Procura-se Coração escrita por Reira chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

CHEGA DE YAOI NESSA BAGAÇA. Essa maldita Akuma mexeu MUITO com meus shipps, antes eu não gostava de praticamente casal nenhum em D. Gray Man (só LavixLenalee por algum motivo sobrenatural), apesar de eu gostar de yaoi também. Mas daí ela surgiu e eu comecei a shipá-la yurimente com a Lulubell-sama, e também a empregada com a princesa. Aliás, eu não sei o nome da princesa, nem da empregada e tampouco da Akuma. Se alguém souber, por favor me informe.



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A criatura sem autodenominação suficiente observava seu rosto em movimento no espelho d’água.

O rosto em si não se movimentava, claro. Era a água que o fazia, ondulando suavemente sem se importar em distorcer a imagem que ali se refletia. A Akuma a encarava com tristeza. De onde saíra tal tristeza, que levava algumas gotas de água a deslizarem pelo seu rosto antigo? Seria influência da igualmente água que havia no lago? Não. Havia algo mais. Havia algo muito mais profundo, que estava nas profundezas de seu interior.

Algo inalcançável, para a criatura nem totalmente maligna, nem tampouco benigna, sem poder ser chamada de Akuma pela falta de força, sem poder ser humana pelos seus poderes. A criatura sem autodenominação que ela era não poderia ver a si mesma – aos sentimentos humanos que não conseguiam abandoná-la.

Ao ver o seu próprio rosto, a alma dentro dela se contorcia.

A empregada que jamais havia deixado de ser empregada. O seu amor pelo ofício (adquirido apenas com a ajuda da princesa a que servia) a impediu, mesmo quando ela não era ela mesma. O seu amor pela dita princesa também se mantivera, a despeito do fato de nenhuma das duas existir realmente.

Há muito, muito tempo atrás, existia uma princesa que confiava fielmente em sua empregada.

Se a pequena Akuma olhasse fundo nos seus olhos vermelhos, poderia sentir o mesmo prazer anterior, lixando as unhas da sua amada. Não que ela não a sentisse ainda; o fazia. Mas poderia desfrutar de ser ouvida e falar nesse momento. Porque, dentro dela, a memória de cada conversa, de cada conselho que lhe fora pedido, jazia, cada qual em sua devida lápide. Memórias mortas e tão vívidas. Ela era a única pessoa em que a princesa confiava para pedir tais conselhos, assim como a princesa era a única pessoa a quem ela se daria ao trabalho de aconselhar. Era a única que tinha conquistado a sua confiança, que ela sabia que não a trairia ou abandonaria, como seus pais fizeram, abandonando-a no castelo como uma servente. Era a única pessoa que jamais se importaria realmente com a sua opinião. Fora ela quem vira toda a sua tristeza e a acolhera, tratando-a como uma irmã.

Em troca, ela queria fazê-la o mais feliz possível, rendendo-lhe sempre seu tempo à tarefa banal de lhe lixar as unhas, enquanto conversavam longamente. E ela protelava terminar aquele trabalho, fazendo-o com extremo perfeccionismo para não ter que se afastar da ama. A mesma, assim que via o trabalho feito, imediatamente arranjava-lhe outro para fazer perto dela, por mais que a empregada desastrada raramente o cumprisse com êxito. Pouco importava. Aquilo garantia que as duas estivessem juntas, no final das contas.

Por muitos anos, por muitos lixares de unhas e por muitas conversas, a morena a amara. A quisera para si, e acima de tudo, a quisera bem em todos os sentidos. Sem saber que, depois de tanto tempo a ajudando e lhe rendendo a única amizade verdadeira que tivera, a princesa também a amara.

Eram dois lados de uma mesma moeda, afinal.

Mas ninguém nunca disse que essa história acabaria bem com as duas juntas, ou sequer que seria diferente de todas as tragédias que contam contos de fadas.

Meu pai me arranjou um noivo. Eu vou casar-me com ele, obedecendo a vontade de papai.

Não ousou levantar os olhos naquele momento, observando apenas as unhas já perfeitamente lixadas que ela fingia retocar. Eles pesavam, e as lágrimas que estavam presas sobre eles, evitando sair, não contribuíam para que se tornassem leves a encarar seu rosto. Simplesmente continuou seu trabalho, exclamando algo sobre parabéns e felicidades.

Esperava que ela realmente alcançasse a felicidade, ou aquele idiota iria se arrepender, pensava, com um gosto amargo na boca.

Não me abandone. Fique comigo para sempre. Isso é uma ordem.

Novamente ela inclinou a cabeça pra baixo, mas não pelo peso. Era uma reverência. Estava mais do que disposta a obedecê-la. Sua amada princesa. Sua irmã. E aquele outro, se fosse necessário.

Por dentro, a princesa sentia o gosto amargo do ódio e da revolta, mas seus olhos doces, mesmo vermelhos, não refletiam todo o sangue amargo que ela praticamente sentia carregando dor. Estava tudo bem, não estava. Ela poderia ficar com a sua empregada... Não poderia?

Claro, ela poderia ficar com ela para sempre. Mesmo que não fosse do jeito que queria, aquilo lhe bastava.

Mas o que é bom dura pouco, e dentro de algum tempo, a empregada adoeceu gravemente.

Aqueles túmulos de sua memória tinham inscrições nebulosas, cobertas de musgo. Era difícil lê-los com clareza. Ela se lembrava de grande tristeza, lágrimas escorrendo, um pedido de desculpas... E de um nome, um nome que se repetia em sua cabeça e em seus lábios toda vez que acordava com medo à noite, e o chamava. E era atendida, e sentia a mão quente da princesa que deveria ser sua protegida, protegendo-a.

Não conseguia lembrar esse nome. Tampouco lembrava-se do nome que a mesma dizia em resposta, o seu próprio.

E por fim, no último túmulo, havia outro túmulo, o que deveria ter sido dela.

Desesperada, a princesa pediu a minha ajuda, a do Conde Do Milênio, para trazer sua empregada de volta.

Essas memórias eram mais claras. Foi quando ela voltou à vida, como uma Akuma. Lembrava-se de um pouco de sangue e de ter um corpo novamente, embora fosse menor, e com cabelos descoloridos, roupas mais chiques. Não sabia exatamente de quem era aquele corpo, mas de certa forma, estava grata por tê-lo. Ali era bem mais aquecido, acolhedor e gentil do que qualquer lugar em que ela já havia morado, em qualquer lugar que sua alma ou seu corpo já habitaram.

E no fim, empregada e princesa, alma e corpo, se uniram novamente.

Porque dentro da Akuma que não sabia o motivo de chorar em frente ao espelho, a tristeza de uma e a saudade de outra valsavam, passo por passo, cada um deles ecoando calmamente em um salão que consistia nos aposentos da princesa. Ali, havia apenas elas e aquela estranha melodia que lhes acompanhava todo o tempo desde que lá entraram.

Sennen ko ha sagashiteru

(O Conde DoO Milênio está procurando)

Daijina haato sagashiteru

(Procurando o seu precioso Coração)

Anata wa atari, tashikame you

(Vamos ver se você é ele)

Daijina haato sagashiteru

(Procurando o seu precioso Coração)



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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Alguém quis ler apesar da avalanche de lemon?