Capítulo 16

Ameaça

Mais tarde no mesmo dia, após Alexia voltar do escritório, Selene e Vincent estavam entrando em contato com todos os seus conhecidos para ver se encontravam alguém que pudesse fazer contato mais facilmente com as modelos. As gêmeas estavam tomando conta dos Kaulitz.

- No Sebastián, yo no estoy interesada en competir por Miss, yo quiero un contacto con Dayana Mendonza... Si, yo sé que es muy difícil, pero es muy importante... Bueno, adiós. – Selene desligou o telefone e virou-se para Vincent que acabava de conversar com um fotógrafo holandês – Não vai adiantar.

- Eu tive mais sorte... – disse o vampiro olhando de novo em sua agenda.

- E então, o que conseguiram? – Alexia perguntou sentando-se no meio dos dois.

- Tivemos sorte, mas a Miss Universo está sendo um problema – disse o moreno – Nós levantamos todos os nossos antigos contatos, eu consegui falar a Karine que é fotógrafa e disse que consegue que a Annete Von Klendre venha para Berlim.

- Também tivemos sorte de ter um amigo... O Joe, lembra-se dele? Ele é um dos estilistas da Victória e jurou que pode conseguir que nós tenhamos contato com as Angels... Se não fosse ele isso seria um problema do tamanho do monte Everest. – disse Sel.

Alexia ia falar algo, mas alguém entrou pela janela e assustou a todos.

- Abram espaço! – Melanie disse afoita – Meg pelo amor de todos os deuses, cuidado com ele!

- O que houve? – Alexia perguntou preocupada – Aconteceu alguma coisa com os Tokio Hotel?

- O Tom foi atacado...

- O QUÊ??? – Alexia gritou exasperada – E ONDE DIABOS VOCÊS DUAS ESTAVAM? QUE EU SAIBA VOCÊS FORAM CHAMADAS PARA CUIDAR DELES!

- Alexia, calma – Vincent levantou-se e pôs a mão no ombro da amiga – Acalme-se.

Meganie entrou pela janela com o corpo do guitarrista nos braços, sua roupas estavam rasgadas e seu cabelo em desalinho, Bill vinha logo atrás.

- Foi muito rápido – disse a gêmea mais nova – Quase não vimos nada.

- Tínhamos saído – disse Bill, que lutava para parecer forte – Gustav e Georg ficaram na boate e eu e o Tom resolvemos voltar a pé... Estávamos disfarçados, por isso pensamos que ninguém ia nos reconhecer... Eu só senti um arrepio e segundos depois o Tom tinha sumido do meu lado...

- A Mel ficou com o Bill e eu fui atrás da criatura – disse Meganie – A segui até um lugar bem longe, era cheio de árvores... Depois eu rondei o lugar e descobri só tem uma entrada. A briga foi feia, mas eu recuperei o Tom. Examinei-o e ao que parece não foi mordido.

- Klaus... – Alexia disse entredentes – Ele mora em um lugar do jeito que você descreveu.

- Resolvemos o que faremos com o Klaus depois – disse Sel dirigindo-se para o sofá onde Tom tinha sido colocado. – Alexia, não chegue mais perto, ele está sangrando. Vince, se importa de examiná-lo?

- Ele é médico? – Bill arqueou uma sobrancelha.

- Entre outras coisas – Vince murmurou indo até o guitarrista e tocando no ferimento da cabeça que sangrava – Ele não levou uma pancada muito forte – disse sem demonstrar dor alguma.

- Corre o risco de ter traumatismo craniano? – Alexia perguntou arriscando chegar mais perto.

- Provavelmente não... Mas é quase certeza de que ele vá ter um lapso de memória...

- Você quer dizer... – Bill chegou mais perto e ficou ao lado do irmão – Que ele pode se esquecer de tudo?... De... Mim?

- Sim – disse o vampiro – Mas não é nada muito grave, isso é bastante comum e é passageiro, o que contribui muito para ele se lembrar de tudo é a convivência com quem ele conheceu antes de perder a memória. Seria bom que os Tokio Hotel permanecessem juntos por esse tempo.

- Vincent, é perigoso eles ficarem aqui – pela primeira vez, Melanie estava séria – Tom será uma presa fácil enquanto estiver sem memória e Klaus pode se aproveitar disso. Precisamos tirar os Tokio Hotel daqui.

