Forks era um lugar como muitas outras cidades pequenas do sul dos Estados Unidos. Era o tipo de lugar onde a umidade do ar era tão alta no verão que ir até a caixa do correio para pegar as cartas fazia com que as pessoas sentissem que precisavam de outro banho, e as crianças andavam descalças de abril a outubro sobre os carvalhos cobertos de musgo.

As pessoas acenavam de seus carros sempre que viam alguém na rua, mesmo que não a conhecessem, o ar cheirava a pinho e mato, considerando o tanto de árvores da gigantesca floresta que havia ali.

Havia apenas 3 canais de televisão locais, embora ninguém a achasse importante, ao invés disso vivíamos em função das igrejas, e havia 18 delas, e tinham nomes grandes como a Igreja Cristã do Salão da Amizade, a Igreja da Purificação dos Dominical a além disso as igrejas batistas.

Naquela época, o maior evento do ano era patrocinado pela igreja batista do centro da cidade, em conjunto com a escola do ensino médio local, Todos os anos faziam um espetáculo de natal no teatro Forks – Na realidade uma peça escrita por Charle Swan, o xerife que estava presente na igreja desde que Moisés abriu as águas do mar vermelho. Certo, ele não era tão velho assim, mas sempre estava na igreja parecia mais ser um padre do que um xerife.

De qualquer forma ele escreveu uma peça, chamada de O Anjo do Natal, que não era ruim eu tenho que admitir, a parte ruim veio depois quando a igreja juntamente com a escola decidiu que os alunos iriam encenar a peça no final deste ano.

A peça contava a historia de Tom Thornton, um homem muito religioso que perdeu a esposa no parto de sua primeira filha. Ele se esforça para cuidar da filha sozinho, mas não é o melhor pai do mundo, chega o natal e a garotinha queria muito ganhar uma caixinha de musica com um anjo esculpido na tampa. O homem procura intensamente pelo presente mais não consegue achar em lugar nenhum, e então chega a véspera de natal e ele ainda esta procurando pela caixinha, e , enquanto procura pelas lojas, se depara com uma linda mulher, a mulher o promete que ajudará Tom a encontrar o presente de sua filha mais antes eles ajudam um esmoleiro, visitam uma mulher solitária e até vão a um orfanato, no final da noite a mulher misteriosa pergunta a Tom o que ele gostaria de ganhar de natal e então ele diz que gostaria de ter sua mulher de volta, Ela o leva ate chafariz e o manda olhar para água que encontrará o que procura. Quando ele olha para a água, vê o rosto de sua filha e começa a chorar ali mesmo, sabendo que não tem sido um bom pai, enquanto Tom chora a mulher desaparece e ele volta para a casa desolado, sem coragem de ir olhar para o rosto da filha ele vai se deitar e milagrosamente na manha de natal a caixinha de musica esta debaixo da arvore e o anjo esculpido na tampa é exatamente igual a mulher misteriosa que ele viu na noite anterior.

Charlie queria que os alunos atuassem na peça naquele ano, ele achava que seria uma boa experiência para os alunos do terceiro ano e ai onde eu entro.

A Sra. Cooper nossa professora de teatro fez um sorteio para saber qual aluno pegaria que papel. Os papeis mais importantes eram o de Tom Thornton e o do anjo mais esse não entraria no sorteio, pois o anjo já havia sido escolhido.

Isabella Marie Swan a filha do xerife e a garota mais estranha que existia. Como Forks era uma cidade pequena estivemos na mesma classe desde sempre, eu até já conversei com ela algumas vezes na escola mais no grupo onde eu andava com certeza Bella não se encaixava, não que ela fosse feia, mas também não era atraente mesmo sendo magra e tendo cabelos cor de mogno, pele translúcida e olhos verdes gentis, na maior parte do tempo ela era...Sem sal, e isso quando você conseguia percebê-la. Bella não se preocupava muito com aparecias, porque sempre estava procurando por coisas como a “beleza interior”, e eu acho que isso é a razão pela qual ela tinha aquela aparência. Desde que a conheci ela usava um coque, um penteado apropriado para uma senhora solteirona, e nunca usava nenhum tipo de maquiagem no rosto. Com seu habitual blusão marrom e sua saia xadrez, ela sempre parecia estar a caminho da biblioteca.

Mas a aparência da Bella não era a única coisa que a tornava estranha mas também havia o jeito dela, ela nunca andava com meninas, e eu duvidava muito que ela tivesse alguma amiga, ela nunca ia para a lanchonete onde todos os alunos se encontravam na sexta feira, e ela andava com uma bíblia pra todo o lugar onde ia.

Todos sabiam que ela nunca havia tido um namorado, pois se sua aparência ou Charlie não espantasse os candidatos sua bíblia com certeza espantava.

