Nem Todos Os Anjos Possuem Asas escrita por Biancaoly


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A minha história possui apenas um capítulo, mas estou com planos de fazer uma continuação.



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Passei minha vida toda pensando que anjos eram apenas personagens fictícios, e que só era possível se apaixonar por alguém vivo. Mas no meu caso só me apaixonei por ela, quando o seu coração deixou de bater em seu peito, e começou a bater no meu.
         Me chamo Fernando e tenho 16 anos,tudo começou á uns dois anos atrás, nessa época nem o seu nome eu sabia, estava eu andando no meu velho skate pelas ruas, com raiva depois de uma feia briga com a minha mãe.

Estava distraído pensando como minha mãe nunca conseguia entender o fato que eu não conseguia acreditar em Deus, na verdade eu não via o porquê de todos termos que seguir uma religião como se fosse algo obrigatório. Quando reparei que ao meu lado havia um carro, que á poucos segundo iria me esmagar como uma barata é esmagada por um chinelo.

Eu estava assustado, não conseguia ter nenhuma reação, apenas de ficar parado sem conseguir me mexer.
Faltando um milímetro de distância do carro ao meu corpo, senti uma força muito forte e estranha que me empurrou para a calçada me fazendo cair no chão.

Em segundos o carro passou com o motorista me xingando pelo fato de eu ter ficado parado no caminho, mas eu nem liguei. 
A única coisa que eu queria entender era o que tinha acabado de acontecer comigo. De onde vinha aquela força que acabara de me derrubar? Pensei em tudo, pensei que poderia ser um homem invisível que tivesse me empurrado, mas cai na real eu não tinha mais 8 anos de idade para acreditar em super heróis.
Pensei na possibilidade do vento, mas que ideia tola, de onde o vento iria tirar aquela força toda para me empurrar? Ele não era tão forte assim.

Enquanto eu estava perdido nos meus pensamentos, observei que uma menina me olhava atentamente do outro lado da rua, quando percebeu que eu contribuía os olhares, saiu correndo para a avenida.

Fiquei parado por mais alguns minutos quando me dei conta que já estava tarde e precisava ir para casa antes que eu fosse roubado naquela rua vazia.

Não queria voltar para a casa e ter que encarar a minha mãe depois da briga que tivemos de novo pelo fato que eu era ateu. Então como os meus pais eram separados e meu pai morava perto, decide então que iria dormir na casa dele naquela noite.

Me levantei e sai arrastando o skate com as mãos e admirando o lindo céu que estava aquela noite. Cheguei rápido e ele estava na rua colocando o lixo para fora, quando me viu deu um breve sorriso e veio me abraçar.

- Oi filho estou feliz em ver você. Disse ele me abraçando, parecia que estava mesmo com saudade, também pudera ela já estava á uns dois anos sem me ver o único contato que eu tinha com ele era por telefone.

- Oi pai, posso dormir aqui hoje? – Fui direto ao assunto.

 - Claro, mas por quê? Brigou de novo com a sua mãe?

- Sim, tivemos outra briga daquelas como sempre. – Disse enquanto entrava em casa, a casa estava vazia meu pai era solteiro e morava sozinho.

-Mas foi pelo mesmo motivo de novo?

- Sim, ela nunca me entende, parece que eu sou um criminoso só por ser ateu.

-Filho eu não apoio sua decisão de ser ateu, mas também não posso te obrigar a ser cristão como eu e nem te bater, mas deixa que eu vou ligar para a sua mãe e conversou com ela e aproveito e aviso que você está aqui.

-Obrigado pai vou ir dormir, boa noite.

Fui para o meu quarto que eu tinha lá, notei que ele estava muito bem arrumado parecia que meu pai o arrumava muito bem, achei também um trabalho que eu tinha esquecido lá e consequentemente acabei ficando sem nota. 

Estava tão cansado que resolvi dormir sem tomar banho.
Acordei cedo e fui para a escola, andando já que skate era proibido lá.
Cheguei à sala falei como todos que estavam presentes mas só falava por educação mesmo porque não suportava nenhuma daquelas pessoas elas eram falsas estavam sempre fingindo que se importavam uma com a outra. Mas não gosto de confusões então preferia ficar quieto sem falar nada apenas observando a falsidade das mesmas.

A aula começou então a professora entrou com uma aluna nova.

- Olá gente, essa é a Bruna ela é nova na escola e espero que vocês a tratem bem.

A menina deu um breve sorriso e se sentou no fundo da sala.

A aula passou normal, sempre a mesma chatice, o sinal do intervalo finalmente tocou fui para o pátio e me sentei em um banco afastado de todos, peguei meu celular e coloquei Cazuza no ultimo volume enquanto tentava terminar a lição de matemática que já era para a próxima aula, mas não conseguia prestar atenção apenas me concentrava na Ideologia do Cazuza, quando escutava as suas musicas eu me perdia, me desligava do mundo. Muitos achavam o fato de eu gostar de Cazuza gay, mas quem se importa? A minha geração acha que homem mesmo é o que escuta funk e sai para pegar todas, Geração ridícula por isso eu preferia ter nascido uns 30 ou 40 anos atrás.