- Klaus não precisa saber que o Tom está sem memória – Alexia rebateu – Eu sei no que você está pensando, Mel, e é ainda mais perigoso. Vai estar cheio de vampiros e você se esqueceu de que o Bill é um Puro?

- Mais cedo ou mais tarde ele vai descobrir e então todos estarão mortos! – gritou a loira – Emmus nunca vai deixar que algo aconteça com eles e todos os vampiros que estarão lá são nossos amigos! Nossos irmãos, Alexia, fomos criadas com eles! Não posso acreditar que esteja duvidando deles!

- Alexia, eu acredito que a Melanie esteja certa... – Disse Vince levantando-se – La Rochelle é uma fortaleza e nós conhecemos cada um dos vampiros que estarão no baile e cada centímetro quadrado daquele lugar. Se eles ficarem aqui pode não ser apenas o Tom que saia ferido, precisamos arriscar.

Selene mantinha a cabeça baixa, estava muito dividida. Ambas as opções eram perigosas, mas não tinha como negar que perto de Emmus, os gêmeos estariam bem mais protegidos.

- Do que eles estão falando? – Bill perguntou pra Meganie.

- O nosso criador, Emmus, fará 782 anos daqui a três dias e haverá um grande baile no palácio de La Rochelle para celebrar. Lá estarão vários vampiros e humanos também, mas  ao contrário do que pode pensar, eles não serão o nosso banquete – Meg sorriu ao ver a confusão do artista – Esses humanos são os acompanhantes de alguns vampiros que estarão lá. O banquete será feito com outros humanos. A Mel e o Vince acreditam que vocês estarão mais seguros lá do que aqui. Temos um código de honra, sabe? Não tocamos nos parceiros dos nossos irmãos, por isso eu também acredito que estarão seguros lá.

- Klaus... Ele pode estar lá?

- Definitivamente não – Meganie balançou a cabeça - Klaus nunca se atreveria a se aproximar de Emmus, o poder de um membro do Conselho é incrível. Emmus é um anjo com a gente, mas eu já vi o que ele faz com os inimigos, é horrível.

Bill ficou um tempo em silêncio, apenas escutando a discussão que Melanie e Alexia ainda travavam.

- Nós vamos – o vocalista disse por fim – Amanhã eu vou falar com o Gustav e o Georg e nós vamos para La Rochelle quando vocês quiserem.

- Bill, isso é loucura! – Alexia disse – Seu irmão pode não correr  risco por causa do código de honra, mas esqueceu-se de que você é Puro? Bill, o código não se aplica a você porque teoricamente... Você não é totalmente humano.

- Não me importa, Alexia – disse o moreno – Antes eu do que o Tom, ao contrário dele, eu tenho condições de me defender. Além do mais o Tom é tudo pra mim, se acontecesse algo com ele... Eu morreria.

A casa inteira ficou em um silêncio mórbido, até que Melanie quebrou-o.

- Está decidido então. Fale com seus amigos e vamos para La Rochelle o mais rápido possível. Confie em mim, estarão seguros.

- Seria bom... Que vocês passassem a noite aqui – disse Vincent – Serão presa fácil no hotel, e temos quartos de sobra.

- Agradeço – disse o cantor.

- Bom minha gente, eu vou dormir – disse Mel subindo as escadas – E vocês também – disse olhando para a irmã, Alexia e Vincent.

- Na verdade, eu não estou com so...

- Meganie, você vai dormir – disse a mais nova olhando significativamente para os três.

- Sim, nós vamos – Vincent finalmente entendeu o recado. – Vamos garotas.

Os quatro subiram as escadas e desejaram boa noite, deixando Bill, Tom e Selene sozinhos.

- Você não disse nada a conversa inteira – disse Bill com certo receio – Eu... Tomei a decisão errada?

Selene olhou nos olhos dele e sorriu reconfortante.

- Não se preocupe Bill. Foi a decisão mais sábia a se tomar. Eu estou com medo, confesso, mas em La Rochelle eu posso agir mais livremente se algo acontecer, não preciso esconder quem sou. Venha, eu vou levar você e o Tom para o quarto – disse a escritora enquanto pegava o corpo do guitarrista nos braços.