E não terminava por ai, Bella parecia achar muito importante ajudar os outros, pois passava horas e mais horas por dia lendo para as crianças do pequeno orfanato da cidade e não importava o que fosse ela faria por você desde pintar a sua casa todinha ate cortar a grama de todos os vizinhos, e acredite foi isso o que ela fez no ultimo verão. E para completar para ela tudo estava nos planos de Deus ela sempre mencionava Deus em qualquer conversa que tinha “ Se o jogo de futebol fosse cancelado, pessoas normais diriam que era pela chuva forte mais para Bella estava nos planos de Deus que o jogo fosse cancelado” ou então “Se o senhor Johnson aplicasse uma prova surpresa na qual toda a sala foi mal, para Bella dar-nos desafios estava nos planos de Deus”.

Bom voltando a peça, Bella Swan seria o anjo e os outros papéis estavam sendo sorteados, eu estava sentado no fundo da sala no meu lugar de costume, com meus fones de ouvido quando notei que todos me olhavam. Tirei meus fones e olhei com cara de interrogação para a Sra. Cooper, que estava com um sorriso no rosto (ela sempre estava com essa expressão e sempre se seguia de um “Maravilhoso” quase que cantarolado)

- Maravilhoso – Ela falou e levantou um papelzinho - Parabéns senhor Cullen, você será Tom Thornton.

Minha mente repetia suas palavras e eu sentia vontade de gargalhar mais algo em sua expressão e na expressão dos demais alunos me dizia que ela não estava brincando, não consegui responder e logo todos me ignoraram voltando ao sorteio e em meio ao torpor de minha mente senti que era observado e olhei para o lado, Bella Swan me encarava do outro lado da sala com um sorriso enorme no rosto. Ela estava normal, usava seu blusão, seu coque e sua saia e sua bíblia estava aberta sobre a carteira, mas algo estava diferente nela talvez fosse o pequeno bronzeado em sua pele ou ate os montes médios em seu peito que eu tinha certeza que não estavam lá há três meses atrás, ela estava quase bonita e seu sorriso a deixava radiante de uma forma intrigante.

- A senhora realmente tem que reconsiderar Sra. Cooper, eu não sei atuar e com certeza vou estragar a peça – Falei suplicante tentando fazer com que a professora me deixasse fora da peça. Mas não estava obtendo muito sucesso.

- Senhor Cullen não posso tirar você da peça todos devem participar e o senhor foi sorteado, e não se preocupe você não irá estragar nada por isso terá 5 meses de ensaio.

Ela me respondeu com o sorrisinho que não saia de seu rosto e depois saiu da sala me deixando sozinho.

Bufei e sai da escola caminhando ate meu volvo e arrancando em alta velocidade para minha casa.

Assim que estacionei o carro na entrada de casa vi minha mãe mexendo em suas flores.

Sou filho de Carlisle e Esme Cullen, meu pai é o único medico de Forks, e minha mãe tem sociedade com uma floricultura na cidade vizinha, Portangeles. Minha família era uma das ou senão a mais rica da cidade e você deve estar se perguntando se somos ricos porque moramos neste fim de mundo que é Forks. Bem meu pai nasceu aqui e minha mãe também eles se conheciam desde sempre, se apaixonaram, se casaram e nunca saíram daqui e nem tem planos para isso. Como minha mãe diz “nasci em Forks e em Forks morrerei”.

- Filho – Minha mãe notou minha presença perto dela e se levantou vindo ate mim e me abraçando – Como foi o retorno as aulas?

- Pior do que eu esperava, fui sorteado para ser Tom Thornton na peça desse ano.

Falei sem animação e ela sorriu feliz.

- Que noticia boa meu filho, será uma ótima maneira de se despedir da escola – Ela falou tentando me animar mais sem sucesso – Porque não entra e conta as boas novas ao seu pai?

- Como se ele realmente se importasse não é?

Perguntei retoricamente e entrei em casa indo direto para meu quarto.

Eu e meu pai não temos um relacionamento tão amigável, se é que me entende ele é o típico pai que espera que seu único filho homem siga seus passos e seja medico assim como ele, mais isso estava fora dos meus planos, eu realmente quero sair de forks e entrar em alguma faculdade para estudar musica, mas aos olhos do meu pai, cantar não é profissão.

E além do mais, meu pai odiava o chefe Swan, tudo por causa de uma rixa antiga entre nosso tataravô, bisavô do meu pai e o bisavô de Charlie que viviam em guerra por território nos tempos da guerra fria, não me pergunte como essa briga atravessou gerações por nem eu mesmo sei mais se havia alguém que ficaria mais descontente do que eu por causa dessa peça, esse alguém seria meu pai.