The Phantom Rider escrita por Bia Nascimento


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Destino




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            - Filho, venha cá! Veja o que eu trouxe pra você hoje!

            Ao ouvir a voz do pai, o menino saiu correndo, deixando todos os seus brinquedos jogados pelo chão da sala e seguiu em direção a ele. Ao chegar então ao quintal, foi surpreendido pela figura do senhor – de, mais ou menos, meia idade e com uma barba sobre um sorriso largo e sincero – com uma motocicleta enorme, dos sonhos do garoto. Ela era meio usada... Provavelmente, de segunda mão, mas isso não fez com que o garoto não se maravilhasse com ela... Era perfeita! Rapidamente correu até o pai, lhe abraçando fortemente com os braços pequenos e finos. O pai abaixou-se na direção do menino e sussurrou, com os olhos cintilantes:

            - Feliz aniversário, campeão!

            - Obrigado, pai! – Exclamou o menino maravilhado – Ela é linda!

            - É sua. – Respondeu, francamente.

            - Minha? – Perguntou o menino, sem conseguir entender muito.

            - Sim, sua... Você está acabando de completar seus oito anos e, quando fizer seus dezoito, tem que ser o maior piloto de moto do mundo!

            Os olhos do menino olhavam maravilhados para o pai, que apenas sorria satisfeito com a reação do filho. Era um sonhador, que fazia o possível e até o impossível para ver a felicidade do único filho. Sua esposa faleceu quando menino ainda era muito pequeno. Desde então, passou a cuidar dele como pai e mãe. Era o garoto de seus olhos. Tinha um orgulho imenso de seu filho e seu sonho era que ele se tornasse então um piloto de motocicletas. Queria o melhor para ele...

            Após um breve momento de reflexão, tomou o filho nos braços e colocou-o sobre a moto e, em seguida, montou nela também, deixando o menino na frente. Esquentou os motores e ambos saíram bairro a fora, por todos os cantos, sentindo a brisa gelada em seus rostos, numa sensação inexplicável e única. Divertiram-se a tarde inteira, correram por todos os cantos, até que, ao anoitecer, voltaram para casa. Aquela noite estava quente e, ao olhar para o céu, não se via nada mais que estrelas e muitas estrelas. Maravilhados com esta visão jamais apreciada outras vezes, em meio ao grande quintal da casa, ambos deitaram sobre o gramado. Ficaram observando o grande céu estrelado, oriundo daquela noite de verão, tão maravilhosa. Silenciosos, sentiram o vento gelado passar por cima de seus corpos.

            De repente, os pensamentos do pai da criança começaram a mudar. Passou a sentir em seu peito uma dor apertada, referente a um passado que ele jamais poderá esquecer. Observou o filho... Que bonito que ele se tornara! Uma criança vívida, com sonhos, um sorriso ávido no rosto e muita vontade de viver... “Será que...?” Quando se deparou com esta pergunta, balançou a cabeça negativamente, se sentindo perturbado com seu raciocínio. Por que será que esses pensamentos o perturbavam tanto e por que jamais conseguira esquecer? Em meio a todos esses pensamentos, durante todos esses anos, tudo o que pôde fazer de melhor, deu para seu filho. O pequeno Brian obtinha as características uniformes da mãe. Um rosto singelo, puro e delicado... Feições inocentes cujas quais nem se atreveria a dizer algo para que pudesse desfazê-las assim, com toda a verdade... Não, um dia ele contaria. Isto era um fato. Mas não agora... O menino precisava ser feliz, primeiro, antes que algo pudesse perturbá-lo daquela forma...

            Logo em seguida a esses pensamentos remotos, finalmente encarou o filho. Estava dormindo, como o anjo que era. Abriu um sorriso como se todas as suas preocupações fossem levadas para longe. Tomou então o filho nos braços e carregou-o até a cama dele. Por fim, assim, foi-se mais um dia...

            A manhã seguinte, na mesma quantidade de calor que obtinha o dia anterior, ocorreu. Não puderam negar que fora o dia mais quente até então. Nem mesmo os animais estavam aguentando de tanto calor!  E isso era algo raro nos EUA. De onde vinha tanto calor? O ar estava tão pesado que nem mesmo respirar parecia ser algo bom para a saúde. Michael olhou para os cantos de sua barraca de cachorro quente e não pôde notar o fervor que subida do asfalto daquela manhã. Eram nove e meia da manhã, e o clima estava tão pesado que já não perdoava as pessoas da calçada. Foi quando, ao longe, avistou seu filho voltando da escola cedo. Estranhando isso, acenou e chamou para que conversasse.

            - Por que chegou tão cedo hoje, Brian?

            - É que a professora ficou doente, papai... E mandaram a gente mais cedo para casa.

            - Custava me avisarem? Deixaram você sair sozinho? – Interrogou zangado com a atitude da escola. – Amanhã mesmo irei conversar sobre isso. Não me agradou nem um pouco! Mas, de qualquer forma, vá para casa tomar um banho.

            - Pode brincar? – Perguntou o menino com seus olhos cintilantes e felizes.

            - Claro que pode, meu filho! – Respondeu Michael animado.

