Ambos saíram da loja. Robert olhou-a dizendo:

– E então. Achou um biquíni bonito? – sorriu.

– Sim. – respondeu lembrando-se de que mal teve tempo de escolher e muito menos de provar.

– Bom, pra ter demorado tanto esse deve ser O biquíni. – Robert gargalhou.

– Não é pra tanto. – disse sem conter o tédio.

– Bom, mais é por um bom motivo. Você vai adorar o jardim. – ele fez uma pausa. – e a piscina, claro.

Caminharam por meio de uma rua estreita, preenchida por várias casas enfileiradas e coloridas.

A caminhada parecia não acabar, os pés de Anne ainda doíam pelo dia anterior, e aquela caminhada só estava piorando.

– Está longe? – perguntou impaciente.

– Desculpe querida, mais não está muito perto. – ele olhou-a. – Está cansada?

– Bastante.- respondeu.

– Eu teria pegado o carro, mais como viu, a rua é tão estreita que não iria passar. – disse.

Anne continuou o seguindo por algum tempo...

Até que a garota parou na frente de um enorme portão.

Alto, dourado, e com um anjo de bronze na frente.

– Gostou? – perguntou Robert notando a garota parada.

– O que é? – perguntou.

– Aí? – disse indicando o portão. – O cemitério da cidade. Não está na cara? – riu.

– É... – respondeu sem despregar os olhos do cemitério.

– Vamos? – perguntou andando.

– Quero entrar. – disse sem conter uma força que a fazia querer entrar.

– Em um cemitério? – ele riu. – Ah, sinceramente Anne, tem lugares muito mais...

– EU QUERO ENTRAR. – disse alterando o tom de voz.

– Ok então. – disse franzindo a sobrancelha.

Ambos entraram. Anne na frente seguida por Robert que a olhava impacientemente.

– O que exatamente você quer em um cemitério? – perguntou Robert analisando-a.

– Não sei. – respondeu andando por entre os túmulos.

Após andarem por várias fileiras de túmulos, Anne parou em frente a um que a chamou a atenção.

Era simples, porém não foi isso que a atraiu. Foi a foto que estava nele.

– Anne vamos embora, chega, já deu. – falou Robert impaciente.

– Me espere lá fora se quiser. – disse sem despregar os olhos da foto.

A garota da foto parecia muito com Anne.

Alias, pareciam gêmeas.

A única diferença eram os aparentes longos cabelos da garota e os olhos castanhos.

Tirando isso, até a própria Anne se confundiria.

A garota se aproximou no tumulo, ajoelhando-se em frente a ele e limpando com a camisa a poeira que cobria os dados da garota.

‘’Camille Price.

Nascimento: 17 de novembro de 1995.

Falecimento: 02 de março de 2011. ‘’

‘’Nascemos sem pedir, morremos sem querer, mais permanecemos intactos no coração de quem nos ama’’.

Anne lembrou-se do que Heloise a havia dito, e algo a dizia que aquela era a tal garota.

‘’É tão parecida... tão...’’

– Anne? Vamos, por favor. – falou Robert batendo o pé no chão de terra.

– Sim, vamos. – disse Anne levantando-se.

Saíram ambos em silencio, porém a cabeça de Anne estava preenchida com dezenas de pensamentos diversos. Precisava falar de novo com aquela senhora. Talvez pudesse lhe ajudar em alguma coisa.

– Anne, o que você queria ai? – perguntou Robert.

– Não sei, me pareceu legal e...

– ANNE, POR FAVOR NÉ. – disse alto. – ninguém entra em um cemitério porque parece legal.

– Acredite, eu não tenho nenhum motivo. – disse Anne.

– Ah claro, e parou em frente aquele tumulo por que era bonito não? – disse ironicamente.

– Talvez. – disse sem dar muita atenção.

Robert apenas olhou-a desconfiado, porém nada disse.

Continuaram a caminhada em silencio. A rua estava quase deserta, apenas uma ou outra pessoa passava de vez em quando. Anne ia andando distraída em seus pensamentos.