Milhões de perguntas passavam pela minha mente, não só se ia ou não aceitar o emprego. E as principais eram todas sobre Josh. Se eu fosse, o que aconteceria? Será que namoro a distância funcionaria? Ou tudo iria acabar no momento que (e se) eu embarcasse no avião para o outro lado do país? E se eu não fosse, se eu jogasse no lixo essa oportunidade, tudo pra ficar com Josh, e não desse certo? Outra oportunidade assim não viria tão fácil.

 Aliás, se não fosse por Josh, eu não pensaria duas vezes antes de me mandar pra NY. Contudo, também, se não fosse por ele talvez eu nem tivesse voltado a fotografar.

Quanto mais eu pensava nisso para tentar decidir alguma coisa, menos eu conseguia pensar. A dor de cabeça era como uma tortura e por causa disso tentava pensar mais ainda pra que isso parasse. Desse jeito eu ia explodir.

No horário de almoço, recorri à Maggie, contei-lhe sobre o email, mas não falei muita coisa, esperando que mesmo assim ela me clareasse as ideias. Recebi um “Nossa, que legal, Liz! Mas e o Josh?”. Que é claro só fez minha dor de cabeça aumentar.

Também pensei em recorrer a Lou, mas ela não atendia o telefone de jeito nenhum e isso não era coisa pra se tratar por email. Acabou que cheguei em casa e chorei – porque não sabia o que fazer e porque, obviamente, a dor de cabeça estava intensa demais.

Parte de mim queria muito, muito mesmo aceitar o emprego. Jesus, era o New York Post! Um dos maiores jornais dos Estados Unidos, e queriam que eu trabalhasse pra eles!

Mas...

(Sempre tinha um “mas”)

Àquele ponto da minha vida, eu podia dizer que não conseguia mais ficar sem Josh. E falo sério.

Nos dias seguintes, passava a maior parte do tempo comendo pra aliviar a ansiedade. Sempre fui ansiosa. Ou então dormia; quando estava dormindo não tinha muita preocupação – exceto quando até mesmo nos meus sonhos essa história de LA-NY aparecia. Aí era pior ainda.

Sinceramente, acho que só não engordei porque Josh estava mais, hum, intenso desde que recebi o email. Se é que me entende (mas ele não estava assim só nisso também). Ele parecia querer aproveitar aquilo como se pudesse acabar a qualquer hora, a qualquer minuto, sem aviso prévio.

Como se eu fosse partir a qualquer instante.

Houve certa cena em particular, aliás, na sexta-feira depois do email. Eu me encontrava deitada no colo de Josh enquanto estávamos no sofá da casa dele. Sem falar muito, como estava sendo durante aquele tempo. E aos poucos, com tudo o que pensava, veio um choro que tentei ao máximo controlar, porém sem sucesso. Pus-me a chorar ali e Josh afagava-me os cabelos. É...

A coisa tava feia.

__

Tomei uma das únicas decisões que fiz àquela época. E estava realmente otimista sobre isso.

Sabe, John Frusciante é um ótimo conselheiro (Ao menos, é o que parece).

Saí cansada do trabalho, é claro, mas feliz – e não tinha sido muito feliz nestes últimos tempos. Talvez nem seja felicidade; talvez seja só alívio por ter tido uma ideia útil que possa me ajudar a descansar a mente. Peguei o carro e fui até a casa de John, esperando que ele estivesse lá. Respirei fundo quando estava na porta.

Percorri o pequeno espaço entre onde havia estacionado e a porta mal conseguindo me conter. Agora batia o nervosismo. E se isso também não adiantasse?

Por fim, toquei a campainha. Não muito depois apareceu John apareceu na porta. Sorriu ao me ver e pareceu surpreso por Josh não estar comigo.

Quando perguntou o porquê de estar lá, respirei fundo outra vez e destrambelhei a falar. Por um tempo, tentei parar de pensar e só falava. Absolutamente tudo. Tudo que provavelmente só conseguiria falar com Louise, mas que estava saindo incrivelmente fácil com John.

Falei que estava dividida pois, se escolhesse ir, Josh ia me achar egoísta por deixá-lo. E que se ficasse, ele ia ficar chateado por eu ter desperdiçado isso.

John ouviu tudo atentamente. E, só de falar, eu já me sentia bem melhor. Pelo menos, por um tempo. Era assim que eram consultas com psicólogos?

Depois do que pareceram horas, parei de falar. Ele ainda ficou pensando um tempo.

Assim que começou a falar, impressionei-me. Falou coisas que pensei, mas que nem chegaram a sair na enxurrada de palavras. Clareou-me completamente a mente.

E eu tinha em mente exatamente o que ia fazer agora.