Prazer, Meu Nome É Robert. escrita por Bianca Moretão
Notas iniciais do capítulo
Demorei um pouco pra postar pois só consegui terminar agora haha. Espero que gostem *-*
Anne olhava para todos os lados, e até onde sua visão alcançava não havia ninguém.
Estava frio e Anne estava com medo; seu coração estava acelerado, e se castigava por ter seguido aquele ‘’ser’’. Sentia-se muito ingênua por ter acreditado que iria aparecer uma ajuda do além que iria acabar com todas as suas dúvidas e problemas.
A garota não fazia ideia de como voltar para ‘’casa’’, nem de como sair dali. A neblina estava muito densa dificultando Anne enxergar qualquer coisa que estivesse a se quer um metro de distância.
‘’Talvez Robert apareça’’ pensou, mais logo descartou a ideia. Sabia que ele não a encontraria tão longe de casa, muito menos com aquela neblina.
Anne então percebeu que não havia o que fazer. Deitou-se em meio às raízes da árvore e se apoiou sobre o seu tronco. Fechou os olhos numa tentativa não apenas de dormir, mais de acabar com tudo aquilo, com todo aquele pesadelo.
Estava escuro, e sua visão estava turva.
Ouviam-se gritos que ecoavam por todo o espaço.
Sua boca estava tampada por uma mão. Uma mão feminina, delicada que insistia para que não fizesse nenhum barulho.
E dali acompanhavam toda a cena que se seguia á sua frente.
De seus olhos brotavam lágrimas que desciam pelo seu rosto formando um rastro quente até serem barradas pela mão que estava em seu rosto, e ali, sumirem.
A garota estremeceu nos braços da mulher. Seu corpo congelou e lhe arrepiou inteira.
Um tiro.
E os gritos que antes eram ouvidos, haviam cessado.
Anne quase saltou sobre a árvore.
Estava suando e seu corpo estava frio.
‘’Um pesadelo’’ pensou tentando conter o coração que batia descontroladamente.
‘’Foi só um pesadelo, foi só um pesadelo. Só. Um. Pesadelo’’ repetia tentando convencer a si mesma. Mais era impossível. Sabia que não havia sido só um pesadelo. Sabia que ia além daquilo. Lembrava-se do sonho com clareza e detalhadamente. Havia algo errado, algo muito errado, e aquele sonho queriam lhe dizer algo. Algo que ninguém mais poderia dizer-lhe.
Só quando se acalmou é que pode notar que já havia amanhecido. O sol já estava brilhante ao céu e a neblina já tinha desaparecido.
Viu também que parecia ter chovido durante a noite. O solo estava úmido, e suas roupas, encharcadas.
Anne não fazia ideia de onde estava e de como voltar. Apenas percebeu que estava em uma floresta.
Tentando pisar com o máximo de cuidado, já que o solo estava liso, foi tentando descer a pequena ladeira em que estava. Ia se agarrando nas raízes, caminhando quase como um cão, arrastando-se pelo chão. Ia seguindo pela floresta, na tentativa de encontrar uma saída e voltar para a ‘’sua casa’’, ou até mesmo algum outro lugar, onde pudesse pedir ajuda. Ela só queria sair de lá.
Ia com cuidado pisando na terra e encharcando suas roupas de lama, enquanto se segurava nas raízes.
Chegou á um ponto onde as árvores eram mais eretas, suas raízes não se arrastavam pelo chão, tirando de Anne a única coisa que tinha para se apoiar, mas a descida continuava.
Tentando enxergar o mais longe que conseguia, Anne forçou a visão tentando encontrar uma saída.
Quando ia recomeçar a descida, vencida pelo fato de não enxergar nada, foi que finalmente viu ao longe o topo de uma casa. Estava no caminho certo.
Com cuidado para não deslizar foi descendo devagar até encontrar um ponto firme.
A lama aos poucos ia se misturando com um solo mais duro. ‘’Asfalto’’ pensou contente.
Apressou o passo já que não havia mais descidas, correndo em direção à casa que havia visto para encontrar ajuda.
Só ao sair da floresta foi que reconheceu onde estava. Era a pequena vila onde havia ido no dia anterior. Só tinha um detalhe. A feira não estava lá.
Olhou para si própria e se viu encharcada e suja, os cabelos esvoaçados e cheios de pedaços de madeira e folhas que caíram enquanto dormia.
Foi caminhando devagar.
- Uou.
Anne olhou para trás.
Era Luck, o garoto que havia conhecido no dia anterior.
Ele sorria. Parecia achar engraçado ver Anne naquele estado. A garota corou instantaneamente.
- E então. – ele riu. – Quer me explicar ou eu posso tirar minhas próprias conclusões?
Ela olhou-o. Estava tão lindo. Seus cabelos estavam jogados ao vento, junto com sua cabeça, contraída em uma risada gostosa, que dava a Anne a vontade de se aproximar.
Estava vestindo uma camisa de manga preta, uma calça jeans clara e um tênis.
Sentiu-se envergonhada trajada de tal forma diante de um garoto tão lindo.
- Você não gosta muito de falar, não? – ele perguntou entre um sorriso.
- Não. – ela disse. – Quero dizer, gosto. Eu só estava, hum, distraída. – ela sorriu. – E quanto à pergunta que me fez, tire suas próprias conclusões, quem sabe não se aproximam da realidade.
Ele analisou-a de cima a baixo, tentando procurar detalhes que ajudassem em sua ‘’tese’’.
