12 de Fevereiro de 2510...



Nos corredores da universidade mais renomada de Nova Berlim, duas garotas apressadas e atrasadas tombaram e caíram de bunda no chão.

- Ai – resmungou a garota ruiva levantando-se – Tudo bem com você? – disse ajudando a outra a se levantar.

- Estou sim, obrigada – a de cabelos castanhos respondeu – Me desculpe, eu não te vi...

- Tudo bem, nem eu mesma estava olhando para onde ia... Meu nome é Alexandra, mas minhas irmãs não gostam e me apelidaram de Alexia, pode me chamar assim, se quiser.

- Prazer em conhecê-la, meu nome é Elena, mas minha mãe jura que sou a reencarnação de não sei quem e me chama de Selene, como a Deusa da Lua... Bom, eu gosto do nome.

- Que legal! – Alexia disse sorrindo – E o que...

- O que vocês estão fazendo fora da sala de aula? – perguntou uma nova voz, vinda de um lindo rapaz de cabelos negros.

- Me desculpe, senhor Vincent – Alexia disse olhando pro inspetor – Acabamos nos perdendo, mas já encontramos o caminho. Vem Sel – disse puxando a amiga pelo braço antes que esta pudesse dizer algo – Desculpe por isto, senhor! – a ruiva disse já correndo na direção do elevador.

Vincent abriu um sorriso imperceptível nos lábios perfeitos. Ela nunca mudava...

- São garotas lindas – disse uma voz feminina, cuja dona abraçou Vincent por trás – Você vai guardá-las?

- Não... Elas já têm quem o faça – o sorriso do príncipe se alargou – Trouxe o que eu te pedi?

- Sim - ela respondeu soltando-o e abrindo uma grande bolsa de couro e tirando de lá um livro de capa preta com alguns dizeres escritos em vermelho. – O que vai fazer com ele? Faz séculos que nada aparece...

- Por isso mesmo, minha cara Madeleine, que pedi para trazê-lo – ele disse abrindo o livro na última página escrita – Hoje a história vai terminar realmente.

- Como assim? – a ruiva perguntou olhando para o livro e vendo suas próprias palavras aparecerem...





Não muito longe dali, uma figura de roupas extremamente largas, olhos castanhos e cabelos negros com tranças observava duas garotas tomando o elevador.

- Elas estão lindas, não é? – perguntou uma voz suave e musical que pertencia a um ser que apareceu atrás do primeiro.

- Mais lindas do que eu me lembrava – o primeiro suspirou – Bill, há quanto tempo?

- Quase 500 anos... Tom – respondeu o segundo revelando-se completamente com seus 1.90 e moicano. – Senti sua falta...

- Não mais do que eu senti a sua... Estes últimos anos fizeram nosso tempo de colégio parecer o paraíso... – Tom disse sem se virar para olhar o irmão.

- Me desculpe... Se eu soubesse que você sentiria toda a dor que era para ser minha, eu não teria provocado Markus.

- Então ainda bem que você não sabia – o Kaulitz mais velho respondeu, finalmente virando-se para olhar seu gêmeo – Você fez o certo. Como esteve?

- Entediado – Bill respondeu assoprando a franja que caía em seus olhos – Ser arcanjo não é tão legal como fazem pensar... E você?

- Entediado, ser vampiro não é tão legal como fazem pensar – Tom respondeu com as mesmas palavras, sorrindo em seguida – Bill...

- Tom...

Os gêmeos abraçaram-se como nunca antes, as lágrimas corriam pelo rosto de ambos, mas não ligavam, estavam juntos de novo, depois de tanto tempo, juntos como nunca. Ninguém além deles sabiam como tinham sofrido com a separação.

Um arcanjo e um vampiro, um ser da luz e um ser das trevas, bem e mal, Yin e Yang, sol e lua, paz e guerra... Opostos e ao mesmo tempo compatíveis, duas metades de um todo que não voltaria a se separar, afinal, um não poderia existir sem o outro.

- Como estão Emmus, Vincent, Ariel, as gêmeas, o G’s, a Amélia...

