Acordei com o Sol no dia seguinte, me perguntando onde estava. Levei alguns segundos para me lembrar de tudo o que tinha acontecido no dia anterior. Por algum motivo, minha cabeça latejava. Troquei de roupa rapidamente e desci para o café da manhã. Só havia uma pessoa no refeitório: Lunna. Sentei-me ao seu lado.

 -Olá dorminhoca! – Eu não comentei nada sobre ninguém mais ter acordado, ou o fato de nem ter amanhecido direito, o que não me tornava exatamente dorminhoca. – Como você está?

 -Bem... – respondi.

 Naquele momento um grupo de pessoas entrou no refeitório, cambaleando e bocejando. Percebi que uma delas era Sarahpiranha, a namorada de Jack. Não que eu esteja com inveja/ciúmes...

 -Não vai comer nada? – Perguntou Lunna, que por algum motivo reparava em tudo quando o assunto era comida.

 -Não estou com fome... – respondi.

 A verdade era que eu havia tido um pesadelo. Esse pesadelo, em especial, eu sonho desde que tinha 7 anos. Mais especificamente, desde o acidente dos meus pais. Basicamente, é o mesmo sonho, o exato momento do acidente. Meus pais gritando. O caminhão vindo em nossa direção. Lágrimas rolando pelo meu rosto. E a dor. E o silêncio.

 Acho que eu fiquei tempo demais olhando para o infinito e pensando, porque a Lunna perguntou:

 -Jamie, er... você ta bem? Quer que eu chame alguém? – Ela era tão fofa, quando não estava completamente distraída!

 -Estou ótima, Lun... Melhor impossível! – menti. Isso é uma coisa que eu já tenho prática: mentir.

 Naquele exato momento vi Nathalie chegado no refeitório andando ao lado de Jack. Ele pediu um café e uma rosquinha pra ela, que foi logo andando em nossa direção.

 -Oi, Nat. – cumprimentei. Ela deu um aceno de cabeça.

 -Ei Nathalie, você pode acompanhar a Jay até o treinamento? Eu tenho que terminar as lições do Beans.

 Nathalie concordou com um aceno de cabeça e se encaminhou para a porta sem nem mesmo terminar de tomar café. Segui-a (momentos depois percebi que Lunna comia os restos de sua comida).

 Demorou algum tempo para acharmos a sala de treinamento. Ao chegarmos lá, havia um cara durão, que parecia ser o treinador e nos saudou enquanto fazia a contagem da turma. Ele nem parecia perceber que eu era aluna nova (eu estava bem acostumada em ser “aluna nova” e já sabia que era no mínimo normal os professores se apresentarem aos alunos novos, ou darem algum tipo de instrução).

 Quando todos pareciam já ter chegado, ele disse:

 -Muito bem, turma! Treinamento regular! Façam as suas duplas!

 Eu me aproximei do professor:

 -Hum, treinador... Eu sou aluna nova e não sei como é o treinamento regular... Também não sei com quem fazer dupla. – Acrescentei, percebendo que todos já haviam se formado em pares e estavam se alongando.

 -Aluna nova... – Ele deu uma olhada em sua prancheta – Jamie, não é? Prazer, sou o treinador Trent. Venha até a minha sala, precisamos conversar. Ele sorriu de uma forma que, por algum motivo pareceu meio sarcástica.

 Eu o segui até uma salinha no final da grande área de treinamento. Por algum motivo, senti um frio na espinha ao entrar lá...