Undertaker [Hiato] escrita por biazacha


Capítulo 18
Risos e Reflexões


Notas iniciais do capítulo

Aqui quem fala é a linda autora cheia de arranhões depois de tentar dar banho no gato por conta própria! (e o maldito continuar meio sujo... lá se vão 80 conto no pet shop)
Er... como começo sem que em matem? Era pra eu postar o cap depois desse hoje, aí me dei conta que não tinha postado esse aqui ainda.... nossa, dessa vez me superei!
Enfim, as coisas começam a ficar divertidas de escrever agora, A pobre Ray vai pirar um pouco!
Boa leitura flores!



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Exatamente como a outra avisou, ela voltou ao estado consciente num salto e teve de encenar um espirro para justificar o modo como seu corpo pendeu pra frente; abrindo um sorriso mais confiante do que se sentia de fato, ela levantou da cama – ignorando o olhar letal que Vlad provavelmente estampava no rosto – e cruzou os pequenos passos que a separavam de Keane.

Seu interior estava agitado com a súbita presença do garoto, ainda mais após a despedida praticamente cinematográfica que tiveram minutos antes. Mas apesar dos batimentos descompassados, da vontade de rir, da quentura que lhe atacava a face e dos nozinhos incômodos no estômago, ela não perdia a curiosidade.

Afinal de contas, eles realmente tinham se falado a pouquíssimo tempo.

–Oi Keane, o... – ela deixou a frase morrer, julgando indelicado demais perguntar descaradamente por qual motivo aleatório ele estava ali. Mas sua expressão entregou que ele entendeu o recado.

–Vim trazer isto. – respondeu ele, erguendo o colar que ela costumava usar – Eu vou passar o resto do dia fora com meus pais e como você o usa todos os dias, achei que sentiria falta.... então resolvi te entregar agora.

–É verdade, muito obrigada! Nossa, estou de dando muito trabalho... me desculpe. – disse ela feliz, enquanto envolvia a corrente nos dedos e tentava não pensar em como estava fazendo coro com a menininha de azul (muito menos no fato de ele reparar no que ela usava diariamente). Ele negou com a cabeça e seus olhos brilharam.

–Bom, eu vou indo; sua mãe insiste que eu fique pro almoço, mas já expliquei que não posso. – ele deu um sorriso tímido absolutamente adorável e deu de ombros – Tenham um bom dia. – disse, abarcando com um gesto as outras pessoas presentes – E lhe desejo melhoras. – disse, olhando diretamente pra Vlad, que a esta altura era uma máscara fria de descontentamento; se Raven não estivesse tão atordoada com a graça e o cavalheirismo dele, talvez tivesse percebido a ponta de veneno nas últimas palavras dele. Talvez.

–Posso te acompanhar até a saída? – perguntou ela, soando menos ansiosa do que se sentia, mas mais animada do que seria normal para a situação.

–Não precisa... mas obrigado. – respondeu ele.

E, num gesto digno de um príncipe da Disney, ou algo parecido, ele segurou seu queixo com a ponta dos dedos e lhe um sorriso que faria um ambientalista temer o súbito derretimento de todo o gelo de ambos os polos. Antes que ela pudesse assimilar as pernas moles, os pelos arrepiados, o sorriso idiota que dava como resposta, o risinho cínico de Becky, o rosnar furioso de Vlad ou a vontade de lhe responder alguma coisa, ele se fora.

Passou curtos instantes parada, tomada pelo choque do momento, até Jared se pronunciar:

–Ok, essa é a visão mais retardada que você já me proporcionou.

Com o coro de entusiasmadas risadas, ela voltou à realidade e enrubesceu dos pés a cabeça; cruzou os braços num gesto infantil e tratou de se defender, mesmo que debilmente.

–Ele me pegou de surpresa, como queria que eu reagisse?

–É, foi fofo, deixa ela! – disse Sammy entusiasmada.

–Isso quer dizer que realmente aconteceu alguma coisa, não é? – cutucou Susan, esperançosa.

–Nem meia coisa, senão ela não teria agido como uma pirralha do pré-primário que ganhou uma florzinha. – comentou Becky de modo seco, mas com um brilho sinistro no olhar.

–Quando eu fazia isso, costumava pegar só as flores que tinham um inseto no meio – refletiu Jared.

–É verdade, eu também fazia isso. – Vlad soou saudoso, mesmo que contra a sua vontade.