Finalmente respirou fundo e começou a falar.
- Você. – ele parou. – Foi para a floresta por algum motivo que eu sinceramente não faço ideia, e se perdeu. – ele olhou-a. – e deu nisso. – sorriu.
Anne assentiu.
- Quase isso. – ela sorriu. – Mais bem, contando com o fato que estou cheia de terra, folhas e agua, e que você me viu saindo de uma floresta, acho que era meio, digamos, óbvio. – ela riu.
- Ei – ele se aproximou. – Está se desfazendo da minha capacidade de dedução?
Ambos riam, riam junto, como se fossem um só. Os olhares dos dois se encontraram, demorando-se em cada detalhe.
Mais ela nada respondeu.
- Quer saber de uma coisa? – ele perguntou.
- Sim. – ela disse com o olhar ainda fixo nele.
- Você está linda. – ele sorriu passando a mão no queixo de Anne.
Ela sorriu sem saber o que dizer ou como agir.
Apenas ergueu a mão tocando o rosto de Luck.
Ambos se olhavam, se desejando, querendo um ao outro.
Mais Anne se afastou. Afastou-se, pois sabia que havia conhecido o garoto a cerca de 24 horas.
Luck corou. – É... Hum, desculpa, eu não devia ter-me-aproximado-tanto. – ele falava quase que soletrando.
- Não. Eu que, hum... Peço desculpas. – ela faliu se afastando mais alguns passos.
- Eu. Preciso ir. – disse despedindo-se.
- Quer que eu te leve? – O garoto perguntou passando a mão na cabeça ainda envergonhado.
- Não. – ela apressou-se em dizer. – Está tudo bem.
Anne virou-se rapidamente e já foi caminhando, tentando se afastar para diminuir a vergonha que a consumia por dentro e a fazia corar.
Nem se deu conta que o olhar do garoto a seguia, a seguia com paixão, a seguia com amor.
Perdida em seus pensamentos quase não notou que já havia chegado em casa.
Entrou e como no dia anterior, a empregada estava do lado de fora cuidando do quintal.
- O... – ia perguntar sobre Robert mais rapidamente foi interrompida.
- Lá dentro. – a empregada indicou com a cabeça. – e não está nada contente.
Anne assentiu, respirou fundo e entrou.
Encontrou Robert na poltrona da sala. Com a televisão desligada. Parecia perdido em seus pensamentos.
Anne torcia para que não houvesse a notado entrar. Mais infelizmente ele havia notado. E levantou-se na hora encarando-a.
- ONDE VOCÊ ESTAVA? – ele falou aos gritos sem se incomodar com o tom de voz.
- Eu. – pausou. – em lugar nenhum.
Ele riu. Mais não de alegria. Ele riu de raiva.
- LUGAR NENHUM? ONDE VOCÊ ESTAVA? – ele se aproximou dela segurando o braço da garota.
- NÃO. TE. INTERESSA. – falou Anne tentando livrar-se de Robert, mais em vão. Ele era muito mais forte que ela.
- NÃO ME INTERESSA? – ele riu com os olhos flamejando de puro ódio. – VOCÊ SOME NO MEIO DA NOITE E DESAPARECE E AINDA DIZ QUE NÃO ME INTERESSA? TENHO QUE TE LEMBRAR QUE SOU O SEU PAI E QUE DEVE ME OBEDECER? – ele gritava.
- TE OBEDECER? – ela puxou o braço sem sucesso. – PREFIRO MORRER.
- ENTÃO MORRE. – Ele gritou. – PORQUE ENQUANTO ESTIVER VIVA VOCÊ VAI ME OBEDECER GAROTA.
Ela olhou-o sem dizer nada.
- ONDE VOCÊ ESTAVA? NA FLORESTA? – ele gritou olhando as roupas sujas da garota.
- Sim. – ela confirmou.
- FAZENDO O QUE LÁ? – ele afrouxou o braço da garota, mais sem dar a ela chance de escapar.
- Nada. – mentiu. – eu só queria ir pra longe. Não estava aguentando você me chamando de louca.
- OLHE PARA VOCÊ. – ele gritou com desdém. – VOCÊ AGE COMO UMA LOUCA E NÃO QUER SER CHAMADA ASSIM?
- SE SOU TÃO LOUCA ASSIM, POR QUE NÃO ME DEIXOU MORRER? – ela gritou com raiva.
- PORQUE EU SERIA DADO COMO O ASSASSINO. E NÃO QUERIA A SUA MORTE SOBRE AS MINHAS COSTAS. – ele berrava a ponto dos ouvidos de Anne latejar.
- MAIS TERIA SIDO MUITO MELHOR. – ela gritou.
Ele soltou-a.
- Vai. Pro. Seu. Quarto. – ele falou pausadamente abaixando o tom de voz. – Eu não quero te ver aqui hoje. – ele disse sentando-se na poltrona. – SOME!
Anne arfou de raiva. Seu braço doía e seus ouvidos latejavam.
Foi pisando duramente até seu quarto. Não iria dormir sem tomar banho. Não importava se ele a arrebentasse. Iria para o banho.
Buscou em seu quarto uma roupa, e sem se dar ao trabalho de procurar por uma toalha, foi direto para o banheiro.
Despiu-se rapidamente e entrou no banho.
A água caia sobre seu corpo, e escorria formando um rastro quente que descia pelo seu corpo. Jogava a cabeça pra trás deixando que a agua passasse melhor. E tentava esquecer tudo. Não só aquele dia, mais sim a sua vida.
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