Enquanto me perdia na poesia do Cazuza percebi que a menina nova, A tal da Bruna não parava de me olhar. Fiquei olhando o rosto dela e sabia que já tinha visto ela antes, mas aonde é que eu não conseguia me lembrar, até que me dei conta que ela era a menina que estava na rua no dia que eu quase fui atropelado e que depois saiu correndo feito uma louca.

O sinal para a aula tocou então fui para sala, na primeira aula levei uma bronca da professora de matemática por causa da lição que tinha deixado de fazer, mas as outras aulas foram normais.

Voltei para a casa da minha mãe e ela estava fazendo comida, sentia o cheiro da comida dela a uns cem metros de distância, quando ela me viu abriu um grande sorriso e veio em minha direção.

- Meu filho que bom que você voltou.

- Oi mãe.

Tirei minha bolsa das costas e a joguei no chão, liguei a televisão e deitei no sofá.

-Filho precisamos conversar. Disse ela desligando a televisão.

- Mãe não estou a fim de brigar agora, por favor – Eu disse enquanto me levantava do sofá e ia em direção ao meu quarto.

-Espere filho, não quero brigar só quero dizer que conversei com seu pai ontem e eu não apoio sua decisão, mas a partir de hoje vou pelo menos respeitar.

- Muito obrigado mãe agora vou ir dormir porque estou com sono.

Subi e deitei e peguei no sono rápido.

As próximas duas semanas passaram normais, mas foi em uma 2ª feira que o problema começou.

Estava na aula de educação física jogando futebol e no final do jogo fiquei com uma grande perda de fôlego e uma dor no peito achei estranho, pois nunca tinha sentindo nada assim. A dor passou e eu consegui recuperar meu fôlego.

Fui para a casa e já fui conversar com a minha mãe.

- Mãe hoje senti uma dor no peito estranha e fiquei sem fôlego.

 -Nossa filho você nunca teve essas coisas, vai se arrumar que eu vou te levar ao médico.

Subi para o meu quarto e me arrumei para ir, não estava nem um pouco preocupado achava que seria apenas uma consulta normal.

Chegamos ao hospital e fomos logo chamados pelo médico, eu e minha mãe nos sentamos.

-Então o que você tem jovem?

-Ultimamente estou tendo algumas dores no peito e perdas de fôlego. Eu disse enquanto ele anotava tudo em minha ficha.

-Ok você teve alguma tontura?

- Só algumas vezes.

-E desmaio? Já chegou a desmaiar alguma vez?

- Apenas uma vez na escola.

- Pelos seus sintomas, você pode ter uma cardiomiopatia dilatada, a cardiomiopatia é quando o músculo cardíaco engrossa mais do que o normal e acaba bloqueado o fluxo sanguíneo para a fora do ventrículo, 

- Mas como podemos saber se ele tem isso doutor? Disse minha mãe assustada

- Eu vou pedir um exame cardiológico e um exame de sangue e quando você já tiverem com o resultado vocês podem voltar aqui.

Eu e minha mãe fomos embora sem falar nada sobre o assunto, depois de uma semana fiz todos os exames que precisava e voltamos ao hospital.

- Olá doutor aqui esta os exames que o senhor pediu. Disse minha mãe entregando o envelope enquanto eu apenas o observava

- Obrigado. –Ele pegou os exames e começou a analisar.

- Então doutor o que eu tenho? Eu disse curioso, mas com medo da resposta.

- Como eu já havia falado da possibilidade de você ter uma cardiomiopatia, eu estava certo, infelizmente você tem e no seu caso a doença esta progredindo muito rápido e você irá precisar de um transplante de coração o mais rápido possível.

Olhei para a minha mãe e vi as suas lagrimas em seus olhos, comecei a chorar também, nem tanto pela situação, mas sim por ver minha mãe chorando.

- O que eu faço agora Doutor? Disse minha mãe, quase sem conseguir falar.

Antes ele terá que fazer um tratamento para que o novo coração seja aceito pelo corpo e depois ficar na fila de espera para o transplante até chegar um doador.

- E quanto vai custar o tratamento doutor?

- Na rede pública é de graça, mas demora muito para ser chamado, e seu filho não tem tanto tempo, mas pela rede particular é esse valor.

O Doutor entregou um papel para a minha mãe com o valor, e pela cara que ela fez era um valor muito alto.

- Mas eu não tenho esse dinheiro. Disse ela triste

- Desculpa senhora, mas é a única solução.