–E era nojento. – destacou Sammy, perdida em alguma lembrança de sua infância.

–Mas é por isso que gostava tanto de guardar insetos. – Raven se pegou sorrindo com as lembranças.

–Que bom que não segregam as amiguinhas aqui, que só conheceram todos anos depois. – comentou Becky, não sem um quê de irritação na voz.

–Eu acho divertido esses flashbacks deles, tiveram uma infância tão desperdiçada. – comentou Susan. Com uma voz tão meiga que era impossível dizer que ela tinha a intenção de ofender ou algo assim. Vlad a olhou feio.

–Realmente né, já que uns seres pensam em principezinhos tardiamente. – retrucou ele, Raven ignorou.

–A cara, nem vem, até uns dias atrás ele era o maluco gótico; depois passou a ser o maluco gótico Cullen. E agora príncipe? Decida-se. – zoou o amigo.

–Jared, cala a boca. – resmungou ele em resposta.

–A gente não ia sentar e rir sobre a noite suspeita da Raven? – perguntou a morena.

–Na verdade, acho que a gente ia sentar e rir com as enfermeiras gamadas no Vlad. – lembrou Sammy.

–De qualquer forma, a gente ia sentar e rir de alguém, o que por si só já prova que não somos pessoas muito civilizadas. – apontou o ruivo.

–O que quer que a gente faça? Falar como o vizinho novo da Texugo é uma gracinha? – perguntou o platinado irritado.

–Gente põe gracinha nisso, ele é mesmo tão lindo quanto vocês falavam, fiquei chocada! – disse Sammy.

–Não é? – confabulou Susan – Nossa alegria nessas manhãs tristes de outono.

–Por que as manhãs de outono seriam tristes, só pra eu entender? – perguntou Raven, crente que estava desviando totalmente o rumo da conversa.

–Ah... – começou a outra – você acorda todas as manhãs e vai pra escola vendo aquelas árvores secando e morrendo sabe? Acho triste.

–E depois que elas secaram e morreram.... renascem magicamente meio ano depois na primavera. Certo Su? – perguntou Jared, segurando o riso.

–Algo assim. – ela deu de ombros, sem notar a maldade dele.

–De qualquer forma, sinto em dizer que, se você e ele estudassem no mesmo colégio Charles, sua popularidade seria drasticamente diminuída. – provocou Becky.

–Impossível, eu sou carismático! – rebateu ele, realmente indignado.

–Mas é até demais – analisou Sammy – nós garotas gostamos de ter algo pra exercitar a imaginação sabe?

–Ray, como exatamente você o coloca nesses exercícios imaginativos? – uma onda de risinhos.

–Eu não faço nada disso Jay. – respondeu apenas, com a atenção voltada estrategicamente pra um canto do travesseiro.

–Cara, perto disso tudo uma enfermeira ciumenta denunciando a outra aos superiores por assédio aos pacientes nem é nada – comentou Becky, fingindo estar chateada – mesmo que isso resulte em barraco na alta do paciente “assediado” em questão.

–QUÊÊÊÊÊ??! – perguntaram todos ao mesmo tempo.

–Ela está exagerando. – apressou-se a dizer Vlad.

O resto do dia se passou de modo agradável: Rebecca contou, com uma voz totalmente analítica, todo o rolo com cada detalhe sórdido da disputa pela atenção dele que rolava nos bastidores e no ato impensado da mulher, que flagrou a colega dando um beijo na bochecha de Vlad e viu no ato um modo de... tira-la do caminho. Tapas, choros, demissões e declarações de amor (incluindo a de um gay da contabilidade do hospital) fizeram os amigos rirem do modo como eles não faziam desde o atropelamento.

Quando o amigo assumiu a defensiva, dizendo que não era sua culpa se ele era absolutamente gostoso e irresistível, levou travisseiradas dos demais até dizer chega; se ele sentiu dores ou não, ocultou e manteve a leveza do momento.

No fim das contas apenas o próprio Vlad teve um almoço vegetariano, pois os outros afundaram os dentes com vontade em bifes enormes. O de Jared era tão mal passado que deixou o amigo no mínimo escandalizado. Entre piadas e tomates cereja tacados nos mais distraídos, eles não notaram Julia, num canto observando a baderna com um sorriso impagável; eles estavam sorrindo e ela sentia que Gabe estava em paz com o mundo.

