênero. Nessas condições eu preferia ficar sozinho. – ele suspirou. – Além do mais, o interesse maior dele era em minha herança, eu era menor de idade e ele que iria administrar o dinheiro. Iria gastar com álcool e prostitutas.

- Mais...

- Chega de perguntas... – Ele soltou-a de seus braços fazendo a garota soltar um suspiro triste. – por favor.

 Anne apenas meneou a cabeça concordando.

 Ele parou de costas para Anne, parecia olhar um ponto distante, perdido em seus próprios problemas.

- Anne. – ele fez uma pausa. – Acho melhor você ir dormir. Está tarde. – olhou-a.

- Estou sem sono. – a garota caminhou até ele em uma tentativa frustrada de abraça-lo, que foi negada por ele, que se afastou.

- Por favor Anne. Vai deitar. – ele não a olhava, encarava o chão de modo que seu rosto ficasse sobre as sombras.

- Você não está bem. – disse-o sem mover-se.

- Estou, estou ótimo. – falou entre um riso melancólico.

 A garota sabia que seria inútil tentar ajudar, ele iria encolher-se e se fechar contra ela. Sendo assim, apenas murmurou um boa noite e voltou-se ao quarto de Luck, onde iria passar a noite.

 Não mentira, estava realmente sem sono. Sentia-se cansando, porém a insônia não permitia que pregasse os olhos.

 Jogou-se sobre a cama que balançou com seu peso.

 Rolava incessantemente de um lado para o outro buscando uma posição que a agradasse e a fizesse dormir, mais o sono relutava em apossar-se de seu corpo.

 Parecia que estava á horas naquela cama sem pregar os olhos.

 Desistiu então de tentar dormir.

 Virou-se de barriga pra cima de modo que seus olhos encontrassem o teto do quarto e perdeu-se em seus pensamentos.

 Uma coisa a garota tinha certeza. Sem dúvidas Robert não era seu pai. Não podia ser. Como teria tanta raiva de alguém que nomeia-se seu pai? Ou se fosse, não achava que deveria ter sido um bom pai ‘’antes’’.

 E sobre o acidente? O que realmente aconteceu? Todas as vezes que tocara no assunto no hospital e fora dele suas perguntas foram caladas com a desculpa de que não seria bom saber naquele momento.

 A cidade... Por que ninguém a conhecia por lá? Nem mesmo a empregada. Se ela morava lá há tanto tempo, como ninguém a conhecia?

 Anne fazia-se milhares de perguntas que continuavam sem respostas.

 E ainda tinha a tal Camille, que tinha semelhanças assustadoras com Anne.

 Perdida em seus pensamentos o sono finalmente deu trégua e se entregou a garota, fazendo com que fechasse os olhos e adormecesse.

 Anne sentiu algo tocar seu rosto e lentamente foi abrindo os olhos.

 Viu Luck á sua frente beijando de leve seu rosto, enquanto sorria ao vê-la acordar.

- Que... – ela tentava se acostumar a claridade. – Que horas são?

- Já passa das nove. – ele sorriu afastando-se de modo que pudesse olha-la.

 Ficaram alguns instantes com os olhares fixados um no outro, até Luck levantar-se.

- O café tá pronto. – disse saindo do quarto.

 Anne olhou-o. Estava com um moletom azul marinho e uma bermuda branca e cabelo desgrenhado. Logo se viu sorrindo.

 Levantou-se lentamente enquanto calçava os chinelos que Luck a emprestara.

 Foi até a cozinha onde o garoto já comia.

- Não me esperou. – brincou fazendo uma cara triste.

- Ah, me desculpe, eu estava faminto. – sorriu.

 Anne sentou-se á frente de Luck. Estava faminta também. Não demorou para que tivesse devorado um prato de ovos mexidos e bacon e um copo de leite cheio.

 Levantou sem falar nada e foi até o quarto onde havia deixado sua roupa. Sabia que precisava voltar logo para casa. Não achava que resultaria em boa coisa caso Robert a encontrasse ali.

 Trocou-se rapidamente e voltou á cozinha para despedir-se de Luck, que pareceu desapontado.

- Você já vai? – perguntou olhando-a.

- Tenho que ir. – respondeu. – Se Robert descobrir que estou aqui ele... Bem, nem quero pensar no que ele iria fazer.

- Tudo bem. – disse por fim. – Vai voltar não é? – sorriu esperançoso.

- Claro. – sorriu.

- Vou estar te esperando. Sempre. – disse enquanto ia até Anne puxando-a para um beijo.

 Seus lábios encontraram-se desesperados um pelo outro. Em um beijo suave suas línguas dançavam em suas bocas tentando manter aquele beijo eternamente.

 Foi Anne quem se afastou primeiro. Sorriu-o e foi em direção á porta.

 Anne tomou seu rumo, sorrindo.

Pela primeira vez, sorria de felicidade, algo que não a acontecia desde que acordou naquele hospital.


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Notas finais do capítulo

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