Saímos do hospital e fomos para a casa, ouvi a minha mãe falando com o meu pai sobre a minha doença e sobre o valor do tratamento e percebi que pelo tom de voz dela meu pai também não tinha dinheiro. Estava na sala nesse momento, quando me virei para a janela vi o rosto da bruna, mas quando desviei o olhar e voltei a prestar atenção na janela ela não estava mais lá, achei estranho, mas talvez fosse apenas coisa da minha cabeça.

No dia seguinte não fui para a escola, fiquei deitado na sala e vi meu pai entrando alegre pela casa.

-Filho tenho uma ótima noticia, achei do nada na porta de casa um envelope com a quantia exata do seu tratamento, Disse ele enquanto sorria.

Minha mãe chegava à sala com um sorriso no rosto, já dava para perceber que ela já tinha ouvido.

- Nossa graças a Deus, isso é um milagre. – Disse ela se ajoelhando o chão e agradecendo a Deus.

Fomos para o hospital e assinamos todos os papeis que precisava para eu começar a fazer o tratamento.

O tratamento durou quase um mês então tive que ficar internado no hospital até o transplante.

- Olá rapaz, tudo bom? Disse o médico entrando no quarto que eu estava.

- Tudo indo doutor. Disse com um sorriso de lado

- Doutor agora que meu filho já fez o tratamento, o que vai acontecer?

- Agora ele tem que esperar aparecer um doador, essa é a pior parte, pois doadores de corações são muito raros.

Dava para perceber a aflição da minha mãe apenas no olhar dela. Fiquei no hospital por vários dias esperando algum doador, percebia que a cada dia minha mãe ficava mais triste. 

Na minha 4ª semana no hospital recebi a melhor noticia que eu poderia ter recebido naquele momento, haviam achado um doador compatível comigo e o transplante aconteceria naquele instante, me preparam para a cirurgia, enquanto me despedia da minha mãe ela até tentou orar comigo, mas eu rejeitei, fui para a sala de cirurgia e me deram varias doses de sedativos para eu dormir.

A cirurgia durou por cerca de 4 horas, acordei e percebi que estava meus pais e o médico que tinha me atendido dês do começo.

- Bom dia moço, está se sentindo bem?

- Sim, parece que nasci de novo depois desse transplante, a cirurgia deu tudo certo?

-Sim meu filho, deu tudo certo. Disse minha mãe me abraçando.

- Você sabe de onde veio esse coração? – Disse o médico apontando para o meu peito

- Não faço ideia Doutor. 

-Bom, então é melhor você ler essa carta.

-De quem é essa carta? – Disse eu curioso

- Veja a carta que você vai entender tudo.

Abri a carta e comecei a ler.

“Bom dia Fernando,

Espero que seu transplante tenha dado tudo certo, você deve estar pensando quem sou eu, não é? Eu sou a Bruna, sim a menina nova da sua sala, mas não sou apenas só isso.

Você não conhece nada da minha vida apenas o meu nome, mas eu conheço tudo da sua vida dês de quando você estava na barriga da sua mãe, sabe por quê? Porque eu sou seu anjo.

Você não deve estar entendendo nada, mas calma eu vou te explicar com detalhes.

Eu sei que você não acredita em Deus, mas você tem que começar a acredita, pois ele me mandou uma missão que foi te proteger de todas as formas e em todos os momentos da sua vida que você precisasse de ajuda. Lembra quando você quase ia caindo do balanço quando tinha uns nove anos de idade? Era eu que segurei o balanço quando você ia caindo. Lembra também quando você quase foi atropelado nesses últimos meses? Fui eu que te empurrei para a calçada antes que você fosse atropelado. E quando você quase pegou uma pneumonia fui eu que consegui te curar com os dons que Deus meu deu. Só dessa vez que eu não consegui te curar com os meus poderes, mas consegui com o meu coração, esse coração que esta batendo dentro do seu peito.

Não estava suportando ver você morrendo nessa cama, esperando um coração, então resolvi te dar a minha vida para você viver a sua. Fui ao banheiro do hospital e me matei, mas fica tranquilo, aposto que não doeu nada e, por favor, não quero que se sinta culpado, pois você precisa saber que eu nasci para proteger você. Deixei duas cartas perto do meu corpo, umas para o médico avisando-o que eu queria que meu coração fosse transplantado em você, e a outra é essa que você esta lendo.

Fernando tenho que me despedi, te peço para nunca se esquecer de mim, mesmo que nunca tenha falado um oi comigo, mas isso foi culpa minha também, preferi não ter contato com você para não atrapalhar a minha missão.

Eu não estou ai na terra, mas fique sabendo que aqui do céu eu vou te proteger, como sempre fiz a vida toda e aguarde, vou colocar uma pessoa muito especial na sua vida, é só ter paciência que ela logo vai aparecer.

Fernando quando esse coração batia em meu peito você estava dentro dele, agora que ele esta batendo no seu peito, espero que eu esteja dentro dele também.

Beijos, do seu eterno anjo.”


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