Não desenharam nada, mas arrastaram uma tarde divertida lendo, jogando Wii, provocando uns aos outros. Era o normal, mas parecia uma situação que não existia há anos e não apenas uma semana – se havia algo que era possível observar em cada um deles era que seus olhos estavam mais maduros, mas não necessariamente mais fortes que antes.

Mas uma parte de Raven não estava no almoço, nas risadas, no jogos.... uma parte estava afundada na mais complexa reflexão.

Começou por Keane, sem dúvidas. O que ele representava pra ela, o que ele era e o que pretendia... nas entrelinhas, a menininha de azul já havia apontado para ele mais de uma vez e ela ainda não havia esquecido a cena dele vestido de médico a fitando com a mão rasgada, ou o fato de ter apagado no corredor do hospital e acordado na cama dele. Porém... apesar de tudo, ele a fazia se sentir leve, risonha, nervosa e quente como nenhuma outra pessoa; a cada sorriso do garoto, a luz incendia de mil cores novas e tudo parecia instantaneamente mais perfumado – era estranho ela ter passado tanto tempo o fitando de canto e a distância e agora enumerar seus contatos doces contendo suspiros.

Não esquecia também do terror e das dores inexplicáveis ao falar com Dr. Robets, pois sem falta conversaria com sua mãe e pediria outro profissional – já até trabalhava a desculpa de se sentir mais a vontade com uma mulher ou algo assim.

Ele era estranho e a menininha tinha pavor dele.

Falando em pavor, como aquele ser macabro se tornou um carneirinho dócil e arrependido? Mais do que fisicamente e na personalidade, ela sentia que aquela mudança súbita na assombração significava alguma coisa: novos problemas, novas descobertas.... novas mortes.

Neste momento, um horror a sugava e uma lista de rostos passava em flashs confusos. Seus pais, sempre tão amáveis? John, do qual ela não poderia nem se despedir? Vlad, que já sofria dores por sua culpa? Samantha, sempre tão franca e disposta a anima-la? Jared, que cuidava dela de um modo singelo que mais ninguém no mundo conseguia? Rebeca ou Susan, que não conhecia há tantos anos, mas que depois de Sammy foram as primeiras que ela aprendeu a gostar, confiar e chamar de amigas?

Haveriam novas mortes, mas ela não estava preparada pra nenhuma – nem uma outra coruja morte ela aguentaria.

...

Ao fim do dia, cada um tomava seu rumo: Becky levaria Su para casa e Jay levaria Sammy. O Sr. e a Sra. Warmoth apareceram lá e agradeceram Julia pela paciência, aos amigos por serem tão bons para seu adorado Charlie (a julgar pelo modo como Becky segurava seu celular, ela estava gravando tudo o que diziam para chantagens futuras) e foram muito, mas muito gentis com Raven. A mensagem era clara: eles não a responsabilizavam por nada.

O que no fundo, só a fazia se sentir mais miserável com o ato do amigo.

Um Vlad meio emburrado, mas mesmo assim de braços dados com a mãe voluntariamente foi embora e em pouco tempo a casa ficou um eco vazio em comparação há instantes antes; conhecendo bem a filha, ela a deixou quieta e com um leve aceno adentrou a residência.

Sem vontade de voltar a seu quarto e caçar algo para se entreter, ela começou a caminhar pelo bairro aleatoriamente.

Se o fato de Keane ser seu vizinho lhe mostrou algo, era que estava ridiculamente desinformada sobre as coisas que a cercavam; então andou registrando o caminho que fazia e as coisas que via, propositalmente se dirigindo para o lado oposto ao que o garoto morava – a última coisa que precisava agora era da visão de suas íris azuis faiscando ao luar pra confundir ainda mais sua cabecinha cansada de tanto conjecturar.

Olhava de soslaio uma cerca viva particularmente bem cuidada quando sentiu algo frio encostando em suas costas; um estalinho e ela sabia que se tratava de uma arma.

–Ok gracinha, não me obrigue a machucar você. – disse uma voz masculina e desconhecida.



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Notas finais do capítulo

Acharam que ia rolar Keane vs. Vlad né? Na na ni na não!
Esse é um confronto que ambos evitam, cada um por sua razão; mas eles tem sim, uma vontade imensa de estourar a cara um do outro.
Aff vai entender, coisa de macho.
E poooobre Ray, não é só com o além que ela deve se preocupar!
Beijos amorecos!! (*---*)//
PS.: e lindas leitoras fiéis.... já sabem né?



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