Era muito estresse, pressão para um dia só. Natália estava prestes a desabar em choro quando Klaus voltou a falar.

– Calma, vamos começar do começo. Nos conhecemos desde pequenos, você era uma das filhas de um conhecido do meu pai, estava em casa quase todos os finais de semana, estudamos na mesma escola, crescemos juntos. Até que um dia você ouviu uma conversa entre seus pais e descobriu que era adotava, sem contar que eu não conseguia mais olhar para meu pai por ter matado minha mãe. Saímos, escapamos dos nossos próprios pesadelos, andando sem rumo. Dependíamos do furto de alimentos durante as feiras. – Parecia doloroso para Klaus dizer aquilo.

“E o tempo ia passando, arranjávamos empregos em diversas aldeias na tentativa de fugir da minha família que não parava de me procurar. Éramos andarilhos, sem rumo nenhum, unidos só pela busca de paz. Até que o Sr. Hectorine apareceu ele nos deu casa, comida, roupas e estudo. No tempo livre que tínhamos ele nos treinou, nos ensinou tudo o que sabemos e um pouco mais. Foi da Guarda Real e pelo que nos contou também fazia parte de uma organização secreta que havia entre os nobres do reino, ele foi como um pai para nós.”

Nesse ponto Natália estava chocada, tinha inúmeras perguntas para fazer, não sabia o que dizer.

“Depois que morreu, nós já havíamos aprendido tudo o que ele podia nos ensinar, estávamos infiltrados na Jockus, a organização dos nobres, na qual descobrimos que os seus pais fizeram parte e o meu avô também. Depois de alguns meses o líder descobriu que não tínhamos interesse algum além de descobrir informações deles foi assim que estamos fugindo desde então dele, porém você foi raptada e tiraram tudo o que você por fim tinha descoberto sobre seus pais.”

Perplexa e pálida a única coisa que conseguiu dizer foi:

– E onde a parte da assassina entra?

– Bem, se matar mais da metade da Jockus, olhe que são muitos, não te considerar uma assassina, então não sei o que você seria. – Disse Klaus com calma.

– E-eu matei quantas pessoas? – Perguntou a garota.

– Bem, o reino é bem grande, então... – Parou um tempo. – Em torno de mil talvez?

– O QUÊ?! – Gritou em tom agudo.

– Ouça Natália, depois de descobrir que seus pais estavam na Jockus você ficou desesperada para saber mais. Quando finalmente descobriu que eles foram mortos durante a guerra e que foi por causa da Jockus que eles morreram você procurou cada pessoa envolvida com eles e matou, acabou que você só via vingança.

Natália absorveu a informação, pensou e não sabia se confiava em tudo que ouviu até agora, queria saber se aquilo tudo era real, se aquele garoto ali diante dela realmente cresceu ao lado dela, se os pais realmente foram mortos pela Jockus, se o tal do Sr. Hectorine existiu, tudo. Porém, uma coisa não saía de sua cabeça:

– Por que você não me parou? O que eu fiz é revoltante, devo estar sendo procurada a todo custo.

– Digamos que eu deixei você matar todos aqueles malditos por que eu também acabei me envolvendo. Descobrimos que o mandante de tudo era meu pai. Ambos ficamos cegos. – Esperou alguma reação, não tendo nada em troca continuou. - Mas foi aí que o seu rapto mostrou o que realmente eu queria. – Parou olhou para Natália durante alguns segundos e continuou. – Era você, eu seguia você. – Klaus se conteve para não chorar. – Percebi que desde pequeno era você que eu amava. Você que me fazia rir, me fazia feliz.

Natália ficou sem fala, despencou. As lágrimas caíam sem parar. Klaus a pegou nos braços e a levou até seu quarto, a botou na cama e lhe disse ao pé do ouvido:

– Me desculpe por tudo. – E saiu.