Prazer, Meu Nome É Robert. escrita por Bianca Moretão


Capítulo 15
O Jardim Maldito.


Notas iniciais do capítulo

Espero não ter demorado muito pra postar e espero que gostem. Posto o outro capitulo em breve (= Boa leitura.



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 Logo adiante Robert parou com Anne atrás dele.

 Anne contemplou a sua frente um portão alto, verde, com suas grades entrelaçadas entre sim.

 Atrás delas Anne via arvores. Muitas delas. Cobriam todo o espaço de sua visão. Exceto uma trilha estreita à frente do portão. Estava tudo silencioso.

 - Chegamos. – disse Robert entusiasmado.

 Anne apenas revirou os olhos.

 Parecia tão forçado, tão falso o modo como Robert parecia sempre alegre e calmo.

 - Aqui? Não sei se estou cega mais não estou vendo piscina nenhuma. Apenas um monte de árvores. – disse.

- Calma. A piscina é lá dentro. Este jardim é extenso Anne. Um pouco de paciência, por favor. – disse Robert gesticulando entre risos.

‘’Paciência’’. Tá aí uma coisa que Anne não tinha quando estava perto de Robert.

 Robert se aproximou e com a mão que ainda lhe restava tentou abrir o portão.

- Eu devia ter deixado esse saco no carro. – disse, vendo que não conseguia abri-lo.

- Pode me ajudar... filha?

 Anne parou na mesma hora.

 Era a primeira vez que Robert a chamava de filha.

 E Anne definitivamente não gostou... Nem um pouco.

 Seu estomago revirou enquanto sua cabeça repetia milhares de vezes a palavra ‘’filha’’.

- Anne? – disse Robert para a garota que não se movimentava.

 Anne sacudiu-se e percebeu que estava parada encarando Robert.

- Não... me chame de... filha. – falou Anne em voz baixa.

- Desculpe querida, achei que talvez estivesse na hora já... Mais vejo que me precipitei, você precisa de mais tempo talvez... Desculpe-me. – falou olhando para Anne que ainda o encarava.

- Mais, pode... hum, me ajudar? – disse indicando o portão.

 Anne apenas se aproximou do portão e abriu sua tranca.

 A garota já ia seguir pela trilha quando Robert falou.

- Sinceramente, está muito pesada essa caixa. Vou voltar e deixa-la no carro. – disse parando.

- Ok. – Anne ia seguindo Robert.

- Não Anne. – disse esticando a mão para que parasse. – Vá conhecer o jardim. Mais não saia daí. Eu não vou demorar. – disse.

- O que tem na caixa? – disse aproximando-se de Robert.

 Robert apenas virou-se afastando a caixa de Anne.

- Nada de mais. – disse. – Apenas umas ferramentas. As minhas estavam muito antigas.

 Anne estranhou o modo como Robert afastou a caixa dela, mais ignorou.

- Está bem. – falou voltando.

- Bom. Vou indo, volto logo. – disse. – Se cuida.

 Anne arrepiou-se. Sempre que Robert dizia aquilo mais parecia uma ameaça do que realmente um pedido.

 Ela apenas consentiu.

 Ficou parada até Robert sumir de sua vista. Anne não confiava nele.

 Esticou a cabeça por entre o vão aberto do portão certificando-se de que Robert já estava longe. Continuou olhando até Robert não passar de um ponto preto distante.

 Voltou-se para a trilha, respirou e seguiu-a.

 A trilha era estreita e cercada de árvores. Quanto mais andava mais fechada e escura ficava. Era como se anoitecesse. A luz parecia não chegar ali. Anne achou que talvez fosse pela quantidade de arvores.

 Olhou para o céu. Não. As arvores não cobriam o céu. Ela enxergava ao alto o azul do céu, mais a luz por algum motivo não chegava lá. E quanto mais andava mais escuro ficava.

 Anne estava arrepiada. Estava com medo, não negava.

 A garota já estava entrando em desespero. Estava andando a mais de 15 minutos com certeza, e não chegava a lugar nenhum. E a cada vez que adentrava mais no jardim, mais escuro ficava.

 Chegou á um ponto em que não via mais do que a silhueta de tudo que estava á sua volta.