- Não acha ele pesado? – Bill arregalou os olhos – Ele come feito um urso!

- É mais leve do que uma pena – Sel riu enquanto o guiava pela escada e pelos corredores – É aqui – disse parando em frente de uma porta de mogno toda trabalhada.

O quarto era enorme, a cama kingsize estava forrada com lençóis azul marinho, os móveis eram de mogno, as cortinas tinham um tom de azul água, as paredes eram cor creme e tinha uma parta que provavelmente levaria à um banheiro anexado.

- Tem um kit de primeiros socorros na última gaveta da prateleira do banheiro – ela avisou.

- Tom vai demorar para acordar? – Bill perguntou preocupado.

- Provavelmente não. Ele agora deve estar somente dormindo, foi um dia cansativo – ela disse colocando-o suavemente na cama – Eu vou vigiar o sono de vocês assim não vão correr perigo e eu não estou com sede.

- Por favor, não faça isso. Precisa dormir, nós ficaremos bem.

O riso de Selene foi cristalino e seus olhos brilharam como nunca.

- Não preciso, vampiros dormem por puro capricho... Não ficamos cansados.

-Nunca? – Bill ergueu uma sobrancelha enquanto entrava no banheiro, logo depois saindo de lá com uma caixinha branca.

- Nunca – ela afirmou vendo-o limpar o corte do Tom – É lindo ver como você se preocupa com ele...

- Temos uma ligação muito forte, já chegamos a até a sonhar com a mesma coisa enquanto estávamos em lugares diferentes. Se algo acontecesse com ele, eu não sei o que eu faria. – o moreno disse jogando o algodão ensanguentado num lixinho ali perto. – O sangue dele não tem o mesmo cheiro que o meu? – Apontou para o irmão.

- Teoricamente sim... – ela disse balançando os ombros – Mas não na prática. O seu cheiro para mim é inigualável... Bom, estarei aqui fora se precisar – disse a vampira apontado para a porta do quarto – Qualquer coisa chama. Tenha bons sonhos.

- Obrigado.

Numa casa num bairro de classe média, uma garota de cabelo vermelho fosforescente andava de um lado para o outro.

- Isso não está certo, Léo! – Alicia disse – Elas já deveriam ter me procurado!

- Você as subestimou demais Ally – disse o homem confortavelmente sentado num das poltronas – Elas têm mais de 200 anos de vida, sabem se virar.

- É, mas elas deviam precisar dos meus contatos! Ainda mais com esse pepino do Tom!

- Nem sei como você ainda não publicou nada sobre isso.

- Por falta de provas, é claro. Aquele maldito produtor não deixa escapar nada! E eu fui obrigada a desmentir a foto do beijo já que o “casal feliz” alega que estão tendo um relacionamento estável e sério.

- E eu realmente não sei por que você duvida...

- Ora Leonardo! Convenhamos, é Tom Kaulitz!

- Tudo bem, eu vou te contar o que eu vi hoje. – ele disse endireitando-se no sofá – Deve ser por isso que elas não te procuraram ainda.

- O que você sabe que eu não sei?

- Hoje eu vi a Selene, ela estava com duas garotas e um bofe LIN-DO. Pode ser que eles tenham mais contatos do que você...

- IMPOSSÍVEL! Ninguém tem mais contatos do que uma repórter!

- Olha que eu acho que vampiros seculares têm...

- Cala a boca Léo! Preciso pensar...

Não muito longe dali...

Em meio às árvores de uma quase floresta, dois homens se encontravam conversando olhando para algo no chão.

- Eu o encontrei já assim – disse um deles apontando para um monte de cinzas no chão – Não foi um humano quem fez isso, disso eu tenho certeza.

Klaus nada dizia, apenas observava as cinzas da sua cria. Tinha mandando que ele pegasse Tom, mas algo deu errado.

- Você não viu mais nada? – o vampiro perguntou por fim.

- Eu ouvi gritos, depois uma mulher saiu daqui com um corpo nos braços e depois eu vi a fumaça. Não vi mais nada.

Klaus ficou pensativo. Aquilo era trabalho de um vampiro, sem dúvidas, mas que interesse outro vampiro teria em Tom Kaulitz, um mero humano? A não ser...

- Alexia. – disse com desprezo e raiva misturados.

Continua...