            A criança, sem esperar duas vezes, correu para casa para poder se divertir com seus brinquedos. Eram poucos, seu pai não podia lhe dar algo mais, mas, com o que tinha, fazia a festa! Antes que pudesse, por fim, ir para seu mundo, deu uma passagem na garagem para apreciá-la... A motocicleta. Era linda, não podia negar! Com seus olhos perdidos nela, levou ambas as mãos até sua estrutura metálica. Seu sorriso era estonteante... Emocionado, ficou um bom tempo a observando... Não existiria algo melhor do que aquilo. Não naquele momento... Seu pai era um herói e aquela máquina era a sua forma de locomoção... Um dia, ele seria igual ao pai dele e a sua força, seu caráter, tudo, ele gostaria de herdar daquele senhor... O qual ele chamava de “pai”.

            Após um bom tempo apreciando a motocicleta, correu para seu quarto para brincar com seus brinquedos. Sequer notou que o gás da cozinha estava aberto, por esquecimento de seu pai, pela manhã.

            De repente, sentiu um leve cheiro de fumaça soltar pelo ar, mas, de início, pouco deu importância. “Pode ser alguma coisa que estão queimando lá fora”, pensou. Mas, foi sentindo que o cheiro passou a aumentar cada vez mais e o calor cresceu incontrolavelmente. Quando tomou impulso para ir à porta ver o que era, já estava acontecendo o pior: o fogo estava tomando conta das escadas e subindo cada vez mais. Amedrontado com o que vira, gritou inutilmente, trancando-se no quarto. Ingenuidade infantil... Pensava que o fogo não fosse atacá-lo se trancasse a porta. Seu corpo tremia, e, sem conseguir evitar, seus olhos começaram a chorar irrevogavelmente. Escondeu-se no canto do quarto, sentado e encolhido com o rosto escondido em suas pequenas pernas. Sua pele branca soava devido ao calor e ao nervoso, enquanto sua voz clamava:

            - Papai... Venha me buscar.

            O fogo já havia se alastrado por toda casa e quem estava de fora, podia ver perfeitamente o estrago que estava causando. Rapidamente, uma grande proporção de pessoas se amontoou em frente à residência. Algumas pessoas gritavam por ajuda, outras pediam socorro aos bombeiros. Conhecidos de Michael correram para informá-lo do que estava acontecendo. Amedrontado, assustado, desgovernado, correu com todas as forças para sua casa.

            - Meu filho! Meu filho! – Berrava enquanto corria até sua casa.

            Ao chegar lá, não reconheceu o local onde viveu por tantos anos. Estava destruído e rodeado por pessoas. Sem pensar, empurrou a todos que estavam lá e correu para dentro da casa. O estado da sua sala era lamentável, não havia um local onde não havia fogo. Gritou, tentando lutar contra a fumaça forte e preta que insistia em adentrar suas narinas e impedir sua respiração:

            - Brian, meu filho! Você está aí? Brian! Brian!

            O menino ouviu a voz do pai e, rapidamente, sem ligar para sua voz que já estava rarefeita, respondeu:

            - Aqui, pai! No quarto!

            Tomado pela fumaça que consumia, desmaiou sem conseguir dizer mais nada.

            Ao ouvir a resposta do filho, correu até as escadas. Elas estavam tomadas pela chama, mas isso não o impediu... Correu, como se houvesse encontrado forças em qualquer outro lugar que não fosse seu corpo, tapou o seu rosto com sua camisa que, a essas alturas, de branca já estava preta. Subiu sem pensar nas consequências e chegou. Estava trancada... Encontrou mais forças em si para poder arrombá-la. Estava quase impossível, mas o amor pelo seu filho e a vontade que querer salvá-lo era muito maior que suas perspectivas. Jogou todo o seu corpo contra ela, uma, duas, três vezes... Na quarta, surpreendentemente, a mesma caiu, causando um estrondo ensurdecedor no chão. Era impossível enxergar em meio àquelas fumaças. O fogo já havia tomado todo o lugar e, finalmente, avistou o seu filho caído ao chão e a visão não fora a melhor para se ter de experiência... O corpo de Brian estava ensanguentado e sua roupa já estava praticamente queimada. Tomado pelo desespero, tomou o menino nos braços e correu para algum lugar onde pudesse fugir com o menino. Viu-se de frente para o jardim, porém, não havia ninguém por ali... O melhor lugar que pôde avistar foi mesmo a porta, mas a mesma estava tomada de fogo e havia uma madeira nela jogada e a mesma já não existia mais, se não houvesse o fogo. Respirou fundo e deu um beijo na testa de seu filho. Deixou de seus olhos caírem algumas lágrimas e, com a mão livre, que não segurava o menino, pegou sobre a madeira esfogueada, que queimava suas mãos por completo e a soltou, deixando que a mesma queimasse suas costas. Abriu a porta e berrou:

            - Segurem o menino!

            Os bombeiros, abismados com o que viram, correram pegaram o menino nos braços. Quando, por fim, fizeram isso, houve uma explosão, fazendo com que todos se afastassem do local.

            Houve choros, múrmuros, houve comentários... E o fato era que o pai havia se matado para poder salvar o tão amado filho... O pequeno Brian estava desacordado e seu corpo não parava um minuto sequer de sangrar. Os bombeiros, na tentativa de salvar o menino, levaram-no imediatamente para o hospital mais próximo. O seu caso era muito grave.


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