 ‘’Como?’’ Ela olhava pro céu e o via brilhante, azul, iluminado. Mais a luz não chegava de forma nenhuma ao jardim.

‘’Como ele achou que eu ia adorar ISSO AQUI?’’ pensou.

  Continuou andando, seguindo a trilha escura, guiando-se apenas pelo chão pelado aos seus pés.

 Anne sentia seu estomago revirar-se, sabia que devia parar, que devia voltar, correr como nunca correu, até chegar ao fim. Mais ela não conseguia, seus pés não a obedeciam, eles continuavam a andar por mais que a garota se esforçasse para parar e retomar o caminho contrário.

 A garota sabia que não estava mais no controle. Sabia que iria aonde o jardim a quisesse levar.

 Ela olhava para os lados tentando achar algum ponto de luz. Mais não encontrava nada. Apenas escuridão e as silhuetas das árvores.

 Ela olhava para o céu. O único ponto de luz era realmente o céu.

 Seus pés continuavam a andar. Não paravam.

 Ela tentava gritar, mais a voz parecia não sair. Estava presa em sua garganta, junto com o medo que lhe percorria as veias.

 - CHEGA. CHEGA. EU NÃO QUERO FICAR AQUI. – Anne finalmente conseguiu falar.

 E o jardim pareceu tê-la ouvido.

 Imediatamente, abriu-se uma clareira a sua frente. Estava distante, mais Anne já a via.

 Aquilo deu realmente forças para andar. Correr. Anne corria, corria  com vontade.

 Mais ao chegar na clareira, ela se arrependeu.

 A luz que iluminava era produzida por uma espécie de lamparina, porém maior do que as convencionais.

 Mais era uma luz falsa, uma luz que arrepiava Anne ainda mais.

 Arrependeu-se de ter saído da trilha. Sabia que fora o seu pedido que fizera o jardim criar aquela clareira.

 Pelo menos na trilha Anne sabia o que veria. Sabia que iria continuar andando, andando, andando, até seus pés vacilarem sobre o cansaço de seu corpo e não resistirem mais e se desmontassem ao chão. Sabia que sempre iria ver a mesma escuridão. Sabia que a trilha não era tão extensa, o jardim apenas estava brincando com ela; repetindo aquela mesma trilha varias e varias vezes.

 Apesar de tudo aquilo, Anne preferiu concentrar-se no que estava á sua frente.

 O espaço era pequeno. Forçando sua visão á frente, Anne viu mais uma trilha. Alias, apenas a floresta. Pelo menos aonde podia enxergar não havia uma trilha, apenas a mata fechada.

 A luz era fraca, e piscava, indicando que estava prestes a queimar. E algo dizia a Anne que ela ainda estaria lá.

 O chão era coberto por um barro ralo, com algumas parte com uma grama ainda mais rala.

 Ao centro havia um banco, e algo que Anne não conseguia enxergar sobre ele.

 Mais não era isso que deixava Anne apavorada, não era isso que fazia seus pés vacilarem ameaçando faze-la cair a qualquer momento.

 Era ela...

 O único ser vivo ali além de Anne...

 Uma garota.

 Uma pequena garota. Com um vestido branco que se arrastava no chão. Alias, era pra ser branco, mais estava incrivelmente sujo.

 Os cabelos da garota eram curtos e negros, assim como seus olhos.

 Mais o pior era seu rosto e sua boca.

 Estava preenchido por vários cortes ensanguentados. Sua boca estava rasgada, mais não com apenas um corte. Seus lábios estavam partidos ao meio e pingavam sangue em seu vestido. Um sangue seco e que deixava um forte cheiro no ambiente.

 Mais a garota sorria...

 Um sorriso malicioso que fazia Anne tremer e seu coração disparar.

- Você veio... Anne. – a garota sorriu.

 A voz dela era grossa, não parecia com a voz de uma criança. Era seca e rouca.

 Anne se afastou, foi andando pra trás. Recusava-se a virar-se para correr, não sabia o que a ‘’criatura’’ podia fazer.

 Os pés de Anne bateram em algo duro. E a garota sorriu.

 Anne concedeu-se uma rápida olhada ao que o seu pé batera.

 Uma cabeça...

 Era Camille. De alguma forma, Anne tinha certeza disso...


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Notas finais do capítulo

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