- Calma! – Tom riu separando seus corpos – Uma coisa de cada vez. Amélia está escondida, foi difícil convencê-la, mas no fim ela foi sensata. Caso ela morresse o submundo viraria um caos maior do que já é.

- Malditos opositores – Bill praguejou – Isso não estaria acontecendo caso eu tivesse feito um trabalho descente 500 anos atrás.

- Bill, você acabou com o Markus! O que mais queria? – Tom perguntou com os olhos arregalados – Não é culpa sua que um deles tenha se escondido e se salvado do incêndio! Mas continuando... Os G’s e as gêmeas estão no maior Love... É até deprimente vê-los – Tom fez uma careta engraçada – Ariel e Emmus continuam em La Rochelle, eu sei, é perigoso – Tom disse prevendo a interrupção do irmão – Mas você sabe como eles são teimosos. Vincent agora governa e Madeleine é sua consorte, ele e Emmus fizeram um trato de revezar a cada 1000 anos.

- Oh que saco! Nada de interessante acontece lá em cima – o mais novo cruzou os braços – Eles reclama de tudo: das minhas roupas, do meu cabelo, da minha maquiagem, do que eu como... Até das minhas asas! Ora! Eu não tenho culpa se depois da muda as penas nasceram negras! Dá vontade de mandar todos pro inferno! – disse soltando um suspiro enfadado e vendo com curiosidade seu irmão rir até perder o fôlego – Que foi? Qual é a graça? Conte-me porque eu também quero rir.

Tom não se aguentava, ria com gosto e por vezes até pensou que morreria de novo de tanto rir.

- Me desculpe, mas é hilário ouvir um anjo falando assim! – ele disse nos intervalos entre um fôlego e outro.

- Arcanjo – Bill corrigiu.

- Que seja – o vampiro disse ainda rindo.

- Para de rir! – ordenou Bill.

- Não! – E Tom continuou rindo – Eu sou o mais velho e você não pode me dar ordens!

- É impressionante como mesmo depois de 500 anos você se gaba por ter nascido 10 minutos antes de mim! - o mais novo resmungou sentindo que Tom lhe abraçava de novo.

- É bom ter você de volta, Bill. Eu te amo.

E o anj...arcanjo correspondeu o abraçado sorrindo.

- Aliás, o que anjos comem? – o ex-guitarrsita perguntou curioso.

- Prefiro nem descobrir que gororoba é aquela – Bill disse rindo.

Estavam juntos de novo... Era isso que importava.



Vincent e Madeleine sorriram diante da cena descrita.

- Agora sim essa história pode se encerrar – disse o príncipe vendo a palavra “Fim” aparecendo em letras douradas.

- Mas eu não entendo – a francesa disse – Como pode ter terminado se eles e as meninas não estão juntos?

- HAHAHAHAHAHA – Vince riu vendo sua consorte cruzar os braços emburrada – Só você mesmo para pensar que para a história ter um final feliz é preciso que as mocinhas fiquem com os mocinhos – disse vendo o bico dela aumentar – Mas coincidência ou não, eles estão juntos – ele completou vendo o semblante dela mudar para confuso – Eles estão juntos. Elas estão agora bem acima das nossas cabeças reaprendendo tudo o que já sabiam, em outra vida. Ainda não é hora de elas saberem sobre seu passado, mas elas estão aqui, e eles só precisam subir alguns lances de escada, entrar em uma sala e estenderem as mãos para poderem tocá-las. Esse é um final feliz, minha birrentinha. – Vince terminou abrindo seu sorriso perfeito.

- Mas... – Ela foi contestar, mas foi interrompida.

- Mas ainda existem muitas lacunas sem preencher, e é por isso que isso ainda não acabou.

- Mas você disse que a história tinha terminando! – ela contestou.

- E terminou – ele sorriu ainda mais – Essa história terminou, mas para que fosse possível que outra começasse... – disse apontando para a última página, onde as letras iam se apagando rapidamente. Letra por letra, palavra por palavra, página por página - “Wünsch” foi apenas uma batalha ganha, mas a guerra está apenas começando...

Vincent fechou o livro vendo o título vermelho se apagando lentamente e, em seu lugar, com letras azuis, surgir um novo.